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Precificando a mão-de-obra em fazendas de leite

POR JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

COWTECH

EM 29/08/2012

8 MIN DE LEITURA

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Quanto “vale” um bom funcionário hoje?! O que é um bom funcionário?! É possível ainda encontrarmos bons funcionários no campo?! Outro dia, conversando com um consultor, amigo e parceiro de longa data, ouvi: “é assim mesmo, João... você contrata uma pessoa, investe nessa pessoa, forma essa pessoa. Quando ele começa a entender e aprender, um colega de atividade, no desespero, vem e leva seu funcionário... e é assim, mesmo. Quando você precisa, acaba fazendo o mesmo e o mercado funciona dessa forma...” Será que podemos aceitar este conceito? Será que realmente temos à nossa disposição um contingente efetivo de mão-de-obra para trabalhar em fazendas que caracterize um mercado em si?! Há oferta? Há interesse? O jovem de hoje está disposto a encarar os desafios de uma fazenda leiteira? Eu arrumo um funcionário hoje, você arruma outro amanhã. Nosso amigo ali contratou dois, hoje. É isso mesmo ou o quadro está complicado como muitos revelam....
A tão falada mão-de-obra (que até já foi pauta e tópico de outras publicações do Porteira Adentro (www.milkpoint.com.br/mypoint/11521/p_o_desafio_da_mao_de_obra_74.aspx e https://www.milkpoint.com.br/mypoint/11521/p_maodeobra_desafios_para_novos_tempos_2169.aspx) , continua sendo extremamente debatida não só entre agentes do mercado rural, como também em diferentes segmentos e setores da nossa economia. Todos estão em dificuldades, falta dinheiro ou está muito difícil de se ganhar, diriam outros... Enfim, o que está acontecendo? Falta dinheiro, mas a economia está aquecida (nem tanto para uma parte do grande empresariado). Há grande demanda por mão-de-obra e enorme acesso ao crédito (principalmente consignado), merecendo destaque a classe C. Hoje tudo é possível. O que não acontecia no passado. Eletrodomésticos, carros, vestuário, alimentação: tudo parcelado, à prazo. E “La nave và....”.

De que forma a breve e, resumida descrição do cenário acima acaba afetando a “nossa economia” ou o nosso setor, dentro das fazendas? De certa forma, acredito que estamos passando por um período de transformações, caminhando cada vez mais para a automação e, conseqüentemente para uma menor disponibilidade de trabalho não qualificado. Então surge a pergunta: é possível administrar uma fazenda somente com mão de obra qualificada?

Compromisso:

Quando analisamos seriamente o que seria “mão-de-obra qualificada” encontramos uma série de equívocos. Recentemente tive a experiência com um “tratorista” cujo último emprego havia sido numa gigantesca empresa com áreas de reflorestamento. O rapaz não tinha mais que 25 anos. Perguntei, na entrevista: “com que trator você trabalhava lá?”. Resposta “ah, eu trabalhava com um BH110 e um BH180... hora com um, hora com outro”. Eu fiquei tranqüilo. Pensei: “puxa, esse cara opera máquina de 110 a 180 cv... tratores caros, com certeza vai tirar de letra as tarefas de uma mera fazenda de leite”. Resultado: um desastre! Para operar um MF265, “queixo-duro” o pobre rapaz, não sabia nem onde ficava a marcha reduzida... (um pequeno Massey, acredite!) Culpa de quem? Culpa do trabalhador? Culpa da grande empresa? Negativo. Podemos dizer que a culpa é do mercado atual, ou seja, tal problema faz parte da conjuntura e cenário atual referente à qualificação dos trabalhadores disponíveis e que ainda estão com suposta vontade de trabalhar no campo. Devemos ressaltar que há uma escassez generalizada de mão-de-obra não somente por questões numéricas (há trabalhadores no mercado), mas também por questão de falta de compromisso. Não há mais compromisso e responsabilidade na classe trabalhadora em função das facilidades vigentes. Seguro-desemprego, bolsa-família, bolsa-salário, bolsa-escola, fundo não sei o quê, auxílio não sei que lá... uma festa! E crédito disponível na praça. Hoje, nossos trabalhadores têm acesso a uma enormidade de bens consumíveis. E o consumo traz a falsa sensação de felicidade e satisfação. Bem estar. Além disso, não há mais fome, de um modo geral, pelo menos nos estados mais desenvolvidos. A política assistencialista é muito forte e a relação entre o esforço, o lavoro, pela troca do sal.... (salário) foi para o espaço! Dessa forma, não há compromisso. Não há necessidade de se fixar num emprego. O emprego e o trabalho, propriamente dito, não têm mais valor. Se não há oferta de um bom emprego num dado momento e todas as oportunidades remunerarem apenas o mínimo (salário), vamos escolher aquela que for mais fácil (não a que oferecer perspectiva de crescimento). O negócio é trabalhar o menos possível “sem encheção de saco”. Horário para entrar e horário sagrado para sair... condições bem diferentes das encontradas, usualmente, nas rotinas de fazendas (de leite em especial).

