Porque o leite cresce tanto no Brasil |
Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.
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MARCOS A. MACÊDOPIUÍ - MINAS GERAIS - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 29/12/2006
Marcelo,
Parabéns pela clareza e visão abordada no artigo. Como abordado pela EMBRAPA - S. Carlos - SP. acreito que dificilmente leite deixará de ser um bom negócio, ou como dizemos a base econômica qe sustenta as despesas diárias e custos de atividades em mono culturas e ou nas policulturas. Todavia, traz este estigma de má remuneração, não obedecendo uma análise econômica dentro das regras econômicas de qualquer negócio, onde as flutuações de ofertas no mercado é que ditam o preço do litro de leite. Também, a produção leiteira, como qualquer outro negócio explorado aleatoriamente, é o motivo do fracasso do negócio. Aliado a idéias preconceituosas de que devemos continuar utilizando técnicas de produção leiteiras herdadas de nossos avós; desprezando as técnicas de manejo de animal e todo conhecimento disponibilizado pela EMBRAPA Gado de leite, acompanhando apenas a fatura emitida pelo laticínio, alegando que boa qualidade do leite apenas por que sua família ordenha o rebanho ou porque utiliza o detergente indicado pelo fornecedor da ordenhadeira. Atividade de produção leiteira deverá ser interessante como qualquer outra atividade do agronegócio, à medida que mais profissionalizada e gerenciada como negócio. Pode demorar, mas acredito que esta atividade expulsará com maior brevidade os especuladores de curto prazo, com a IN 51 e o pagamento por volume e qualidade. O mercado externo será conquistado com uma atividade sadia e competitiva, com políticas agrícolas sérias e a longo prazo. Sabemos que taxas cambiais ajudam, mas distorcem muito as realidades e custos produtivos. A todos Feliz ano 2007 |
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MARIA LUZINEUZA ALVES GOMES DA MAIAMARABÁ - PARÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS EM 28/12/2006
Caro Marcelo, parabéns pela matéria, e por outros artigos do MilkPoint que são de execelente qualidade e veracidade.
Esta pesquisa comprova que o leite ainda é a melhor fonte de renda para os pequenos produtores rurais, no Brasil e em outros países. Como podemos observar no mapa acima, a região da Amazônia está destacada pela alta produção, especialmente o Pará e o Acre. O incentivo dos bancos estaduais no investimento nesta área, liberando recursos (PRONAF) para a compra de matrizes leiteiras para PA (projetos de Assentamentos) das regiões, contribui diretamente na melhoria de vida destas pessoas. Geralmente quando trabalhamos com um grupo de produtores, costumamos fazer uma pesquisa chamada de T.0. onde medimos a produção do leite desde o inicio das ações até o término, com o objetivo de avaliar o aumento da produção a partir do primeiro momento que atuamos com esses grupos. Os resultados são bastante satisfatorios. Muitos acatam as instruções dos consultores e aplicam em suas propriedades as melhores formas do BPA (Boas práticas agropecuárias), desde a alimentação do rebanho, manejos gerais e sanitários, ordenhas etc. Conclui-se que isso contribui bastante para essa elevação na produção de leite no Brasil. Essa matéria está bem atualizada, parabéns!! Maria Luzineuza Marabá-Pa |
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CAIO TACITO GOMES ALVARESILHÉUS - BAHIA - PESQUISA/ENSINO EM 08/09/2006
Marcelo, a análise que você fez foi bastante providencial, mesmo em localidades menos "aclamadas", como aqui no sudeste da Bahia, onde a atividade leiteira está situada entre as conseqüências deletérias da monocultura do cacau e da pecuária de corte à "moda antiga".
De fato, ao estudar seu texto, bem como a análise de vários colegas em suas cartas, podemos observar que é possível, sim, adequar a grande massa de pequenos produtores à realidade que a globalização impõe de competitividade, desde que os mesmos passem a conhecer e adotar práticas citadas como gerenciamento, controle de custos e, não menos importante, programas de marketing, onde sugiro até um estudo mais enfocado na migração da "commodities" para a "specialties", ou construção de "agriclusters", como nos mostram os bons exemplos regionais vindos da avicultura e suinocultura. Parabéns pelo excelente artigo! |
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ÍTALO DIÓGENES HOLANDA BEZERRALIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE EM 06/09/2006
Meus parabéns pela matéria. Como pequeno produtor, vejo essa e outras verdades. Precisamos urgentemente partir para um posicionamento de mercado com foco no consumidor, temos milhares de argumentos científicos e históricos que nos habilita e nos dá lastro para que os nossos produtos sejam remunerados de forma digna.
