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A bolha do leite estourou

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 03/09/2008

8 MIN DE LEITURA

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O título da matéria da Gazeta Mercantil, publicada há algumas semanas, mostra o sentimento do mercado de lácteos diante da frustração das expectativas a partir do segundo trimestre de 2008. Os preços no atacado não subiram como em 2007 e os preços praticados na compra de matéria-prima pelos laticínios no primeiro semestre deste ano não permitiram a manutenção da rentabilidade alcançada no segundo semestre de 2007. Como resultado, os preços ao produtor caíram em uma época em que, pelo menos de acordo com nossa memória, costumavam subir.

Para analisar a situação atual, é oportuno começar constatando que os preços externos dos lácteos também apresentaram, em 2008, uma conjuntura muito distinta da verificada em 2007. Nessa mesma época no ano passado, o leite em pó integral era comercializado a valores em torno de US$ 5.000/tonelada, partindo de US$ 3.000/tonelada no início do ano. Hoje, os valores mal chegam a US$ 4.000/tonelada, partindo de cerca de US$ 4.300/tonelada em janeiro. A Fonterra, principal exportadora de lácteos, obteve preço de US$ 3.705/tonelada em seu último leilão mensal, uma redução de nada menos do que 15% em relação ao leilão do mês anterior. Em novo leilão realizado hoje (03/09), o preço caiu mais: US$ 3.306/tonelada, com valores até US$ 3.150. Os analistas internacionais apontam que o leite em pó integral continua caro em relação ao leite em pó desnatado, que vem sendo muito ofertado pelos Estados Unidos desde o final do ano passado. Em outras palavras, o cenário externo não é animador.

Os motivos que levaram a esse cenário externo piorado são basicamente os mesmos verificados no mercado nacional. De um lado, oferta crescente de leite, seja como resposta aos bons preços de 2007, seja pela diminuição da intensidade de problemas climáticos, que no ano passado afetaram países importantes no cenário lácteo, como Austrália, Nova Zelândia e Argentina. Nosso vizinho produziu 5% a mais no primeiro semestre de 2008, em relação a 2007; a Austrália está iniciando sua safra com 7% de aumento, embora esteja ainda muito no início para que esse número possa ser a referência para todo o período; a Nova Zelândia, que vem de uma redução estimada entre 4 e 7% (os números variam), projeta crescimento de 8% na safra 2008/2009 (a safra se encerra oficialmente no dia 31 de maio de cada ano). Os Estados Unidos, até julho, estão com 3,1% de aumento sobre 2007. Por fim, a União Européia, outro grande produtor, produziu nos primeiros 4 meses do ano, 2% a mais de leite sobre 2007.

Esses são os dados dos principais países envolvidos com o mercado internacional. É válido pensar que, com os bons preços de 2007, a produção tenha sido estimulada em outros países não tão relevantes no mercado internacional, como aconteceu no próprio Brasil. Esses países podem não ser exportadores de peso, mas podem ser consumidores que, diante do estímulo à produção, reduzem o seu apetite pelas importações. A China, por exemplo, tem abastecido sua demanda crescente com a produção interna. É uma hipótese apenas, uma vez que não temos os dados atualizados de produção dos países que não compõem o cerne do comércio internacional - mas é algo interessante de se analisar futuramente.

Essa maior oferta coincidiu com uma demanda mais tímida do que em 2007, por causa do menor crescimento da economia mundial, fruto da crise da maior economia do mundo, a norte-americana, e também pelo fato de que os preços altos dos lácteos (e de outros alimentos) provavelmente encontraram resistência nos importadores, a maior parte deles de países emergentes ou subdesenvolvidos, em que a alimentação é parte importante dos custos totais.

Esse desenrolar era previsível. No momento dos picos de preços, as análises mais sensatas indicavam que os preços futuros provavelmente seriam superiores às médias históricas, mas inferiores aos picos de mais de US$ 5.000/tonelada de 2007. Bons preços estimulam a oferta e intimidam a demanda. Foi o que aconteceu e, após o inusitado momento de 2007, os valores parecem estar aonde os analistas consideravam que deveriam estar em um mercado mais acomodado: entre US$ 3.500 e US$ 4.000/tonelada. O problema é que não se sabe ainda se esse é o novo preço de equilíbrio ou se o poço ainda é mais fundo. O mercado lá fora está parado e, diante da maior oferta e da demanda menos intensa, os compradores aguardam. E o câmbio continua não ajudando.

