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Avanços no controle da saúde da glândula mamária

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 06/06/2006

5 MIN DE LEITURA

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O controle da mastite é um dos principais componentes do manejo sanitário de bovinos leiteiros. Recentemente, uma extensa revisão sobre os avanços científicos ocorridos nessa área nos últimos 25 anos foi publicada, e os pontos de maior destaque serão apresentados a seguir.

A adoção do programa dos 5 pontos para o controle da mastite teve grande impacto na redução da doença em diversos países do mundo, cujas medidas mais usadas atualmente são as práticas de desinfecção dos tetos antes e após-ordenha, e o uso de antibioticoterapia na secagem dos animais.

Cerca de 25 anos atrás, iniciou-se o uso rotineiro da contagem de células somáticas (CCS) como método indireto para detecção de infecções intramamárias, tornando-se em seguida uma análise padrão para monitoramento da qualidade do leite de tanque. Deve-se destacar que somente nos últimos anos, os laboratórios especializados em controle de qualidade do leite no Brasil dispõem de estrutura de equipamentos para o monitoramento da CCS de rebanhos leiteiros para as indústrias e produtores.

A União Européia e outros países, como o Canadá, desenvolveram e implementaram programas de penalização, por meio de legislação, para forçar a adoção massiva do programa dos 5 pontos pelos seus produtores objetivando a redução da CCS do leite. Outros países, como os EUA, não forçaram de forma tão agressiva o cumprimento aos limites legais para CCS, contudo, as indústrias criaram incentivos por meio de programas de pagamento por qualidade para a produção de leite com baixas CCS e CBT.

No final da década de 80, os programas de controle da mastite recomendados pelo Conselho Nacional de Mastite dos EUA (NMC) passaram a ser adotados nas principais regiões leiteiras do mundo, cujos rebanhos apresentaram grande diminuição das infecções intramamárias. A partir de então, muitas das infecções contraídas nos períodos seco e no peri-parto passaram a receber maior importância em relação às medidas preventivas, uma vez que tornaram mais freqüentes na maioria dos rebanhos.

A melhor compreensão das formas de transmissão da mastite permitiu a adoção de uma classificação mais adequada dos principais agentes causadores. Por isso, as bactérias causadoras de mastite passaram a ser classificadas em patógenos ambientais e contagiosos, de acordo com os reservatórios e modos de transmissão de cada grupo. Mudanças no tamanho dos rebanhos, alojamento dos animais (confinados e a pasto), e manejo dos dejetos na propriedade, marcadamente aumentaram a importância da mastite ambiental sobre a sanidade das vacas leiteiras, principalmente nos rebanhos especializados. Entretanto, ainda existem diversas informações a serem pesquisadas sobre os métodos de prevenção de casos novos de mastite ambiental.

Os estudos epidemiológicos permitiram maior compreensão acerca dos fatores de risco associados ao aumento da mastite ambiental. Os estudos comprovaram que a desinfecção dos tetos antes da ordenha prevenia a ocorrência de novas infecções intramamárias e a contaminação microbiana do leite. Da mesma maneira, métodos para melhoria da estimulação da descida do leite, ejeção e procedimento de ordenha mecânica foram implementados, readequando o design e funcionamento de equipamentos de ordenha, as técnicas para otimizar a limpeza e preservar a sanidade da glândula mamária.

Apesar desses avanços ocorridos nas últimas duas décadas, a correta instalação, o dimensionamento e a avaliação de funcionamento dos sistemas de ordenha continuam sendo pontos falhos no controle e a prevenção da mastite contagiosa.

O dimensionamento e a estrutura dos sistemas de confinamento também passaram a receber maior ênfase, como a escolha dos pisos e camas que são reconhecidamente associadas com a menor incidência de casos de infecções intramamárias por patógenos ambientais. Atualmente, apesar da maior dificuldade do manejo dos dejetos, a areia é o material preferencial para uso em cama de vacas leiteiras em sistemas free-stall, seja pelo conforto ou pela sanidade dos animais.

