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Aplicações práticas da ultra-sonografia no manejo reprodutivo do rebanho leiteiro

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 17/01/2006

5 MIN DE LEITURA

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O uso da ultra-sonografia nos estudos da reprodução bovina revolucionou o conhecimento da fisiologia reprodutiva. As pesquisas geradas com o uso das imagens de ultra-som esclareceram a complexidade do processo reprodutivo nas fêmeas bovinas, como a dinâmica do desenvolvimento folicular, a formação do corpo lúteo e o desenvolvimento fetal. O uso da ultra-sonografia na rotina de exames reprodutivos de vacas de leite será a próxima contribuição dessa tecnologia para o setor leiteiro.

O uso da ultra-sonografia permite:

- diagnóstico precoce das vacas que falham em conceber, aumentando a eficiência reprodutiva por reduzir o intervalo entre as inseminações e aumentar a taxa de inseminação;

- identificação de vacas com gestações gemelares;

- diagnóstico acurado de patologias do ovário e do útero que não são possíveis pela palpação retal;

- determinação do sexo fetal.

A adoção da ultra-sonografia combinada com os protocolos de sincronização da ovulação tem grande potencial para aumentar a eficiência reprodutiva dos rebanhos leiteiros e com redução dos custos dos aparelhos de ultra-som a tendência é que essa tecnologia seja cada vez mais utilizada nas fazendas leiteiras.

Diagnóstico dos Ovários

A palpação retal pode ser um método eficiente para o diagnóstico de gestação, mas é um método de diagnóstico bastante falho para os ovários. O uso do ultra-som é rápido e eficiente para o exame dos ovários.

O exame dos ovários é importante, pois estes contêm informações sobre a condição reprodutiva da vaca o que permite a escolha da terapia mais apropriada para cada vaca. Por exemplo; pela presença ou ausência do CL podemos dizer se a vaca esta ciclando ou em anestro. Os cistos ovarianos são diagnosticados com grande precisão no exame ultra-sonográfico.

Diagnóstico Precoce de Gestação

O diagnóstico precoce da gestação é a aplicação prática mais importante da ultra-sonografia. A identificação precoce das vacas vazias após a IA aumenta a eficiência reprodutiva e a taxa de prenhez, por reduzir o intervalo entre as inseminações e aumentar a taxa de inseminação.

O exame de ultra-som é um método rápido de diagnóstico de prenhez e um palpador experiente pode se adaptar facilmente ao uso do ultra-som. O uso do ultra-som não aumenta a acurácia no diagnóstico de gestações com mais de 45 dias por palpadores experientes, mas pode auxiliar o serviço de palpadores inexperientes.

Mais importante que diagnosticar precocemente a vaca gestante é diagnosticar a vaca vazia e adotar medidas de manejo para que esta seja inseminada novamente o mais rápido possível, isso pode ser conseguido com o uso de protocolos de sincronização da ovulação.

Perda Embrionária Precoce

A perda embrionária precoce contribui para a redução da eficiência reprodutiva das vacas leiteiras. A taxa de concepção das vacas de leite varia de 40 a 47% entre os dias 28 a 32 pós-IA e a concepção de novilhas leiteiras é aproximadamente 70% (PURSLEY et al., 1997). A perda de gestação também é maior em vacas do que em novilhas (20% vs. 5%; SMITH & STEVENSON, 1995). Os fatores específicos que causam perda embrionária precoce não são conhecidos, mas provavelmente são os mesmos fatores responsáveis pela baixa concepção observada nas vacas de leite.

Como o uso da ultra-sonografia o diagnóstico da gestação pode ser feito mais cedo (26 a 28 dias depois da IA) do que com a palpação retal, aumentando o diagnóstico de perda embrionária, mas a técnica não é a responsável por esse aumento. A ultra-sonografia é muito menos invasiva no diagnóstico precoce da gestação do que a palpação retal.

De 10 a 16% das vacas diagnosticadas gestantes no dia 28 pós-IA perdem a gestação até o dia 56 pós-IA. Portanto as vacas diagnosticadas com 28 dias devem ser examinadas novamente por volta de 60 dias pós-IA.

Até o presente momento não existe uma maneira eficaz de se reduzir taxa de perda embrionária precoce em vacas de leite, mas o levantamento da ocorrência é importante para o futuro entendimento desse problema.

