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Alteração da taxa de vocalização durante o ciclo estral de fêmeas leiteiras

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 14/09/2007

5 MIN DE LEITURA

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Este estudo realizado por Schon, et al. (J. Dairy Sci. 90:202-206, 2007) investiga a vocalização durante o peri-estro de novilhas e sugere que instrumentos para a gravação automática e continua da vocalização de novilhas durante o peri-estro possam ser usados como ferramenta auxiliar na detecção de cio.

Introdução

A correta detecção de cio e a escolha do melhor momento para a inseminação é um importante fator de sucesso no manejo reprodutivo de uma fazenda leiteira. Exitem várias formas de detecção de cio, além da observação visual, como por exemplo as ferramentas auxiliares que medem mudanças de atividade (Avaliação da eficiência do sistema Pedômetro para detecção de cio, radar publicado dia 01/03/2007), condutividade do muco cervical, número de montas e temperatura corporal (Saumande, 2002; Peralta et al., 2005; Roelofs et al., 2005).

Estes procedimentos resultam em diferentes taxas de detecção de cio, que variam de 60 a 80% (Esslemont, 1992; Ferguson and Galligan, 1993; Hospes et al., 2005). Na prática, a taxa de detecção de cio é menor que 60% na maioria dos rebanhos.

Becker et al. (2005) declararam que a detecção visual por uma pessoa responsável e cuidadosa resultava na melhor taxa de detecção de cio, porém em grande rebanhos com alta de produção de leite é necessário o emprego de ferramentas auxiliares automáticas para obtenção de melhores taxas de detecção de cio.

A vocalização de algumas fêmeas mamíferas contém informações sobre sua condição reprodutiva. Semple e McComb (2000) encontraram que o macho de algumas espécies de macacos são capazes de diferenciar o estágio do ciclo estral da fêmea pela vocalização. Nos elefantes é observado aumento da vocalização na estação de acasalamento (Leong et al., 2003).

Existem poucos trabalhos sobre vocalização em bovinos. Alguns autores tentaram descrever a vocalização qualitativamente (Liebenberg et al., 1977; Hall et al., 1988; Laube et al., 1988) ou classificar metodologicamente diferentes formas de vocalização (Kiley, 1972; Jahns et al., 1997; Ikeda e Ishii, 2001). Kiley (1972) identificou 6 diferentes berros.

Além disso foi investigada a função comunicativa da vocalização dos bovinos, como por exemplo no mútuo reconhecimento entre mãe e cria (Barfield et al., 1994; Marchant-Forde et al., 2002).

Foi sugerido que a comportamento vocal dos bovinos pode ser utilizado como indicador da sua condição fisiológica e mental (Watts e Stookey, 2000; Manteuffel et al., 2004). Watts e Stookey (2000) levantaram a suspeitada de que a vocalização dos bovinos contém informação sobre idade, sexo, condição de dominância e fase do ciclo estral.

O objetivo deste estudo foi verificar se ocorriam mudanças na vocalização durante o estro, para a partir dessas informações desenvolver uma ferramenta para detectar cio, que sozinho ou em conjunto com outros procedimentos pudesse aumentar a taxa de detecção de cio nas fazendas.

Material e Métodos

Foram usadas dez novilhas holandesas de 18 a 22 meses de idade, alojadas individualmente dentro de um mesmo barração, sob as mesmas condições e alimentadas com dieta total 2 vezes por dia. Para as gravações da vocalização as novilhas eram separadas 15 metros umas das outras, nos momentos em que não estavam sendo feitas gravações as novilhas tinham contato visual e vocal.

Para indução do estro as novilhas foram tratadas com prostaglandina no dia 12 do ciclo estral (dia 0 = dia do último cio observado).

A observação visual do cio foi realizada diariamente às 08:00 e às 15:00 horas, a partir do dia 11. O comportamento sexual, o edema da vulva e a secreção de muco era classificada em como fraca, média e forte.

Para determinar a concentração plasmática de progesterona foram colhidas amostras de sangue por cinco dias a partir de 11 dias.

As gravações de vocalização começaram no dia 11 às 08:00 horas e terminaram no dia 16 às 08:00 horas. Os berros foram gravados e analisados continuamente durante este período. A vocalização foi gravada por um sistema de radio microfone (Evolution Wireless Series EW 112 G2, Sennheiser, Wedemark/Hannover, Germany). O sistema de gravação sem fio consistia de um microfone, um transmissor e o receptador estacionário. O microfone era fixado no pescoço da novilha próximo à cabeça.

