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O mapa do leite no mundo, em 2010

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 06/09/2002

4 MIN DE LEITURA

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Estive "fisicamente" fora alguns dias da operação do MilkPoint, em função de minha participação no Dairy Outlook 2010 Conference, organizado pela FAO, em Roma. Digo fisicamente porque, com a internet, definitivamente fica-se conectado em tempo integral, onde quer que se esteja. Além de checar diariamente as dezenas de mensagens, algo até corriqueiro hoje em dia para quem viaja, foi possível mexer no conteúdo do site, checar os novos cadastrados e outras coisas mais, tudo isso a um custo quase zero, em qualquer cibercafé, escondido junto a ruínas, monumentos e igrejas de centenas ou milhares de anos da capital italiana. A conclusão, além da constatação de que posso me mudar para Roma sem perder o trabalho, é que definitivamente a agilidade e a acessibilidade da comunicação são as principais vantagens da era da internet.

Bom, mas imagino que o leitor não está, a essa altura, muito interessado em filosofia barata, ou aonde pretendo me estabelecer, mas talvez no que vi no evento, cujo objetivo foi prever como estará a produção e o mercado de leite em 2010. Sempre considerando que as previsões costumam partir de alguns pressupostos básicos, cuja mudança poderá alterar drasticamente o resultado final, vale a pena dar uma pincelada nas projeções.

Segundo as estimativas da FAO e também de vários dos participantes (pessoal de governo, de empresas de laticínios, associações de produtores, etc), o leite tende a continuar sua migração para países de baixo custo de produção e/ou países com consumo crescente. Estamos falando principalmente de países em desenvolvimento, cujos custos em geral são mais baixos e o consumo pode ainda crescer bastante. Este grupo de países, cujos membros mais destacados são Índia, Paquistão, China, Brasil e Rússia, ainda será importador líquido de lácteos em 2010, ou seja, as importações superarão as exportações, em termos globais (embora países como a Argentina deverão ser exportadores líquidos, como ocorre hoje).

A produção de leite em 2010 deverá atingir 655 milhões de toneladas, representando aumento anual de 1,5%. Porém, nos países em desenvolvimento, a produção deverá crescer a taxas maiores, fazendo com que a porcentagem total do leite proveniente destes países suba de 32%, em 1990, para 44% do total em 2010. É uma mudança significativa na distribuição do leite mundial.

O país que deve ter o maior crescimento absoluto é a Índia que, segundo a FAO, produzirá daqui a 8 anos 27 milhões de toneladas a mais do que produz hoje, ou seja, 30% mais do que a produção brasileira atual. O Paquistão e a China também crescerão bastante: o primeiro deverá produzir nada menos do que 35 milhões de toneladas em 2010 e a China deverá se aproximar das 16 milhões de toneladas (contra 10 milhões, hoje).

Os 10 maiores produtores de leite, em 2010, de acordo com a FAO (serão):



Admitindo que considerar a União Européia um único país distorce os dados, a Índia se consolidará como o maior produtor de leite do mundo. Os países com maior taxa de crescimento anual são justamente os países em desenvolvimento, além de Austrália e Nova Zelândia, que terão presença ainda mais forte no mercado externo.

A aposta nesses países em desenvolvimento explica-se em parte, como já colocado acima, pela elevação do consumo de lácteos, que pode se dar simplesmente pelo maior crescimento vegetativo da população, ou pelo crescimento per capita (para isso, deve haver crescimento/melhor distribuição da renda, bem como campanhas de marketing, com mudança de hábitos do consumidor). Em outras palavras, considerando que, apesar dos Got Milk ? da vida, o consumo nos países desenvolvidos beira a saturação, o caminho é focar mercados em crescimento, onde muita gente ainda pode vir a beber leite, ou aumentar seu consumo. Sem dúvida, isso é muito bom para os produtores, indústrias e demais interessados no setor lácteo desses países.

A outra razão é o custo da matéria-prima, naturalmente forçando a produção para locais onde o leite é mais barato. Isso explica também o interesse de empresas de laticínios nestes países, sendo exemplos recentes os investimentos da Fonterra na Índia e no Brasil, da Danone na China e mesmo das nossas velhas conhecidas, Parmalat e Nestlé, no Brasil.

Essa segunda razão pode não ser tão animadora para produtores. Ter o leite mais barato do mundo, se é bom por um lado da análise, pode vir a ser negativo por outro, uma vez que pode não ser a mesma coisa que leite mais rentável do mundo (aliás, isso é tema para uma outra análise !). É preciso que os ganhos sejam distribuidos ao longo da cadeia, caso contrário dificilmente se consegue manter um crescimento sustentado na produção, como está previsto pela FAO.

Falando um pouco de mercado externo, embora o comércio internacional tende a se intensificar, o fato da produção crescer principalmente em locais com consumo crescente, aliado ao fato do consumo e da produção nos principais países desenvolvidos pouco variarem dentro desse cenário (EUA, União Européia, Canadá), parece evidente que a expressa maioria do consumo será suprida pela produção local, continuando a ser o leite uma commodity com baixa participação internacional, em termos relativos.

Enfim, para não me alongar muito nesse comentário, vamos parar por aqui, com o compromisso de comentar futuramente outras informações passadas no evento. Aproveito, por fim, para agradecer às empresas Lagoa da Serra e Serlac, que viabilizaram a minha participação nesse importante evento do agronegócio do leite.

EPISÓDIO LAIR RIBEIRO

O episódio Lair Ribeiro resultou em uma série de protestos por parte de várias entidades ligadas ao leite. Além da já comentada ação da ABLV (clique aqui para ler meu comentário sobre o assunto), manifestaram-se a EMBRAPA Gado de Leite, a Láctea Brasil e a Leite Brasil. Com certeza, o responsável pelo programa de rádio vai ficar bem mais esperto quando algum entrevistado falar mal de leite ...

Clique aqui para ler as cartas enviadas pela:

Láctea Brasil
Leite Brasil
Embrapa Gado de Leite

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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