Basta dessa relação inversa de custos X preço e preço X valor. Infelizmente ainda não se tem um estudo sobre setor de leite para o Nordeste, como o que vimos no quadro acima. Nossa região tem feito um esforço gigantesco em aprimoramento Genético, pastos rotacionados e tecnologia própria de irrigação junto a uma primorosa forma de gerenciamento da água e de recursos naturais. Parabéns mais uma vez pelo texto e todos os comentários feitos por mulheres e homens que sabem, vivem do setor e o defendem. Ítalo Diógenes Holanda Bezerra |
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CLEMENTE DA SILVACAMPINAS - SÃO PAULO EM 30/08/2006
Marcelo, você bem que podia ter deixado uma brexazinha para alguém chorar um pouquinho, e com isso poder por a culpa em alguém, quanto às baixas remunerações do leite hoje e sempre.
Sem querer dizer com isso que o nosso leite goze de um preço justo, muito pelo contrário, comparado a refrigerantes e cia, o leite tem a pior de todas as remunerações no Brasil. Na década de 1.970, quando os holandeses começaram a expandir a produção de leite nas colônias do PR, eu fui um dos que fiz algumas críticas no sentido de "onde pensa esse povo que irá colocar o leite que pretendem produzir?". Me enganei, pois o Brasil cresceu. Você nos mostra a evolução a partir de 1.980, e seria espantosa se a população brasileira não tivesse crescido 100% nesses últinos 35 anos, e se a educação do brasileiro em termos de costumes alimentares não houvesse evoluido um pouco, se o poder de compra do povo em geral não houvesse melhorado, principalmente a partir do "plano real" em 1.994. Hoje eu digo: se as associações, cooperativas e indústrias de laticínios se preocuparem um pouquinho com o marketing do leite, investirem nesse segmento 0,25% de seus lucros que seja, no sentido de mostrarem e promoverem os beneficios que o leite pode proporcionar às nossas gerações futuras, fazendo com que cada brasileiro passe a consumir o equivalente a mais 200ml de leite por dia, passaremos a ser um dos grandes importadores de leite do mundo, no curto prazo. Parabéns Marcelo, por mais essa radiografia da evolução do leite no Brasil. |
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MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHOCAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE EM 23/08/2006
Caro Marcelo,
Parabéns pelo editorial. Realmente o leite não é um negócio bom para todos. Os custos de produção apresentados refletem para os vários extratos a nossa realidade. E quem não se adequar a esses custos acabará deixando a atividade, dando lugar a outros. A adequação de custos exige investimentos para aumentar a produtividade e reduzir custos, como por exemplo, adequação de manejo, melhoria e irrigação de pastagens. Geralmente, o grande problema é que muitas vezes o produtor trabalha com produtividade muito baixa, num estrato de produção incompatível com sua capacidade de investir. O excelente trabalho que vem sendo desenvolvido pela equipe da Embrapa Pecuária Sudeste, liderada pelo Artur Chinelato e André Luiz Monteiro Novo mostra isso, e tem apontado caminhos para os pequenos produtores, que estão nos extratos menores. Os produtores de estratos maiores precisam encontrar caminhos semelhantes para adequar seus custos se quiserem permanecer na atividade. Mas o editorial mostra um fato que chama a atenção: no período de 1994 a 2004, a produção nos principais estados produtores cresceu a taxas de 45% ou mais, no estado de São Paulo a produção caiu 13%, contrastando com o quadro de crescimento da atividade. Qual a razão desse fato? Esse quadro de declínio da pecuária leiteira paulista pode ser revertido? A preocupação com a respostas a essas perguntas levou a Leite São Paulo a batalhar pela realização do Estudo da "Tomografia do Complexo Leiteiro Paulista", estudo promovido pela Câmara Setorial de Leite e Derivados de São Paulo, que está sendo realizado pelo PENSA/USP, que teve apoio na primeira fase das empresas que forneciam leite para o programa Viva Leite e que na atual fase tem o apoio do SEBRAE-SP, da FAESP-SENAR e da OCESP-SESCOOP. São alguns anos de luta para que esse trabalho pudesse ser viabilizado, mas agora estamos chegando ao fim, e esperamos que em março de 2007 tenhamos as respostas. Você tem acompanhado e ajudado nessa luta, e espero ver nessa época um editorial do Milkpoint com um título como " Qual o futuro do leite de São Paulo". Um grande abraço, Marcello de Moura Campos Filho Presidente da Leite São Paulo |
