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Preservando a saúde... e o mercado de leite também!

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 26/01/2006

7 MIN DE LEITURA

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Nessa semana, o programa Mais Você, da Rede Globo, apresentado por Ana Maria Braga, reprisou uma matéria que havia ido ao ar em setembro do ano passado, em que duas nutricionistas debatiam os benefícios e "malefícios" do leite e dos lácteos em geral (leia aqui a matéria que fizemos). A primeira nutricionista disse que o leite causa uma série de problemas de saúde, de prisão de ventre a risco aumentado de câncer no sistema digestivo e que deveria ser banido das dietas para pessoas maiores do que quatro anos de idade. Embora a matéria tenha sido bem balanceada, com o outro lado da moeda sendo trazido pela Profa. Jocelém Salgado, da ESALQ/USP, que refutou os dados apresentados pela nutricionista, no mínimo o ouvinte ficou com a pulga atrás da orelha, passando a questionar um alimento tradicional e tido como saudável.

Esse programa chega a atingir de 8 a 10 pontos no Ibope. Para comparação, o Jornal Nacional atinge 35 a 40. A penetração é, portanto, muito significativa, ainda mais se for considerado que o público-alvo do programa é formado por mulheres donas-de-casa, responsável por mais de 80% das decisões de consumo. O potencial de estrago de uma mensagem negativa é enorme, assim como é bastante interessante o eventual benefício advindo de uma mensagem favorável.

Embora não tenha dados para confirmar minha informação, suponho que tais mensagens envolvendo lácteos e outros alimentos têm aumentado na mídia. Paulo do Carmo Martins escreveu sobre isso há pouco (clique aqui para ler o artigo "Leite: Alimento ou Veneno?"). As razões para isso são várias, mas a mais importante é a crescente preocupação com a qualidade de vida e com a saúde, em que os hábitos alimentares exercem papel importante e, portanto, são cada vez mais questionados. À medida que a expectativa de vida se eleva, graças aos avanços da medicina e da infra-estrutura básica, as pessoas se preocupam com seu estado de saúde em uma futura velhice que, com freqüência, passa dos 90 anos. Viver vinte ou trinta anos com vitalidade muito reduzida é algo que ninguém deseja. Sabe-se que estilo de vida e hábitos alimentares adotados desde o começo da vida adulta, ou até antes, impactam na duração e na qualidade da vida futura. Ações acumuladas durante o início de nossa existência cobram ou não um preço futuro, de forma que analisar o longo prazo em nossas escolhas e hábitos passa a ser relevante.

Essa é uma preocupação relativamente recente na história humana. Há alguns séculos atrás, quando a expectativa de vida era de cerca de 40 anos, pensar no futuro era pouco sensato; ele simplesmente não existiria para a maior parte das pessoas. O importante era viver o presente, como ocorre ainda hoje com índios, por exemplo, para quem o conceito de "amanhã" é de difícil entendimento. Hoje, o dilema mais anos em nossas vidas x mais vida em nossos anos começa a se deslocar a favor do primeiro 1.

Em função disso, a mídia abre espaço cada vez maior para matérias que mostrem que escolhas alimentares devem ser feitas para que tenhamos melhor saúde. Não só a mídia - os próprios governos têm essa preocupação, visto que as escolhas e hábitos alimentares podem significar problemas relevantes de saúde pública, como o crescimento de obesidade e outros distúrbios. E isso não é só algo relevante em países de renda muito elevada, como os países nórdicos. A prova que o Brasil se preocupa com essas questões reside na recém-publicação do Guia Alimentar Oficial, que trata justamente das recomendações oficiais a respeito de nutrição e hábitos alimentares e que, aliás, recomenda o equivalente a 200 kg de leite-equivalente por pessoa por ano.

A maior preocupação com saúde gera inúmeras oportunidades para lançamento de novos produtos que podem beneficiar diversos setores. Em lácteos, leites com ômega-3 e CLA são exemplos, assim como queijos com menor teor de gordura, iogurtes com probióticos e outros produtos do chamado "nicho de mercado", mas que normalmente têm alto valor agregado. Nesse movimento, alguns setores têm sido extremamente eficazes, como é o caso da indústria da soja, capitaneada por grandes empresas. Com um enfoque embasado em saúde e qualidade de vida, focam a comunidade médica para transmitir a mensagem de que seus produtos estão alinhados a essa nova realidade, em que a maioria de nós vai viver mais e precisa estar em boas condições de saúde para usufruir esse tempo extra junto a seus parentes e amigos.

Temos, portanto, de um lado uma população ávida por produtos que promovam a saúde em vez de destruí-la e, de outro, produtos concorrentes que vêm percebendo essa realidade talvez melhor que os lácteos.

