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Possíveis efeitos do crescimento da cana-de-açúcar na produção de leite

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 29/03/2007

7 MIN DE LEITURA

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Nos últimos dois meses, tive o privilégio de acompanhar algumas discussões a respeito do crescimento da cana-de-açúcar no Centro-Sudeste e discutir seus possíveis impactos nas demais atividades, em especial na produção de leite.

A primeira oportunidade foi o evento Leite Competitivo, que organizamos em fevereiro último e que abordou a questão em São José do Rio Preto, SP, talvez o epicentro da expansão da indústria sucro-alcooleira. A outra foi nessa semana, em apresentação muito consistente feita pelo produtor Roberto Jank, em reunião da Leite Brasil.

Um primeiro aspecto é que a área de cana vai crescer, sem sombra de dúvida. O etanol é a principal matriz energética limpa em um ambiente que se direciona cada vez mais para o controle da emissão de gases. E o Brasil é o país, no mundo, com a maior capacidade de produção de etanol a custos muito competitivos. Para se ter uma idéia dessa competitividade, basta dizer que, mesmo com o câmbio do jeito que está, conseguimos produzir etanol de cana a um custo de US$ 0,22/litro, quando o concorrente mais próximo, o etanol de milho no EUA, que tem aquecido os preços do grão no mercado mundial, não sai por menos de US$ 0,30/litro, 36% mais caro. Em outras palavras, o câmbio que tem afetado demais o agronegócio como um todo, leite inclusive, ainda gera margem de competitividade para o etanol, o que ajuda a explicar o frisson e os investimentos em torno desse segmento.

Mas não é só isso. A competitividade tende a melhorar ainda mais, pois a possibilidade de hidrólise de celulose do bagaço de cana para produção de álcool pode aumentar a produtividade por área em 50%, a partir dos atuais 6.500 litros/ha/ano. Não é pouca coisa.

Portanto, a cana vai crescer. Quanto? Hoje, existem pouco mais de 6 milhões de hectares de terra para cana, sendo que cerca de 3 milhões são destinados à produção de etanol. Algumas estimativas apontam que, em um espaço de 10 anos, seriam necessários mais 6 milhões de hectares (leia artigo sobre essa expansão clicando aqui ). Em uma primeira análise, não é uma área significativa considerando que temos 340 milhões de hectares agricultáveis, sendo cerca de 100 milhões ainda disponíveis. Porém - e concordo com o Roberto em sua apresentaçao - é preciso cuidado nessa conclusão, por uma série de razões, a começar pela geografia do crescimento.

Ao analisarmos as regiões em que mais cresce a cana-de-açúcar (ver figura 1), fica evidente que tanto os projetos existentes como as novas usinas se localizam principalmente no Oeste Paulista, Norte do Paraná, Triângulo Mineiro, Goiás e Mato Grosso do Sul, regiões que concentram também parte muito significativa da produção de leite, especialmente no Triângulo Mineiro e sul de Goiás, conforme ilustra a figura 2, apresentada pelo Prof. Alexandre L. Mendonça de Barros, no evento Leite Competitivo.

A figura 3 mostra a localização de alguns dos novos projetos de laticínios no país, ficando claro a confluência das duas atividades, a exceção do RS, que concentra investimentos em leite, mas não ainda em cana. Sendo mais claro, a cana cresce onde o leite está hoje e, mais do que isso, onde o leite espera crescer, se considerarmos que a localização de novos laticínios tem como base uma expectativa de oferta de leite no futuro.

Figura 1. Plantas atuais (em preto) e novas plantas (em amarelo). Fonte: NIPE-UNICAMP, adaptado de apresentação de Roberto Jank


Figura 2. Concentração da produção de leite, a partir dos dados do IBGE.


Figura 3. Localização de novos laticínios ou ampliações de laticínios existentes (Elaboração: MilkPoint)


Portanto, a cana-de-açúcar não crescerá nos grotões desse Brasil afora, mas sim nas regiões com melhor infra-estrutura, com boa topografia, solo corrigido, estradas, ferrovias e perto dos centros consumidores. Onde há também muito leite. A logística é um aspecto crucial nessa cultura, tanto que os arrendamentos variam significativamente em valor a medida que se afasta da destilaria; tanto que quando uma nova planta é constituída, todo o entorno tende a ser afetado, pois é necessário suprimento em larga escala e com boa logística.

