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Fatores que afetam a proporção entre sexos ao nascimento em bovinos leiteiros

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 13/09/2006

6 MIN DE LEITURA

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Este texto é parte da palestra apresentada por Richard Pursley, no X Curso de Novos Enfoques na Reprodução e Produção de Bovinos, realizado em Uberlândia em março de 2006.

O interesse na manipulação do sexo da progênie levou os pesquisadores a estudarem as sobre diferenças entre espermatozóides X e Y, métodos para detectar estas diferenças e métodos para separar os espermatozóides com base nestas diferenças.

Os espermatozóides são os gametas masculinos e são responsáveis pela metade da informação genética da progênie. Cada espermatozóide contém 29 cromossomos autossômicos e um cromossomo sexual. O espermatozóide que traz o cromossomo X (espermatozóide X) produz fêmea e o espermatozóide que traz o cromossomo Y (espermatozóide Y) produz macho.

Os espermatozóides são introduzidos no trato reprodutivo feminino, ou na vagina na monta natural ou no útero durante a inseminação artificial; depois de introduzidos, os espermatozóides precisam percorrer o trato reprodutivo inferior até o oviduto, onde formam um reservatório no istmo e aguardam a ovulação. Os espermatozóides são liberados do reservatório espermático em resposta a secreções do oviduto ao redor do momento da ovulação. Uma vez ocorrida a ovulação, um espermatozóide precisa penetrar no oócito para que ocorra a fertilização.

Diferenças entre os espermatozóides com cromossomo X e com cromossomo Y

As diferenças entre os espermatozóides X e Y estão divididos em duas categorias: cromossomos diferentes e expressões genéticas diferentes. As diferenças nos cromossomos estão ligadas a diferenças no conteúdo do DNA e os tipos e números de genes. Estas diferenças podem ser manifestadas por diferentes expressões genéticas, que poderiam resultar em diferenças na estrutura e função do espermatozóide ou em ambas.

Os estudos focaram nas diferenças de superfície celular, morfologia, quantidade de DNA, motilidade e taxas de sobrevivência ou capacitação.

O espermatozóide humano apresenta uma sobrevida funcional diferente entre o espermatozóide X e o Y, com o espermatozóide Y sobrevivendo por mais tempo em condições in vitro. O oposto parece ser verdadeiro em bovinos. Quando os espermatozóides foram pré-incubados antes da fertilização in vitro, a eclosão de blastocistos femininos foi maior em relação aos espermatozóides frescos .

Os espermatozóides no trato reprodutivo feminino

Para fertilizar um oócito, o espermatozóide precisa percorrer todo o trajeto desde o ponto da inseminação até o local da fertilização no trato reprodutivo feminino. A fertilização ocorre na junção ampola-istmo da tuba uterina. O espermatozóide precisa passar pelo colo do útero (em animais com cobertura natural), pelo útero, pela junção útero-tubária chegando até a tuba. Apenas uma pequena porcentagem dos espermatozóides inseminados chega até o local da fertilização.

O processo de transporte do espermatozóide no trato reprodutivo feminino não é apenas uma simples migração do local da inseminação até o local da fertilização. É um processo complexo e dinâmico, que inclui fases de distribuição dos espermatozóides, formação de reservatórios espermáticos, modulação da fisiologia do espermatozóide e aquisição de competência para a fertilização, a ascensão do espermatozóide competente até o local da fertilização e a eliminação da população de espermatozóides não fertilizantes.

Transporte dos espermatozóides pelo trato reprodutivo feminino

O transporte do espermatozóide pelo trato reprodutivo feminino inicia-se com a inseminação. Quando ocorre a monta natural, milhões a bilhões de espermatozóides são colocados na vagina da fêmea e precisam passar pela cérvix. Quando a inseminação artificial é usada, os espermatozóides são colocados diretamente no útero. Tanto na monta natural como na IA, a maioria dos espermatozóides são perdidos por causa do movimento retrógrado da vagina. Partindo do local de deposição, o espermatozóide precisa chegar até a tuba uterina para fertilizar um oócito.

O transporte do espermatozóide ocorre em duas fases: fase de transporte rápido e fase de transporte prolongado. Na fase de transporte rápido, o espermatozóide chega aos ovidutos em questão de minutos, mas estes espermatozóides geralmente estão moribundos, mortos ou rompidos, e não contribuem para a população fertilizante. Na fase de transporte prolongado, o espermatozóide migra para o oviduto ao longo de um período de seis a doze horas. Uma vez no istmo da tuba, o espermatozóide competente para a fertilização não prossegue sua trajetória antes do período peri-ovulatório.