Foram desenvolvidos estudos na Nova Zelândia, Reino Unido e América do Norte quanto aos efeitos do manejo da vaca no período seco sobre a incidência de infecções intramamárias e casos de mastite clínica no início da lactação subseqüente. Os pesquisadores observaram que o correto manejo de secagem e o fechamento do esfíncter dos tetos dos animais são fatores de grande importância para a prevenção novas infecções. Além disso, a terapia da vaca seca com antibióticos de longa ação recebeu grande ênfase quanto à prevenção de novos casos, além da sua já reconhecida importância para a cura dos casos preexistentes.

Adicionalmente, foram desenvolvidos métodos de proteção pelo uso de selantes de tetos para prevenção de novas infecções intramamárias no período seco. Em razão da evidente importância do período seco no controle e prevenção da mastite, esse assunto continua sendo objetivo de extensos estudos.

Com relação ao tratamento da mastite clínica, poucos avanços significativos foram feitos quanto ao diagnóstico e a terapia dos casos clínicos, apesar da extensa quantidade de antibióticos de uso intramamário e sistêmico disponíveis para seu tratamento. A preocupação quanto aos riscos associados ao aparecimento dos resíduos de antibióticos no leite, combinada com baixa taxa de cura dos sinais clínicos da doença justifica o uso cauteloso desta ferramenta terapêutica por parte dos produtores. Contudo, o respeito ao período de carência recomendado pelo fabricante do medicamento e o análise de informações sobre o tipo de patógeno predominante no rebanho garantem maior sucesso do protocolo terapêutico a ser adotado.

O tratamento da mastite subclínica durante a lactação ainda permanece injustificado. Observa-se que as infecções causadas por Streptococcus agalactiae são reduzidas de forma significativas com o tratamento, porém, naquelas infecções causadas por Staphylococcus aureus, a taxa de cura é reduzida durante a lactação, e no período seco, há apenas discreta melhoria na cura das infecções.

A partir de avaliação epidemiológica, observou-se que as taxas reduzidas se justificavam pela cronicidade e a natureza reincidente da doença em número significativo de animais. Agora, busca-se compreender os motivos dessa cronicidade e reincidência que interferem diretamente nas taxas de cura para esse patógeno. Fato é que a mastite no período peri-parto de novilhas, especialmente aquelas acometidas pelo S. aureus, contribui para esta reduzida taxa de cura. Por isso, mais uma vez se justifica o correto manejo dessa categoria animal durante essa fase que antecede a parição, com vistas à prevenção da mastite no início da lactação.

Durante os últimos 25 anos, houve grande número de estudos na área de sanidade da glândula mamária, assim como tentativas de desenvolvimento de programas eficientes de vacinação para prevenção da mastite. De forma geral, o progresso nessa área tem se mostrado pouco expressivo. As principais exceções são as vacinas contra mastite por coliformes, as quais se mostraram eficazes na redução da incidência da severidade desta doença, reduzindo consideravelmente a mortalidade entre os animais acometidos.

Apesar dos evidentes avanços dos métodos de controle, monitoramento e prevenção da mastite, ainda há necessidade de ampliação dos conhecimentos e informações sobre métodos de identificação dos patógenos causadores desta enfermidade. Os principais avanços nessa área são as técnicas de identificação de patógenos por meio de biologia molecular, as quais têm auxiliado na melhor compreensão do comportamento da doença, como virulência, fontes de contaminação e cronicidade da infecção.

Evidentemente mais conhecimento será necessário para compreender a natureza dos organismos causadores de mastite, bem como um melhor e mais completo entendimento sobre a interação entre o animal, a bactéria e o ambiente, o que em determinadas condições culmina na ocorrência da mastite.

Fonte Bibliográfica:

LeBlanc et al., Journal of Dairy Science, n.89, p. 1267 - 1279. 2006.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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VIVIANE LIMA

RONDONÓPOLIS - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/05/2008

Bastante esclarecedor, visto que a mastite é um dos principais fatores relacionados com a qualidade do leite.

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