O fato é que as previsões de preços lá fora começam a se reverter. O Ministério da Agricultura e Florestas da Nova Zelândia estima queda de 9% no preço pago ao produtor na estação 2008/2009, após elevação de 69% de 2007 para 2008. Para 2009/2010, estimam nova queda, de 16%, para só então começar a subir (pouco).

Nesse ambiente de rápidas mudanças, tudo pode acontecer, inclusive uma nova reversão nos preços, caso a demanda volte a se aquecer e/ou se a oferta retroceder novamente. No entanto, é interessante refletir que i) a porcentagem de lácteos comercializada entre países é menor do que 8% da produção total, de forma que mudanças sazonais de produção e de demanda relativamente modestas afetam o comércio internacional, para o bem ou para o mal; ii) os países importadores são, em grande parte, países com limite de renda e que, portanto, preços altos tendem a refletir em menor demanda; iii) leite pode ser produzido nas mais variadas condições climáticas, de forma que uma condição favorável de mercado tende a estimular a oferta quase que globalmente.

Essas constatações não anulam o fato de que a demanda futura de lácteos permanece atrativa. O aumento de renda nos países em desenvolvimento e a globalização irão certamente alimentar a demanda por proteínas animais. A maior demanda por proteínas animais, como os lácteos, irá estimular investimentos, especialmente nos países mais competitivos. O que vimos em 2007 foi fruto dessa situação que está em curso, porém contaminada - e muito - por problemas climáticos que consumiram os estoques e que deixaram o mundo sem leite, algo inédito em décadas. Nesse aspecto, talvez a bolha especulativa tenha estourado, mas não a fato de que o mercado de lácteos apresenta perspectivas favoráveis. E esse contexto não deve ser esquecido.

No mercado interno, a análise é muito semelhante. Em 2007 a oferta começou tímida, com uma demanda muito aquecida. O mercado financeiro se mostrava voraz: muito capital disponível, em busca de projetos atrativos, acabou encontrando no leite um setor promissor, com preços em forte elevação - resultando em lucratividade acima da média em 2007 para segmentos ultimamente difíceis, como o de longa vida - e ainda pouco concentrado, indicando possibilidades de ganhos substanciais via consolidação.

A produção de leite respondeu rapidamente aos estímulos de mercado e vem crescendo a taxas superiores à média histórica. Não há barreiras de entrada, mecanismos de restrição da oferta (cotas ou fundos para eliminação de rebanhos, como o CWT nos EUA) e nem coordenação da produção, como por exemplo ocorre com aves e suínos em sistemas integrados, onde a indústria define a quantidade e a qualidade a ser produzida a cada momento. Há poucos mecanismos de estocagem e de escoamento da produção (lideranças voltaram agora a falar do EGF e PROP). Diante desse cenário, teremos sempre os ciclos de altos e baixos, com estímulos e desestímulos à produção e um crescimento não linear.

Ou, então, temos de criar mercado para 5, 7 ou 10% de crescimento anual. Crescer tanto assim em um país como o nosso, que já produz bastante leite, necessita de um mercado comprador, seja aqui ou lá fora.

Fazer crescer o mercado não depende somente da renda. A inovação, seja no desenvolvimento de novos produtos, seja na distribuição, seja na exploração de novos canais, é um aspecto importante. Isso demanda análise estratégica e, dependendo do tipo de inovação explorada, investimentos significativos. O setor é ainda muito fragmentado e a maior parte das empresas não tem condições ou foco suficiente para desenvolver uma estratégia de marketing (que não é só propaganda) que possa criar um diferencial. Como decorrência da fragmentação, as ações de propaganda também são menos prevalentes, com raras exceções. A estratégia da maior parte das empresas acaba sendo vender as commodities lácteas nos canais tradicionais, principalmente supermercados, uma estratégia que pode ser boa desde que se tenha volume e poder de barganha, o que via de regra não é o caso.

A fragmentação do setor dificulta, ainda, ações pré-competitivas, como a geração de um banco de informações de oferta e de consumo que ajude a tomada de decisão no setor e mesmo o programa de marketing institucional, que seria uma das formas de estimular o aumento consistente do mercado interno, e mesmo ações no mercado internacional. A UNICA, entidade que representa o setor canavieiro, fez uma propaganda em televisão, nos Estados Unidos, no dia 4 de julho (Dia da Independência), dizendo que o preço da gasolina ao consumidor naquele país poderia cair substancialmente caso as barreiras ao etanol brasileiro fossem reduzidas. A entidade também contratou um assessor no país com forte influência no congresso e participa das discussões em torno das grandes questões setoriais, que são fundamentais para o desenvolvimento da cadeia. No setor lácteo, essas ações são ainda difíceis. Há um número grande de entidades; falta uma entidade de representação "única", que atue pelo menos nas questões convergentes, de interesse estratégico para o setor. Nesse ponto, me pergunto se existe uma agenda estratégica hoje para o setor, e pondero que talvez essa seja uma utopia na condição atual, uma vez que não temos "um" setor lácteo, mas "vários", com interesses ainda distintos.

A bolha, da forma como foi apresentada, talvez tenha estourado, ainda que, assim como no cenário externo, o futuro se mostra promissor. O que resta dela, porém, não é apenas o vazio. O processo que se iniciou, por exemplo, de concentração nas indústrias e cooperativas, deve continuar. Se, lá na frente, o resultado desse processo permitirá uma melhor coordenação na cadeia de laticínios, é algo a se aguardar. Em tese, a existência de um número menor de empresas e cooperativas atuantes cria um mercado com concorrência menos predatória, com maior poder de barganha, com mais chance de gerar inovações geradoras de valor, com um marketing melhor e mais intenso, mais coordenado e, tudo somado, mais rentável.

Metade do caminho estaria percorrida. Porém, mesmo se isso ocorrer, não é garantia de melhores preços ao produtor. Para isso, é necessário que o elo mais fraco da cadeia se faça muito bem representado. Outro grande desafio, considerando a heterogeneidade da categoria, o número de produtores e, como resultado, a dificuldade de organizar uma estrutura de representação que possa ser eficiente nesse ambiente.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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JULIO CAMPOS

UBERABA - MINAS GERAIS - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 12/11/2008

Prezados Srs.
Após a leitura de brilhante artigo e de ponderações realistas sobre o mesmo, me resta muita tristeza e indignação, quanto a uma atividade tão crucial à sobrevivência humana, tanto do ponto de vista do alimento quanto da sustentação do homem no trabalho e no campo (atividade aliás que beira a escravidão, por sua dedicação de tempo integral e baixa remuneração).

A única forma de mais curto prazo que posso ver é o abate de matrizes em larga escala, como já entenderam os produtores de carne, com o intuito de se inverter o cabo de guerra: produção x demanda. Mas como disse um dos nossos comentaristas, alguns produtores não abrem mão dos centavinhos a mais, e acabam por colocar qualquer estratégia de enfrentamento do mercado, por água abaixo, alimentando o ciclo de desunião da cadeia produtiva, e se tornando presa fácil para estas grandes coorporações que atuam no varejo brasileiro.

Em suma, me parece melhor produzir menos, a baixo custo fixo e de manutenção, melhor remuneração e mais tempo pra se viver a vida, do que: alta produtividade = + custos= + responsabilidades trabalhistas = + estresse = - dinheiro e - vida. Ou seja, vocês acham que algum dia vão se tornar Blairos Maggi do leite? Acordem!
CHRISTIAN LIMA SEVERO

NANUQUE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/10/2008

Parabenizo o colega Paulo de Tharso Bitencourt,

É muito fácil sentarmos nas cadeiras dos nossos escritórios e ficarmos criticando e sugerindo que isto ou aquilo deveria ser feito.

Quero ver quantos tem coragem de sair a campo pra tentar criar as entidades representativas que aparecem aqui como sugestões. E depois de criada, caso este herói nacional apareça, quero ver quantos vão se sugeitar a cooperar com os custos delas, ou vocês acham que associações de produtores, entidades de classe alugam salas, pagam funcionários, pagam consumo de energia, internet, telefone e etc... só com discursos bonitos e bem embasados dos diretores?

Meus caros tentei encampar, juntamente com outros utópicos como eu, a criação e manutenção de diversas associações de produtores para, depois de estabelecidas, elas criarem uma entidade central regional. Estou falando de algo a nível de alguns municipios, e não a nivel nacional como a tão sonhada CNPL, começamos muito bem, todos animados, até as contas começarem a lhes bater as porteiras, tivemos um numero grande de produtores que abandonou sua associação porque para tanto se fazia necessário o desconto em folha de leite de 1 ou 2 centavos por litro. Tivemos produtores que aceitaram tirar sua produção da associação e enviar diretamente ao laticinio porque este lhe pagou 0,5 centavos a mais que o preço que a associação iria lhe repassar.

Infelizmente, é muito fácil escrever ou falar sugestões, mas é muito dificil engolir o egoismo e a usura que alimenta o ego dos nossos produtores.

Desejo sorte e sucesso aos utópicos que ainda tem força pra lutar pela união da classe produtora porque eu já desisti, passei a ser mais um egoista que só se preocupa com o resultado da sua porteira pra dentro.
LUIS AFONSO

SANTO ÂNGELO - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/10/2008

A Hora é agora!

Bem que as indústrias e a fiscalização poderiam aproveitar o momento para entrar forte com a N51. Já que está "sobrando" leite, podiam ser mais exigentes com a qualidade do produto. Nós, técnicos a campo, nos deparamos com situações horríveis. Falta de higiene por parte dos produtores e freteiros. Muitos Produtores que não se importam com a higiene, as vezes mal informados, outras por uma questao de "relaxamento mesmo!" - problemas culturais.

Alguns freteiros, que ganham por litro de leite recolhido, nao se importam muito com a qualidade do leite. Muitas vezes nem fazem o teste mais básico, o alizarol. Por isso acho que eles deveriam ser melhor orientados a caprichar mais e além disso, para termos uma segurança a mais, receberem por Km rodado, e ainda serem penalizados se o leite não estiver em condiçoes normais para consumo.

Tempos atrás as indústrias eram mais exigentes. Mas devido a concorrência, largou-se de mão a busca pela qualidade. Já ouvi produtor comentar sua preocupaçao pela qualidade do leite, pois o freteiro estava passando de 4 em 4 dias em sua propriedade, e quando o mesmo foi argumentar com seu freteiro, esse lhe respoudeu: "Não esquenta! Que enquanto seu leite não estiver trancando na mangueira, eu recolho!"

Sou Instrutor do SENAR-RS e ministro os cursos de Manejo de Gado de Liete no RS. Vejo muitos casos de negligência tanto por parte de produtores como de freteiros. E no meu ponto de vista, se a fiscalizaçao fosse mais contundente, as indústrias mais exigentes com seus freteiros e bonificasse melhor aqueles produtores profissionais do leite, que gostam do que estao fazendo, que se preocupam com a saúde do próximo, com certeza iria mudar o cenário atual. Imaginem o que se perde com a falta de qualidade da matéria-prima.

Sinto uma frustraçao muito grande por parte dos produtores que estao vendendo uma materia prima com qualidade. Pois eles me comentam: "Eu estou fazendo minha parte, caprichando na sanidade do rebanho e no manejo da ordenha, mas o que isso adianta, se o freteiro coloca no caminhão no mesmo compartimento o leite do meu vizinho relaxado, que nao lava os tetos, nao usa agua quente para lavar a ordenhadeira, etc."

Sei que isso é um problema social, mas o consumidor merece um produto sem riscos a saúde. Acho que aquela frase antiga é bem interessante: " ou troteia ou sai da estrada" os produtores e indústrias precisam se conscientizar que o caminho é trabalhar com qualidade! Nem vamos comentar as adulterações do produto: Água oxigenada, soda, bicarbonato, etc.. até onde vai isso!?

Se tivéssimos mais qualidade, conseguiriamos conquistar novos mercados internacionais. Além disso, o que está faltando é um incentivo para um maior consumo interno. Vimos muita propraganda de cerveja na TV em horário nobre, e de leite, muito pouco. Mas resumindo, está faltando estímulo para o consumo!

Abraço,

LUIS AFONSO - SANTO ANGELO-RS
JOSE CLAUDIO M CARNEIRO

PIRACANJUBA - GOIÁS - TRADER

EM 03/10/2008

Senhores,

Qual o consumo per capita de leite no Brasil? Este mercado se esgotou? A ampliação da base de consumo deve ser feita pelo produtor ou pelos laticínios? Já disse anteriormente, que por iniciativa do governo do estado, foi dado aos laticínios o incentivo de isenção de 3% no recolhimento do ICMS, com a contrapartida do investimento em publicidade. Pelo menos em Goiás, esta campanha rendeu ótimos frutos. O novo governo - 2006, retirou estes subsídios, e a crise interna deflagrada com as notícias de adulteração do leite - pelos laticínios, tudo isso jogou por terra as ampliações de consumo.

Um dos grandes motes do capitalismo é o ganho em escala. Isto significa, no nosso segmento, aprimoramento genético, treinamento de pessoal, investimentos em estrutura e sanidade, etc. Temos que estar sempre na contra-mão dos acontecimentos? Realmente a cadeia não nos considera empresários, ou será que existe alguma outra atividade onde o produtor só tem conhecimento do valor do seu produto no dia do recebimento?
HÍTOR RAFAEL PEREIRA PORTO

VIÇOSA - MINAS GERAIS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 03/10/2008

É companheiros! Como seria fácil detectarmos o erro (e corrigi-lo) em um momento como esse, caso existisse a tão visada e importante entidade representante dos produtores de leite no Brasil. É vergonhoso para o país e desrespeitoso com o produtor esse descaso para com a atividade leiteira, que é uma das grandes atividades responsáveis para o desenvolver deste país.

Resta a nós termos esperança de que dias melhores(neste setor) virão, mas enquanto isto não se torna realidade, é melhor que choremos "com os pés no chão" sobre o leite derramado!

Hítor Rafael Pereira Porto, Estudante de Agronomia pela UFV.
JOSE GILBERTO VIAL

ALEGRE - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/10/2008

Bom dia Marcelo! Parabens pelo excelente artigo, lamento o fato de poucos produtores terem acesso ao mesmo. Qualquer dia desses chegaremos la! Analisando friamente os comentarios feitos pelos leitores(produtores), cheguei a conclusao de que na verdade o produtor de leite por mais eficiente que seje, é um dependente eterno, pois vejamos:

Depende da chuva, depende do sol, depende do preço dos insumos, depende do técnico, depende da vaca, depende do dia, depende do governo, depende da cooperativa, depende do consumidor, e por último depende do preço recebido pelo leite entregue na plataforma. É, talvez depende de muitas outras coisas!

Abraços,
José Gilberto Vial
Engenheiro Agronomo e Produtor de Leite.
CARLOS HENRIQUE

GOIANÉSIA - GOIÁS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 01/10/2008

Dr. Marcelo, Boa Tarde.

Podemos observar que paises como Estados Unidos, Nova Zelandia, Australia, Argentina e até mesmo a Comunidade Europeia aumentaram significativamente a produção de leite, aqui no Brasil vemos muitos Estados se mobilizando com programas para aumentar a produção de suas bacias leiteiras, como por Exemplo: Rio de Janeiro, Pernambuco, Mato Grosso, Espirito Santo, Minas Gerais e podemos observar que estados do Parana, Rio Grande do Sul, São Paulo e Goias tiveram a produção aumentada entre 11% e 17% frente ao mesmo periodo de 2.007.

O consumo tem aumentado bem menos, temos como o Sr. informou uma crise de oferta, o mercado mundial, não esta favoravel para exportações. Diante deste cenario o que se pode esperar para os proximos anos com uma super oferta de leite? Sabemos que da porteira da fazenda para dentro muito ainda tem que ser feito pelo produtor. Por outro lado sabemos também que o produtor da Nova Zelandia, Australia e outros grandes exportadores numa economia globalizada, hoje são os nossos verdadeiros vizinhos de porteira, e estes paises tem uma politica agricola bem definida por seus governos.

Abraços,

Carlos Henrique

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Carlos Henrique,

É muito difícil fazer previsões nesse momento, pois não só há a crise global, mas também o setor lácteo passa por mudanças. Pessoalmente, acho que teremos no mercado internacional algo intermediário entre os preços anteriores e os picos de 2007, em que os preços do leite em pó, por exemplo, mais do que dobraram. Trabalhar com 50% de aumento nos preços em dolar para os próximos anos é mais realista. Isso seria algo entre US$ 0,30 e US$ 0,35/litro de leite. Lógico que o câmbio exerce um papel relevante nessa conta, quando avaliamos a viabilidade da produção por aqui.

Abs

Marcelo
OSMAR U. CARVALHO

TEÓFILO OTONI - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/10/2008

Professor Marcelo

Com tristeza cumprimento-o pelo seu artigo. Claro, objetivo, racional, não dourou e nem enfeitou a realidade vivida por nós. O produtor de leite é o único que entrega o seu produto sem conhecimento do preço que receberá 45 dias depois.

Algo curioso aconteceu estes dias: Fomos comunicados sobre o preço do leite que receberemos em setembro, pela coordenação da cooperativa, para a qual entregamos, e mais, o preço de novembro 10 menos do que o preço baixo de setembro. Realmente, dá para entender o recado? Tirem pouco leite.

Inseminaçaõ, cuidado higiênico na ordenha e com a saúde das vacas, higiene das instalações, etc. Onde vamos guardar os ensinamentos e os estímulos recebidos? Com todos os problemas da economia mundial, não é aceitável que o produtor pague "a conta" sozinho. É urgente uma tomada de posição. No meu ponto de vista ela deve vir da base. Nenhuma entidade defende quem está alheio principalmente se for criada "de cima para baixo."

Osmar Urbano de Carvalho
EDUARDO AMORIM

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/09/2008

Prof. Marcelo,


O senhor viu a capa da Revista Globo Rural do mês de SETEMBRO DE 2008 estampando uma vaca holandesa com uma bezerra com o seguinte título:

"Leite o Futuro é agora - Consumo interno em alta, produtividade crescente, oferta retraída no exterior e preços atraentes elevam a produção nacional, transformando o país em grande exportador"

Em minha opinião esta edição de Globo Rural é uma piada sem graça, que não contribui em nada para melhorar nossa realidade, passando para população a imagem de que todos estamos satisfeitos e não há crise alguma, até porque o artigo não menciona um senão sequer em relação a atividade leiteira e o ARTIGO É DE SETEMBRO DE 2008, artigo este que deveria ter sido publicado em outubro de 2007 e não agora. Entendo que faltou timing ao jornalista e/ou editor desta conceituada revista.

Abraço.



Eduardo Amorim
Produtor de Leite e Sindicalista
FABRÍCIO ALVES REZENDE

ESMERALDAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/09/2008

E aí Marcelo? Boa tarde!
Gostei muito do artigo, muito dinamico e abrangente.
É preciso que os produtores leite de nosso país acompanhem o mercado, leiam artigos dessa natureza e tenham visão crítica de seu negócio.
PAULO DE THARSO BITTENCOURT

CERQUEIRA CÉSAR - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/09/2008

Os ratos estavam sendo dizimados por um gato que diariamente chegava sorrateiramente e devorava um deles. A situação estava tão grave que fez com que alguns ratos convocassem uma assembleia para analisar a situação e propor soluções. Durante a assembleia foram apresentadas inumeras sugestões, desde as mais disparatadas até diversas bastante inteligentes, e após longos e cansativos debates escolheu-se a melhor proposta: Colocar um guizo no pescoço do gato que soaria toda vez que o gato se aproximasse dando tempo para que todos os ratos fugissem.

A proposta foi aprovada por unanimidade e aclamação quando um dos ratos fez a pergunta definitiva: Quem irá colocar o guizo no pescoço do gato?

