ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Alterações da estabilidade do leite - Parte 2

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 23/12/2004

3 MIN DE LEITURA

6
0

Teor de cálcio, fósforo, citrato e estabilidade do leite

O cálcio distribui-se no leite em dois compartimentos: solúvel (iônico e ligado ao citrato e fosfato) e coloidal (ligado a proteínas). De acordo com os resultados de Silva (2003), os teores de cálcio do leite variam em função do estado (local) de origem do leite e foi observada uma redução da concentração de cálcio ao longo do armazenamento. Tal ocorrência pode esta associada ao aumento da sedimentação que tende a deslocar o cálcio para os sedimentos, o que reduz o seu teor na fração fluida do leite.

Tabela - Teor médio de cálcio e fósforo (mg/100 ml) do leite cru em três estados brasileiros.

 


Foi observada no estudo de Silva (2003) uma correlação negativa entre o teor de cálcio do leite cru e a estabilidade ao álcool (r= -0,887, P<0,05), confirmando o papel importante deste elemento na estabilidade do leite. Nos leites com maiores teores de cálcio observa-se redução da estabilidade da proteína e conseqüente diminuição da estabilidade ao álcool. Sendo assim, estima-se que no leite com teores aumentados de cálcio ocorre menor estabilidade térmica durante o processamento e armazenamento do leite. Estes dados são confirmados por Barros (2001), que afirma existir uma relação inversamente proporcional entre a estabilidade das proteínas e o teor de cálcio iônico, sendo que a prova do álcool é sensível a alterações do teor de cálcio iônico, pois provoca redução da solubilidade desse mineral. Por outro lado, o teor de fósforo do leite apresentou correlação positiva com a estabilidade ao álcool, o que significa um comportamento inverso ao observado com os teores de cálcio.

Tabela - Variações da composição do leite individual em função da positividade à prova do álcool.

 


De forma semelhante ao cálcio, o citrato do leite encontra-se na forma solúvel e coloidal. A adição de citrato ao leite aumenta a estabilidade térmica devido ao seu efeito de seqüestrar o cálcio iônico e redução do fosfato de cálcio coloidal. Foram observados no estudo de Silva (2003) baixos teores de citrato, reafirmando a importância do equilíbrio salino para a estabilidade do leite. No estudo realizado por Silva (2003), foi encontrada maior estabilidade do álcool das amostras de leite do estado de Goiás, o que pode estar relacionada também com os maiores teores de citrato observados nas amostras de leite daquele estado. O mecanismo de desestruturação das micelas de caseína quando em contato com o álcool pode ser explicado pela ação desnaturante do álcool.

Segundo Horne e Parker (1981), na faixa de pH normal do leite, as micelas de caseína apresentam cargas negativas, as quais são equilibradas pela quantidade de Ca ligado à proteína. Quando há aumento do nível de cálcio solúvel, aumenta-se o cálcio ligado e reduz a carga negativa total das micelas, resultando em menor barreira para a coagulação.

Estudos de alterações da estabilidade do leite no Brasil

Em estudo realizado por Balbinoti et al (2002), foi avaliada a ocorrência de instabilidade do leite na região Sul do RS. Foram analisadas 3.353 amostras de leite quanto à prova do álcool (76%) e acidez titulável. De acordo com os resultados, a grande maioria (72,72%) das amostras positivas à prova do álcool (com instabilidade da proteína) apresentou acidez titulável normal, caracterizando que a instabilidade do leite observada no estudo não tinha origem da presença de ácido lático. De acordo com os autores, este problema pode provocar enormes prejuízos ao setor lácteo, pois a perda da estabilidade da caseína frente à prova do álcool, que causa a sua precipitação, ocorre mesmo sem o aumento da acidez do leite. Em muitos casos, o leite com tais alterações é erroneamente interpretado como ácido, penalizando o produtor sem que este possa identificar o que acontece no rebanho. Deve-se ressaltar, no entanto, que o leite com instabilidade térmica poderia não resistir ao processo térmico na indústria e causar igualmente prejuízos durante o processamento.

Donatele et al. (2003) analisaram a relação do teste de alizarol a 72% (v/v) em leite "in natura" de vaca com a acidez e a contagem de células somáticas em rebanhos do estado do Rio de Janeiro. De acordo com os autores, dentre as amostras de leite com coagulação ao alizarol a 72% a maioria (89,55%) apresentaram pH entre 6,4 e 6,8 e que 89,76% das amostras com instabilidade tiveram a acidez titulável abaixo de 18o D.

