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Ano novo, expectativas renovadas

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 11/01/2002

3 MIN DE LEITURA

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Ficou a impressão de que muita gente – não só no leite, mas em vários setores da economia – torceu para que 2001 acabasse logo. De fato, foi um ano complicado. Muitos começaram 2001 com expectativas muito favoráveis, a exemplo do leite, conforme comentado em entrevista que fizemos com Vicente Nogueira Netto, chefe do Depto. Econômico da CNA. As expectativas favoráveis tinham motivo: o real estava se desvalorizando, afugentando as importações; as medidas anti-dumping foram aprovadas no início do ano; a relação preço do leite: preço do concentrado estava atrativa; enfim, a conjuntura parecia muito favorável.

O cenário positivo começou a ruir na crise energética, se aprofundou pelo excesso de produção (aliado à demanda relativamente fraca), com a alta excessiva do dólar, passando a encarecer muitos insumos, com efeito já não tão grande nas importações, reduzidas em função das medidas anti-dumping e pelo próprio câmbio do primeiro semestre, com a arrocho por parte da indústria de laticínios, transferindo estes problemas, na medida do possível, para o bolso do produtor. A crise culminou com as incertezas geradas pelos atentados, embora naquela altura o leite já havia entornado mesmo e, por fim, com a previsível derrocada argentina.

Quando tudo parceria irremediavelmente perdido, o mercado começou a dar alguns sinais de vida, como um possível descolamento da Argentina, a redução do valor do dólar frente ao real, uma tendência de redução de juros. No setor leiteiro, os produtores foram às ruas e mostraram que podem se organizar e pleitear seus direitos, embora de concreto, mesmo, ainda não tenhamos muita coisa (é preciso ficar atento a esta questão).

Evidente que existe um componente emotivo positivo a cada início de ano. É sempre um novo ciclo que se recomeça, ainda que nada mude instantaneamente. É natural do ser humano procurar pensar de forma positiva neste momento, esperando que o novo ciclo seja melhor do que o anterior (o que não é difícil, cá entre nós). Este componente emotivo se mistura em maior ou menor grau com a realidade, ainda mais em um setor carente de informações conclusivas e rápidas sobre produção, preços, consumo e tendências, o que resulta em muito ruído nas análises e interpretações que são feitas.

De qualquer forma, para este ano, ainda que de forma torta, a expectativa é melhor do que a que terminamos 2001, mas não tão boa quanto no início do ano passado. A crise energética deve ser coisa do passado, o dólar (quem sabe) fica em um patamar aceitável, os juros (quem sabe) caem, o país (quem sabe) se descole mesmo da Argentina. Todos estes fatores podem contribuir para um aumento do consumo e a produção de leite não tem motivos ou estímulos para crescer como no ano passado, o que deve se traduzir em preços mais atraentes. Claro que tudo pode mudar neste mundo cada vez mais volátil, mas hoje, neste exato momento, a expectativa é algo positiva.

Há, porém, o fator Argentina. A desvalorização do peso volta a nos lembrar de que existe a possibilidade de retomada das importações. O Banco de Investimento e Comércio Exterior (BICE), da Argentina, já acenou com financiamentos visando à exportação de lácteos, da ordem de US$ 15 milhões (não é muito, mas para um país quebrado ...). Por outro lado, como pondera Vicente Nogueira, a produção argentina está muito deprimida, há risco de inflação, aumentando os preços de leite por lá, os preços no Brasil não estão atrativos e, principalmente, no caso do leite em pó, o principal produto lácteo de importação do Brasil, há o travamento de preços pelo acordo anti-dumping. Aliás, é provável que, agora mais do que nunca, este acordo mostre seus benefícios ao produtor nacional. No ano passado, a partir de sua aprovação, o real se desvalorizou significativamente, o que contribuiu bastante para a redução das importações. Agora, a situação é outra. Houve alguma reversão no câmbio brasileiro e, do lado Argentino, o leite ficará potencialmente mais barato. De qualquer forma, os analistas sugerem que possa haver algum tipo de efeito inicialmente localizado no sul do país, com leite longa vida.

Começamos 2002 com um cenário mais positivo, ainda que não se reflita em melhores preços para o produtor neste momento. Por fim, esperamos que a busca de soluções para o leite no país não tenha esmorecido com o término do difícil ano de 2001. Afinal, não será só com o desejo de mudança que estas ocorrerão !



MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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