José Luiz Moraes Vasconcelos
As complexas mudanças hormonais que ocorrem ao parto estão relacionadas com a sincronização da contratilidade da musculatura do útero, dilatação da cérvix, separação das membranas fetais das maternas e início da lactação. Um exemplo do resultado de assincronia entre os processos fisiológicos da expulsão do bezerro é o atraso na liberação das membranas fetais (Placenta).
Retenção de placenta é uma síndrome que pode ocorrer em muitas espécies animais, porém, é um problema sério em vacas de leite, sendo que de 8 a 30% dos partos normais em vacas de leite resultam em retenção de placenta.
A incidência de retenção de placenta aumenta quando ocorre interferência ou distúrbios no mecanismo natural da gestação como em casos de indução farmacológica do parto ou antecipação do parto por outros fatores.
O estresse térmico pode levar a uma antecipação do parto, podendo ser considerado uma causa do aumento da incidência de retenção de placenta. Estudos separando as estações do ano em quente (primavera e verão) e fria (outono e inverno), observaram que a incidência de retenção de placenta, na estação quente foi de 24,05% e na fria de 12,24%. O período de gestação nas vacas que tiveram retenção de placenta foi 5,25 dias menor do que nas vacas sem retenção de placenta (279,08 dias). O período de gestação das vacas que pariram na estação quente foi 2,82 dias menor que naquelas paridas na estação fria (279,41 dias).
Avaliando dados de rebanhos leiteiros, foi observado que o período de gestação foi a variável com maior efeito na incidência de retenção de placenta, sendo mais elevada em gestações menores que 275 e maiores que 291 dias.
Podemos observar, então, que a antecipação do parto eleva os índices de retenção de placenta, independente de ser por indução farmacológica ou fisiológica, como no verão, quando ocorrem períodos de gestação menores.
Em um estudo realizado no Brasil, com vacas de grau de sangue variando
entre 3/4 holandês - zebu até holandês puro, foi observado que a incidência de retenção de placenta foi de 30,1% no grupo controle e de 15,2% no grupo tratado com Prostaglandina (PGF2a - Lutalyse = 25 mg Dinoprost) na primeira hora pós-parto. A aplicação de PGF2a na primeira hora pós-parto foi efetiva em reduzir a incidência de retenção de placenta, principalmente nas vacas que anteciparam o parto (<280 dias).
Estes dados mostram que pode haver antecipação fisiológica do parto e que a aplicação de PGF2a foi mais eficiente em vacas que anteciparam o parto, ou seja, vacas que antecipam o parto devem ser tratadas com PGF2a na primeira hora pós-parto, visando suprir os níveis de PGF2a e assim diminuir a incidência de retenção de placenta.
Para saber se esta ocorrendo antecipação do parto é preciso fazer a média do período de gestação das vacas em cada fazenda. As vacas que parirem antes da data esperada devem ser tratadas com PGF2a na primeira hora pós-parto como uma forma de diminuir a incidência de retenção de placenta.
fonte: MilkPoint