Além destas três variantes não podemos menosprezar o comportamento animal, pois ele é o maior indicativo do manejo correto ou incorreto. O presente artigo discutirá maneiras de monitorar o comportamento animal visando a otimização do conforto animal neste tipo de sistema confinado.
Existem diversos fatores que podem gerar desconforto às vacas dentro de um free-stall. Animais sob "stress" térmico apresentam comportamento alterado. Segundo Gordie Jones, especialista americano em conforto de vacas, o monitoramento dos animais durante 30 minutos após o trato é uma importante rotina que deve ser estabelecida em fazendas. Uma vaca, em condições de conforto, deve apresentar o seguinte comportamento: se alimentar por volta de 20 minutos, devendo retornar a sua cama nos 10 minutos restantes. A situação descrita acima é referente ao comportamento padrão dos animais. Caso isto não esteja ocorrendo, certamente há algo errado. A seguir, algumas dicas sobre comportamento, visando o monitoramento do conforto:
1. Deitando e Levantando
O tempo médio gasto para uma vaca se deitar deve ser de 8 segundos e para se levantar, em torno de 10 a 15 segundos.
2. Posições na Cama
Ao contrário do que muitos pensam, encontrar a maioria dos animais deitados numa mesma posição nem sempre retrata a realidade em termos de conforto. De acordo com dados de pesquisas, uma vaca em repouso troca de posição cerca de 13,4 a 16,5 vezes. As posições mais comuns, de acordo com pesquisa européia, são apresentadas na seqüência de fotos a seguir:
Um dado experimental norte americano revelou que típicos animais gestantes repousam cerca de 6,5 vezes ao dia, gerando um período médio total de repouso de aproximadamente 82,5 minutos.
3. Cálculo do uso das camas (uso do free-stall)
Para o monitoramento dos animais, devemos calcular o índice de uso das camas. Para melhor definição, uma vaca está "utilizando" efetivamente uma cama quando está deitada na mesma.
Primeiramente conte o número de animais que não estão comendo ou bebendo; deste total, 80% devem estar deitados, 5% ou menos devem estar de pé nas camas e as demais vacas devem estar andando ou paradas nos corredores. De acordo com dados de pesquisa, em muitos rebanhos avaliados, o uso das camas foi igual ou superior a 90%. Caso encontremos valores inferiores a tal índice, certamente existe algum erro de projeto ou manutenção da instalação.
Existem diversos erros que podem ser facilmente associados ao manejo incorreto e/ou instalações inadequadas, que serão tratados no próximo artigo desta coluna.
Comentário MilkPoint: as dicas acima são ferramentas para o produtor realizar um "raio x" da realidade da sua fazenda. A construção de um free-stall não pode ser encarada como a única solução para problemas de conforto em rebanhos confinados. Muito pelo contrário, o seu mal dimensionamento, acabamento e manejo podem gerar problemas não somente no que diz respeito ao conforto animal, como também pode acarretar maiores problemas de ordem sanitária, como doenças e indesejados problemas de casco. O mal funcionamento de um free-stall pode ter conseqüências catastróficas para o bolso do proprietário. Um projeto deste tipo de instalação estabelece um custo por animal que pode ou não ser pago através da garantia de conforto e sanidade, maximizando o consumo de matéria seca, aumentando o volume de leite produzido. Por este motivo recomendamos sempre a consulta de um especialista, a fim de evitar decisões precipitadas.
fonte: Dairy Herd Management, junho 2000.