Tive a oportunidade alguns anos atrás de prestar serviço como engenheiro agrônomo na implantação de um projeto para uma prefeitura de um município muito pequeno e próximo de nossa propriedade. A população do mesmo conta apenas com cerca de 10.000 habitantes. Em contato com agentes da prefeitura local, trabalhei com uma nutricionista e tive acesso a alguns dados. Nesta cidade eram e ainda são servidas entre refeições nas escolas e serviços da assistência social cerca de 3.000 refeições diárias gratuitas (ou “gratuitas” porque nós, de certa forma bancamos isso tudo). Isso mesmo, 3.000 refeições diárias! Nada menos do que 30% das bocas de uma cidade inteira... Hoje o trabalhador pode abandonar o emprego ou “parar seco”, como muitos gostam de dizer, que não passam mais dificuldades. Sem compromisso e envolvimento fica muito difícil formarmos profissionais competentes. “Por quê vou me envolver, por quê vou valorizar essa fazenda, este empregador, este emprego? Todo mundo paga a mesma coisa hoje... aqui estou trabalhando no sol, suando... essas vacas são fedidas e dão muito trabalho. O mulher, vamos para cidade, vamos procurar emprego no supermercado...”

No caso da atividade leiteira, pelo menos no estado de São Paulo, a situação é ainda pior e mais séria. O nosso candidato ao cargo de tratorista, e “fritado” em uma semana pela minha pessoa é um ótimo exemplo. Sua carteira de trabalho apontava o valor de R$1.200,00 na grande empresa em que trabalhava, além de benefícios como cesta básica, plano coletivo de saúde, etc. Na agroindústria canavieira não é muito diferente, ou seja, jovens recebendo salários consideráveis. Claro que temos excelentes profissionais, responsáveis, merecedores, no entanto, são poucos e estes direcionados, quando possível, para colhedeiras ou caminhões (manipulação de implementos mais caros ou mesmo assumindo em alguns casos a gerência de frentes agrícolas). O que está errado? Criamos um “monstro” (ou nossa política criou). Muitos trabalhadores desqualificados foram incorporados às empresas atuando na plantação de eucaliptos, laranja e cana-de-açúcar. Estas firmas passaram a ser objetivo e referência para jovens em busca de emprego... “quero trabalhar na usina e operar um John Deere, cabinado, no ar condicionado. Deu meu turno, esqueço tudo e vazo!” É impressionante como há procura para se trabalhar em empresas de grande porte, mesmo com baixas perspectivas de crescimento dentro das mesmas (massa de manobra, um número, um operacional, apenas), mas e as fazendas de leite? Os sítios e pequenas chácaras? Como ficam nessa história? Onde ficam? Marginalização. Este é o termo. Duro.

