Este trabalho avaliou os resultados de 5.395 transferências de embriões realizadas pela Cenatte Embriões, durante o ano de 2002. Os embriões utilizados foram obtidos de dois tratamentos superovulatórios: Tratamento- 1) Observação de cio e início da superovulação 8 a 12 dias após; Tratamento- 2) CIDR®+Estrogin® (4mL) em dia aleatório do ciclo estral e início da superovulação no quinto dia. Os tratamentos superovulatórios foram realizados com Folltropin® ou Pluset®. As receptoras (Bos taurus x Bos indicus) receberam uma aplicação de PGF2a (dia seis à tarde) e foram observadas em estro. Nas que apresentaram estro foi realizada a avaliação do CL por palpação retal (incluso, 1<2<3) e as transferências realizadas pelo método não-cirúrgico 5 a 9 dias após o estro. Os dados foram analisados pelo GLM, sendo incluídas no modelo as variáveis tratamento superovulatório, tipo de FSH, classificação do CL da receptora, sincronia doadora-receptora (-2, -1, 0, +1, +2), estádio de desenvolvimento embrionário (Mo, Bi, Bl, Bx, Be - IETS) e qualidade do embrião (grau 1, 2, 3 - IETS).
A taxa de concepção foi influenciada pela sincronia doadora-receptora (-2: 52,2±3,1%; -1: 65,8±2,0%; 0: 69,5±1,7%; +1: 65,4±1,9%; +2: 54,9±4,2%; P<0,001), estádio de desenvolvimento embrionário (Mo: 64,6±2,0%; Bi: 65,7±1,9%; Bl: 63,7±1,8%; Bx: 57,8±2,0%; Be: 56,0±5,1%; P<0,001) e qualidade do embrião (Grau 1: 66,5±1,7%; Grau 2: 59,6±1,8%; Grau 3: 58,6±2,9%; P<0,001). Não foi detectado efeito do tamanho do CL na taxa de concepção das receptoras (incluso: 62,0±2,9%; grau 1: 64,0±2,9%; grau 2: 60,0±2,9% e grau 3: 60,0±2,9%; P=0,53), indicando que a sincronia é um parâmetro mais importante que o tamanho do CL na seleção das receptoras a serem inovuladas.
É interessante observar que as receptoras que receberam embriões obtidos de doadoras submetidas ao tratamento 2 apresentaram melhor taxa de concepção (63,1±1,8% vs. 60,0±1,9%; P=0,02) em relação às que receberam embriões obtidos de doadoras submetidas ao tratamento 1. Possivelmente, a sincronização da onda folicular nas doadoras apesar de não alterar o número de embriões viáveis produzidos (BO et al., Theriogenology, v.45, p.897-910, 1996), proporcionou o desenvolvimento de um grupo de folículos mais uniforme quanto à idade e o diâmetro, o que pode ter beneficiado a qualidade intrínseca dos oócitos e dos embriões, que não pode ser avaliada visualmente.
A sincronização da onda folicular em doadoras com utilização de dispositivos intravaginais de progesterona associado a aplicação de benzoato de estradiol pode aumentar o número de prenhezes/coleta através do aumento na concepção das receptoras, já que a quantidade de embriões recuperados não se altera com esses tratamentos.
Este trabalho será apresentado na reunião anual da SBTE, em agosto de 2004, em Barra Bonita, SP.