Resta saber, portanto, se o leite poderá fazer frente à cana-de-açúcar. Hoje, consegue-se arrendar para cana-de-açúcar no Oeste de SP a valores entre R$ 800 e R$ 1000/hectare/ano. Ao contrário do que ocorre com outras culturas, em função da necessidade de logística favorável, mesmo áreas muito pequenas, como 2 a 3 hectares, são arrendadas, o que afeta a produção de leite, em grande parte baseada em pequenas áreas.

Mas o arrendamento não é a única alternativa. Se o produtor quiser renda ainda maior, pode se tornar fornecedor, se responsabilizando pelo plantio e condução da cultura, tendo um prêmio de até cerca de 2,5 vezes esse valor. E já surge toda uma infra-estrutura de serviços para viabilizar essa tarefa: equipes terceirizadas de plantio, colheita, tratos culturais, facilitando a vida do produtor e reduzindo seus riscos.

É possível obter com o leite mais do que esses valores? Como vimos no evento Leite Competitivo, sim, é possível e há exemplos disponíveis. Para isso, é preciso alta produtividade por área. Uma lucratividade de R$ 2.500/ha/ano, por exemplo, equivale a R$ 0,10/litro de margem, a 25.000 litros/ha. Impossível, não é. Difícil e trabalhoso, sem dúvida. Entra aqui o custo de oportunidade do trabalho e os riscos envolvidos. É compreensível que um produtor opte racionalmente por uma atividade que permita a mesma remuneração, ou até um pouco menos, desde que tenha menos trabalho e riscos associados. Logicamente nem todos tomarão essa decisão, mas seria esperado se boa parte o fizesse.

O leite vai então ser empurrado para outras áreas, como apontou a enquete recém feita pelo MilkPoint (leia matéria sobre a enquete clicando aqui), em que 66% dos votantes acreditam nesse desfecho? Ou, como optaram 30%, é possível competir, desde que de forma intensificada e com profissionalismo?

Antes disso, é necessário ponderar que essa análise está sendo feito em um momento de extremo otimismo e até certa euforia com a produção de etanol. Hoje, o produto não é ainda uma commodity globalmente comercializada e tem havido oscilações de preços ainda difíceis de se manejar. Há quem diga que nesse ano sobrará álcool no mercado, reduzindo os preços. Assim, é preciso alguma cautela antes de achar que estamos diante do novo Eldorado (mesmo porque o Eldorado é lenda...). Também, a enquete talvez tenha omitido uma alternativa a ser explorada: a da consorciação das atividades, seja pelo plantio de culturas anuais (principalmente leguminosas) em áreas de reforma, que poderiam ser usadas para alimentar os animais, seja pela maior disponibilidade de bagaço de cana que poderia ser retornada ao produtor de leite/carne, inclusive prevista hoje em vários contratos de arrendamento, seja pela diversificação, com redução de riscos, intensificando parte da área com a produção de leite e arrendando o restante para cana.

De qualquer forma, considerando as hipóteses testadas na enquete, acredito que ambas as tendências estão corretas. Haverá uma pressão nas áreas tradicionais, sujeitas à forte concorrência com a cana, para a profissionalização, como apontou o Prof. Luiz Gustavo Nussio no evento Leite Competitivo. Conforme mostrou o Roberto, a citricultura paulista, líder mundial, também vem sentindo os efeitos: perdeu 30% da área e dos produtores, mas não produção: a produtividade cresceu de forma a manter a competitividade com a cana, pelo menos até agora. Paralelamente, considerando o potencial de crescimento da produção brasileira de leite e as tendências mundiais para o mercado de lácteos, é esperado que haja expansão da atividade em novas áreas, onde o custo de oportunidade é mais baixo. Vale lembrar que, em muitas dessas áreas, o fator fundiário e social também exerce seu papel: como tem dito o Prof. Luis Fernando Laranja, parece haver uma correlação muito forte entre crescimento da produção de leite e reforma agrária, dadas as características semelhantes ao assalariamento representadas pela pequena produção de leite.

