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Estratégias para reduzir perdas embrionárias - Parte 3

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 22/12/2008

10 MIN DE LEITURA

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Este texto é parte da palestra apresentada por Dr. Thomas W. Geary, no XII Curso de Novos Enfoques na Reprodução e Produção de Bovinos, realizado em Uberlândia em março de 2008.

Fatores diversos que afetam a perda embrionária

Papel da Progesterona. A progesterona é essencial para o estabelecimento e a manutenção da prenhez. Se uma vaca ou novilha não produzir progesterona em teores suficientes, a prenhez será perdida. Há condições em que as vacas produzem progesterona insuficiente depois de estarem no cio. A primeira condição é com um ciclo estral mais curto (geralmente de 8 a 12 dias), em que as vacas têm um CL de vida curta, que regride antes que o embrião tenha tempo para sinalizar sua presença. A maioria das vacas têm um CL de vida curta após sua primeira ovulação depois da parição. A única maneira comprovada de evitar ciclos curtos é simular este evento usando progesterona (tal como um CIDR) ou GnRH cerca de uma semana antes de uma injeção de prostaglandina para induzir a ciclicidade.

A outra incidência de progesterona reduzida ocorre em vacas que têm um ciclo estral de duração normal, mas níveis mais baixos de progesterona, e cujo útero é menos responsivo ao sinal embrionário para o reconhecimento materno (interferon-tau) e mais sensível à liberação de prostaglandina. Estudos recentes sugerem que as baixas concentrações de progesterona durante o ciclo estral anterior pré-condicionam o útero a liberar prostaglandina, mesmo na presença de um embrião em desenvolvimento (Shaham-Albalancy et al., 2001).

Outra causa de produção diminuída de progesterona é o tamanho do folículo ovulatório. A ovulação induzida de pequenos folículos, mas não a ovulação espontânea, resultou em produção subseqüente reduzida de progesterona (Busch et al., 2007). É provável que a causa da redução da progesterona nestas vacas seja a ovulação de um folículo imaturo, com menos células da granulosa, que eventualmente luteinizam e produzem progesterona. Estas vacas também têm taxas de concepção reduzidas, o que pode ser ainda piorado pela ovulação de um ovócito imaturo (Perry et al., 2005).

Além disso, concentrações menores de progesterona durante o ciclo estral anterior podem aumentar a incidência de ovulação de folículos persistentes, cujos óvulos são "velhos". Estes óvulos são fertilizáveis, mas a mortalidade embrionária precoce é elevada e geralmente ocorre antes do estágio de 16 células (Ahmad et al., 1995). Diversos estudos tiveram por objetivo aumentar as concentrações de progesterona após a cobertura, com a colocação de CIDR ou a administração de GnRH ou hCG para criar um CL acessório. A maioria destas técnicas tem sido bem sucedida em aumentar as concentrações de progesterona no sangue, mas sua capacidade de melhorar a sobrevivência do embrião e as taxas de prenhez não tem sido consistente.

Uma parte da variabilidade na resposta da prenhez é que seria de se esperar que apenas as vacas com baixas concentrações de progesterona endógena se beneficiariam com estes tratamentos. Foi demonstrado que o uso de farinha de peixe na alimentação suprime a secreção de prostaglandina em novilhas com baixas concentrações de progesterona, sugerindo que pode melhorar a capacidade do embrião de sinalizar o reconhecimento materno da prenhez (Wamsley et al., 2005).

Efeito da idade. Muitos fatores podem ser incluídos no efeito da idade sobre a perda embrionária. As novilhas têm geralmente taxas de prenhez mais elevadas, e este aumento parece estar associado a menor mortalidade embrionária do que a das vacas. Entre os bovinos leiteiros, tanto as perdas embrionárias precoces como as tardias aumentaram com o aumento da idade das vacas (Humbolt, 2001; Starbuck et al., 2004). Este aumento na perda embrionária também esteve associado ao aumento da produção de leite e à diminuição das concentrações circulantes de progesterona.

O aumento da produção de leite em vacas leiteiras está muitas vezes associado a um aumento da ingestão de ração e clearance metabólico da progesterona, que provavelmente não é uma ocorrência importante entre as vacas de corte mantidas em condições extensivas. Trinta anos atrás, Erickson et al. (1976) relataram que não houve modificação na fertilidade das vacas de corte com a idade. Com as maiores demandas que existem atualmente sobre os bovinos de corte em alguns ambientes, eles podem responder com diminuição da fertilidade, semelhante ao que ocorre com vacas leiteiras.

Efeito do Macho. Há uma variação conhecida entre os reprodutores com relação à fertilidade, mas não conseguimos detectar a maior parte desta variação com os exames tradicionais. Uma parte desta variação parece estar relacionada a touros com maior incidência de mortalidade embrionária, mais do que a capacidade fertilizante de seus espermatozóides. O uso de touros com características de sêmen que não são compensáveis, como cabeça deformada ou vacúolos nucleares, resulta em redução das taxas de clivagem do embrião e um aumento da mortalidade embrionária (Saacke et al., 2000).

A maioria das características de sêmen que não são compensáveis não é detectada durante os exames de rotina, mas as centrais de IA dão bastante atenção à morfologia do sêmen para poder identificar os touros com estas características, uma vez que não se consegue compensar a fertilidade reduzida destes touros pela colocação de mais espermatozóides nas palhetas para IA.

Agentes Infecciosos. Atualmente, os produtores estão mais atentos aos agentes infecciosos que causam abortos ou quedas na fertilidade. Este trabalho não poderia cobrir de forma adequada todos os microrganismos envolvidos, sua etiologia ou os efeitos sobre o rebanho. Os programas sanitários e os esquemas de vacinação apropriados variam muito de uma fazenda para outra, e os produtores devem trabalhar com os veterinários locais para determinar qual o melhor programa para suas operações.

Resumo

Infelizmente, não há soluções mágicas capazes de eliminar a mortalidade embrionária. Podemos esperar, entretanto, que uma melhor compreensão dos fatores envolvidos e as prováveis causas da mortalidade embrionária permitam limitar seus efeitos em nossos rebanhos. Aqui, o conceito mais importante é que qualquer coisa que possa afetar as divisões iniciais e o crescimento do embrião irá afetar sua sincronia com o ambiente materno e diminuir sua capacidade de produzir os sinais adequados, em tempo para o reconhecimento materno da prenhez.

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RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 29/01/2009

Prezado Juliano Carneiro Albuquerque,
Muito obrigada pela participação!
É difícil falar em índice aceitável de concepção para um inseminador, pois temos que considerar vários fatores, como: tipo de gado, tipo de manejo, dias pós-parto na inseminação, produção, entre outros fatores.
Nos radares publicados em 27/05/2008 (Roteiro de Avaliação do Manejo Reprodutivo) e 05/12/2007 (Interpretação dos Índices da Eficiência Reprodutiva) você encontra alguns números que vão te servir para fazer uma analise de como esta a situação do seu rebanho.
Até mais,
Ricarda.




JULIANO CARNEIRO ALBUQUERQUE

UNAÍ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/01/2009

Quando quero avaliar a eficiência do inseminador por um período de 6 meses, por exemplo, desconsiderando as vacas em aberto, qual seria um índice aceitável?
JULIANO CARNEIRO ALBUQUERQUE

UNAÍ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/01/2009

Gostaria de saber se existe um índice máximo para vacas atrasadas em rebanhos leiteiros.

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