Voltando à questão de valores e o exemplo do rapaz, o mesmo tinha boa formação, tinha estudado até o segundo ano colegial, aparentava ser um sujeito pró-ativo. No entanto somente sabia engatar primeira e segunda de um trator de grande porte “cabinado”, não John Deere, mas Valtra. Ao ser solicitado para uma função: muito mais inteligente e dinâmica, acabou enfrentando dificuldades. Na fazenda sua função seria operar um trator simples. No entanto teve que aprender a operar uma balança programável de um vagão total mix (TMR) e alimentar cerca de 10 categorias/lotes/dia. O implemento (vagão) que operou por poucos dias era auto-carregável, demandando apenas atenção e pouco esforço físico. O mesmo achou muito complicado o “sistema de trabalho”, pois tinha que acordar às 3:00 a.m. para iniciar o trato dos animais em produção. Muito cansativo e sacrificado, além da tal balança “muito complicada de entender”. Em outras palavras, a chance de operar uma máquina melhor, auto-carregável, com balança computadorizada, digital, que contaria como pontos e aspectos positivos em seu currículo foi menosprezada. “Melhor trabalhar na cidade...”

Ajustando os ponteiros:

É importante que no momento em que for realizada uma contratação o histórico de um trabalhador/candidato seja avaliado corretamente. Um funcionário como o acima descrito não tem qualificação, sequer para receber um salário mínimo. Trabalhando na cidade como guarda-mirim (não desmerecendo, claro, os jovens esforçados que realizam importante trabalho em muitas cidades do interior paulista) talvez recebesse soldo compatível com sua “vontade de aprender”. Na prática, foi avaliado de forma imprudente por um gerente de produção de grande empresa, no exemplo em questão, assumindo cargo indevido e inflacionando o mercado de forma imprudente. Não estou fazendo apologia a baixos salários, ressalto. Nada tenho contra bons salários no meio rural ou qualquer setor. Muito pelo contrário. Acho importante que o funcionário qualificado seja diferenciado dos demais pela sua capacidade e competência. Acho importante também atentar para o perfil de mão-de-obra que estamos criando ao classificar de forma errada um funcionário. Dentro do meu ponto de vista, temos uma grande distorção no mercado. Verificamos que um candidato tem o segundo grau incompleto. Certo. Então temos que pagar mais pelo seu salário, certo? Errado! É enorme a quantidade de analfabetos funcionais. No passado, meninos de 18 anos pediam empregos em fazendas, tendo trabalhado (acumulado experiência) no pé da enxada desde os 7, 8, 10 anos, no pé da enxada, ajudando sua família ou o velho pai. Hoje isso é considerado abuso e trabalho infantil. Autoridades consideram exploração do menor. O interessante é que conheço muitos que foram criados dessa forma. São os que ocupam os melhores cargos, hoje, no meio rural. São administradores ou gerentes. São responsáveis e envolvidos com o trabalho. A disciplina, educação e ordem eram regra naqueles tempos. Hoje não pode. Criança só pode estudar. Recebemos estes jovens, vindo da cidade, à procura de emprego. Opa, mas peraí a moça tem o primeiro ou segundo grau completo. “Ah, tá... me esqueci que estudaram na França!” Experiência? Zero! Tempo de trabalho? Zero! Disciplina? Zero! Notas na escola? Zero! Então quando as contas apertam, o pai manda trabalhar. Manda o filho(a) procurar emprego. Revoltados saem de casa. “Amasiados” (um termo muito moderno e atual), muitas vezes com um filho o pé e outro na barriga, jovens casais, com “boa instrução”, batem às nossas portas nas fazendas . Sem opção acabamos empregando tais pessoas. O importante é não se iludir, ser firme e dizer: “Filho, você quer emprego? Ok. Vai receber um salário para começar e vamos ver o seu desempenho...” (não perder a esperança e rezar para ter sorte e não ser mais um que deixará sua propriedade em menos de um mês!)

JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

Espaço para artigos e debates técnicos expostos por especialistas e equipe de consultores.

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GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/07/2013

Prezada Nagila Silva Dal Poz da Silveira: Obrigado por suas considerações. Todavia, a adoção de uma política de ganhos sociais não se restringe somente aos atos e vantagens em si, mas, fazem parte de um sistema de ideias que se solidificam no ganho de gestão e de produtividade com a adoção de uma técnica, segundo a qual, funcionário feliz e seguro é funcionário eficiente e perene. Tanto é assim que a taxa de permuta de funcionários, na Fazenda Sesmaria, desde que assumi a produção de leite na mesma, é quase zero e a fila de espera por uma oportunidade no empreendimento é grande (desde trabalhadores braçais até profissionais de nível superior).
Num cenário em que vivemos, onde a mão de obra é escassa e a "luta" pela de qualidade é hercúlea, qualquer "plus" que for implementado é lucro.
Finalmente, separo muito as coisas em minha vida - a profissão de Advogado não se mistura com a de produtor de leite, embora admita que, no começo, alguma fonte de renda externa - advinda, inclusive, da Advocacia - ajudou na implantação do sistema de manejo que hoje temos na Fazenda Sesmaria. Mas, de há muito isto não acontece.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
ALFA MILK
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ OITO ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
www.fazendasesmaria.com
MARCELO WADDINGTON

