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Substitutos de colostro, o que sabemos?

POR CARLA MARIS MACHADO BITTAR

E ANA PAULA DA SILVA

CARLA BITTAR

EM 01/08/2019

7 MIN DE LEITURA

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Sabe-se da importância da ingestão de colostro de boa qualidade e da absorção de imunoglobulinas por bezerros recém-nascidos para conferir adequada transferência de imunidade passiva (TIP). Apesar disso, as falhas na transferência de imunidade passiva (FTIP) continuam sendo um sério fator de risco para o aumento das taxas de mortalidade e morbidade, o que reduz a eficiência de criação e, consequentemente, reduz o potencial de produção e aumenta os custos dos rebanhos.

Pesquisas mostram que em torno de 50% da mortalidade neonatal de bezerros pode ser diretamente atribuída à FTIP. Como já vimos em outros radares técnicos, as falhas podem estar associadas a erro nos três principais fatores que garantem adequada transferência de imunidade passiva:

  • tempo para fornecimento;
  • qualidade do colostro e;
  • volume do colostro.

A qualidade e o volume de colostro disponível podem ser destacados como os maiores problemas para o produtor.

A qualidade é avaliada através de colostrômetro ou refratômetro, importantes ferramentas para estimar a concentração de anticorpos. No entanto, embora o colostro materno forneça os primeiros anticorpos contra doenças em bezerros, ele também pode ser a fonte de sua primeira exposição a bactérias e outros patógenos. Escherichia coli, leucose e tuberculose podem ser transmitidas da mãe para o bezerro através do colostro e a exposição a estes organismos e doenças logo no início podem ser prejudiciais à saúde do bezerro e causar perdas econômicos significativas. Os substitutos de colostro surgiram como alternativa para minimizar FTIP quando a disponibilidade de colostro materno é baixa ou quando a qualidade é comprometida pelos baixos níveis de IgG ou pela presença de patógenos transmitidos pela alimentação (Chamorro et al., 2017).

Os substitutos de colostro podem ser definidos como fontes altamente concentradas de IgG e, diferente do suplemento de colostro, pode substituir completamente o colostro materno. De acordo com a literatura, estes produtos devem conter no mínimo 100 g de IgG por dose, para que os bezerros alcancem IgG sérica > 10g/L ao final do período de colostragem. Além de conter quantidade adequada de imunoglobulinas, nutrientes necessários para o desenvolvimento adequado do bezerro, como proteína, energia, vitaminas e minerais devem estar presentes. Assim, os substitutos de colostro podem ser constituídos de imunoglobulina bovina oriunda de leite liofilizado, soro de leite, colostro bovino e soro sanguíneo bovino.

No Brasil, existem dois produtos comerciais disponíveis: Premolac, comercializado pela Zimpro e Colostro Bovino em Pó, SSCL®, representada pela Alta Genetics. Enquanto o primeiro é a base de colostro bovino, o segundo é colostro propriamente, ou seja, tem todos os nutrientes e fatores de crescimento presentes no colostro materno. O colostro bovino em pó passa por processos especiais de pasteurização e de desidratação (spray-drying) que conservam suas características originais, inclusive integridade das imunoglobulinas, garantindo sua função biológica e portanto a TIP. A composição dos substitutos é de extrema importância e sua avaliação vai muito além do seu conteúdo em IgG. Os nutrientes são importantes para a nutrição do recém-nascido, sua termoregulação, além de processos relacionados a colonização do trato gastrintestinal e maturação do intestino.

Os substitutos garantem padronização da dose de anticorpos, com o fornecimento de colostro livre de patógenos. Um estudo realizado nos EUA, demonstrou redução significativa no risco de transmissão da Mycobacterium avium subsp. paratuberculosis em bezerros alimentados com substituto de colostro comercial quando comparados com bezerros alimentados com colostro materno no nascimento. Uma vez que estes produtos são importados de regiões com diferentes patógenos, ainda se discute se os anticorpos presentes serão adequados para os desafios que nossos bezerros enfrentam. Mas, em recente estudo do Depto. de Zootecnia da ESALQ/USP (Silva et al., 2019), não foi observada diferença significativa na ocorrência de doenças em animais colostrados com diferentes doses de anticorpos provenientes de colostro materno ou substituto de colostro.

Os resultados sobre a eficiência da TIP utilizando substitutos de colostro comerciais são variados (Tabela 1). Apesar de alguns estudos relatarem que o fornecimento de apenas uma dose (um pacote) de substituto de colostro comercial pode ser eficiente na transferência de imunidade passiva, outras pesquisas demostraram que os substitutos de colostro falharam, resultando em concentrações médias de IgG sérica <10 mg/mL.

Tabela 1. Efeitos dos substitutos de colostro na falha de transferência de imunidade passiva, concentração sérica de IgG com 24 horas e eficiência aparente de absorção

Além das diferenças nas doses utilizadas, as variações observadas nas respostas podem também se dever às diferenças nos produtos fornecidos no que se refere a fonte de Ig. Os dados gerados por Silva et al. (2019), com substituto de colostro disponível no Brasil a base de colostro bovino, mostram que o fornecimento de substituto de colostro resulta em adequada transferência de imunidade passiva, com valores de IgG sérico comparáveis aos valores observados com o fornecimento de colostro materno. No entanto, a eficiência aparente de absorção é reduzida com o aumento da dose de IgG, seja proveniente de substituto ou de colostro materno.