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LUIZ JANUÁRIO M. AROEIRAOUTRO - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO EM 21/08/2006
Marcelo,
Parabéns pelo artigo. Muito bem argumentado. Espero que no país continue existindo lugares para todos os "tipos de produção de leite" inclusive os diferenciados, baseados em práticas agroecológicas e com custo diferenciado. Vamos trabalhar nesse sentido. Um abraço Luiz Aroeira. |
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FLÁVIO QUINTÃO MATEUSMINAS GERAIS - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 19/08/2006
Marcelo, o conteúdo de seu artigo responde de forma técnica e diplomática à pergunta do título. Mostrando nesse artigo, como em outros, o alto nível das informações que você tenta passar aos leitores deste magnífico site.
O excelente e significativo crescimento da produção leiteira nacional observado a partir da desregulamentação ou desatrelamento ou abertura do mercado, já nos mostra o quão importante a atividade está se tornando não só sob o aspecto econômico mas, principalmente, social. Sobretudo por estarmos vivenciando um processo de transição, que está demorando demais, fazendo com que deixemos de ganhar muito dinheiro com exportações. Isso tudo causado por reacionários paternalistas que nos impuseram um retrocesso sem tamanho e justificativas plausíveis, quando da prorrogação de 2002 para 2005 da IN 51. É um descalabro total saber que ainda existem pessoas que têm esse tipo de opinião sobre a atividade leiteira. Isso mostra, Marcelo, que você precisa escrever mais, informar cada vez mais e melhor aos seus leitores. Este produtor que argumenta não ser a atividade atrativa economicamente, principalmente quanto mais tecnificado for o produtor, carece certamente da assessoria de profissionais gabaritados e capacitados a gerir seu negócio. Essa visão de uma atividade marginal e extrativista em que o "produtor" confina seus gabirús em um campo de concentração chamado "pasto", que é mais um carrascau, está acabando, ou melhor, tem que acabar em nossa Pátria Mãe Gentil. A atividade leiteira é uma excelente opção, ou, como digo em minhas palestras, "produzir leite é um excelente negócio", se trabalhado com profissionalismo e a seriedade que a atividade exige. Precisamos levar para o campo a tecnologia produzida em nossas instituições de ensino e pesquisa, que estão preocupando o resto do mundo. Como me referi anteriormente, a atividade está em processo de mudanças. Precisamos sair do século XX e pularmos imediatamente para o século XXI. Nossos pequenos produtores estão se tornando grandes, em pequenas áreas com alta produtividade e bons lucros. Não há erro contábil. O produtor está melhorando de vida. As desigualdades existentes entre os diferentes grupos de produtores têm de ser dirimidas pelo poder público, seja exigindo e/ou oferecendo condições para que isto ocorra. |
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EDUARDO AGUIAR DE ALMEIDASALVADOR - BAHIA - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 18/08/2006
Marcelo,
Parabéns pelo artigo. Até onde percebo, os leilões de liqüidação são, via de regra, de gado europeu puro ou PC, de alta performance individual, ou de tipos cruzados, sobretudo girolandas, com grau mais alto de genética taurina. Se estados como Pará, Mato Grosso e Rondônia apresentam crescimento considerável, provavelmente isso se deve bastante a uma genética bem mais azebuada. Caso contrário, essa expansão não se mostraria sustentável. Então, não vamos continuar escondendo o sol com a peneira. A revolução branca no Brasil e nos trópicos em geral passa pelo zebu leiteiro. Essa inversão de paradigmas incomoda certas pessoas, mas, contra evidências, as mentalidades têm que mudar. |
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ROSANGELA ZOCCALJUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO EM 17/08/2006
Marcelo, ótimo seu artigo.
