O objetivo deste artigo é esclarecer a eficiência de tal medida de manejo aos produtores que a adotam ou pensam em incorporá-la ao dia a dia de suas fazendas.
Técnicos e produtores estão sempre discutindo a polêmica que envolve o manejo nutricional de uma fazenda, mais especificamente durante o período de transição (15 dias antes e após o parto), em função da dificuldade de manter o consumo de matéria seca (MS) em padrões desejáveis, de modo que o mesmo venha a suprir as exigências do animal durante este período delicado e preponderante no desempenho animal.
O balanço energético negativo inicia-se antes mesmo do parto e quanto mais leite um animal produz, maior é a sua demanda por nutrientes. Logo, as melhores vacas são aquelas que se encontram em situação mais vulnerável, quando nos referimos à possibilidade de ocorrência de distúrbios metabólicos no pós parto. Por este motivo, a condição corporal no pré parto é uma ferramenta importante para o monitoramento dos animais. Animais excessivamente gordos (condição acima de 4,0; 4,5), tendem a mobilizar maiores quantidades de reserva corporal (gordura), aumentando o teor de ácidos graxos livres na circulação sanguínea, que por sua vez, acumular-se-ão no fígado, tornando-o gorduroso, dando origem ao quadro que chamamos de cetose.
Com o intuito de estimular o consumo e, conseqüentemente elevá-lo durante este período (minimizando os problemas metabólicos e maximizando a produção de leite) alguns produtores adotaram o manejo de ordenhar os animais antes do parto, alegando ser benéfico em termos de saúde de úbere (diminuindo a incidência de mastite) e estímulo à ingestão de MS.
O que verificamos é que existe uma escassez de dados de pesquisa sobre o tema, em valores numéricos significativos a ponto de adotarmos uma recomendação. O Dr. Ric Grummer, pesquisador da Universidade de Wisconsin (EUA), realizou uma comparação entre 20 animais, publicada no Journal of Dairy Science, janeiro de 2000. A avaliação foi feita da seguinte forma: 10 vacas foram ordenhadas antes do parto, nos 10 dias finais de gestação, ao passo que outro grupo de 10 vacas não foi ordenhado.
Os resultados demonstraram um aumento médio no consumo, para as "vacas ordenhadas" antes do parto, em relação às "não ordenhadas", de aproximadamente, 1,3 kg de MS. Segundo o pesquisador, a realização da ordenha antes do parto estimulou o consumo de MS o consumo, no caso dos animais avaliados, mas não alterou o comportamento padrão (curva) decrescente da ingestão de MS. De acordo com os dados experimentais, a média de produção das vacas pré ordenhadas foi de 2,5 litros antes do parto e 10 litros após a parição.
Neste mesmo experimento, foram avaliados parâmetros como a medição do nível de triglicerídeos no fígado dos animais. Em termos percentuais, os teores destes, nos animais pré ordenhados, foi de 16,2 contra 13,3 daqueles que não foram pré ordenhados, indicando a ineficiência desta prática de manejo como prevenção à cetose, por exemplo.
Podemos concluir que, neste experimento, não houve benefício da prática de pré-ordenha dos animais na ocorrência de cetose e fígado gordo, embora o aumento de consumo possa ser um dado que venha a ter implicações positivas e merece ser melhor estudado.
fonte: Dairy Herd Management abril 2000