Os mecanismos primários do transporte do espermatozóide são as contrações do músculo liso do trato reprodutivo feminino, batidas dos cílios, correntes de fluidos e o movimento do espermatozóide por atividade flagelar. Quando comparadas com outras fases do ciclo estral, as contrações do músculo liso são maiores e mais fortes durante o estro. Estas contrações são as principais responsáveis pela movimentação do espermatozóide pelo do útero.

Apenas os espermatozóides móveis podem cruzar a cérvix e o muco cervical, e a motilidade pode ser necessária também para cruzar a junção útero-tubária. As interações funcionais entre o espermatozóide e os fluidos da luz e superfícies epiteliais do trato reprodutivo feminino promovem a seleção de espermatozóides fisiologicamente normais.

Durante o transporte, os espermatozóides se acumulam e são retidos em algumas regiões do trato reprodutivo por períodos de tempo prolongado. Estas regiões são denominadas reservatórios espermáticos. Ainda que durante muitos anos o corpo do útero tivesse sido considerado como um reservatório espermático, porque muitos espermatozóides são nele encontrados durante a fase de transporte prolongado, o reservatório funcional está no istmo da tuba uterina. Este é considerado como o reservatório funcional porque é o acionado no momento da ovulação. O espermatozóide que irá interagir com o oócito provém deste reservatório.

Efeito do tempo sobre a proporção entre os sexos

Os possíveis mecanismos que podem ser responsáveis pelo efeito do momento da inseminação sobre a proporção entre os sexos incluem transporte diferencial de espermatozóide pelo trato feminino, diferenças nos tempos de capacitação ou sobrevida funcional entre os espermatozóides X e Y, seleção preferencial de espermatozóides, ou morte embrionária relacionada ao sexo.
No homem, mais espermatozóides Y permaneceram funcionais depois de uma incubação prolongada in vitro a 37ºC. Foi demonstrado que o método de capacitação pode ter um efeito sobre a prevalência de espermatozóides X e Y, in vitro. Tempos de capacitação mais longos favorecem o espermatozóide humano Y, enquanto que os tempos mais curtos favorecem o X. Estes achados indicam que, no homem, os espermatozóides Y têm uma sobrevida funcional mais longa, possivelmente devido a diferentes taxas de capacitação entre espermatozóides X e Y.

A incubação prolongada in vitro de espermatozóides de touro produziu uma eclosão maior de blastocistos femininos, indicando que, nos bovinos, o espermatozóide X tem uma sobrevida funcional mais longa ou uma capacitação tardia em comparação com o espermatozóide Y.

Outros estudos in vitro indiretamente apoiam a idéia de que espermatozóides X e Y têm sobrevidas funcionais ou taxas de capacitação diferentes. Quando os oócitos bovinos foram inseminados imediatamente após a maturação foram detectadas mais fêmeas, enquanto que mais machos foram produzidos quando a inseminação foi retardada. Foi sugerido que estas diferenças podem ter sido devidas ao oócito ter uma capacidade diferente para processar o espermatozóide X ou Y dependendo de seu status de maturação.

Um estudo mais recente, contudo, mostrou que os oócitos não são seletivos em relação ao espermatozóide X ou Y. Uma outra explicação possível é que o espermatozóide Y responde mais cedo e atinge primeiro a habilidade fertilizante. Assim, quando a fertilização in vitro é retardada os espermatozóides Y são favorecidos.

Quando a fertilização in vitro é imediata, entretanto, o oócito ainda não é capaz de ser fertilizado, de modo que a resposta mais precoce do espermatozóide Y leva à perda de sua capacidade fertilizante antes que o oócito se torne receptivo, deixando o espermatozóide X de resposta mais lenta em uma posição vantajosa.

Em outro estudo, uma co-incubação espermatozóide-oócito por tempo curto durante a fertilização in vitro produziu mais machos, ao passo que o prolongamento do tempo de incubação fez com que a proporção entre os sexos fosse igualada. Isto apóia a idéia de que o espermatozóide Y tem uma vantagem em capacidade fertilizante precoce e perde esta capacidade ao longo do tempo, quando o espermatozóide X passa a ter vantagem.

Muitos estudos ainda serão feitos até que se determinem com exatidão os mecanismos que podem auxiliar na escolha do gênero da progênie.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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ELCIO RENE CREPALDI

INDIANA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/09/2006

Este texto vai de encontro com os resultados encontrados no campo, onde propriedades que anteciparam o horário de inseminação (antes da ordenha) e estão obtendo uma maior taxa de nascimento de fêmeas em relação às propriedades que realizam a inseminação mais tardiamente (após a ordenha)..

Por muito tempo, pensei que fosse apenas coincidência dos fatos, mas diante deste texto, passo a rever os meus conceitos, e com certeza servirá de apoio a novas respostas sobre o assunto. Parabéns à toda equipe que colabora para o sucesso e qualidade deste site!

Elcio

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