Portanto, não será surpresa se, em algumas das principais regiões produtoras, o leite passe por uma profunda reestruturação, com redução do número de produtores e aumento da produtividade. Se esse será um processo no final das contas bem sucedido, vai depender de aspectos como a valorização desse leite por parte dos compradores (é possível destiná-lo a produtos frescos, que requerem consumo imediato e leite de alta qualidade?), o estabelecimento de relações de mais longo prazo entre compradores e fornecedores de leite e a própria situação de mercado do produto concorrente, no caso a cana-de-açúcar. Embora não seja objetivo desse artigo, há que se considerar também o posicionamento do governo em relação à questão: até que ponto a concentração em uma única atividade, que tende a liberar grande contigente de mão-de-obra, é a melhor alternativa, considerando-se os impactos sociais? É possíve, ou desejável, fazer algo no sentido de fomentar um maior equilíbrio nesse processo, estimulando atividades socialmente mais estruturantes, como o leite, que gera muito emprego e renda? Essa é uma outra questão, que mereceria uma discussão mais ampla.

Governo a parte, acredito que a indústria de laticínios está diante de um significativo desafio: como garantir o suprimento de leite para suas plantas localizadas nas regiões onde a cana cresce? A imagem que me vem à cabeça é daqueles navios encalhados na areia, em locais que antes abrigaram lagos. Estamos longe disso ainda, mas se não houver ação nesse sentido, há o risco real de ter de se buscar leite distante, pagando um frete que pesará na competitividade final da indústria. Ou desativar indústrias, algumas delas recém construídas. O que efetivamente vem sendo realizado nesse sentido?

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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RENATO CALIXTO SALIBA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/05/2008

Dr. Marcelo se muitos produtores de leite passarem a produzir cana para a usina de etanol o preço poderá cair e como muitos produtores de leite vão sair da atividade, logo poderá faltar leite e a lei da oferta e procura irá regular o mercado, portanto acho que a principio, a produção de cana para a fabricação de etanol poderá ser um bom negócio, só que os produtores poderão estar caindo na mão de um novo cartel. O que me preocupa é que os produtores de leite são bons no que fazem e já passam o maior sufoco, imagine entrar num negócio em que ele dependerá totalmente da usina, se ela quebrar e a terra do produtor estiver cheia de cana como ele irá reformar e transformar tudo em pasto de novo? Na minha opinião seria o ideal que pudesse ser feito um trabalho em que o produtor de leite pudesse arrendar partes da sua terra para os usineiros e com os resíduos e/ou cana fresca alimentar o seu gado de leite onde o produtor teria duas fontes de renda e uma atividade complementaria a outra e o produtor teria uma alternativa viável, o senhor não acha?
THIAGO AFONSO DE OLIVEIRA

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 17/04/2007

Caro Marcelo,

Gostaria de parabeniza-lo pelo artigo que gerou um debate riquíssimo, ao meu ver, sobre a polêmica que está sendo gerada em relação ao aumento das áreas de cana-de-açúcar x prudução de leite (nao só de leite, mas também de outras atividades pecuárias e outras culturas).

Além de ser neto de pequenos produtores de leite, faço o curso de Gestão de Agronegocios na UNIUBE e acho muito interessante esses assuntos que causam "debates", pois assim o ganho com informações é bem maior, porque estão aqui comentários e opniões de produtores que estão na atividade há anos, e de produtores que estão iniciando. Analisa-se assim o ponto de vista e a situação de cada um, mostrando a realidade dos produtores do Brasil.

Parabenizo a MilkPoint por nos proporcionar este espaço.

Parabéns, Marcelo, e parabéns aos heróis do leite.

Abraço e sorte pra todos.
ALEXANDRE PIMENTEL RÔA

CURITIBA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/04/2007

Prezados leitores

A discussão em pauta refere-se, na minha opinião à tecnificação do campo, onde o produtor (seja de leite, cana, soja, carne ou outros) bem sucedido é aquele que busca a profissionalização no setor em que atua, gerenciando e atuando de forma competente na sua "empresa".

Portanto, como é de praxe, os bons produtores sabem a viabilidade do seu negócio, não se deixando envolver por modismos, e sim por propostas concretas.

IRINALDO DE LIMA

REGENTE FEIJÓ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/04/2007

Caro Marcelo,

Entendo que o pequeno produtor de leite tende a continuar produzindo o leite. As índustrias brevemente irão apresentar propostas de tecnificação e apoio a estes produtores, pois os grandes produtores localizados nas áreas de plantio de cana tendem a migrar de atividade.