Bastante oportuno para os governantes, representantes de classe e pesquisadores, principalmente por mostrar que estamos caminhando para dois tipos de sistemas de produção de leite. Um tecnificado, eficiente, competitivo e que atende aos regulamentos técnicos da IN 51, e outro de sobrevivência, pequena produção, que cresce a cada dia nas áreas de fronteira. Acredito que os dois são de extrema importância para o nosso país; um está voltado principalmente para o abastecimento de grandes centros e exportação (mercado), e outro de abastecimento de pequenas cidades, consumo próprio e emprego no meio rural (social). Estive recentemente em um assentamento, onde foram assentadas 176 famílias, e para minha surpresa, 146 delas estavam produzindo leite. |
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FERNANDO BUENO SIMÕES PIRESSANTANA DO LIVRAMENTO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE EM 17/08/2006
Marcelo, parabéns pela sua visão a respeito do leite. Como sou filho de pecuarista, em Santana do Livramento (RS), com família tradicionalmente envolvida com pecuária de corte, gostaria de acrescentar mais um ponto de vista.
Somos proprietários de 447 hectares, e abandonamos a pecuária de corte em 1987, partindo para a pecuária de leite. Produzimos hoje, em pleno inverno, no "Sistema Voisin", utilizando apenas 112 hectares com o gado em ordenha, 1.800 litros/dia, a um preço final, bruto, de R$ 0,54/litro. Estamos com o campo lotado. Não pretendemos abandonar a atividade, ao contrário, investiremos mais, para aumentar a produtividade do rebanho. Aqui no Brasil, e principalmente em nossa região, a única maneira de sobreviver é produzir em escala, e com a área que temos, com o leite podemos atingir o objetivo. Creio que isto possa também explicar o crescimento na produção de leite. |
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GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCOJUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 16/08/2006
O grande "boom" do leite foi a descoberta, tardia é bem verdade, de que uma fazenda, com boa topografia, fontes de água abundantes, capacidade alimentícia respeitável, dá lucro se bem administrada, dentro das modernas técnicas de manejo. Sempre ouvi, desde os tempos de meu avô, grande produtor de leite e criador aguerrido de Gado Holandês, que o negócio do leite é prejuízo certo.
Agora, à frente da mesma propriedade, impus ao conglomerado agro-pastoril que me foi entregue duas vias de modernização: a primeira, genética, com o descarte de todos os animais impuros e improdutivos e a aquisição de matrizes de elevado nível; a segunda, o implante imediato de versões de manejo mais efetivas (pré e pós dip, ordenha mecânica, alimentação controlada por nutricionista, médico veterinário constante, tanque de expansão, controle de mastite clínica e subclínica, transferência de embriões e inseminação artificial, registro de animais, entre outras), e chego à conclusão que o negócio não é tão desastroso assim. Atuando há mais de vinte anos no vermelho, consegui, há mais ou menos sessenta dias, que o azul voltasse às nossas contas, e hoje obtenho lucro (pequeno ainda, é verdade) com a produção do leite. O grande segredo é a manutenção de poucos animais e grande produção, porque não adianta nada possuir dezenas de vacas em lactação, comendo e tendo gastos com medicamentos, se a produção que delas for pequena, e não se basta a pagar suas despesas. Este é o grande problema da pecuária nacional: qualidade produtiva do rebanho. Lembro que a genética é muito importante, já que, no tempo de meu avô, uma vaca de dez litros de leite/ dia era top de linha. Hoje, minhas vacas de quarenta litros são comuns. É a profissionalização do mercado, que nos exige cada vez mais condutas avançadas e animais cada dia mais preparados para o fim a que se destinam. Outro aspecto muito relevante foi o pagamento do leite por sua qualidade, que alguns laticínios (não todos) já adotaram. Por isso, houve um aumento na produção de leite no Brasil. Porque o lucro finalmente apareceu, e a cada dia alguém do setor percebe isso. Outro dia vi uma reportagem na televisão, sobre um sitiante que tinha sete vacas apenas. Mas tirava quatrocentos e noventa litros de de leite/dia, numa média de setenta litros/dia por animal. Genética, manejo, alimentação: o triângulo que fala a verdade no campo da produção láctea. Estamos melhorando nossos horizontes, mas ainda muito há que caminhar. Espero que eu e todos nós, produtores de leite, possamos seguir juntos. |