O terceiro componente desse cenário é a comunicabilidade cada vez maior e, com ele, o acesso à informação cada vez mais rápido e disseminado. Lembrei-me agora daquele email que circulou no final do ano passado, falando sobre o reprocessamento de leite longa vida. Diversas pessoas sem ligação com o setor lácteo me perguntaram se era verdade. Fiquei sabendo de um professor de marketing de uma renomada universidade que mencionou o fato aos seus alunos, explicando que os números na parte inferior da caixinha significavam, segundo informações que recebeu via internet, da quantidade de vezes que o leite havia sido reprocessado ao se aproximar do prazo de validade. Outra pessoa me confessou que só compra leite agora olhando a parte debaixo da caixinha. Santa ignorância, mas é a realidade com a qual se precisa lidar.

As "más" notícias, enfim, contemplam a rapidez de disseminação da informação, a existência de produtos concorrentes e substitutos, típicos de mercados muito competitivos e a preocupação crescente da população com o que está ingerindo.

Há, felizmente, as boas notícias. Nessa mesma semana em que tivemos a reprise do Mais Você, circulou no mundo uma matéria falando da importância de se tomar leite no café da manhã (leia aqui), citando pesquisas favoráveis relacionando leite a emagrecimento. Além da matéria ter sido publicada em diversos sites e jornais especializados, ganhou veículos de massa, atingindo número bem maior de leitores.

Desse episódio, duas lições relevantes e uma suposição. A primeira lição é que, assim como a mídia pode trazer prejuízos ao veicular informações negativas e às vezes de origem duvidosa sobre lácteos, pode também ajudar, informando a respeito dos benefícios. A segunda é que os lácteos têm inúmeros benefícios à saúde, desde controle de diabetes e hipertensão, até emagrecimento e redução do risco de certos tipos de câncer. Não é por acaso que empresas com um passivo complicado de imagem nesse novo cenário estão investindo em lácteos; a Coca-Cola adquiriu a Bravo Foods, nos EUA, e tem lançado produtos que contém leite; a Pepsi, através da parceria com a Starbucks, lançou há alguns anos o Frappuccino; o McDonald's e a Wendy's incluíram leite nos seus cardápios.

A suposição relaciona-se a grande divulgação que a notícia favorável ao leite teve. Diversos sites e jornais a reproduziram, sugerindo que, talvez, em uma época em que tudo faz mal, não deixa de ser uma ótima notícia o leite, um dos alimentos mais nutritivos e acima de qualquer suspeita, fazer bem à saúde. Seria como um porto seguro nessa tormenta que se tornou a alimentação, às vezes com exagerando na preocupação com saúde e boa forma.

Nesse ambiente competitivo, marcado por uma população cada vez mais preocupada com saúde e por uma mídia em tempo real e de enorme abrangência, é fundamental o setor se posicionar, a começar por uma assessoria de imprensa atuante e que possa levar à mídia os inúmeros resultados de pesquisa favoráveis sobre lácteos que são publicados em veículos especializados a cada ano, bem como preparar o contraponto em situações nas quais pontos polêmicos sejam apresentados, como foi o caso do Mais Você.

Craig Plymesser, vice-presidente da DMI, entidade que faz o marketing institucional de lácteos nos EUA, onde aliás esse novo contexto já é realidade há muito mais tempo, me disse certa vez que nenhum grande veículo faz uma matéria polêmica sobre lácteos sem que a DMI e seu corpo de nutricionistas e médicos sejam consultados. Faz sentido pensarmos em seguir a mesma linha, caso seja nosso objetivo preservar nosso mercado. A mais recente iniciativa da Láctea Brasil, refletida na contratação de uma assessoria de imprensa focada na divulgação dos benefícios dos lácteos, está alinhada a essa realidade.


__________________________________
1 Uma leitura muito interessante sobre esse tema se encontra no livro "O Valor do Amanhã", recém-lançado pelo economista Eduardo Gianetti da Fonseca.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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IGNEZ LOPES RAMALHO NOVAES DE GOES

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 27/10/2021

Muito interessante suas colocações, Marcelo.



Sempre que posso leio seus artigos e gosto muito da forma simples e objetiva como você escreve. Estou admirada que o Milkpoint ainda não tenha divulgado sobre a Lei nº 11.265 de 03/01/06, que regulamenta a comercialização de alimentos para lactentes e crianças de primeira infância. Estou preocupada pela falta de movimentação do setor sobre o assunto.



Esta lei vem mais uma vez na contramão da divulgação dos benefícios do leite. Se na época da publicação da RDC 222/02 já foi um desastre a alteração das frases informativas do Ministério da Saúde sobre aleitamento materno e movimentou todo o setor, imagine agora que, à partir do dia 04/01/07 as embalagens de leite deverão trazer no painel principal aquelas famosas frases: "O Ministério da Saúde adverte:...".



Parece que o IBFAN (Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar - Internacional Baby Food Actions Network) tem muito mais força do que todo o setor agropecuário e de laticínios juntos, pois já traz em sua página na internet a divulgação sobre as novas conquistas através da lei acima citada.



O contrário ocorre com a indústria de refrigerantes que continua vendendo seus produtos sem nenhuma restrição ou frase de advertência para prejudicar sua imagem. Estou cansada de ver mães dando refrigerantes na mamadeira para seus bebês, afinal não existe nenhuma restrição a eles.