Tabela 2. Avaliação da transferência de imunidade passiva de bezerros que receberam diferentes doses de imunoglobulinas provenientes de colostro materno ou substituto de colostro.

O fornecimento de maiores doses de imunoglobulinas tem como intuito garantir a adequada TIP, reduzir a incidência de doenças em bezerros e quem sabe aumentar o potencial de produção futura desses animais. Bezerros que recebem volume igual ou superior a 2 litros de colostro de alta qualidade ou que têm níveis mais elevados de IgG sérica na primeira semana de vida, apresentam menor morbidade e mortalidade do que os bezerros que recebem menores níveis de IgG sérica ou quantidades insuficientes de colostro de alta qualidade. Além disso, como já relatado em outros radares, fornecer maiores volumes de colostro pode aumentar a produção de leite destes animais na primeira e segunda lactações (Faber et al., 2005).

Assim, já podemos afirmar que o fornecimento de substituto de colostro é eficiente para a adequada transferência de imunidade passiva. Sua adoção pode ser feita de forma estratégica, de forma a resolver problemas de qualidade ou quantidade de colostro disponível. No entanto, pode ser adotado também para padronização da colostragem no rebanho e redução na transmissão de patógenos.

Referências bibliográficas

Cabral, R. G., C. E. Chapman, and P. S. Erickson. 2013. Review: Colostrum supplements and replacers for dairy calves. The Professional Animal Scientist.29:449–456.

Cabral, R. G., E. J. Kent, D. M. Haines, and P. S. Erickson. 2012. Addition of sodium bicarbonate to either one or two feedings of colostrum replacer: Effect on uptake and rate of absorption of immunoglobulin G in neonatal calves. J. Dairy Sci. 95:3337–3341.

Chamorro, M.F., N. Cernicchiaro, and D. M. Haines, D., M. 2017. Evaluation of the effects of colostrum replacer supplementation of the milk replacer ration on the occurrence of disease, antibiotic therapy, and performance of pre-weaned dairy calves. J. Dairy Sci.100:1378-1387.

Faber, S. N., N. E. Faber, T. C. McCauley, and R. L. Ax. 2005. Case study: effects of colostrum ingestion on lactational performance. The Professional Animal Scientist 21:249 420-425.

Foster, D. M., G. W. Smith, T. R. Sanner, and G. V. Busso. 2006. Serum IgG and total protein concentrations in dairy calves fed two colostrum replacement products. J. Am. Vet. Med. Assoc. 229:1282–1285.

Godden, S. M., D. M. Haines, and D. Hagman. 2009a. Improving passive transfer of immunoglobulins in calves. I: Dose effect of feeding a commercial colostrum replacer. J. Dairy Sci. 92:1750–1757.

Godden, S. M., D. M. Haines, K. Konkol, and J. Petereson. 2009b. Improving passive transfer of immunoglobulins in calves. II: Interaction between feeding method and volume of colostrum fed. J. Dairy Sci. 92:1758–1764.

Shea, E. C., N. L. Whitehouse, and P. S. Erickson. 2009. Effects of colostrum replacer supplemented with lactoferrin on the blood plasma immunoglobulin G concentration and the intestinal absorption of xylose in the neonatal calf. J. Anim. Sci. 87:2047–2054.

Silva, A. P., Toledo, A. F., Cesar, A. M., Poczynek, M., Coelho, M. G., Silva, M. D., Campos, M., Bittar, C.M.M. 2019. Evaluation of passive transfer of calves receiving maternal colostrum or colostrum replacer. In: ADSA Annual Meeting, 2019, Cincinatti. Journal of Dairy Science, 102: 209-209.

Carla Bittar será um dos palestrantes do Interleite Brasil 2019, evento que começa na semana que vem nos dias 07 e 08 de agosto em Uberlândia/MG. Ele falará sobre "Criação de bezerras: o que aprendemos nos últimos 10 anos" no painel "Gestão da criação de animais jovens".  

Há 25 anos crescendo junto com o setor leiteiro, o Interleite Brasil é o evento que reúne toda a cadeia produtiva para falar de mercado, gestão, inovação e futuro.  Neste ano, novamente em Uberlândia/MG, nosso compromisso é fazer um evento imperdível, daqueles que você não se arrepende jamais de ter participado!  Neste ano, o Interleite Brasil contará com várias inovações. Uma delas é um painel de debate junto aos laticínios focado no relacionamento com o produtor e a coordenação da cadeia láctea. Algo totalmente novo e que também pretende movimentar o público e agregar no setor são os casos de sucesso oriundos de outros países. Resumindo? Você não pode perder! Confira a programação completa e faça a sua inscrição! 

CARLA MARIS MACHADO BITTAR

Prof. Do Depto. de Zootecnia, ESALQ/USP

ANA PAULA DA SILVA

Mestranda em Ciência Animal e Pastagens, ESALQ/USP

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ROSANE

SEROPEDICA - RIO DE JANEIRO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/08/2019

Excelente artigo. É importante divulgarmos mais estas informações de manejo. Apesar de sabermos da importância do fornecimento precoce do colostro, ainda é uma das principais falhas de manejo desses animais.

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