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EDJAR PIMENTEL JUNIORBAMBUÍ - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS EM 16/08/2006
Caro Marcelo,
Excelente artigo, que vem mostrar nosso potencial de crescimento, mesmo com atual situação da atividade no mercado interno. Gostaria de complementar, no que diz respeito apenas ao crescimento da produção no Brasil, que na região do bico do papagaio - sul do Maranhão, norte do Tocantins e sul do Pará - está surgindo uma promissora bacia leiteira. No Tocantins, a eletrificação rural e estradas já chegaram e estão chegando as propriedades rurais. No Pará e no Maranhão, já existem tendências governamentais, para acontecer o mesmo, uma vez que a eletrificação e estradas são de suma importância para a atividade leiteira. Acredito que estas medidas e a migração de empresas de porte para a região, levando novas informações, conceitos de produção e seriedade para a atividade, levarão ao desenvolvimento e crescimento da produção leiteira nesta região. Acredito que dentro de um prazo médio exista uma grande probabilidade desta região tornar-se uma grande e importante bacia leiteira. Pois, mesmo com atual condição de produção e mercado em geral, estima-se (dados não oficiais) que atualmente o Pará produza aproximadamente 1.600.000 litros/dia, o Maranhão, com cerca de 400.000 l/dia e o Tocantins, em torno de 600.000 l/dia, sendo números crescentes. |
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LEANDRO REZENDE PACHECOBELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 16/08/2006
Marcelo Pereira, parabéns não só por este artigo, mas pelos demais disponíveis no MilkPoint.
Realmente o Brasil apresentou um aumento expressivo em sua produção, cerca de 50%, de 1995 a 2005. Em contrapartida, segundo a Fundação Getúlio Vargas, o preço do leite recebido pelo produtor (de 1995 a 2004) apresenta quedas de 3,2 % ao ano. Se estivéssemos em 1995, o produtor estaria recebendo R$ 0,69 centavos por litro de leite. Como explicar o paradoxo "queda real de preços e aumento expressivo na produção de leite"? Analisemos as informações disponíveis no trabalho de Sebastião Teixeira Gomes, no Instituto FNP, Fundação Getúlio Vargas e CONAB, citados abaixo: Em 1995 os produtores de até 50 litros de leite/dia representavam 19% do volume produzido; em 2005, este estrato diminuiu para 8% do volume total de leite em MG. Para os produtores de 50 a 500 litros, estes número são 70% e 48% e, para o maior estrato, acima de 500 litros de leite/dia, o volume entregue passou de 11% para 44% do total em MG, respectivamente. Está clara uma tendência de aumento da participação dos maiores estratos no volume total de leite produzido. Outro dado relevante: Em 1995, nossas vacas produziam em média pouco mais que 1.000 kg de leite/lactação. Em 2005, este número subiu para 1.590. O número de vacas leiteiras, em 1995, era cerca de 16 milhões de cabeças, em 2005 estamos com 15,1 milhões de cabeças. (Anualpec 2006). A pecuária leiteira do Brasil não cresceu apenas em volume, mas certamente em produtividade. Os produtores de leite não aumentaram suas terras. Houve um acréscimo de pessoas com maior capacidade administrativa, dinâmicas, interagidas com o mercado e bem informadas. A atividade leiteira está concentrada em regiões produtoras de milho, soja, cana-de-açúcar, suínos, aves, laranja, café, entre outros produtos altamente competitivos. Realmente Marcelo, em 1995, o preço do leite nos dava a opção de trabalhar com uma margem de lucro muito maior, entretanto, os índices econômicos e produtivos eram ridículos, demonstrando nenhum controle sobre a atividade. Hoje estamos com duas opções: ou trabalhamos com seriedade, informação, gerenciamento e controle de custos, ou estamos fora da atividade. Isto vale não só para o leite, mas para qualquer