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O crescimento e o desafio da prestação de serviços na pecuária de leite

POR JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

COWTECH

EM 12/05/2013

8 MIN DE LEITURA

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Nos últimos anos, linhas de crédito foram criadas e uma gama de facilidades foi gerada para impulsionar a economia em diferentes segmentos. No setor agropecuário não foi diferente. No passado conversávamos com produtores que se queixavam não ser possível crescer pela dificuldade em se adquirir máquinas e equipamentos de ponta a preços acessíveis. Essa realidade mudou. O desempenho e crescimento de feiras, como a Agrishow (Ribeirão Preto-SP) reconhecida como a grande oportunidade anual para realização de bons negócios, provam a força do setor. Com a redução dos juros pelo Governo Federal e política de taxas para bancos públicos como Caixa Federal e Banco do Brasil temos diferentes pacotes disponíveis e opções de financiamentos. Desde recuperação e reforma de pastagens ao manejo conservacionista do solo; projetos envolvendo melhorias e proteção ao meio ambiente e programas para compra de matrizes com taxas e prazos bastante interessantes.

Se por um lado vivemos esse “boom” em termos de opções e crescimento, enfrentamos problemas sérios como a escassez de mão-de-obra qualificada para operar determinados equipamentos e implementos. Antigamente, em fazendas, funcionários operavam tratores “queixo-duro”, robustos e totalmente mecânicos. Hoje é difícil não adquirirmos um trator novo, mesmo que de menor potência, por menos de R$65.000,00, por exemplo, e dotados de diferentes recursos. São novos ítens de série disponíveis, mais conforto e segurança, melhores sistemas de transmissão e conjuntos elétricos. Máquinas mais modernas. Na mesma direção encontramos as opções para alimentação de rebanhos com vagões total mix autocarregáveis, misturadores para fábrica de ração, balanças para pesagem de animais, sistemas de ordenha (ordenhadeiras), bombas para manejo de esterco, separadores de dejetos, equipamentos para climatização visando o conforto animal... Por mais absurdo que seja, há cerca de 10 anos, a maioria dos sistemas de ventilação em projetos eram “engenhocas” ou produtos adaptados como ventiladores de granjas instalados em galpões free-stall. Hoje sabemos que conforto animal é uma ciência e que ventilar, apenas, sem pensarmos em volume de vento controlado (m3/s) alternado com aspersão, são medidas ineficazes. Para tal, encontramos no mercado empresas que fornecem equipamentos capazes de gerar grande fluxo de vento e controladores de aspersão que desligam o equipamento e molham os animais em ciclos alternados, de acordo com programação e controle de temperatura do ambiente. Da mesma forma, quando pensamos num confinamento e verificamos a relação custo x benefício entre um vagão distribuidor e um total mix, com balança programável, ficamos em dúvida. O que vale mais a pena? Carregar “braçalmente” um vagão de 4 metros cúbicos ou ter um pequeno total mix autocarregável? Realizar controle leiteiro 1 vez por mês e compilar todos os dados em planilhas, manualmente, ou ter um sistema de ordenha informatizado com chips para identificação dos animais com controle diário da produção e monitoramento da atividade animal, otimizando o manejo reprodutivo de uma fazenda?

Quando vamos investir e colocamos os prós e contras na ponta do lápis, temos dúvidas e limitações financeiras. Ao avaliarmos os benefícios que a adoção de tecnologia pode agregar para simplificação e otimização do manejo de fazendas xs preço do equipamento e o valor das parcelas de um financiamento concluímos, em muitos casos, que a opção pelo mais caro e melhor pode ser viável, sim! (ou mais vantajosa). A história até aqui é muito bonita e interessante de ser contada, mas há um outro lado complicado e difícil associado a essa discussão que está se tornando um verdadeiro dilema: há mão-de-obra qualificada para operar sistemas e equipamentos mais avançados no Brasil? Essa é a primeira questão. Um segundo desafio muito sério refere-se a prestação de serviços em termos de assistência técnica e manutenção destes equipamentos. O país avançou muito na produção e comercialização de máquinas agrícolas e pecuárias, em geral, no entanto ainda não temos qualificação profissional e volume de prestadores de serviços, suficientes para dar conta e atender, com eficiência, a presente demanda. Em visitas técnicas a diferentes fazendas, tive a oportunidade de conversar com produtores que estão formando mão-de-obra própria  para suprir deficiências que deveriam ser plenamente garantidas por quem vende os equipamentos. Quanto mais complexo for um equipamento, maior risco corre o produtor de “ficar na mão” em momentos cruciais.