Identificação de Gestações Gemelares

A ocorrência de partos gemelares é indesejável em fazendas de leite devido às complicações, que ocorrem no parto e no pós-parto, que levam redução da eficiência reprodutiva da vaca. A incidência de parto gemelares em vacas de leite varia de 2,5 a 5,8%, e é influenciado pelo número de lactações.

Vacas com gestações gemelares podem ser identificas com acurácia de 40 a 55 dias pós-IA. Para o diagnóstico da gestação gemelar, os cornos uterinos devem ser examinados por inteiro e como a maioria das gestações gemelares é decorrente de ovulações duplas a presença de dois ou mais CL é um indicativo da ocorrência de gêmeos.

A identificação da vaca com gestação gemelar pode ser importante para a definição do manejo a ser adotado e até mesmo a opção pelo descarte da mesma.

Sexagem fetal

A sexagem fetal pode ser realizada com acurácia entre os dias 55 e 60 pós-IA. O sexo é determinado pela avaliação da morfologia e posição do tubérculo genital. A sexagem requer maior habilidade do operador do ultra-som do que o diagnóstico precoce de gestação e o exame dos ovários.

Os gastos com a sexagem fetal só se justificam se a informação for utilizada para decisões de manejo relevantes.

Ultra-sonografia no Manejo Reprodutivo

A grande vantagem do uso da ultra-sonografia é o diagnóstico precoce da gestação combinado com a utilização de protocolos de sincronização da ovulação.

Após o período voluntário de espera as vacas devem ser examinadas por ultra-som e tratadas com protocolos de sincronização, o diagnóstico precoce de gestação deve ser realizado no dia 28 pós-IA e as vacas vazias devem receber o protocolo de sincronização novamente.

Com isso se consegue a redução dos dias para a primeira IA, do intervalo entre as inseminações e do intervalo parto-concepção. Já existem estratégias mais agressivas desse manejo com o início do protocolo de ressincronização antes do diagnóstico precoce de gestação.

Conclusão

Como ferramenta de pesquisa a ultra-sonografia revolucionou o conhecimento da fisiologia reprodutiva e como ferramenta de manejo tem potencial para melhorar a eficiência reprodutiva das fazendas leiteiras. Mas é importante lembrar que para ser útil todo diagnóstico deve ser acompanhado de uma decisão.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 26/04/2017

Prezado Senhor Moacyr, Obrigada pela participação!

O tempo gasto depende muito da prática do veterinário e do tipo de exame que será realizado.

Normalmente quando o exame é para diagnóstico de gestação se faz de 80 vacas por hora.
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 06/02/2008

Prezado Euler Andres Ribeiro,

Muito obrigada pelos cometários.
Realmente são muitas as possíveis utilizações do aparelho de ultra-som no manejo reprodutivo dos bovinos.

Obrigada,
Ricarda.
EULER ANDRES RIBEIRO

ENTRE RIOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/02/2008

Caro professor Vasconcelos,

Muito bom o seu artigo, e acho que temos que ampliar o uso desta ferramenta, mas lembrando principalmente aos estudantes que a máquina não substitui o clínico, mas deve ser usada como parte da avaliação do rebanho.

Iniciei o uso do ultra-som há 10 anos em reprodução de eqüinos. Nesta espécie, o uso desta técnica ajuda a se prever o momento da ovulação, confirmar a ovulação, ver a presença de líquidos intra mural e no lúmen uterino, além do diagnóstico precoce da gestação.

Ao trabalhar com o aparelho em bovinos, passei a usar a mesma metodologia de exame usado em eqüinos.
Devido a diferenças fisiológicas/anatômicas entre as espécies, alguns aspectos se aplicam e outros não.
Lembrei de alguns usos do ultra-som não citados em seu artigo:

1) Para avaliação de receptoras: avaliação tanto no tamanho quanto na ecogenicidade dos CLs.
2) Para avaliação de qualquer matriz: presença anormal de líquido na luz uterina em vacas sem a presença de folículo preovulatório ou sintomas de cio.
3) Presença de líquido hiperecóico na luz uterina.
4) Avaliação da viabilidade fetal pela presença de batimentos cardíacos.

Parabéns pelo artigo,
Euler Andres Ribeiro

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