outra atividade com fins lucrativos. É simples, basta verificar os dados produtivos e econômicos das atividades que competem com o leite, e observar o nível de profissionalismo de cada uma. Será que estas atividades permitem amadorismo? As informações estão disponíveis para todos. Em Minas Gerais, Gomes relata que 25% das informações do produtor de leite vem do vizinho. E o mercado? E as exportações, a competitividade internacional ligada à qualidade do leite? As tendências das indústrias e dos consumidores? Como o produtor deve se preparar para as mudanças que o mundo pede? Para refletir... Leite é não é uma boa atividade, ou meu negócio que não está indo bem? |
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HELENO GUIMARÃES DE CARVALHOPALMAS - TOCANTINS - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 16/08/2006
Mais uma vez gostaria de parabenizá-lo pelo excelente artigo e chamar a atenção para alguns fatores que mudaram a cadeia produtiva do leite no Brasil:
A mudança do perfil do consumidor, que em função da indisponibilidade da dona de casa no lar e a busca pela praticidade optou pelo leite longa vida contra o leite pasteurizado, e este propiciou que novas e distantes bacias leiteiras fossem criadas, sendo menor a diferença dos preços pagos aos produtores das diversas regiões. A globalização, que ao mesmo tempo que lançou o produtor abruptamente em uma economia de mercado causando a curto prazo sérios transtornos, a longo prazo tem tornado nosso produtor competitivo. O fim do fantasma da inflação, que tornou a gestão das pequenas propriedades mais simples aos pequenos produtores, que não possuíam artifícios para dela se defender. Aos programas de distribuição de terras do governo federal, que possibilitou aos pequenos produtores acesso a terra e, na falta de alternativas em função de várias questões estruturais, tem o leite como a forma mais viável de sustento. Observando os dados do último senso agropecuário, observamos um crescimento maior da produção de leite em estados com menor concentração fundiária. A profissionalização do produtor se tornou obrigatória por uma questão de sobrevivência, assim, embora altamente produtivos, uma boa parte dos grandes produtores nacionais não se mostraram competitivos e estão sendo exilados da atividade. A produção de leite no país tem se mostrado como uma das mais importantes ferramentas de distribuição de renda e de justiça social do país, e, conseqüentemente, merece cada vez mais atenção por parte de todas as entidades governamentais deste país, como uma das mais importantes cadeias produtivas. Se observamos o interior deste país, a cadeia produtiva do leite é na maioria dos pequenos municípios, a maior empregadora. Ao contrário do que se imagina, o leite gera riqueza e o produtor de leite não é pobre porque produz leite, mas produz leite porque é pobre. |
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FLÁVIO HENRIQUE SILVAGOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 16/08/2006
Parabéns pelo artigo. Sou de uma região de Goiás onde o leite cresce acima da média do estado (Itaberaí). Aqui temos clima e topografia para competir com outras atividades, mas o leite está se sobressaindo. Hoje, o grande desafio que encontramos é a falta de percepção da maioria dos produtores, que aumentam demais a sua produção sem um planejamento prévio, causando um total desequilíbrio na saúde econômica da propriedade rural.
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FRANCISCO ARAUJO SALLES DE SOUZACAMPINAS - SÃO PAULO - CONSULTORIA/EXTENSÃO RURAL EM 16/08/2006
Faz muito tempo que não acompanho de perto a problemática do leite no Brasil. Este artigo confirma aquilo que eu pude constatar quando escrevi a minha tese de doutorado em economia (An Economic Analysis of the Greater São Paulo Fluid Milk Market: Vanderbilti University, May 1977) e no livro "O Estado e o Cartel do Leite no Brasil", da Editora Horizonte de Brasilia, 1981. Eu também tive a oportunidade de formular a política de leite do governo federal, pois tive o privilégio de assessorar o Ministro Allysson Paulinelli, que sem sombra de dúvida foi o melhor ministro da agricultura deste país.
