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Os 100 maiores do leite: São Paulo caindo, Minas subindo

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 04/03/2004

5 MIN DE LEITURA

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Nesta semana, publicamos pela terceira vez o ranking dos 100 maiores produtores de leite do país, o Top 100 MilkPoint 2004, que foi feito com o apoio das empresas Nutron, DeLaval e Arm & Hammer.

O levantamento desse ano consolidou as informações dos anos anteriores e trouxe algumas novidades interessantes e que merecem uma discussão mais aprofundada. Pode-se começar destacando a intenção de elevação da produção destes produtores em 2004, em nível inclusive superior ao verificado no ano passado.

Para ilustrar, 66% dos produtores do Top 100 - 2004 pretendem aumentar a produção nesse ano, ao passo que 25% pretendem manter, 4% pretendem reduzir a produção e 1% - 1 produtor - pretende parar. Outros 4% não sabem ainda, não informaram ou estão indecisos. No ano passado, 56% tinham intenção de aumentar.

Vale dizer que, nessa mesma época, no ano passado, a situação era mais confortável, com preços estabilizados, sem crise de oferta e sem os problemas com a Parmalat que caracterizaram esse início de ano, momento em que fizemos a apuração. Assim, a intenção de aumento é notável e pode sinalizar visão de longo prazo, estando os produtores cientes de que a crise é passageira, além de melhor condição econômica destas fazendas (escala, melhor poder de barganha) ou necessidade de aumentar a produção para fazer frente às margens menores neste ano (ou ambas). Em qualquer delas, há indicativo que estes produtores, como grupo, seguem apostando na atividade.

Outro ponto que pode ser apontado é a concentração de mais produtores em Minas Gerais, com queda proporcional dos produtores paulistas. Hoje, 46 dos 100 maiores estão em solo mineiro, ao passo que 19 estão em São Paulo. Várias hipóteses para o crescimento de Minas Gerais podem ser colocadas para tentar interpretar um possível estímulo da atividade em algumas regiões de Minas, como o acirramento da concorrência entre os grandes laticínios, especialmente DPA e Itambé, em regiões como o Triângulo e Alto Paranaíba (as principais bacias). Junta-se a isso o ambiente do vizinho Goiás, onde a Centroleite, em anos bons, tem sido muito efetiva em tornar estes anos ainda melhores, e atuação das cooperativas destas duas regiões mineiras em especial, e tem-se alguns possíveis ingredientes para explicar porque, apesar dos pesares, Minas continua forte no leite. Claro que Minas Gerais tem diversas regiões e, com elas, cenários distintos, mas é digno de nota que praticamente metade dos maiores produtores esteja lá.

Digno de nota também é a consistência paranaense. Após as dificuldades que resultaram na venda da Batavo, na década de 90, a região dos Campos Gerais parece ter aprendido a lição: a constituição do Pool ABC para venda de leite foi um passo importante e, agora, a oportunidade de re-escrever a história está diante deles, dependendo do que ocorrerá com a Batávia.

Já em São Paulo... confirma-se o marasmo dos últimos anos. Nada menos do que 10 produtores paulistas deixaram a listagem, pelos mais variados motivos. Nestes anos de laranja e cana com boa atratividade, muitos daqueles que têm área disponível estão migrando para estas atividades. Café e gado de corte também tem roubado espaço do leite em regiões específicas.

O leite em São Paulo é viável? Essa questão é difícil de se responder sem que se faça um trabalho aprofundado e atualizado, um verdadeiro diagnóstico da pecuária de leite. Exemplos específicos não podem e não devem ser usados tanto para responder que sim, como que não. É verdade que as estatísticas não ajudam, com SP caindo de segundo para quinto produtor nacional, com Santa Catarina, em sexto, chegando perto. É preciso mais: quem são, quantos são, o que fazem, onde estão e o que caracteriza o negócio dos produtores que estão sendo bem sucedidos no leite em SP? É fundamental - e aí cabe o papel do governo estadual - colaborar para que esse diagnóstico seja feito, permitindo identificar as causas da produção paulista estar estagnada há 10 anos, enquanto o Brasil cresceu quase 40%.

Hoje, o que se sabe é que:

- SP tem terras mais valorizadas em função de outras atividades agrícolas como laranja e cana

- SP tem proximidade de áreas urbanas - e portanto bem mais valorizadas - que expulsam os produtores das regiões tradicionais, como Campinas, Vale do Paraíba, etc. Isso acontece hoje nos EUA produtores vendem suas fazendas no sul da Califórnia e compram áreas 10 vezes maiores em Idaho. Esse processo, por aqui, foi alavancado principalmente pela migração do leite para regiões de fronteira.

- SP tende a ter maior custo de oportunidade da mão-de-obra

- Já quanto ao custo de alimentação, é duvidoso dizer que este em SP é muito superior a outros lugares. Embora milho e farelo de soja possam ser um pouco mais caros, há subprodutos do milho e da laranja que são competitivos em preço.

- SP apresenta crônica falta de motivação: produtores são desunidos; o foco parece estar em outras atividades. Será isso causa ou conseqüência da situação?

- Muitas indústrias saíram de SP, diminuindo a concorrência, fator importante para redução dos preços pagos aos produtores. Também, a principal cooperativa paulista, a Paulista, passou por grande crise na década de noventa, encolheu e vendeu parte dos ativos. O produtor de SP perdeu parte do "guarda-chuva" cooperativista, que agora começa a querer voltar.

- São Paulo tem o mercado maior consumidor do país no seu quintal.

Não se pretende menosprezar a questão fiscal, que pode ser mesmo a diferença entre crescimento e estagnação, mas isso não muda duas coisas. A primeira, o fato que o leite em SP tem outros problemas e características que, com ou sem desvantagem fiscal, precisam ser solucionados; a segunda, que é necessário um diagnóstico bem feito, amplo, para analisar essas questões - inclusive a desvantagem fiscal. Enquanto esses dois itens não forem equacionados, teremos por aqui muitas discussões, manifestações em grande parte pouco embasadas e, muito provavelmente, a continuidade da tendência atual.

O top 100 revelou outros aspectos interessantes e, assim como no ano passado, mais dúvidas do que respostas. Convido você, leitor, a conferir o resultado da pesquisa e emitir sua opinião.

Clique aqui para acessar o top 100 - 2004. Participe!

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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