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Avanços no tratamento da mastite subclínica causada por Staphylococcus aureus - Parte 2

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 14/07/2004

4 MIN DE LEITURA

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Efeito do tratamento

Entre as estratégias básicas de controle de mastite, o tratamento imediato de casos de mastite clínica é considerado de fundamental importância, pois atua em vários níveis: melhoria do bem-estar animal, retorno da produção de leite, redução da contagem de células somáticas, diminuição da duração das infecções e da prevalência de mastite no rebanho e redução das fontes de infecção para outros animais. No entanto, de forma geral os resultados para o tratamento de infecções causadas por S. aureus são pouco animadores. Deve-se lembrar que as taxas de cura são dependentes da escolha do antibiótico e de vários fatores ligados à vaca, o que significa que a cura pode em muitas situações ser melhorada.

Quando testado in vitro, o S. aureus é susceptível a diversos antibióticos, diferentemente do que ocorre in vivo, onde as taxas de cura são bem mais baixas. Ainda existem poucos estudos comparando as taxas de cura para as várias drogas disponíveis e na maioria deles são estudo de pequena escala, o que dificulta a generalização dos resultados encontrados. Muitos destes estudos não são normalmente publicados devido aos resultados das baixas taxas de cura. Uma alternativa para a melhoria destas taxas é a associação de dois ou mais antibióticos, que atuariam em sinergia contra o microrganismo. Como exemplo, temos a associação entre penicilina e neomicina, que atua sinergicamente contra o S. aureus.

Ultimamente, a terapia estendida vem sendo amplamente estudada utilizando-se os produtos comerciais disponíveis no mercado. Este esquema de consiste no aumento da duração do tratamento (6 a 8 dias), podendo apresentar resultados positivos como: redução da contagem de células somáticas, melhoria da qualidade do leite e aumento da produção leiteira. Estes benefícios devem ser analisados, no entanto, em relação aos custos do antibiótico, descarte de leite com resíduos e riscos de infecção pelo uso de infusões repetidas no mesmo quarto. A necessidade de descarte do leite com resíduos é um dos fatores que dificulta a sua adoção mais ampla.

A terapia estendida melhora as taxas de cura em relação aos regimes tradicionais de tratamento. Como exemplo, o tratamento de casos de mastite com pirlimicina com duração de 2, 5 e 8 dias apresentou taxas de cura de 13, 31 e 83%, respectivamente. Esta melhoria na taxa de cura é promissora, necessitando, no entanto sem confirmadas por estudos ampliados.

Outra modalidade de tratamento é a terapia combinada, na qual utilizam-se conjuntamente a infusão intramamária e o tratamento sistêmico. A lógica deste procedimento é aumentar a concentração de antibiótico nos locais de difícil acesso ao tratamento sistêmico isolado. Um estudo sobre o tratamento de mastite subclínica causado por S. aureus identificou que a terapia combinada com o uso de amoxicilina intramamária e penicilina G sistêmica resultou em taxa de cura de 51% dos casos, duas vezes maior que a cura para o uso apenas do tratamento intramamário. Recentemente foi testada a combinação de vacinação e tratamento intramário com antibiótico para mastite subclínica causada por S. aureus, apontando para resultados promissores para o uso deste regime de tratamento.

Fatores ligados ao microrganismo

Parte das falhas de controle do S. aureus ocorre pela diferença de virulência entre as variantes deste microrganismo. Isto resulta em diferenças na capacidade de resposta da vaca e nos resultados de tratamento contra este agente. Um dos aspectos mais destacados é a variação em termos de sensibilidade das várias cepas de S. aureus aos antibióticos, destacando-se a resistência muito comum à penicilina. Nos rebanhos com resistência, os resultados de tratamento são ruins ainda que as cepas sejam sensíveis quando testadas in vitro.

Fatores ligados ao delineamento dos estudos

Em termos científicos, para que os resultados de um estudo possam ser generalizados para outros rebanhos e situações, é necessário que: 1) o estudo seja delineado de forma a evitar erros durante a escolha dos animais para tratamento, 2) apresentar resultados de importância para a interpretação da taxa de cura (dados sobre o rebanho, os animais e manejo), 3) ser conduzido em grande número de vacas para maior confiança nos resultados, 4) ser conduzido em situações que reflitam a realidade da maioria das fazendas, para ser possível aplicar os resultados obtidos. Infelizmente, a maioria dos estudos deixa de cumprir pelo menos uma destas recomendações básicas, o que prejudica em muito a avaliação de muitos trabalhos já realizados.

É importante lembrar que o tratamento de um caso subclínico pode ter como objetivo a cura microbiológica (eliminação do agente causador) e a redução da CCS. Na maioria dos estudos os resultados de CCS e produção de leite não são apresentados, o que impede a interpretação dos resultados em dois itens muito importantes. Além disso, os métodos tradicionais de cultura de microrganismos utilizados para determinar a cura microbiológica apresentam baixa sensibilidade para o S. aureus, o que dificulta a interpretação. Recomenda-se assim, que para definir a cura de um caso de mastite subclínica que sejam considerados conjuntamente a CCS (abaixo de 200.000 cel/ml após o tratamento) e os resultados de cultura microbiológica. Se um dos objetivos do tratamento é reduzir a taxa de descarte de animais com mastite, este é um dos fatores que devem ser avaliados nos resultados.

Em rebanhos com alta prevalência de agentes contagiosos, como o S. aureus, existe uma grande pressão para a re-infecção dos animais tratados, pois existe um elevado número de fonte de infecção. Desta forma, deve-se considerar este aspecto, sendo recomendável o acompanhado das vacas tratadas até o final da lactação.

Conclusões

O uso de tratamento para mastite subclínica causada por S. aureus é uma medida pouco utilizada pelos resultados desanimadores na taxa de cura. No entanto, nos rebanhos com alta prevalência deste agente, o tratamento é uma possível opção que necessita ser mais amplamente avaliada, considerando as recentes melhorias em termos de regimes diferentes de tratamento (terapia combinada e estendida, terapia com vacinação). Além disso, os estudos sobre tratamento devem dispor de dados importantes para a sua interpretação como fatores ligados à vaca (idade, estágio de lactação, CCS antes do tratamento), o que pode facilitar a identificação nos rebanhos comerciais de quais situações podem ter melhor retorno deste tipo de estratégia.

Fonte: Encontro Anual do Conselho Nacional de Mastite dos EUA (NMC), p. 24-34, 2004.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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ANDRE LEONARDO TAVARES PAULA

EM 10/06/2019

Parabéns pelo artigo. Tenho uma vaca de segunda cria com um caso de mastite subclínica cronica em dois tetos associado à formação de micro-papiloma nos tetos que não respondeu aos tratamentos sistemicos e locais usuais. Recentemente surgiu com uma ulcera de lactacao ou estefanofilariose. Esses sintomas podem estar relacionados? ja está no periodo de secar, mas gostaria de tratar antes de aplicar o intramamaria vaca seca.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 16/06/2019

Prezado André, eu acredito que são situações diferentes, sem relação direta, pois os casos de mastite são anteriores. O melhor momento de tratar a mastite subclínica é com tratamento de vaca seca. A úlcera de úbere deve ser tratada da mesma forma, mas com outro protocolo, atenciosamente, Marcos Veiga

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