Os estados do Sul devem se tornar os maiores produtores de leite do Brasil devido ao clima e a um processo de "reforma agrária" sucessória que já ocorreu nestes estados, existindo hoje uma grande quantidade de pequenos imóveis rurais.
JOSÉ RICARDO VILKAS

ANGATUBA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/04/2007

Muito bom seu comentário sobre a cana e leite. Estou no meio desta "confusão". estamos localizados em Angatuba, vizinha de Itapetininga, onde já tem usina, e próximo a Itaí, onde também tem outra e vai ser construida mais algumas.

Realmente a cana está na porteira da fazenda. Em 2005, gastei dinheiro, tempo e noites de sono para comprar um pivô para poder incrementar a comida do meu rebanho leiteiro. Agora vejo vizinhos já estruturados há anos com irrigação, arrendarem suas terras para a cana. Da noite para o dia foram retirados os pivôs, arado tudo e agora verdeja a cana.

Onde existia plantio de grama para campos de futebol e jardins, agora se vê cana! Porém, nesta imensidão de fazendas que se viraram para cana, poucas é que eram de leite, ou parcialmente leite. Até o momento não soube ou vi alguma propriedade leiteira profissional mudar para a cana. Por quê? Penso que o Sr. Marcelo está certo em dizer que onde há produtividade e profissionalismo isto não ocorrerá.

Pelo momento ainda não senti atração pela cana, pois posso tirar de minhas vacas mais do que a cana!
FABIO GOMES DE SOUZA

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 08/04/2007

Hoje muitos pecuaristas falam em etanol, em parar com a produtividade leiteira e investir em plantio de cana-de-açúcar. Pode dar certo ou não. Acho que o Governo deveria dar mais valor aos produtores de leite, dando a eles mais incentivo, e também incentivar o povo brasileiro a consumir mais os produtos lácteos com campanhas de nossa matéria-prima.
MILTON SHIGUEO SATO

REGENTE FEIJÓ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/04/2007

Quando se fala que o álcool é uma fonte de energia limpa, parece que esquecem o desmatamento feito pelas usinas, que enterram as árvores com o intuito de esconder o feito, poluem os rios com vinhaça, não dão as mínimas condições de trabalho aos cortadores de cana, sem falar nas queimadas. Mesmo assim continuam a dizer que é uma fonte de energia limpa.

Acredito que futuramente pode ser considerado uma fonte de energia limpa, mas, por enquanto é uma cultura que está devastando como outra qualquer.
UBIRAJARA DIAS DA SILVA

SÃO BERNARDO DO CAMPO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/04/2007

Importaremos o leite! Não é simples? Até hoje eu não vi o Governo fazer grandes coisas pelo setor lácteo, ninguém obriga a adicionar leite em lugar algum, e pelo que eu saiba, também não vi nenhum acordo internacional tratando de leite em que o Governo estivesse envolvido.

Vamos cuidar da monocultura, para que pensar em outras culturas se a cana é a vedete do momento? Vamos beber, comer e respirar cana até que não sobre mais nada.
MARCO GODINHO DIB

PASSOS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 01/04/2007

O ponto principal dessa discussão sobre cana-de-açucar e produção leiteira seria, na minha opinião, não a competição entre esses setores, mas sim a integração entre eles. Já que até hoje não sabemos qual será o destino dos resíduos desta indústria no futuro, como a vinhaça, por exemplo, ou mesmo a produção de melaço, muito usada na nutrição animal nos EUA.

Por isso, cada vez mais a profissionalização e a implatação de novas técnicas e tecnologias são necessárias no setor pecuário brasileiro, e no setor agroindustrial.

Marco Godinho Dib
Estudante de Zootecnia
Passos - MG
RUY CESAR PADULA

ARAÇATUBA - SÃO PAULO

EM 01/04/2007

Dados nos mostram que áreas ainda serão ocupadas com cana. Em 1995, a atividade canavieira produzia 103 toneladas por hectare e hoje são 165 toneladas/ha - 62% de acréscimo.

Produtores de leite, tínhamos no ano de 1977 3,5 litros por animal. Se passaram 30 anos, e temos 4 litros por animal - 12,5 % de aumento (me refero à região de Araçatuba-SP).

Porém, existem aqueles com média muito superior a 20 ou 30 litros/animal/dia. Estes, se conhecerem o custo de produção, tiverem um trabalho zootécnico muito bem tabulado e um programa sanitário eficiente, não trocam esta atividade por nada.