BELA VISTA DE GOIÁS - GOIÁS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 23/07/2013

Em resposta às tuas considerações sobre o meu comentário, desejo acrescentar que não propus uma visão maniqueísta, de certo ou errado. É claro que professores são mal pagos, e daí a péssima qualidade de ensino, pois não há incentivo para seu aprimoramento. Torno a colocar uma questão prática: sem milho não tem pipoca, ou seja, sem salário que atenda a expectativa da mão de obra, só se consegue gente muito aquém da necessidade da qualidade profissional necessária. Poderia ser diferente, mas não é. O mercado não é modificável por nós, nós é que devemos nos adaptar ao mercado. A URSS tentou durante 75 anos, e não funciona, derrubaram o muro de Berlim. Agora, trabalhar para um melhor equilíbrio da cadeia produtiva é mais viável, e se consegue através de organização, representação sem peleguismo( dentro e fora do cooperativismo), lobby junto à representação política etc... A busca da eficiência é trabalhosa e cara, mas possível. E tem
mais: fazer a mesma coisa e esperar um resultado diferente é uma definição clássica de insanidade. Ou se muda ou se faz churrasco com as vacas.
NAGILA SILVA DAL POZ DA SILVEIRA

CAMPINA DA LAGOA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/07/2013

parabéns ao sr. Guilherme, pela visão de patrão, mas eu acho que a profissão de advogado e que da suporte a atividade leiteira que ele exerce, porque aqui onde moramos
o leite que hoje vendo ( 300 litros ) dia a 0,91 ( veja bem o maior valor no pico de entre safra) mal da para o proprietário se manter , quem dirá pagar plano se saúde para um funcionário. Eu estava confiante que o leite pra nos iria se tornar um valor em real,mas pelo visto vai continuar sendo centavos.
abraco a todos
NAGILA SILVA DAL POZ DA SILVEIRA

CAMPINA DA LAGOA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/07/2013

parabéns ao sr. Guilherme, pela visão de patrão, mas eu acho que a profissão de advogado e que da suporte a atividade leiteira que ele exerce, porque aqui onde moramos
o leite que hoje vendo ( 300 litros ) dia a 0,91 ( veja bem o maior valor no pico de entre safra) mal da para o proprietário se manter , quem dirá pagar plano se saúde para um funcionário. Eu estava confiante que o leite pra nos iria se tornar um valor em real,mas pelo visto vai continuar sendo centavos.
abraco a todos
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/07/2013

Prezado Marcelo,

Agradeço pela sua participação!

Concordo quando diz que pelo serviço que realiza o trabalhador rural (não vamos direcionar apenas para o leite) devesse ser melhor remunerado. No entanto, fazendo uso da mesma analogia, diferentes profissionais em nosso país não são devidamente reconhecidos a começar por professores, médicos e técnicos extensionistas do meio agropecuário. Logo, infelizmente, temos que lidar com as adversidades e tentarmos propor soluções para as questões efetivas, existentes.

Que há solução, certamente há. O prazo, talvez, para que as mudanças aconteçam, não seja o ideal ou o suficiente para que tenhamos tempo de contemplá-las.

Um abraço!
MARCELO WADDINGTON

BELA VISTA DE GOIÁS - GOIÁS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 22/07/2013

Li o teu artigo e identifiquei as suas queixas com as de um cunhado meu, produtor de leite.
Não adianta imaginar distorções no mercado. As distorções estão nas relações da cadeia produtiva do leite, que é vendido na ponta, para o consumidor final, com mais valia de 200%. Um cara com o perfil necessário para trabalhar em nossa atividade deveria ganhar bem mais do que o preço recebido pelo produtor permite.
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/01/2013

Prezado Bruno,

Não há uma receita específica para se resolver um problema tão complicado como a questão da qualificação da mão-de-obra.