Constantemente sou consultado sobre sistemas de ordenha. Qual máquina comprar?, qual modelo?, como projetar uma ordenha?. Não tenho preferência por equipamentos ou modelos, costumo responder, mas sim por assistência técnica eficiente e capaz. Quem produz leite sabe que não há nada mais desesperador e desagradável do que ter um problema que impeça a extração do leite no momento mais indesejado, ou seja, quando as vacas estão na sala de espera. Infelizmente, a “lei de Murphy”, “o saci” e “bruxarias” costumam acontecer sempre nas datas e momentos mais inoportunos como domingos ou feriados e em finais de tarde, por exemplo. Nessa hora do desespero, o que fazer? É necessário ligar para a revenda/assistência técnica e sermos bem atendidos. Pergunta: isso existe? Resposta: sim, existe. Conheço revendas e assistências técnicas, extremamente, competentes e profissionais que não deixam o produtor na mão, seja a data que for. No entanto são exceções e não a realidade da nação. Essa talvez seja uma das grandes diferenças entre países mais desenvolvidos e competentes na produção de leite, como por exemplo, a Nova Zelândia. Recentemente o MilkPoint realizou viagem técnica naquele país. O diretor da AgriPoint e coordenador da excursão, Marcelo Pereira de Carvalho, relatou caso bastante interessante sobre o tema. Conversando com uma técnica brasileira que estava trabalhando na ordenha de uma fazenda equipada com ordenha tipo carrossel, a mesma contou sobre um episódio interessante e desafiador no dia-a-dia da atividade. Minutos antes da ordenha da madrugada, o sistema travou, às 4:00hs da manhã. As vacas estavam contidas, dentro do sistema e o proprietário da fazenda dormia, tranquilamente. A moça, sem saber o que fazer e diante de uma “baita encrenca”, não teve opção: ligou para o dono da fazenda. Resultado: em vinte minutos um técnico da empresa fabricantes estava na propriedade e em poucos minutos o problema foi resolvido. Pergunta: se isso fosse no Brasil...??! 

Podemos citar outros exemplos, igualmente, importantes e complicados em que o produtor tem de lidar ao investir em tecnologia para suprir problemas como a escassez de mão-de-obra. Um “clássico” de problema difícil de ser resolvido envolve os vagões total mix. Entre produtores, costumamos dizer: “quem tem um só não tem nada”. Em outras palavras, quando temos problema com um equipamento que realiza trabalho fundamental (alimentação do rebanho) e que eliminou uma parte do trabalho braçal de uma fazenda, como fica a situação? No caso de vagões com balanças programáveis, muitas vezes ocorrem problemas eletrônicos, ou seja, não com o equipamento em si, mas com a balança. Em outras palavras, podemos classificar este componente como o coração da máquina. Sem ela (balança) não temos carregamentos adequados. Na prática, para solucionar problemas desta natureza, bastaria que o fabricante providenciasse uma balança reserva até que a titular, do produtor, fosse consertada. O ideal seria que houvesse uma prestação de serviço na fazenda, para facilitar e agilizar a vida do produtor (como o caso da Nova Zelândia). Infelizmente nossa realidade é outra. Recentemente, tive problemas com meu equipamento e não pude ser atendido como gostaria. Todas as balanças disponíveis para tal (reservas da fábrica) estavam em outras fazendas, então não tinha como resolver meu problema naquele momento. Qual foi a solução encontrada? Carregar 2 tratos consecutivos e correr até a assistência técnica antes da realização do próximo trato. Uma maratona de 400 km (200 km para ir e 200 km para voltar) num intervalo de 6 horas, incluso o conserto na fábrica (rápido). Culpa da empresa ou do desequilíbrio do atual mercado com demanda exacerbada por serviços desproporcional a capacidade de suporte de fabricantes de equipamentos? De vez em quando conversamos com algumas pessoas e recebemos o consolo: “Não tem jeito, o sistema é assim mesmo!”.  Então me pergunto: Que sistema?! Que sistema é esse? Qual seria a lógica de funcionamento: da ineficiência? Da perda de dinheiro? Do stress? Da barbaridade?! Ficamos desolados, pois a bagunça é preponderante em diferentes setores dos quais somos dependentes para sobreviver. O país cresce, mas ainda de forma pouco sustentável. Isso é complicado para quem está no setor primário.

O grande desafio do Brasil sempre foi o mesmo, desde o início da sua colonização. Um país enorme, de dimensões continentais, cheio de recursos naturais. Um bioma invejável, fronteiras ainda a serem exploradas e possibilidade de crescer, verticalmente (produtividade) e horizontalmente (novas áreas). A sua riqueza é também o seu maior desafio. Não concordo com aqueles que dizem que nossa realidade é aterrorizante, que vivemos num país atrasado, etc. Essa é uma mentalidade arcaica e atrasada, apesar dos problemas descritos acima. Como produtores e técnicos, temos de ser desenvolvimentistas e acreditar no nosso futuro e na possibilidade de fazermos sempre um pouco mais. Precisamos olhar para fora do país, sim,  para aprendermos com os exemplos de sucesso. Não podemos, entretanto, comparar “coisas incomparáveis”. Um bom exemplo é o modelo neo-zelandês, muito eficaz. Somente não podemos nunca nos esquecer que a Nova Zelândia é uma ilha e que se decidirmos atravessar o país num dia, é possível. O mesmo pensamento se aplica quando comparamos a, hoje, combalida, Europa (Holanda é a bola da vez em termos de produção de leite sustentável) ou Estados Unidos (a eterna potência). História e origens diferentes produzem realidades diferentes. 