Resultados

Duas estruturas diferentes de vocalização foram detectadas. A primeira era um som harmônico que foi chamado de "moo". A segunda estrutura era não harmônica, que foi chamada de grito.

A figura 1 mostra o sonograma típico da gravação da vocalização de uma das novilhas do estudo.

Figura 1. O berro da novilha é formado por 3 partes: começo harmônico, meio não-harmônico e final harmônico.


Todas as novilhas vocalizaram durante o período. O número de vocalizações foi consideravelmente diferente entre as novilhas, variando de 36 a 835 vocalizações por novilhas durante o período de gravação (dia 11 a 16 após o cio).

Em 8 novilhas o estro foi confirmado 2 dias após a aplicação de PGF2α, em uma novilha 1 dia após e em outra 3 dias após.

Foi detectado aumento da taxa de vocalização um dia antes da detecção do cio. No dia do cio a taxa aumentou de 70 para 171 vocalizações. A taxa de vocalização aumentou 84% do dia -2 até o dia 0 (dia do estro) e aproximadamente 59% do dia -1 até o dia 0. Após o estro a taxa de vocalização caiu 79%.

Figura 2. Média do número de vocalizações por hora (barras) e numero de novilhas detectadas visualmente em cio (x ED) durante o período de gravação de todas as novilhas.


Clique na imagem para ampliá-la.

Futuras investigações serão necessárias para desenvolver um método prático para detectar cio baseado mas alterações de vocalização durante o estro. Possíveis influências da idade, número de lactações e produção de leite deverão ser consideradas. Um dos principais problemas poderá ser a grande variação individual existente.

Como os resultados deste experimento são baseados somente na vocalização de novilhas estabuladas individualmente, será necessário determinar se as alterações foram causadas por estresse social (falta de contado com as companheiras) ou se as alterações são expressões relacionadas com o comportamento de estro (biologicamente destinada a atrair o macho).

Este estudo mostra que apesar de parecer simples, a detecção de cio ainda desperta o interesse de muitos pesquisadores que procuram uma solução prática e eficiente para este grande problema do manejo reprodutivo.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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TIAGO MANTOVANI

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/09/2007

Muito boa a reportagem.

Esses dias uma novilha minha começou vocalizar e andar de um lado para o outro, porém ela não montava nem deixava montar pelas companheiras. Por causa que ela estava vocalizando muito, coloquei o rufião com ela, e após o cortejo do rufião ela aceito monta.

Por isso acredito que a pesquisa deva avançar mais sobre esse assunto.

Obrigado
ROGÉRIO MOTA FURTADO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/09/2007

Parabéns aos autores pelo artigo.

Mesmo ainda a pesquisa não sendo conclusiva, acredito que a forma, a intensidade, etc. do berro da vaca, possa ser um bom indicativo do seu estado fisico/emocional, o que levaria o produtor a uma observação mais cuidadosa do animal e confirmar ou não um possível cio.

Como pequeno produtor de leite em Rio Pomba, Zona da Mata Mineira, vivencio este problema constantemente.

Mesmo minhas vacas estando com um bom índice corporal, entre 3 e 4, em algumas delas não consigo ou demoro detectar o cio, chegando mesmo a ficar um ano produzindo leite mas também sem cruzar.

Obs: Tenho entre elas um touro mas priorizo a inseminação, sempre que possível.

Onde estará o erro? Na alimentação? Mas é mesma para todas e com outras não tenho este problema.

Enquanto aguardamos a evolução de pesquisas como esta, talvez a solução seja o descarte da vaca.

Obrigado.

Rogério
UANDERSOM ATHAYDE MOURA

ITAGUAÇÚ - ESPÍRITO SANTO

EM 14/09/2007

Professora, o ambiente desfavoravél pode alterar o ciclo estral da novilha?
Se alterar, o que devo fazer para minimizar este problema, economicamente falando?

<b>Resposta da autora:</b>

As novilhas, como têm metabolismo menor que as vacas, são menos afetadas pelo estresse térmico, pois a produção de calor é menor e a dissipação consegue
controlar a temperatura corporal de formas mais
efetiva. Mas em condições extermas também podem ser afetadas. Para minimizar o problemas devemos mante-las em piquetes sombreados e confortáveis.

Ricarda

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