Em casa procuro estar sempre conversar com os funcionários com cargo de maior responsabilidade e cobrá-los. Procuro sempre explicar a importância do trabalho deles e o motivo de realizarmos determinados procedimentos e rotina dentro de uma fazenda. Procuro fazer com que os encarregados de setor tenham essa consciência e pensem ou caminhem na mesma direção que eu estou caminhando. Exijo que os mesmos transfiram e cobrem de seus subordinados da mesma forma que eles (encarregados) são cobrados. Isso nem sempre dá certo, temos conflitos, algumas vezes. Isso faz parte da rotina e "força", de certa forma, a montarmos equipes com pessoas mais compromissadas. Confesso, entretanto, que está muito complicado atender a este último requisito e acredito que o maior desafio não seja a questão salarial, mas sim a alta oferta de empregos com salários semelhantes, fazendo com que o funcionário cada vez mais não crie vínculos com aquilo que faz, com o emprego ou função que exerce. Neste aspecto procuro incentivar e selecionar os melhores, deixando claro que os envolvidos poderão crescer dentro da fazenda em termos de salário e cargo, desde que correspondam e assumam maiores responsabilidades.

Um baita desafio!

Um abraço!
BRUNO

VARGINHA - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 08/01/2013

Boa noite João Paulo,
Gostaria de saber quais estratégias utiliza para captar e manter os funcionarios em sua fazenda, pois esta esta cada vez mais complicando adquirir mão de obra e a única alternativa que se encontra é remunerar melhor os funcionarios e os encargos sociais e o gastos para manter a fazenda são muito altos.
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/12/2012

Prezado Ronaldo M. Gontijo,

Novamente agradeço sua pela sua participação e concordo, plenamente, com suas colocações.

O "sistema", apresenta problemas, mas a questão da "vontade própria" que você colocou é muito importante e pode ser um diferencial.

Realmente, quem procura algum técnico/profissional, remunerando o mesmo pelo seu trabalho, cobra resultados. No caso de assistências gratuitas, isso nem sempre acontece, então muitos problemas são gerados para ambas as partes (produtor e técnico).

Um abraço!
RONALDO MARCIANO GONTIJO

BOM DESPACHO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/12/2012

Prezado João Paulo,

Não posso deixar de manifestar minha opinião sobre a questão da qualidade do ensino. Está fraco, e com toda razão. Veja a situação dos professores nos dias de hoje, os alunos vem de casa sem noção de educação ( no sentido de respeitar), fazem o que querem na sala de aula, se o professor chama a atenção ou da algum castigo vem logo o pssoal do conselho tutelar, com policia, advogado, etc., querendo processar, arrancar indenização, por na cadeia e tudo que se imaginar, nossa sociedade está invertendo os valores, o respeito acabou. E onde não existe respeito o que se tem é isto, uma sociedade imprestavel.
Tem profissionais que se assustam com a falta de conhecimento dos produtores e trabalhadores rurais, mas isto é o de menos. Pior mesmo é quando eu converso com alguém que tem curso superior e vejo que o mesmo entende menos de produção de leite que eu. Isto sim é de matar de raiva! Não vou nem culpar as universidades, a culpa maior é dos estudantes que não tem vergonha na cara de frequentar um curso e não ter vontade de aprender. Pensam que o produtor é um ignorante que não sabe nada e que qualquer coisa que disserem ele acredita, mas estão enganados. Hoje quem não entende de nada nem procura ajuda profissional, mas os que procuram sabem muito e exigem alguém que saiba muito mais que eles.

