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A arte de gratificar a vaca

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 10/05/2006

5 MIN DE LEITURA

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Você deu uma gratificação a alguma vaca recentemente? Dar uma gratificação tornou-se uma moda! Se você digitar "cow tipping" no Google.com (um mecanismo de busca da Internet), você vai encontrar pelo menos 8 mil sites que lidam diretamente com "cow tipping".

Infelizmente, nenhum se refere diretamente a dar uma gratificação a vacas como um meio de recompensá-las por um trabalho bem feito. Você com certeza já deu uma gratificação a um garçom por ter feito bem o seu trabalho. Certo? E você está recompensando suas vacas por um trabalho bem feito? Bem, na verdade, fica claro que as vacas que recebem melhores gratificações são provavelmente aquelas que estão em rebanhos com melhor manejo.

Estes rebanhos produzem mais leite e mais leite significa mais lucros, de acordo com os dados Telfarm (2001) de Michigan, a receita líquida da fazenda por vaca aumentou de forma linear de US$ 524 para US$ 879 com o aumento da produção de 8.600 Kg para 13.150 Kg de leite vendido/vaca/ano.

Os limites do potencial genético estão sendo forçados mais do que nunca. A somatotropina bovina (bST), ordenhas três ou quatro vezes por dia, aumento no mérito genético e novas tecnologias vão continuar forçando os limites de produção das vacas leiteiras. A questão é: Você está cuidando com amor e carinho das suas vacas como elas precisam para alcançar todo o seu potencial? Você está dando uma gratificação para suas vacas?

Há numerosos rebanhos que estão alcançando a marca de 13.500 quilos e até mais. Estas fazendas estão alcançando estes marcos pela genética ou por um manejo mais intenso? É interessante que a diferença na produção de leite devido à genética em um rebanho com 6.810 kg e um com 13.500 kg é de apenas 454 kg. A diferença restante é devida principalmente ao manejo.

Em outras palavras, há um grande potencial a ser alcançado na produção de leite pela intensificação do manejo de nossos rebanhos. Isto quer dizer que a genética não é importante? Claro que genética é importante! Uma produção adicional de 454 kg por ano significa US$120 por vaca e é um aumento permanente na produção. Em muitos rebanhos, este é um valor significativo na margem de lucros.

A produção e de leite e a reprodução caminham lado a lado

Diversos estudos durante as duas últimas décadas indicam que quanto maior a produção de leite de um rebanho, maior é a dificuldade em fazer com que as vacas emprenhem. Mas isto significa que as vacas de produção mais alta são as que têm mais dificuldade de emprenhar?

Não necessariamente! Dados recentes de um estudo de Peters e Pursley (2000) mostram resultados diferentes. Em um estudo desenhado para testar um protocolo de sincronização, encontraram algumas informações interessantes sobre a relação entre a produção de leite e a fertilidade. Para analisar a relação entre a produção de leite e a reprodução, as vacas foram divididas com base na produção média diária de leite por vaca de acordo com os dados coletados no dia de avaliação mais recente.

A inseminação artificial (IA) foi realizada 2 semanas depois do dia de avaliação. Todos os dados eram da primeira inseminação, entre os dias 65 e 71 da lactação. Resultado final: vacas com produção de leite acima da média apresentaram taxas de concepção maiores do que as vacas com produção abaixo da média (tabela 1). Por que? Provavelmente porque eram mais saudáveis e provavelmente porque mais vacas do grupo abaixo da média tinham um problema ligado à saúde na parição ou no início da lactação.

Tabela 1. Relação entre produção de leite e taxas de concepção em vacas
leiteiras em lactação

 


Há duas maneiras pela qual a reprodução pode afetar a produção de leite:

1) Transtornos reprodutivos podem diminuir o pico de produção de leite;

2) Ineficiências reprodutivas como a baixa detecção de estro e taxas de concepção, período seco e intervalo entre partos prolongados.

Os transtornos reprodutivos que podem reduzir o pico de produção de leite incluem: partos gemelares, natimortos, distocia (partos difíceis), retenção de placenta, metrite e piometra (infecção uterina). Vacas com cetose e torção do abomaso têm maior probabilidade de ter uma infecção uterina.

Entre estes transtornos, os partos gemelares podem ter o efeito mais profundo sobre a produção de leite e o desempenho reprodutivo subseqüentes. As vacas que têm gêmeos têm maior probabilidade de ter retenção de placenta, metrite, piometra, redução do pico de leite e um maior potencial para problemas reprodutivos. As vacas com cetose e torção do abomaso têm maior probabilidade de ter uma infecção uterina.

Diversos rebanhos leiteiros nos Estados Unidos tiveram um aumento substancial no número de partos gemelares nos últimos anos. Dados de Wisconsin sugerem que está ligado a um aumento na produção de leite devido ao maior número de ovulações duplas.

A maioria dos problemas associados a gêmeos podem ser atenuados pela intensificação do manejo de vacas com prenhez gemelar. Assim o preparo destas vacas para a lactação subseqüente assume grande importância. Obviamente, é muito importante saber que as vacas estão prenhes de gêmeos. Se o seu veterinário não estiver procurando gêmeos no diagnóstico de prenhez, isto é algo que você poderá solicitar.

Muitos veterinários estão usando ultrassom para o diagnóstico de prenhez para obter maior precisão de diagnóstico, porque o ultrassom permite diagnóstico mais precoce de gêmeos do que a palpação. Não dispomos atualmente de maneiras de diminuir os números de ovulações duplas, mas há algumas coisas que podem ser feitas para permitir um melhor pós-parto para estas vacas.

Uma vez identificadas as vacas com prenhez gemelar, esta informação pode ser usada para assegurar que haja tempo suficiente no grupo de vacas pré-parição (lembre-se, vacas com prenhez gemelar geralmente parem mais cedo), para garantir que as vacas tenham o escore de condição corporal ideal à parição (estas vacas geralmente estão magras à parição), e para assegurar que haja um cuidado especial para a vaca no momento da parição.

Avaliar dieta e a administração de bST ao final da lactação são importantes não apenas em vacas com prenhez gemelar, mas também para outras vacas que podem estar muito gordas ou muito magras nesta época. Transtornos que resultam das dificuldades na parição, como metrite e piometra, podem algumas vezes ser inevitáveis. Mas na maioria dos casos podem ser evitados pela limpeza e higienização adequadas das baias de parição.

Resumindo, gaste um pouco do dinheiro ganho a duras penas sob forma de uma gratificação para as suas vacas. Dê a elas o tratamento que merecem e elas retribuirão. A produção de leite e a reprodução caminham lado a lado. Cuide das estratégias de manejo que melhoram a reprodução e, por sua vez, a produção de leite, a saúde e a felicidade das vacas serão maximizadas.

Este texto é parte da palestra apresentada por Richard Pursley, no X Curso de Novos Enfoques na Reprodução e Produção de Bovinos, realizado em Uberlândia em março de 2006.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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