ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Boa notícia, vinda do Paraná

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 11/04/2006

4 MIN DE LEITURA

3
0
Ronei Volpi, superintendente do Senar Paraná e presidente do Conseleite, definiu bem a realização da Semana do Leite e Derivados, realizada entre 4 e 8 de abril (clique aqui para ler), em Curitiba: quebra de paradigma.

E em vários sentidos. Primeiro, significou a união de vários elos da cadeia de produção de leite para a criação de um projeto, ainda que pontual, para promoção de lácteos. Poder público, através da Secretaria de Abastecimento da cidade, produtores de leite, através da FAEP e indústrias de laticínios se cotizaram para promover o evento, que atraiu alguns milhares de visitantes. Segundo, significou uma ação prática no sentido do marketing institucional, em meio a tantas expectativas e discussões a respeito do tema. Terceiro, a quebra do paradigma de que somente com grandes somas de dinheiro é possível realizar ações de marketing institucional. Nesse último aspecto, os organizadores informaram que o investimento total ficou em menos de R$ 35.000, ou um terço disso para cada promotor.

A realização paranaense mostra ser possível, com disposição, criatividade e, acima de tudo, entendimento e ação, dar um passo no sentido do marketing de lácteos e, mais do que isso, de aproximação dos setores urbano e rural, em tempos de distanciamento crescente entre estes dois mundos. O primeiro editorial que escrevi para o site, há seis anos, dizia da importância de mostrar ao morador da cidade como são produzidos os alimentos, quais as dificuldades que o produtor têm, quais os aspectos interessantes que as pessoas da cidade deveriam saber e não sabem.

O artigo, escrito antes do Brasil urbano e da mídia "descobrirem" o agronegócio, mostrava que, invariavelmente, as notícias sobre o setor eram negativas: poluição ambiental e riscos à saúde com o uso de "agrotóxicos", práticas trabalhistas arcaicas, má gestão, reclamações infundadas e extrema dependência governamental. Junta-se a essa imagem o fato do país ser majoritariamente urbano, sem os vínculos de antes com a realidade rural e cria-se um quadro em que não seria surpresa se a opinião pública se mostrasse amplamente desfavorável ao setor, tornando muitos de seus pleitos difíceis de conquistar, especialmente quando dependessem da aprovação popular.

Lembrei-me de um outro editorial publicado no MilkPoint também há alguns anos, dizendo que o consumidor canadense preferia produtos locais em relação aos importados e estava inclusive disposto a pagar mais pelo produto local. Sem dúvida, esse comportamento tem um aspecto de renda importante para explicá-lo, uma vez que para um povo com renda per capita média de mais de US$ 30.000 anuais, a alimentação tem um peso pequeno no orçamento doméstico, a ponto de facilitar posicionamentos desse tipo. Mas, mesmo assim, não explica tudo. A disposição por pagar mais por um produto considerado equivalente em relação à qualidade só se justifica se houver um vínculo maior entre os envolvidos, no caso os produtores e indústrias de lácteos do Canadá e seus consumidores (coincidentemente, ou não tanto, o Canadá foi o único país do mundo que teve aumento do consumo de carne bovina após o surgimento de um caso de "vaca louca", fruto de um ótimo trabalho de comunicação e esclarecimento dos reais riscos - quase nulos, no caso - aliado a uma campanha com forte viés nacionalista).

Nesse sentido, foi muito positivo ver crianças em Curitiba perguntando a respeito da alimentação e lactação das vacas, desenhando equipamentos de ordenha, computadores de análise de leite e compreendendo questões envolvendo qualidade do leite e saúde humana. Ainda que em pequena escala, houve um resgate do vínculo rural/urbano e uma aproximação do consumidor, distante do campo, em relação ao produtor e à indústria de leite.

Outro benefício importante para empresas e produtores é a grande oportunidade de ver e ouvir o cliente proporcionada por um evento dessa natureza. As dúvidas mais freqüentes, os questionamentos, os pontos positivos a explorar, tudo pode ser muito bem aproveitado pelo setor ao criar um espaço de interface direta com o consumidor. Lembro-me do hábito do Comandante Rolim, da TAM, de recepcionar os clientes no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Mais do que uma jogada de marketing, era um oportunidade de captar impressões impossíveis de se fazer quando se está fechado no escritório.

