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Brasil é destaque em produção, mas laticínios brasileiros não figuram no ranking dos maiores do mundo

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 17/11/2011

4 MIN DE LEITURA

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O Brasil tem sido um dos países com maior aumento anual na produção de leite nos últimos anos. Dados do IFCN (International Farm Comparison Group) utilizando informações oficiais dos diversos países, indicam que, no período entre 2006 e 2010, o Brasil foi o segundo país em aumento absoluto na produção de leite, ficando atrás apenas da Índia (tabela 1).

Tabela 1. Principais aumentos na produção de leite entre 2006 e 2010 (Fonte: Hemme, 2011)



Esse crescimento fez com que o Brasil se aproximasse da Alemanha, da Rússia, da China e do Paquistão, podendo vir a ocupar, na próxima década, o posto de terceiro maior produtor mundial, atrás da índia e dos Estados Unidos, caso mantenha essa taxa de crescimento. Vale lembrar que a França, com 25 bilhões de litros e segundo maior produtor europeu, já foi ultrapassada há alguns anos.

Apesar desse crescimento e da posição de destaque no cenário mundial, o setor perde relevância quando analisamos de onde vêm os maiores laticínios do mundo. Em apresentação no último evento da IDF, o francês Benoit Rouyer mostrou um panorama muito interessante do que vem ocorrendo em diversos continentes no que se refere à consolidação e crescimento de grandes empresas de laticínios, sejam elas cooperativas ou não.

O primeiro fato que chama a atenção é o processo de mudança que ocorre na Europa, continente sempre associado a altos custos, subsídios e baixa competitividade. Os ativos dos 27 maiores laticínios existentes em 1996 hoje estão consolidados em apenas 15 empresas. Não se pensa mais em ter um grande laticínio no país, mas sim em ter laticínios que possam competir na Europa e, dependendo do caso, no mundo. Com efeito, dos 24 laticínios mundiais que faturaram mais do que US$ 3 billhões em 2010, 11 estão na Europa (tabela 2). Das 24 empresas, 10 são cooperativas.

Tabela 2. Laticínios com faturamento acima de US$ 3 bilhões anuais (fonte: Rouyer, 2011)



É interessante observar que a distribuição ocorre por 14 países e 4 continentes, ficando de fora a América do Sul e a África. Apesar da grande concentração na Europa e Estados Unidos, nota-se a presença da cooperativa Lala, do México, e de duas empresas chinesas que não participaram de rankings anteriores, ambas com crescimento espetacular: a Yili, que faturava US$ 800 milhões em 2003, fechou 2010 com US$ 4,4 bilhões, ao passo que a Mengniu aumentou 9 vezes de tamanho: de US$ 500 milhões para US$ 4,5 bilhões no mesmo período.

As empresas de países emergentes bem colocadas no ranking não se resumem a estas duas. Se ao invés de faturamento o parâmetro computado fosse a captação de leite, a cooperativa indiana Amul figuraria na décima oitava colocação, com 3,4 milhões de toneladas captadas anualmente e faturamento de US$ 2,1 bilhões (saindo de US$ 400 milhões em 1995 e US$ 700 milhões em 2006).

Muitos desses grupos presentes entre os 24 maiores obtiveram esse posto através de fusões, aquisições e expansão internacional. Um dos principais exemplos é a canadense Saputo, que atua principalmente em queijos, e que aumentou mais de 10 vezes o faturamento nos últimos 15 anos, obtendo 40% de sua receita no mercado norte-americano. A Lactalis, empresa francesa de capital fechado, é outro exemplo de internacionalização. Em 1993, a empresa obtinha 32% do seu faturamento fora da França; hoje, a porcentagem é de 70%, indicando que a empresa de fato se tornou internacional.

A expansão dos laticínios não se caracteriza apenas por laticínios tradicionais, de países desenvolvidos, investindo em novos mercados. Há o exemplo oposto: a Lala, hoje, é a segunda empresa em leite fluido nos Estados Unidos, mostrando que os emergentes também podem conquistar fatias importantes nos mercados tradicionais, como ocorre em carnes e outros segmentos. A chinesa Bright Dairy, outro exemplo, adquiriu a neozelandesa Synlait e pôs o pé no país que é o maior exportador mundial de lácteos. O mesmo ocorreu com a vietnamita Vinamilk, que adquiriu participação em uma nova empresa local.

Outro aspecto interessante que caracteriza esse processo é que, via de regra, o crescimento se acelerou muito nos últimos anos. Muitos destes laticínios tiveram um período de crescimento moderado até 2001, seguindo por forte expansão após esse ano. Esse período de expansão coincidiu com uma série de fatores: aumento da taxa de crescimento do PIB mundial, disponibilidade de capital para expansão, desenvolvimento dos emergentes, expansão da União Europeia para 27 países, concentração do varejo, consolidação das marcas próprias de varejistas em diversos países e baixo crescimento do mercado europeu. Todos esses fatores fizeram com que estes laticínios buscassem expansão via aquisições e fusões, não raro além de seus domínios.

Toda essa movimentação nos faz refletir acerca da participação brasileira no mercado. Apesar de verificar forte crescimento da produção, o país não tem, ainda, o mesmo vigor quando se analisa a movimentação da indústria. Porque isso é relevante? Esses players continentais que estão se tornando players mundiais certamente olharão para mercados emergentes como o brasileiro, onde as possibilidades de crescimento são mais concretas. Nossa indústria cresceu em termos absolutos, mas não quando se compara com o crescimento desses grupos de fora. Será interessante acompanhar os próximos 5 anos, em que provavelmente, teremos a chegada de um ou mais grupos de fora. Como a indústria local competirá com estes players globais que verificam forte crescimento e dinamismo será algo a se conhecer, caso esse cenário se concretize.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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IZAMARA SANTOS

EM 20/02/2019

Queria saber .. continentes países, cidades,municípios.
FABRICIO TEOTONIO DE OLIVEIRA MARTINS

PAULA CÂNDIDO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/11/2011

Gostaria de comentar dois pontos que acho fundamental para o crescimento da cadeia Infraestrutura e Legislação.



Acredito que uma das formas de ajudar melhorar nossa imagem perante ao cenário internacional é melhorar nossa fiscalização e ter uma legislação que garanta ao mercado internacional padrões de minimos qualidade, infelizmente hoje essa fiscalização está deixando a desejar. O que deixa o investidor do mercado internacional com receio de investir no ramo em nosso pais. Sem contar os grandes problemas de infraestrutura que enfrentamos em nosso país para nos tornar mais competitivos.





MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 18/11/2011

Obrigado, José Humberto. Você esta correto. Há também a LBR, formada nesse ano com o apoio do BNDES e que, ao menos em propósito, foi concebida para ser esse player nacional, como ocorreu na carne com o JBS.



Mas no geral, você está correto. Essa movimentação que vem ocorrendo e se intensificando lá fora ainda não pode ser vista aqui.
JOSÉ HUMBERTO ALVES DOS SANTOS

AREIÓPOLIS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/11/2011

Muito interessante a sua análise.

Em contrapartida, fico cá pensando e não vejo grandes empresários do ramo  com esse "drive" global.

Com exceção da Nestlé, que já está no topo e é uma empresa global, o que temos?

A BRFoods tem o negócio do leite c/o um departamento.

As cooperativas estão lutando para se consolidar com aquilo que tem

Sinceramente, estou enganado?

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