Por R.M., Santos; J.L.M., Vasconcelos; G. C., Perez; O.G. e Sá Filho1
Muitos estudos em reprodução de bovinos no pós-parto indicam que o escorre da condição corporal (ECC) é indicador da condição energética e da ciclicidade (SHORT et al., 1990; RANDEL, 1990). A intensidade da perda de peso no início do pós-parto está associada ao retorno a ciclicidade. O balanço energético negativo está associado com a baixa pulsatilidade de LH, que inibe o desenvolvimento do folículo dominante, reduzindo a produção de estradiol, que não atinge a concentração necessária para induzir o pico de LH, necessário para que a ovulação ocorra (BEAM & BUTLER, 1997).
A ovulação à primeira injeção de GnRH nos protocolos de sincronização aumenta a taxa de sincronização (SANTOS et al., 2003) e é influenciada pelo ECC. Vacas com baixo ECC tem baixa pulsatilidade de LH (MURPHY et al., 1990), folículo dominante com diâmetro e persistência reduzidos e portanto menor intervalo entre as ondas de crescimento folicular e conseqüentemente apresentam menor chance de resposta à primeira aplicação de GnRH.
O objetivo deste experimento foi avaliar os efeitos do escore da condição corporal na ciclicidade de vacas lactantes das raças Holandesa, Girolanda e Nelore.
Material e métodos
Os dados de experimentos conduzidos no Brasil com vacas das raças Holandesa (n = 192; 57 a 150 DPP), Girolanda (n = 206; 30 a 409 DPP) e Nelore (n = 1023; 40 a 354 DPP) foram usados nessas análises.
A ciclicidade foi avaliada por dois exames de ultra-som com intervalo de 10 dias, usando um aparelho com transdutor de 7,5-MHz (Aloka SSD-500, Wallingford, CT). As vacas com tecido luteal em um dos dois exames foram consideradas ciclando.
O escore da condição corporal (escala de 1 a 5) foi avaliado no momento do segundo exame de ultra-som.
Os dados foram analisados pelo programa GLM e foram incluídas no modelo as variáveis dias pós-parto, raça, escore da condição corporal e as interações.
Resultados e discussão
Foi detectada interação (P < 0,01) entre raça, ECC e ciclicidade, os resultados estão na Tabela 1. A análise destes dados sugere que a ciclicidade pode ser determinada pela avaliação do ECC, e essa associação é mais evidente em animais da raça Nelore e Girolanda do que em animais da raça Holandesa.
A maior associação entre ECC e ciclicidade em vacas Nelore e Girolanda é provavelmente, devido ao tipo de deposição de gordura, que é mais subcutânea nessas raças do que em vacas Holandesas, que possuem baixa porcentagem de deposição de gordura externa e alta porcentagem de deposição interna.
Vacas Nelore e Girolanda primíparas apresentaram menor taxa de ciclicidade do que as vacas multíparas, e isso não foi observado nas vacas Holandesas (12,3% vs. 28,9%; 29,0% vs. 73,2, 81,2% vs. 88,5%, respectivamente; P < 0,01).
Tabela 1: Efeitos do escore da condição corporal na ciclicidade de acordo com a raça das vacas.
Valores com diferentes sobrescritos na mesma coluna diferem (P < 0,01).
O ECC deve ser avaliado antes de se determinar o protocolo de sincronização a ser utilizado, pois sabe-se (PURSLEY, 2001; GARCIA et al., 2003; VILELA et al., 2003) que a ciclicidade tem efeito na resposta aos protocolos de sincronização e inseminação artificial em tempo fixo..
Este trabalho foi aceito e será apresentado na reunião do Animal Science em Julho em Saint Louis, Missouri, USA.
Referências bibliográficas
PURSLEY, J.R. (2001) Midwest ADSA, 63.
GARCIA, W. R. et al.(2003) J. Dairy Sci. 86:179.
VILELA, E.R. et al. (2003) Rev. Bras. Reprod. Anim. 27:421.
SHORT, R.E. et al. (1990) J. Anim. Sci., 68:799.
RANDEL, R.D. (1990) J. Anim. Sci., 68:853.
BEAM, S.W. & BUTLER, W.R. (1997) Biol. Reprod. 56:133.
SANTOS, R.M. et al. (2003) J. Dairy Sci. 86: 185.
MURPHY, M.G. et al.(1991) J. Reprod. Fertil. 92:333.
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