Por fim, mais um benefício pode ser apontado. Apesar de não ter sido objetivo do evento vender mais, várias empresas presentes reportaram aumento de vendas de seus produtos no Mercado Municipal anexo, também verificando novos pedidos de lojistas. Uma das empresas expositoras aumentou de 5 para 11 pontos de venda no local, visitado semanalmente por mais de 50.000 pessoas.

Por tudo isso, fico imaginando o impacto continuado desse evento, ainda mais se for reproduzido em diversas cidades, com o apoio do poder público e empresas locais e nacionais. Com um investimento que, com o tempo e com o aumento do número de participantes, tende a cair por visitante, é possível criar um canal de comunicação direto com o público, facilitando a transmissão de mensagens fundamentais e até então quase que restritas ao setor, como as questões higienico-sanitárias, a importância dos lácteos para a saúde e a engrenagem produtiva que está por trás de cada litro de leite ou quilo de queijo adquiridos no supermercado.

Nesses quatro dias em Curitiba, não se falou de baixo preço de leite, de competição no varejo, de informalidade, de importações. Os problemas ficaram "em casa"; o setor se reuniu para tratar de assuntos benéficos a todos: a melhoria da imagem dos lácteos e dos agentes da cadeia produtiva do leite junto à população.

Parabéns ao Paraná e que a iniciativa dê frutos!

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

3

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

JOSÉ LUIZ BELLINI LEITE

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 12/04/2006

Ronei Volpi sempre muito lúcido destacou uma das questões centrais do agronegócio brasileiro que é o distanciamento cidade-campo. O que pode ser visto como antagonismos de interesse - preços menores para o consumidor - preços compensadores para os produtores, na teoria econômica acha-se a solução no ponto de equilibrio do mercado, onde quantidade e preços de equilibrio são encontrados.



A teoria econômica necessita de pressupostos - corretamente colocados - que o consumidor e o produtor são racionais agentes econômicos maximizando utilidade e renda respectivamente, para se chegar ao ponto de equilibrio do mercado. Contudo, há de se considerar que valores outros, além do econômico, compõem o corolário de valores da maximização da utilidade, por exemplo segurança alimentar, preservação ambiental e coesão social, como foi o caso do Canadá.



Dessa forma, retornando ao artigo do Marcelo, o evento, tão bem relatado, cria a oportunidade para que a sociedade urbana perceba que a sociedade rural é parte integrante do corpo social maior que forma o país. Com isto, valores contemporâneos podem dirigir ou influenciar de forma mais acentuada as relações de mercado, entendida como estanques por muitos. Eventos dessa monta cria a oportunidades para o agronegócio e para a sociedade em geral e deve ser incentivado. Parabéns Paraná, Parabéns Ronei.
RONALDO LAZZARINI SANTIAGO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 12/04/2006

Parabéns Marcelo,



Pelo uso do importante canal de comunicação do Agronegócio, que é o MilkPoint, para divulgar e louvar esta criativa e despojada iniciativa do pessoal do Paraná, a quem também principalmente devemos parabenizar e acima de tudo imitar, sem escrúpulos, por todo o Brasil afora.



Realmente foi uma ação objetiva, de caráter cooperativo e onde os interesses particulares ficaram de fora. Ganharam não só o segmento de leite e a sociedade urbana do Paraná, mas todo o segmento da cadeia do leite e a sociedade em geral pelo Brasil afora. Que as lideranças de outros estados comprem a idéia imediatamente.



Ronaldo Lazzarini Santiago

Diretor de produção das fazendas Calciolândia e Colonial Agropecuária
ANTONIO LUIS B.DE LIMA DIAS

MOCOCA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/04/2006

Parabéns Marcelo,



Você conseguiu com seu artigo fechar com chave de ouro a Semana do Leite. Concordo plenamente, este é o melhor, mais barato e principalmente a mais eficiente maneira de mostrarmos para a população urbana a riqueza do alimento leite.



Espero que nossos dirigentes classistas tenham tido um tempinho para dar um pulo em Curitiba e a partir de agora começássemos a ver a Passarela do Leite por todas as cidades do nosso Brasil.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures