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Porque não constituir um grupo de trabalho para o leite brasileiro ?

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 01/03/2002

4 MIN DE LEITURA

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O MilkPoint tem recebido uma quantidade significativa de cartas e artigos escritos por seus leitores. No mês de ferevereiro, foram cerca de 100 cartas, muitas das quais estão publicadas na seção Cartas do Leitor. Para a seção semanal Espaço Aberto, temos recebido também muitos artigos de boa qualidade, publicados na medida do possível para que possamos digerir c com calma cada um deles.

São indícios de que, em primeiro lugar, temos cumprido nosso papel de fórum para discussão dos problemas e soluções para o setor, o que muito nos orgulha. Também, indica que temos aumentado significativamente o número de assinantes, que se aproxima, hoje, das 8500 pessoas, com acréscimos mensais de mais de 500 novos usuários de várias partes do Brasil e de mais de 20 países. Tudo isso é muito bom e queremos continuar desta forma. O grande volume de cartas e artigos, além disso, mostra outro aspecto interessante: que há massa crítica e vontade suficientes em torno do setor lácteo, para que busquemos soluções duradouras. Este intenso "feedback" para notícias, fatos e artigos que publicamos mostram não só insatisfação pura e simples, mas a busca por soluções que permitam que a atividade leiteira seja mais estável e lucrativa. O setor não está apático.

Por outro lado, ainda que seja extremamente importante e salutar este volume de informações que passa pelo site, é fundamental que haja algum tipo de mecanismo ordenador deste material, que dê forma e objetividade ao que recebemos e, mais ainda, ao que pode ser feito em relação ao setor lácteo. Muitos instrumentos tocando juntos, sem afinação e maestro, não geram música alguma, apenas ruído. É justamente isso que não deve acontecer, sob pena desse renovado interesse do setor e da sociedade em solucionar os problemas do leite, não se perca.

Um exemplo característico de "ruído" é, agora, a briga pelo preço mínimo para o leite. Há aqueles que são traxativamente contra, por se tratar de um retrocesso, e aqueles que são sumariamente a favor, com o argumento de que é a única solução para garantir um preco digno. A discussão fica, portanto, muito superficial e fundamentada em posições de momento, às vezes posições políticas. Seria interessante que a discussão se aprofundasse, analisando efetivamente os prós e contras da questão e quais seriam as outras alternativas a este ponto, em um fórum próprio para isso.

Outro exemplo pode ser visto nas próprias CPIs do leite. A julgar pelo andamento dos trabalhos e o que vem sendo publicado na mídia sobre as conclusões destas, basicamente está se comprovando o que já se sabe: que o produtor é o grande prejudicado e o maior vilão é o varejo ! É preciso fazer bem mais do que isso.

Uma das razões para que tenhamos muito barulho e pouco resultado prático é que, na realidade, não é fácil solucionar os problemas do setor. Primeiro, a heterogeneidade, onde não há solução universal que contemple uma estratégia de inclusão de produtores com a estratégia de aumento da competitividade e da escala de produção. Segundo, o setor foi precocemente lançado no mercado, quando havia - e há - ainda muita coisa a se fazer. É preciso, portanto, corrigir a rota com o barco em movimento. Terceiro, leite é mesmo um produto complicado em função da perecibilidade e da fragmentação da oferta. Quarto, as dificuldades pelo próprio porte e números do setor, ou seja, não se trata de solucionar o problema de uma atividade secundária, que reúne meia dúzia de pessoas. São milhões de pessoas envolvidas com a atividade.

Posto tudo isso, vamos ao que interessa: como poderíamos dar forma a tudo o que se fala, escreve e se pensa em relação ao setor, com objetividade ?

Creio que um caminho seria constituir um Grupo de Trabalho, com integrantes da universidade, de empresas, do governo e consultores, com diversas especialidades, com a missão de estudar soluções de longo prazo para o setor, levando em conta as características brasileiras e o que já foi feito em outros países e que pode ser adaptado por aqui. Este Grupo deveria ter especialistas em políticas públicas, em economia, em marketing, em produção e o que mais se achar necessário. Teria a missão de estudar profundamente o setor, ouvir quem achar que deve ser ouvido, encomendar trabalhos que achar necessário e, ao prazo de um ano ou mais, elaborar um documento que desse forma ao que foi coletado e extensivamente discutido. O grupo poderia ser dividido em sub-grupos com características e metas distintas, visando estudar determinados temas. Por exemplo, um sub-grupo poderia estudar a factibilidade da aplicação de mercados futuros para a comercialização do leite. O desenrolar do trabalho deste grupo seria exposto em veículos do setor, como por exemplo o próprio MilkPoint, que serviria também como ponto de recebimento de sugestões que pautem os trabalhos do Grupo. O objetivo, enfim, seria traçar um Plano para o setor, com base no que temos hoje e aonde queremos chegar (talvez definir esta questão seja o ponto mais difícil !).

Os custos deveriam vir da iniciativa privada, especialmente de entidades que representam os produtores - os maiores interessados, como CNA, Federações da Agricultura e Sebrae. Entidades como Láctea Brasil também poderiam colaborar, uma vez que as empresas de insumos se beneficiariam da evolução estrutural do setor. Talvez o governo pudesse também participar com recursos.

Talvez uma idéia utópica demais ? Pouco prática ? O curto prazo é que é importante ?

Discordo. Vários países que hoje desfrutam de posições de destaque no panorama lácteo e são citados como referência em organização, força e competitividade, criaram um divisor de águas em algum momento passado. Se ficarmos sempre buscando soluções de curto prazo, colheremos sempre resultados de curto prazo, os quais já conhecemos.

Neste sentido, a criação de um Grupo de Trabalho independente, de alta qualificação, transparente e abrangente em sua composição, seria um passo importante. O primeiro passo.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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ANDRÉA ROSSI SCALCO

OUTRO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 12/03/2002

Concordo plenamente com a elaboração de um grupo de trabalho que vise solucionar os problemas da cadeia láctea. Se precisar de um componente para este grupo me coloco à disposição, sou doutoranda da Universidade Federal de São Carlos e trabalho com a cadeia de leite.

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