Fonte: adaptado de SANTOS, M. V. Aspectos não microbiológicos afetando a qualidade do leite. In: J. W. Durr; M. P. Carvalho; M. V. Santos (Org.). O compromisso com a qualidade do leite no Brasil. Passo Fundo, 2004, p. 269-283.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

6

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

ALEXANDRE BARCELOS

RIO DE JANEIRO

EM 08/02/2012

Eu, Alexandre Barcelos estou começando em um trabalho novo, como analista dos leites cru e estocados para UHT, o que você tiver de novo a respeito dessas análises teria como você me enviar, eu quero muito me destacar nessa nova oportunidade na cooperativa de macuco. Eu já te agradeço. alexandrebarcelos2010@hotmail.com
LIDSON SILVA BOAVENTURA

RAUL SOARES - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 29/03/2010

Marcos Veiga,

Parabéns pelo trabalho, fiquei muito contente em poder contar com trabalhos como o seu, já que sou recém formado e estou ingressando agora como supervisor de compra de leite, com certeza seus trabalhos serão de grande importância para minha vida profissional.

Atenciosamente,
Lidson Silva Boaventura.
CELIOMAR ALVES MOREIRA

SÃO LUÍS DE MONTES BELOS - GOIÁS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 24/03/2010

Caro amigo Daniel Nunes, tomo a liberdade de lhe passar uma experiancia muito importante, no que diz respeito a gordura abaixo de 3,0 %, relacionado com ordenha mecanica.
Por questões de manejo inadequado, apos iniciar os primeiros preparativos ( após a vaca estar denrtro da contenção), até a colocação das teteiras, demora superior a 2´, há uma ligeira diminuição na quantidade de oxitocina, resultando assim, em maior volume de leite residual, e consequentemente em redução no teor de gordura do leite, sobretudo em animais de média - alta produção.
Portanto, resumindo, poucas pessoas p/ o trabalho de ordenha e a demora em colocar as teteiras, crio ser a principal causa, pois a possibilidade de ser acidose, comforme seus relatos, parece ser muito pouco provável,
Atenciosamente,
Celiomar alves moreira/técnico agropecuario/Supervisor de qualidade.
DANIEL NUNES GOMES

ARAPOTI - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/10/2008

Olá, Marcos.

Muito interessante seu artigo e desde ja o parabenizo pelo trabalho realizado.

Bem, a minha situação é a seguinte: estou tento um serio problema com um grande produtor cooperado nosso aqui, produção atual de 8000 litros, gado holandes, e ele vem apresentando caso de prova ao alizarol positiva, constantemente nos ultimos meses. Trata-se de um produtor tecnificado, e a nutricao dos animais é bem balanceada, ja fizemos de tudo para tentar achar a causa desse problema, refizemos dietas, verificamos valores de Ca, P, rastreamos animais do lote de baixa produção, verificamos sistema de ordenha e resfriamento do leite.

Bom, como pode perceber, ja buscamos todas as medidas possiveis para tentar dar um fim nessa situação. Uma coisa importante a qual tenho que salientar é que esse produtor veio de um valor de composicao de leite inferior ao aceito pelo programa da cooperativa, ou seja, ele estava com inversão de gordura porteina; ele saiu de 2,65 de gord, para 3,4, mantendo a proteina em 3,3, CCS 250.000, CBT 3000. em analise de monitoramento desse leite ele vem dando 17D 72 alizarol, pode me ajudar em algo?

Desde ja, obrigado.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Daniel Nunes Gomes,

Infelizmente, pelas informações que você passou, eu não tenho muita coisa a acrescentar. No entanto, o fato de ter ocorrido uma inversão na relação gordura:proteína revela que algum problema nutricional ou de manejo de alimentação deveria estar ocorrendo e possivelmente tem alguma relação direta com a estabilidade do leite. Considerando gado confinado, seria bom ver se não está ocorrendo problema de acidose, principalmente nos casos de baixa gordura e alta proteína, e nesse caso o uso de bicarbonato na dieta poderia ser uma alternativa.

Considerando que as demais variáveis (CCS, CBT), vejo que somente essa seria uma possibilidade para alterar algum fator na dieta.

Atenciosamente, Marcos Veiga
EDUARDO PERES NETO

SEARA - SANTA CATARINA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 24/02/2007

Prezado Marcos Veiga,

Gostaria de saber qual a relação de acidez presente em leites de qualidade e acidez ºD! Trata-se de leite de alta qualidade com CBT abaixo de 100.000 e CCS também!

Grato desde já, e parabenizo pelo excelentes artigos que nos traz.

<b>Resposta do autor:</b>

Eduardo,

Obrigado pela mensagem. Sobre a sua pergunta, a acidez é um termo amplo e pode ser medida pela avaliação do pH e pela acidez titulável. O que existe é uma relação entre volume de NaOH utilizado no teste de acidez titulável e a concentração de ácido lático. No entanto, existem situações em que mesmo com baixa CBT e refrigeração do leite, ocorrem alterações da acidez, o que não temos uma resposta definitiva sobre as causas (nutricionais, sazonais).

Atenciosamente,

Marcos Veiga


ROGÉRIO PAES MENDES PEREIRA

OUTRO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 27/01/2005

Parabéns, muito boa a matéria, não só a parte 2 como a 1 e 3.

Abraço

Rogério Paes

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures