Baixa detecção de cio é um dos maiores fatores que afetam a eficiência reprodutiva. Estudos recentes demonstram uma severa queda nos índices reprodutivos, redução esta que é altamente correlacionada ao ganho de produtividade leiteira. No entanto, pesquisas na relação entre produção de leite e duração do estro não são consistentes ainda.
Na pesquisa realizada pela Universidade de Wisconsin e o serviço de pesquisa agrícola do USDA, foram detectados e medidos os estros, correlacionando-os à produtividade dos animais. Foram utilizadas 267 vacas holandesas.
Do total de 323 cios detectados em 2 meses, os seguintes dados foram levantados:
- média de duração foi de 8,7 horas;
- média de 7,6 montas/cio;
- tempo total de monta de aproximadamente 25 segundos na média.
Os animais foram subdivididos em dois grupos: vacas de alta e baixa produção. O ponto de divisão estabelecido foi a produção de 39,5 litros/vaca/dia.
Vacas de alta produção tiveram períodos de estro mais curtos, montas em menor freqüência e mais rápidos, comparativamente às vacas de menor produção.
Vacas multíparas (mais de uma prenhez) tiveram maior volume de lactação, 43 l/dia, porém não houve diferença nas taxas de detecção de cio comparadas com as primíparas (uma única prenhez), produzindo 37 l/dia. "Interessante, o efeito negativo da alta produção nas durações do cio foi observado em ambos os grupos. Altas produtoras primíparas e multíparas expressaram cios com menor freqüência que as vacas dos mesmos grupos (Tabela 2)" comenta Milo Wiltbank, professor do departamento de ciência do leite na Universidade de Wisconsin.
Como a produção afeta a detecção de cio
As chances de detectar o cio foram relacionadas com as diferenças de intervalos entre as observações de cio:
- Intervalo de 6 horas, ou seja, 4 observações por dia;
- Intervalo de 12 horas, ou seja, 2 observações por dia;
- Intervalo de 24 horas, ou seja, uma observação diária.
A porcentagem da probabilidade de detectar o cio foi determinada a partir da divisão: duração de cio/intervalo das observações. A título de exemplo, caso a duração do cio for maior que o intervalo de observação, a probabilidade é igual a 100%.
Observa-se na figura 2 que quanto maior a produção, menor é a probabilidade de detectar o cio. Baseando-se nesta figura, como exemplo, se uma vaca produz 40 litros a probabilidade de observar seu cio, com 1 observação/dia, equivale a 30%; com duas observações/dia, 50% e com 4/dia, 65%.
A causa desta menor freqüência do cio foi verificada pela análise da concentração de estradiol no soro e o diâmetro dos folículos ovarianos. Concluiu-se que não houve correlação com o diâmetro do folículo ovulatório, porém a produção leiteira influenciou negativamente a concentração de estradiol sanguíneo, sugerindo, provavelmente, que há uma relação inversa entre produção leiteira e duração do cio devido à diminuição da concentração do estradiol da circulação.
Nas vacas leiteiras há uma forte correlação entre a produção e o consumo de matéria seca, acarretando, conseqüentemente, em uma maior passagem de sangue no fígado e uma maior velocidade da metabolização do estradiol. Isto leva a uma menor concentração de estradiol circulante em vacas de alta produção. Resumindo estes fatores: alta quantidade de matéria seca ingerida, metabolização hepática aumentada, baixo nível de estradiol, causam uma menor apresentação de cio nas vacas altamente produtivas.
Evitar a queda na taxa de detecção de cio
Há uma menor probabilidade na detecção de cio causada pela menor duração do cio em vacas de alta produção. Altas produtoras apresentam somente 6 horas de duração do cio, enquanto que as de baixa produção apresentam uma duração de cio de 11 horas. Levando isto em consideração, é necessário mudar alguns manejos. "Considere um aumento da freqüência diária da detecção de cio para contornar este problema" pondera o Prof. Wiltbank.
Fonte: Hoard´s Dairyman (Maio/2004), adaptado por Equipe MilkPoint