Que a solução final para os nossos problemas é a união é sabido há muito tempo, mas quem irá esquecer seus proprios afazeres e dedicar sua vida para conseguir essa união é a questão. Podem ter certeza que a maioria dos produtores que aqui se manifestam, defendendo a união, se chamados a darem de si para a sua efetivação não terão disponibilidade para isso e se surgir um abnegado que tente efetivá-la encontrará por parte desses produtores resistencias, críticas e desconfianças.

O resto é conversa para boi dormir.
MOSHE DAYAN FERNANDES DE CARVALHO

GARANHUNS - PERNAMBUCO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/09/2008

Parabens Marcelo, otimo artigo, seria importante ser lido por mais produtores, politicos...
RICHARD JAMES WALTER ROBERTSON

RIO VERDE DE MATO GROSSO - MATO GROSSO DO SUL

EM 22/09/2008

Parabéns Marcelo, mais uma vez, por seu artigo.

É uma pena presenciar toda esta situação. De minha parte sou mais um produtor tentando produzir mais para diluir custos fixos - sem exageros - é claro. Ao fazer isso, contribuo para o estouro da "bolha". Triste dilema este.

A discussão sobre a criação de uma Central Nacional de Produtores de Leite é válida, principalmente se fosse virtual. Só que, na prática, como disse um dos leitores, atingiria pequeno número de vítimas desse mercado tão voraz. Além disso, já temos esta estrutura toda, através do Sistema Sindical (CNA, Federações e Sindicatos). Quem diz que não vê o que estas entidades fazem é que não vai lá prá ver. Se queremos mais ações, temos que nos dispor a fazê-las.

Ao invés de criarmos alguma CNPL ou CSPL ou outra, o que temos a fazer é aumentar nossa participação nas entidades já existentes, a começar pelas associações. Temos que nos lembrar que são as pessoas que comandam as entidades. Não é a entidade A ou a B que vão salvar a situação. Repito que é a nossa omissão que agrava o problema.

Quanto ao volume produzido, mesmo em épocas de "bolha", sou adepto à cultura do crescer para não ser engolido. E, me perdoem os "tiradores" de leite e "safristas", temos mesmo que lutar pela dignidade de nossa cadeia.
CARLOS HENRIQUE

GOIANÉSIA - GOIÁS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 19/09/2008

Marcelo Boa Tarde.

Com toda sua experiencia e vivencia neste setor, o que podemos esperar para proxima safra que esta ai batendo as nossas portas e para o proximo ano, estas quedas de preços agora desistimulando os produtores podem refletir em preços melhores para o proximo ano ou como voce mostra é uma tendencia mundial da redução de preços a nivel de produtor em função dos aumentos sigificativos da produção leiteira nos principais paises produtores e grandes exportadores.
Qual sua visão de mercado futuro?

Abraços.
Carlos Henrique

<b>Resposta do autor</b>

Olá Carlos Henrique,

Pergunta difícil de responder...o caminho mais sensato aponta para 4-5 meses mais ou menos na linha atual de preços, com possível recuperação a partir de fevereiro/março, pois esse desestímulo atual deve se refletir em 2009. Além disso, muitas fábricas novas ficam prontas, especialmente no sul, e os laticínios vão precisar de leite.

No mercado externo, difícil também dizer, mas talvez tenhamos um ajuste para cima, longe porém dos picos de 2007. Vale dizer que pode haver algum descolamento de preços entre mercado interno e externo, porque com a TEC de 27%, o leite externo fica menos competitivo. Assim, se os preços externos estiverem mais baixos, o preço interno pode estar mais alto em função desse imposto, caso a conjuntura interna favoreça.

Abs

Marcelo
DANIEL ROBSON SILVA

TERRA NOVA DO NORTE - MATO GROSSO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 18/09/2008

É a coisa esta realmente dificil para nós produtores. E o consumidor? Será que realmente falta renda para adquirir lácteos? ou tem alguém com margens exorbitantes pra não dizer outra coisa? Vejo que além do produtor e do consumidor, as pequenas e médias industrias também estão sem poder de barganha com as grandes redes de super/hiper/mercados.