Não será desativada planta alguma de laticínios, a não ser por outro motivo, mas pela área plantada em cana jamais. Temos que lembrar que granelização permite você comprar leite a distância (spot).
MARTINHO MELLO DE OLIVEIRA

PARANAÍBA - MATO GROSSO DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/04/2007

Acho extremamente importante essa discussão mais ampla, com todos os setores envolvidos, produtores de leite, cana, arrendatários, laticínio, usina e governo, no sentido de conciliar a produção tradicional de uma região com a produção de cana, evitando a monocultura.

Assim poderíamos evitar problemas no futuro, como desemprego com suas consequências e desabastecimento de algum alimento com o aumento da inflação.

Seriam medidas para o Brasil ser o maior produtor de etanol do mundo, mas também o maior produtor de carne, leite, grãos, e enfim o maior produtor de alimentos do mundo.
ELMO PROCOPIO DE SOUZA

EM 31/03/2007

Parabenizo o Dr. Marcelo Pereira, por este artigo com referência ao etanol. Com certeza será uma busca desenfreada ao plantio da cana, acredito que os produtores de leite com menos experiência no ramo e os produtores que não tiverem condições de associar uma coisa à outra - "leite e cana" -, irão abandonar o leite, optando pelo plantio da cana.

E, isto acontencendo, será a grande chance dos "experts" em produção de leite se reestruturar ainda mais. Eu ainda nem comecei na produção de leite, é o meu sonho, que em breve, talvez neste ano, iniciarei.

Ainda estou nos Estados Unidos ralando para que este sonho se torne realidade. Estou há sete anos aqui e, então, estou desambientado no assunto. Mas resolvi comentar, desculpe-me se estou dizendo alguma bobagem.

Abraços.
AILTON CÉSAR BARBOSA

SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/03/2007

Será que haverá mercado para tanto álcool que as indústrias pretendem produzir? Pelas perspectivas de investimento por parte dos usineiros, vamos "nadar" em álcool por aí. Será que vamos pagar tão barato pelo litro de álcool, como as indústrias de laticínios pagam pelo litro de leite?

É muito vergonhoso para um povo trocar áreas ricas em produção de alimentos - especialmente o leite - por combustível de carro. O que mais impressiona é que o país importa petróleo, para mover a frota - inclusive os luxuosos veículos dos usineiros - de máquinas (tratores, caminhões, colheitadeiras, plantadeiras etc.) das usinas. É, vamos esperar para ver no que isto vai dar.
OZIMAR MIRANDA RÊGO

SÃO LUÍS - MARANHÃO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/03/2007

Enquanto o planeta inteiro precisa de florestas para absorver o CO2 que é lançado ininterruptamente na atmosfera, o Governo, com a ganância dos dólares, incentiva o desmatamento para o plantio de cana. Entenda.
FERNANDO ANTONIO DE AZEVEDO REIS

ITAJUBÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/03/2007

Marcelo,

Tenho algumas ponderações, que a cana cresce num ritmo forte, não temos dúvida, exclusivamente em regiões de boa topografia para mecanização. Mas considerando que Minas Gerais representam quase 30% da produção nacional de leite, e com boa parte deste produzido em regiões montanhosas, como boa parte do sul de Minas e zona da mata, e sendo que os três estados do Sul (SC, PR, RS) representam outros quase 30% da produção nacional, vejo que quase 60% da produção não esteja concorrendo diretamente com a cana.

Caso nas regiões onde a cana avança diminua a produção de leite, pois muitos produtores de leite não conseguem obter igual rendimento da cana por hectare, que mudem de atividade, e boa sorte a eles e sorte deles de terem opção.

Se todos os que não conseguem uma eficiência mudarem de atividade, talvez até melhore para quem realmente já produza com lucro; ainda existe muita gente subsidiando o leite com renda de outra atividade.

Não consigo enxergar a cana como vilão para o produtor de leite, pode até ser uma solução.
RENATO FONSECA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 31/03/2007

Prezado Marcelo,

Quando leio que a produção de leite pode remunerar o produtor com um lucro de R$ 0,10 por litro, sinceramente me pergunto de que país vocês estão falando. Eu não sou nem muito burro e nem tão ineficiente no meu negócio e opero com prejuízo, repito, prejuízo.

E todos os produtores de leite que conheço também operam com prejuízo, há pelo menos dois anos. Em que planeta vocês habitam? Desculpe-me pela indelicadeza, mas a quem vcs querem fazer de bobo nessa história?