Um abraço

Ronaldo
ELENAR JOSÉ FERREIRA

CAXIAS DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/12/2012

Bom dia

Tenho muito interesse em morar nesta região. Se souberem de possibilidades de emprego por favor me comuniquem.
Gostaria de receber informações sobre concurso público.
Tenho mais de 15 anos de experiência profissional. Especializado em produção leiteira.
Diversas experiências agroecológicas.
Disponível para mudanças e viagens.
Concluindo mestrado em Sociologia Rural.
Já fui membro do Conselho Nacional de Pesca (CONAPE).
Residente em Caxias do Sul- RS.
Elenar José Ferreira
Médico Veterinário
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/10/2012

Prezado Raoni Beni Cristovan: Obrigado pelos elogios. Mas, como Advogado Trabalhista e Produtor Profissional de Leite, não faço mais que minha obrigação em valorizar aqueles que destinam suas forças de trabalho ao meu empreendimento. Aliás, esta deveria ser a atitude de todos os que têm empregados a seu dispor, seja em que setor estiverem fincados seus ramos de negócio.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ SETE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/09/2012

Prezado Raoni e demais participantes do debate,

Segue a continuação do seu, texto e considerações. Muito obrigado.

Abraço!
RAONI BENI CRISTOVAM

DRACENA - SÃO PAULO - ZOOTECNISTA

EM 13/09/2012

Então tenho que trabalhar com muita paciência e fazer muitas vezes o papel que o ensino público deveria ter pelo menos feito o básico. Isso em se tratando de qualidade de leite, onde a mesma dificuldade é encontrada em nutrição, bem - estar entre outros.
Contudo caso haja uma melhora no ensino no país, conseguiremos bons resultados, porém a longo prazo em minha opinião, devido a substituição das geração.
Por outro lado também a mão-de-obra mais instruída e também a menos, não vêem o meio rural para trabalhar como atrativo de jeito nenhum, onde devido a experiência que tive em algumas regiões do país, o trabalho no campo é visto como um lugar onde a mão-de-obra é vastamente explorada e " passada para trás", principalmente a árdua jornada de trabalho e também o trabalho de muitas horas extras não pagas, onde o funcionário descobre e como qualquer pessoa sente-se lesada e como consequência fica totalmente desmotivada, e querer mão-de-obra eficiente em situações como essa, acredito ser impossível em qualquer lugar.
Não sou revolucionário trabalhista e bem sei que os custos com funcionário no Brasil é algo muito caro e sério, visto que sou recém formado e vi muito isso. Enfim só coloquei algumas visões em pauta para serem discutidas.
Por último parabenizo o senhor Guilherme como empregador e também o senhor João Paulo pela matéria.

Abraço a todos.
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/09/2012

Prezado Caio Gomes,

Agradecemos sua participação e manifesto!

Um abraço!
CAIO GOMES

IPERÓ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/09/2012

A verdade é que é um ciclo:

O Governo menospreza o campo;
O Governo supervaloriza a indústria;
A Indústria repassa uma mínima parte de seu enorme lucro(que não fica no país) ao funcionário, através de mil benefícios;
O Campo toma. E ainda somos os maus pagadores da história.


Acordem Governantes, nossa riqueza está bem abaixo de seus calçados italianos!!!
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/09/2012

Prezado Raoni Beni Cristovam,

Obrigado pela participação e comentários!

Realmente, a questão da qualificação da mão-de-obra é um desafio comum, hoje à todos os segmentos da nossa economia. De certa forma, não temos alternativa. Temos que persistir e enfrentar a situação, tentando resolver os obstáculos. A dica que lhe passo é não tentar resolver todos os problemas de uma única vez. Procure enumerá-los, de acordo com prioridades e trabalhe focado em resolver um de cada vez. Muitas vezes, quando abrimos muitas "frentes" acabamos passando excesso de informação e isso acaba comprometendo o resultado do nosso trabalho.

Trabalhar com qualidade de leite é fundamental e, principalmente nos dias atuais com programas de pagamento por qualidade sendo aderido e implantados por número cada vez mais de laticínios. Continue firme e bom trabalho.

Um abraço!
RAONI BENI CRISTOVAM

DRACENA - SÃO PAULO - ZOOTECNISTA

EM 13/09/2012

Boa tarde João Paulo!

Parabéns pela reportagem, e já de antemão quero parabenizar os comentários do senhor Guilherme como exemplo de empregador e também o senhor Paulo Mulbach pela análise no deficiente ensino básico e médio no país, onde quando nós profissionais vamos a treinar estas pessoas, nos limitamos muito devido a tanta ignorância da grande maioria dos trabalhadores que atuam no campo, ficando difícil passar os ensinamentos técnicos que exigiriam um mínimo de conhecimento do ensino básico e médio.

