A recuperação da ciclicidade pós-parto tem sido associada por alguns autores com melhoria em parâmetros reprodutivos pós-parto. O balanço energético pós-parto influencia o desenvolvimento folicular e a probabilidade de ovulação.
Este estudo (Energy balance, dry matter intake, and hormone profiles of cows with ovulatory and non-ovulatory follicles during the first postpartum follicle wave, J. Dairy Science, vol 87, suppl. 1, p. 296, 2004) foi desenvolvido para avaliar se diferenças no balanço energético periparto (dias -21 pré a 30 dias pós-parto) contribuem para diferenças na atividade folicular pós-parto.
A primeira onda folicular pós-parto foi acompanhada por ultra-sonografia em 55 vacas Holandesas, e os grupos foram determinados retrospectivamente, sendo ovulatórios (GO; n=17), não ovulatórios com alto estradiol (GAE; n=6), não ovulatórios com baixo estradiol (GBE; n= 24) ou císticas (n=8). As vacas císticas foram retiradas das análises.
O pico de estradiol foi similar nos grupos GO e GAE (5,8 ± 0,7 vs 6,0 ± 1,1 pg/ml; P=0,8) e foram maiores que no grupo GBE (1,2 ± 0,5 pg/ml).
O balanço energético pré e pós-parto foi mais negativo nas vacas GBE (10,8 ± 0,4 e -12,2 ± 0,6 Mcal/d) do que nas ovulatórias (13,6 ± 0,5 e -8,3 ± 0,8 Mcal/d) ou GAE (15,8 ± 0,8 e -9,0 ± 1,2 Mcal/d). Diferença no balanço energético foi detectada com -21 dias e se manteve até os 30 dias pós-parto.
Não houve diferença na produção de leite entre os grupos, e diferenças no balanço energético foram devido a diferenças na ingestão de matéria seca.
De acordo com os resultados de balanço energético, vacas GBE tiveram menores níveis de insulina e glicose e maior AGNE que vacas dos grupos GO e GAE.
Vacas GBE tiveram balanço energético mais negativo comparado com vacas dos grupos GO e GAE.
Os autores concluíram que as vacas que não ovularam e apresentaram menor estradiol tiveram balanço energético mais negativo, e este já era detectado com 21 dias antes do parto, o que pode influenciar negativamente, de alguma forma, a qualidade dos folículos em desenvolvimento pós-parto.
Os autores não conseguiram determinar porque vacas dos grupos GO e GAE, com semelhante balanço energético e concentração de estradiol, tiveram diferentes respostas em ovulação.
Estas informações mostram a importância do manejo pré-parto, em relação à eficiência reprodutiva futura, pois as vacas iniciam diferenças no balanço energético já com 21 dias antes do parto, e a intensidade do balanço energético negativo influencia a primeira ovulação pós-parto.