A economia leiteira do Brasil foi moldada para atender aos interesses do segmento manufatureiro, que sempre foi dominado pelas multinacionais (Nestlé, Danone, Parmalat, etc.). O segmento fluido sempre foi relegado a um segundo plano, contrariamente ao que acontece nos países que adotaram políticas para promover o desenvolvimento das granjas leiteiras altamente tecnificadas, ou seja, com condições de produzir um leite de alta qualidade durante o ano todo. Mais especificamente, nestas economias (EUA, UE, etc.), as cooperativas de produtores adquiriram poder de barganha, através do controle da oferta de leite, e aumentaram a sua participação na renda gerada com a venda dos produtos lácteos, principalmente as obtidas com o leite fluido. Nestes países, os aumentos de produtividade em todos os elos da cadeia produtiva do leite foram em grande parte repassados aos consumidores, que têm sido beneficiados com uma oferta variada de produtos lácteos de alta qualidade a preços competitivos. No Brasil, os produtores só sobrevivem porque não tem outra alternativa, ou seja, o custo de oportunidade destes produtores é muito baixo, pois praticam uma atividade de subsistência. Os tecnificados, na realidade, são os mais prejudicados com esta falta de uma política voltada para atender aos verdadeiros interesses nacionais. Tudo isto acontece devido à distorção estrutural e à instabilidade historicamente observadas na economia leiteira brasileira, que ainda não saiu da "idade negra". |
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WAGNER BRANCOSÃO PAULO - SÃO PAULO - TRADER EM 16/08/2006
Prezado Marcelo,
Excelente artigo. Mostra uma visão equilibrada do setor produtor de leite no Brasil. Entretanto, acredito que, apesar da grande produção de leite, ainda falta aumentar a produtividade (eficiência) para que o Brasil fique competitivo no mercado externo e até mesmo no interno, uma vez que reduzirá os custos de produção. Acredito que, em média, o Brasil tenha um grande volume de produção, pois temos um grande rebanho e maior espaço físico. Ao mesmo tempo, nossa produtividade é de 2.000-3.000 litros por vaca/ano, contra 7.000-8.000 por vaca/ano na Argentina ou Uruguai, não por acaso maiores exportadores. Acredito que, realmente, esta é a razão de os preços de nosso produtos de leite em pó, leite condensado e queijos serem tão caros para exportação, independentemente do câmbio, um tanto desfavorável. Atenciosamente, Wagner Branco Gerente de Exportação <b>Resposta do autor:</b> Caro Wagner, Obrigado pela carta e elogio. Sem dúvida é necessário aumentar a produtividade. Porém, é preciso cautela ao se comparar produtividades animais em climas e sistemas de produção diferentes. Uma vaca de 4500 kg de leite/ano é mais eficiente economicamente do que uma de 8000 kg/ano nos EUA. De qualquer forma, esse "porém" não exclui o fato de que é preciso aumentar a produtividade, que sob qualquer comparação, é muito baixa. Um abraço, Marcelo |
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ROBERTO JANK JR.DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE EM 15/08/2006
Ótimo artigo, Marcelo. Obviamente, em terras com ampla capacidade de uso, o custo de oportunidade do negócio leite é altíssimo e este certamente é o motivo da variação da produção Argentina, em sua pampa úmida, ao longo dos últimos anos. Também em São Paulo tem sido difícil a opção pelo leite contra a cana o citros nos atuais patamares, e o reflexo aparece nos percentuais de crescimento.
Isso não é verdade em situações de topografia pior em Minas Gerais e fazendas menores localizadas na fronteira agrícola de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Tocantins, onde o custo de oportunidade é muito mais baixo. Mas concordo com você que a remuneração diferenciada por volume e qualidade tem tido um importante papel na manutenção de produtores mais tecnificados e, portanto, com maior (noção de) custo de oportunidade em seu negócio. A sinalização mercadológica que oferecemos aos produtores é o prenúncio do que vamos colher lá na frente. Se mostrarmos o que e quanto queremos comprar, com certeza o setor responderá com rapidez. É o que vi acontecer no mercado nos últimos 10 anos. A velocidade que o comprador imprimir ao mercado mostrando o que deseja comprar é a mesma que o mercado responde se isso lhe for solicitado. O melhor exemplo disso são as 90 usinas de açúcar em construção no Brasil, com a sinalização oferecida pela bioenergia. Acredito no leite porque acredito na profissionalização do setor, assim como ocorreu com soja, carnes, laranja e café; sempre via exportação. Grande parte dos compradores estão profissionalizando sua sinalização aos produtores, e ela vai de encontro ao mundo mais tecnificado, longe do que ocorre na Índia e China. Mas a lição de casa tem que ser feita nos aspectos de acesso a mercados lá fora, e produção e comercialização informal aqui dentro. Minha opinião é que a decisão continua sendo difícil, mas estamos no caminho. |
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