Por Mariano Medina e André Galassi1
A tecnologia de sexagem de sêmen utiliza a citometria de fluxo para separar os espermatozóides X e Y, ou seja, as células espermáticas responsáveis por produzir machos e fêmeas, com uma exatidão ao redor de 90% para qualquer um dos sexos escolhido.
A técnica está baseada na diferença da quantidade de DNA entre os cromossomos X (maior quantidade de DNA) e Y, que em bovinos chega a 3,8%, e nas distintas intensidades de luz que emite o DNA fluorescente ao serem excitados com um luz UltraVioleta.
A possibilidade de utilizar a técnica associada a outras como a transferência de embriões, Fertilização in vitro e ICSI sobre animais de alto mérito genético, permite acelerar ainda mais o progresso e ganho genético dos sistemas produtivos.
O processo de sexagem de sêmen se baseia na coleta do sêmen com vagina artificial, onde no registro das características do ejaculado, padrões mínimos de qualidade devem ser exigidos, entre eles 65% de motilidade progressiva, vigor 3 e concentração mínima de 1.000.000.000 de espermatozóides por ml.
Prepara-se a amostra e o sêmen é levado para o processo de separação das células. Após finalizado, avalia-se a qualidade seminal pós-decongelado e aprova-se apenas as partidas que cumprem as exigências mínimas de qualidade e segurança.
O sêmen sexado foi posto a ponto para a utilização em programas de inseminação artificial em gado de corte e de leite, transferência de embriões e fertilização in vitro (F.I.V). Para o caso de seu uso em um programa de super ovulação e transferência de embriões se utilizam de 3 a 4 palhetas com 10.000.000 de espermatozóides totais, uma a tempo zero, 2 a 12 horas e uma as 24 horas da detecção do cio.
Os trabalhos de aplicação da tecnologia no Brasil e na Argentina passaram por provas de campo onde se comparou a eficiência do uso do sêmen sexado com o convencional em rebanhos com manejo que refletiam as verdadeiras condições das fazendas brasileiras e Argentinas.
Entre suas principais utilizações em rebanhos de corte estão:
- Produzir machos ou fêmeas segundo a necessidade do mercado
- Abaixar os problemas de distocia nos serviços de 15 meses
- Produzir touros de animais de maior mérito genético para uma determinada caraterística como: crescimento e conversão de alimento... entre outras
Uso em Transferência de Embriões:
- Para um objetivo determinado de produção de embriões de um sexo, o uso do sêmen sexado reduz o custo e tempo de produção
Para rebanhos de leite utilizamos em grande escala para:
- Intensificar a melhoria genética sobre as fêmeas de reposição
- Programar a quantidade de novilhas de reposição para cada ano
- Produzir "carne" sobre as vacas com menor mérito genético
Uso em Transferência de Embriões:
- Para um objetivo determinado de produção de embriões de um sexo, o uso do sêmen sexado reduz o custo e tempo de produção.
No Brasil obtivemos um resultado de 51,5% de prenhez em novilhas zebu não mostrando uma diferença significativa para o lote de controle com o sêmen convencional que foi de 58%, todos os lotes inseminados com uma única dose de sêmen. A porcentagem de sexagem foi de 94,5% (neste caso inseminamos apenas para obtenção de fêmeas) o que superou as expectativas. Nos trabalhos feitos em transferência de embriões a porcentagem de produção de estruturas não fertilizadas tem sido equivalente aos números obtidos com o uso de sêmen convencional.
Na fertilização in vitro o primeiro trabalho conduzido com a fazenda VPJ e Pillar mostrou resultados excelentes com 42% de taxa de desenvolvimento embrionário e as taxas de sexagem até o momento também acima de 90%.
A mesma tecnologia é hoje utilizada na Argentina em eqüinos e ovinos, com resultados satisfatórios.
Maximiza-se o uso de uma tecnologia, de uma maneira prática e convencional possibilitando a todos o acesso a ganhos e benefícios. Com certeza a "escolha do sexo" será um divisor importantíssimo no aprimoramento das atividades agropecuárias, em um momento tão peculiar da pecuária nacional onde alcançamos índices elevadíssimos e pela primeira vez na história visualizamos ganhos potenciais em novos mercados e novas oportunidades.
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1Mariano Medina (Goyaike SA) e André Galassi (Goyaike Brasil Agropecuária LTDA)