Hoje comercializamos mussarela e prato com preços que variam de 8,00 a 8,50, mas quanto custa 100 grs no supermercado? quanto custa o quilo? A grande maioria dos consumidores só compram queijos em promoções, fatiado (daquelas marcas bem ruins diga-se de passagem). Mas os bons produtos custam quanto? 100 a 200% a mais dos preços que saem das pequenas e médias industrias! O que pode e deve ser feito com relação à isto? E o governo com os impostos?

Vou parar por aqui, não falei dos medicamentos, das rações, do mineral! Tem muita gente ganhando em toda a cadeia e nós produtores? Ganhamos adjetivos, ineficientes, mal administradores, relaxados, ultrapassados, etc...
THIAGO AUGUSTO PALUMBO

CONCEIÇÃO DA BARRA DE MINAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/09/2008

Caro Marcelo, voce tem razao, a bolha estourou mesmo, a cooperativa que compra o leite na minha cidade ja anunciou mais uma queda de 10 centavos referente ao leite entregue em agosto, o pagamento em agosto saiu a 0,70, entao o de setembro sera 0,60. Aonde voce acha que isso vai parar?
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 16/09/2008

Caro Marcelo;

Permita-me comentar esse debate do que é ou não é bolha.
A meses estamos preocupados com que dano causaria essa febre de aquisições de grandes indústrias. Como você comentou acima, quem queria vender uma indústria aumentava a captação para, por consequencia aumentar faturamento e portanto elevar seu valor de mercado.

E como faz uma indústria que quer aumentar captação: Faz propostas de preços maiores que os concorrentes, nesses casos quase sempre muito especulativas. Quem adquire a Indústria se depara com uma situação de custos elevadíssima, que gera um prejuízo considerável: O que este último faz? Reduz muito os preços.

Ao senhor Adir, sugiro que compare a relação de preço de venda de leite e subprodutos com as cotações de produtores em 2007 e 2008 mês a mês. O senhor verá que em 2007 os preços de produtos foram até 25% maiores e o preço do produtor praticamente o mesmo de 2008.

Infelizmente o que eu pensava que era perigoso à nível de mercado está acontecendo. Realmente a GRANDE BOLHA estourou. Estamos em uma situação de excesso permanente que só pode ser equilibrado por mais exportações. Não adianta mais a balança ser positiva. A balança agora tem que ser positiva e maior que o excesso de produção interno, e infelizmente as exportações não estão os dando essa ajuda devido ao câmbio e aos preços internacionais. Quanto ao consumo interno, "prefiro nem comentar" como diz a comediante: Pífio.

Como sempre comento, e acho útil, seguem adiante alguns preços de mercado DE HOJE: Longa vida de R$ 1,00 à R$ 1,30, leite em pó 25 kg de R$ 5,10 a R$ 6,00(mercado muito frio), Queijo Prato R$ 5,80 à R$ 6,00, Leite SPOT (oferta de duas horas atrás) R$ 0,48. Mercado Spot entre R$ 0,48 e R$ 0,60.
Estou duplamente entristecido com essa situação: como indústria e como produtor.

Um abraço a todos;
Sávio Santiago

FRANCO OTTAVIO VIRONDA GAMBIN

JAMBEIRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/09/2008

Concluindo :

Bolha é o que os produtores de leite terão sempre nas maõs se não se unirem para ganhar o seu espaço e fazer valer seus direitos a uma vida digna que não seja só de trabalho.
ADIR FAVA

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/09/2008

Agradeço a voce Marcelo, pois sei que você busca mostrar o que considera importante para a conjuntura do mercado leiteiro. Entretanto, o milkpoint.com.br é um intrumento muito poderoso e as suas palavras ressonam com muita força, não só como Engenheiro Agronomo mas igualmente como Diretor deste importante instrumento especializado e de natureza técnica.

O produtor de leite necessita sair do atoleiro em que se encontra desde muitos anos. Temos esperança e por isto persistimos. A industria não pode ter brechas como esta para continuar impor a sua força, pois já é demasiadamente poderosa. Acho que podemos avançar, mas necessitamos mais compreensão acerca das dificuldades do produtor.

Muito Grato pela oportunidade.
ADIR FAVA

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/09/2008

Complementando:
Bolha é quando há um movimento de altas especulaivas de preços ou sem razão aparente. Isto é bolha. Não é o caso do preço do leite.

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