Para o produtor, mediante os desafios apresentados, resta a capacidade de fazer a escolha certa para ter sucesso. Como os desafios são diversos e grandes, é necessário escolher bem. Escolha que começa com a raça mais adequada para seu sistema de produção e investimentos momento correto, ou seja, quando realmente a aquisição de um bem fizer diferença no seu sistema de produção. Tradução: aumento de produtividade com redução de custos. Fica clara a mensagem de que a assistência técnica, os serviços pós-venda e as parcerias entre fornecedores e fazendas são fatores determinantes no sucesso da atividade.

JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

Espaço para artigos e debates técnicos expostos por especialistas e equipe de consultores.

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JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2013

Prezado Roberto Amodio,

Agradeço sua participação e comentários.

Concordo com suas palavras que, estamos evoluindo e que é melhor lidarmos com tais desafios do estarmos estagnados, caminhando para trás. O que destacamos em nosso post é, justamente, este custo, ou seja, do crescimento. O desenvolvimento da economia é importante, no entanto se de forma não sustentável, pode provocar sérios problemas como o que estamos atravessando em relação à prestação de serviços no campo. Como melhorar isso é uma questão prioritária.

Um abraço!
ROBERTO AMODIO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 17/05/2013

Interessante e atinadas suas ponderações sobre a agropecuária brasileira.
Evidentemente que a cada dia cada passa existe e existirão temas por aprimorar, entretanto o que não se pode negar é que desde o exterior nosso Brasil é visto e tomado como referencia na pecuária.
O trabalho desenvolvido pela Embrapa, por exemplo, é considerado e admirado de uma maneira singular um modelo almejado por muitos países da América Latina.
Em termos de genética desde fora se pode ver sentir os inúmeros comentários alentadores do surpreendente progresso brasileiro.
Falta mão de obra, faltam médicos, faltam engenheiros, parte das consequências de que nosso Brasil tenha crescido sem as bases demandadas por esse processo.
Em todo caso é melhor enfrentar problemas de crescimento do que uma recessão desmesurada como no passado.
Roberto Amodio
Santo Domingo - Republica Dominicana
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2013

Prezado Ivan Geraldo da Silva,

Agradeço a sua participação, ponderação e comentários!

Um abraço!
IVAN GERALDO DA SILVA

LAVRAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/05/2013

Diante desssas situações, O que podemos resumílas. Enquanto houver a tal das comissoês ... .A seriedade e o profissionalismo andam com poucos. Eu sempre esbarrei com essas diversidades no campo.E me pergunto, ao longo dos meus 23 anos de experiência( o produtor ainda continua sendo mal assistido), Seria a falta de uma polítca mais séria, ou uma desatençâo por parte de todos aqueles que só querem levar vantagem? Mas é bom saber que muitos já estam com os olhos bem abertos.
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/05/2013

Prezado Renato,

Obrigado agradeço sua participação!

Suas colocações refletem, com precisão o "drama" que enfrentamos. Acredito que uma maneira de solucionarmos este problema (ou desafio, como queira classificar) seja uma escolha criteriosa de quem nos presta serviços ou vende produtos. Quando um novo produto ou fornecedor entra em nossa propriedade, costumo estabelecer, claramente, a nossa demanda e a necessidade de sermos atendidos, quando necessário. Deixamos claro que não costumamos trocar de fornecedores, mas que se houver erros, infelizmente cortaremos. Não é a forma desejada, mas infelizmente e somente com pressão conseguimos atingir determinados objetivos.

Acredito que se todos produtores forem mais criteriosos e exigentes, cobrando o de forma devida, aos poucos mudaremos as características do mercado, fazendo com que empresas menos competentes ou prestadores de serviço atrapalhados e ineficazes, saiam do mercado.

Um abraço!
RENATO CARLOS BARBOSA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/05/2013

Nós ainda temos o péssimo hábito de não exigir que o serviço seja prestado adequadamente. Em muitas situações pela falta de opções acessíveis ou "conhecidas" no mercado. às vezes se compra de um fornecedor porque foi indicado por um técnico que "leva um por fora".... Meu irmão cria cavalos no Pará e compra ração em Anápolis (GO) por pura falta de opções no mercado local...
Imagina que no fato que você citou quanto à entrega em atraso se você tivesse uma alternatica de fornecedor e simplesmente não recebesse a entrega desse fornecedor "atrasado"? Como todo mundo cobra maior eficiência do produtor, devemos trabalhar com estoque adequado às nossas necessidades. Estoque grande é dinheiro parado!!! Mas nossos fornecedores engatinham no respeito ao produtor rural.
Imagina o veterinário que presta serviço se atrasar para um procedimento de IATF?? rsrsr
À medida que que amadurecermos a cadeia do leite passemos a ser mais exigentes com esses serviços...
Abraços..
Renato Barbosa

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