<b>Resposta do autor:</b>

Caro Renato,

Obrigado pelos comentários. Não temos objetivo de fazer ninguém de bobo. O artigo coloca claramente os desafios que a atividade leiteira têm frente ao avanço da cana. Coloca que uma atividade que remunera bem, com baixo risco e trabalho, tende a empurrar o leite para as áreas marginais, ou áreas de fronteiras. Essa foi a tônica do artigo e, nesse ponto, acredito que estamos falando a mesma língua e do mesmo país.

Lamento que você tenha utilizado e retirado de contexto um trecho que empreguei justamente para embasar o raciocínio acima, com o intuito aparente de descaracterizar o artigo. Disse, no texto, que não é impossível, mas sem dúvida difícil, ter a mesma rentabilidade da cana com o leite. Sustento que existem produtores, seja pela região em que estão, seja pelo tipo de sistema de produção, seja por gestão acima da média ou outra razão, que possuem essa condição, embora reconheça que são minoria, o que novamente remete ao argumento central do artigo.

Atenciosamente,

Marcelo P. Carvalho
JOSÉ GERALDO PEREIRA PINTO

CAXAMBU - MINAS GERAIS

EM 31/03/2007

Parabéns pelo artigo, Dr. Marcelo.

Só espero que esse novo "Ciclo da Cana" seja realmente promissor, que dê ao Brasil o destaque mundial que merecemos oferecendo empregos e divisas ao nosso povo sem estrangular outras atividades, principalmente a agropecuária.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/03/2007

Prezado Marcelo,

Entendo que vai haver um deslocamento da atividade leiteira do Brasil, retornando a mesma para lugares antes tradicionais, como a Zona da Mata e o Sul de Minas Gerais, que, outrora, já foram grandes bacias leiteiras nacionais.

Lugares alienígenas, antes habitados por gado de corte e, agora, também, pelo leiteiro, como aconteceu com a região do Triângulo Mineiro, até mesmo por questões de logística, voltarão a ser destinados ao setor primitivo. E neles haverá a implantação dos projetos maiores de cana-de-açúcar, ainda que por questões topográficas, já que as condições de relevo acidentado impedirão a mecanização das culturas canavieiras naquela gleba sul-mineira acima citada, ao contrário da região de Uberlândia e Uberaba, cuja a planura dos terrenos facilita a utilização de maquinário (os mapas de seu artigo demonstram muito claramente este fenômeno).

Quanto às plantas de laticínios recém-implantadas nestes últimos locais, houve, em meu entender, erro de interpretação das reais possibilidades das áreas e a tendência é que paguem pelos mesmos, ou com o encarecimento do produto ou com o fechamento das fábricas. Mas, no fundo de meu coração, ainda acho que este "boom" da cana-de-açúcar não passa de fase, tal como já aconteceu com outras culturas, como a soja, no passado e o milho, mais recentemente, por exemplo. Logo a normalidade estará presente ao setor.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
MARIUS CORNÉLIS BRONKHORST

ARAPOTI - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/03/2007

Prezados leitores,

Estou na atividade leiteira há 25 anos, exclusivo, pois tudo que produzimos é para a transformação em leite.
Também já vi muitos produtores pularem como macacos de galho em galho - entram na atividade quando está bom e promisor, e quando está na hora de começar a ganhar, o lucro ou ganho não é o esperado!

Todas as atividades têm seu custo de implantação, o seu retorno depende. Por exemplo, cana é anual, então seu retorno é mais demorado.

Estamos no norte do Paraná, a cana está perto mas não ameaça. Quanto à atividade leiteira, está crescendo gradativamente, e quem mais cresce é o grande agricultor que vem investindo no setor, pois lhe traz renda mensal e garantida, mesmo com oscilações de volume e preço.

O que quero dizer é que só fica na sua atividade por longo prazo o profisional, seja ele produtor de cana, leite, soja, gado de corte etc.

E com certesa haverá ocilações de oferta e procura, mas isto com certeza acomoda ou aquece o mercado, e com isto, haverá troca de atividade. Mas a longo prazo, o profisional permanece onde está, produzindo o que sabe e gosta de fazer.
DANILO BIASI

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 31/03/2007

Marcelo, concordo em genero número e grau com o seu ponto de vista.

Danilo Biasi - produtor de leite em Monte Alegre de Minas.

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