A exemplo disto posso citar a grande dificuldade que enfrento ao treinar os produtores de um laticínio que presto consultoria aqui na minha região, principalmente na questão da qualidade de leite, um dos meus principais enfoques de trabalho. As minhas explicações técnicas são tanto para funcionários, quanto para os próprios produtores, todos eles com graus de instrução muito ruins, onde muitos não tiveram a oportunidade de estudar mesmo e outros até tem o 2º grau, mas com um ensino horrível.
Então voltando ao assunto qualidade de leite, imaginem a dificuldade enfrentada quando vou explicar sobre CBT e CCS por exemplo, aí já envolvem detergentes alcalinos e ácidos e os porquês, minha nossa é um caos na cabeça que fica muito difícil passar o conhecimento mínimo sobre o assunto.
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/09/2012

Prezado Guilherme,

Seu comentário atual resume e traduz uma realidade, de fato e de modo correto sob o meu ponto de vista. Existe um preconceito muito forte em relação ao campo e a conotação assumida é essa mesmo. Eu vejo no meu caso. Estudei no ensino médio em colégio particular, reputação. A maioria dos meus amigos(as) foram para buscar a formação em medicina, odontologia, direito e administração. Alguns engenharia. Eu fui para o rol das excentricidades. "Nossa, você vai trabalhar com terra, com caipiras". Numa rodinha, risadas em geral. Sim "vou trabalhar com aquilo que toca 30% do PIB nacional, apenas!".

A ignorância predomina e de modo errado é associada à pobreza. Pobres, não são ignorantes porque querem. São ignorantes em sua maioria porque não tiveram acesso e/ou oportunidades e muitos são inteligentes. Não podemos confundir ignorância com inteligência. São coisas completamente diferentes.

Por isso que aqueles que tiveram acesso e melhores oportunidades devem se manifestar, votar corretamente, dar exemplo, tentar dentro do possível orientar e ajudar os mais necessitados da maneira que puderem.

Acredito que não consigamos nem venhamos em nossas vidas resolver as questões, problemas e desafios do Brasil, mas podemo colaborar. Temos obrigação de fazer bem feito no papel, acreditando em nosso país e sempre nos unindo às pessoas inteligentes de modo que possamos partir para o além, um dia, com a consciência tranquila de ter criado raízes sólidas e ter vivido da melhor forma possível mediante a era e momento em que estamos atravessando.

Um abraço, até!
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/09/2012

Prezado João Paulo V. Alves dos Santos: O grave problema é que, no Brasil, a cultura desmerece aos trabalhos menos tecnificados. Lembro-me bem que, nos Estados Unidos da América, durante as férias escolares, estudantes (mesmo os de classe alta, que moravam em mansões) aproveitavam o período para trabalhar para os outros cortando grama, pintando casas, entregando jornal, cuidando de crianças, tudo para auferir alguns dólares para si próprios. Aqui, se fizermos isso, somos taxados como pobres (como se isso fosse algum demérito). Destarte, como os trabalhos campesinos são pesados e, portanto, eram, nos tempos coloniais, executados por escravos, criou-se a ideologia que os mesmos são destinados aos sem cultura, aos sem dinheiro, aos que não têm outra perspectiva que a de acordar de madrugada, trabalhar duro o dia inteiro, aos de pouco merecimento social. Nós, apesar de subdesenvolvidos, temos empregados domésticos (artigo de extremo luxo, em países do primeiro mundo, destinado a bem poucos e remunerado a peso de ouro) e outros serviçais que executam tarefas que nós mesmos, com boa vontade, poderíamos, perfeitamente, executar. Todavia, há casos em que o emprego de mão de obra é imprescindível e, portanto, deve-se remunerar, condignamente, ao trabalhador, pois nem todo mundo possui uma família afeita ao campo, que pretenda abraçar à causa agropecuária. Isto, por lado outro, não pode ser taxado de ineficiência, porque, em grande parte, não passa de necessidade premente.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
=HÁ SETE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=

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