Acredito que a partir do ano que vem esta prática deverá aumentar, porque as mães vão pensar que o leite deve mesmo ser um produto muito ruim e prejudicial à saúde, já que traz em seu painel principal uma frase tão negativa.



Melhor então dar um refrigerante ao filho, que a mídia poderosa transforma em "alimento benéfico" e, além disso, não traz em seu painel principal nenhuma frase de advertência para desmentir as propagandas. Como mãe, consumidora e profissional do setor de laticínios só tenho mais uma frase a dizer: "É lamentável, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva".



Ignez L. R. Novaes de Goes

Técnica em Laticínios
PEDRO PIMENTEL

EM 14/03/2006

Há mais de dez anos, sou o diretor geral da Associação da Indústria Láctea Portuguesa (ANIL-Associação Nacional dos Industriais de Laticínios). Consulto diariamente o vosso site e tenho que vos dar os parabéns pela qualidade da informação produzida.



Tenho utilizado várias vezes a informação que elaboram e ainda há poucos dias, divulguei junto a todos os nossos associados este editorial, por considerar uma excelente contribuição para o novo relacionamento entre indústria e comunicação social.



Coloco-me à vossa inteira disposição no interesse em uma colaboração mais estreita, até pelo fato de a língua comum poder constituir um elo adicional de comunicação.
BEATRIZ MARTINS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 31/01/2006

O artigo em pauta é muito oportuno e infelizmente reflete a ignorância do nosso povo. Mas, por outro lado, isto pode ser revertido, considerando a possibilidade de uma campanha constante, ininterrupta e esclarecedora à população. O custo/beneficio é positivo.



Parabéns!

EDSON GONÇALVES

FLORIANÓPOLIS - SANTA CATARINA

EM 28/01/2006

Caro Marcelo,



A oportunidade que a Globo propiciou em reprisar aquele programa deu brecha para você responder à altura e de uma vez mostrar a população os benefícios do "alimento" leite. O ideal é que através do direito de resposta - não sei se é aplicável nesse caso - a Láctea Brasil reivindicasse uma entrevista análoga no mesmo programa para expor sua versão e a nível nacional sanar uma série de dúvidas e inverdades sobre o leite. A propósito, tenho muita curiosidade e gostaria que os trabalhos científicos que nortearam as afirmações da nutricionista fossem disponibilizados. Parabéns e sucesso em seus projetos.



Abraços,



Edson Gonçalves
NEVIO PRIMON DE SIQUEIRA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/01/2006

Marcelo,



Este foi o email enviado ao programa de Ana Maria Braga.



"Foi com profunda indignação que fui informado de matéria exibida nesta semana (reprise) sobre os malefícios que o leite pode causar ao ser humano. Matérias desse tipo deveriam ser embasadas em trabalhos científicos, com dados concretos de estatísticas e não serem divulgadas de forma leviana em um programa como o "Mais Você" da forma que foi feito. Gostaria muito de ter assistido no dia, pois mandaria esse e-mail na mesma hora.



Existem inúmeros trabalhos científicos sérios, tanto no Brasil como no resto do mundo provando efeitos positivos do consumo de leite como proteção contra câncer de cólon, profilático da osteoporose, uma das melhores fontes de cálcio e com excelente absorção, enfim se quiserem mais informações é só pedir que poderemos fornecer.



O problema maior é a divulgação de informações das quais nunca ninguém ouviu falar, denegrindo a imagem de um produto com excelente qualidade alimentar, contradizendo outros trabalhos já feitos, em um meio de comunicação tão eficiente e em um programa de grande audiência. Gostaria muito que algumas matérias fossem pesquisadas antes de serem jogadas no ar, pois depois do estrago feito, dificilmente se desfaz.



Névio Primon de Siqueira

Médico Veterinário

Produtor de leite

Membro da diretoria da Associação Paulista de Criadores do Gado Jersey

Presidente do Conselho Deliberativo Técnico da Associação Brasileira de Criadores do Gado Jersey

E quem sabe produtor de veneno"
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/01/2006

Marcelo,



Parabenizá-lo está se tornando uma constante, mas neste editorial você se superou. É leitura obrigatória para todo agente envolvido na cadeia láctea, sua correta compreensão e alcance pode levar o setor a um novo formato em suas atitudes. É contemporâneo e pertinente. Espero que renda frutos.



Um abraço,



Roberto

SERGIO LUIZ FELIPE DE SOUZA

BELÉM - PARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/01/2006

Ao pessoal do marketing do leite. Sugiro enviar artigos positivos sobre o leite, como matérias relacionando leite com emagrecimento, ao programa Mais Você e outros. Pois o programa sempre dá dicas de saúde aos telespectadores.
PAULO FERNANDO ANDRADE CORREA DA SILVA

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/01/2006

A princípio fiquei muito preocupado com a divulgação do programa Mais Você. Este editorial do Milkpoint me tranqüilizou. A Láctea Brasil está no caminho certo. Pessoas certas e bem informadas fazem à diferença. Apesar da interminável crise do leite, (só para os produtores), ainda temos esperança.



Paulo Fernando

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