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Avaliação do consumo, ganho de peso e economicidade na substituição da silagem de milho pela casca de café em dietas para novilhas leiteiras

POR RAFAEL MONTEIRO ARAÚJO TEIXEIRA

CARLA BITTAR

EM 11/07/2007

13 MIN DE LEITURA

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Introdução

A recria de novilhas leiteiras no Brasil, sob o ponto de vista dos produtores, ainda não é vantajosa, pois esses animais ainda não estão produzindo leite. Essa visão entre os criadores de gado de leite aumenta o período de recria até o primeiro parto e o número de novilhas nas fazendas, diminuindo seu potencial de produção (Weber et al., 2002). Assim, é importante determinar ganhos de peso satisfatórios para obtenção do desenvolvimento ideal desses animais e redução da idade ao primeiro parto, melhorando a rentabilidade da atividade leiteira.

Dessa forma, é notória a necessidade de investimentos em alimentação nessa categoria animal, o que contraria os objetivos de produtores que destinam o maior investimento em alimentação às vacas que estão produzindo leite.

Assim, uma solução possível a este problema seria a utilização de alimentos alternativos, com preços reduzidos, o que poderia permitir um desenvolvimento adequado das novilhas, principalmente nos períodos críticos do ano, quando há escassez de forragem de boa qualidade ou quando há necessidade de reservar volumosos mais nobres, como a silagem de milho, para animais que estão produzindo leite.

Entre os diversos resíduos, a casca de café, proveniente do beneficiamento do grão pelo método via seca (Caielli, 1984), por sua disponibilidade em diferentes estados brasileiros (Anuário Estatístico do Brasil, 2000) e por sua composição químico-bromatológica favorável, pode ser utilizada de diferentes formas na alimentação de bovinos.

Souza (2003) avaliou o consumo e o desempenho de novilhas leiteiras alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de casca de café (0,0; 8,75; 17,5 e 26,25% da MS, correspondente a 0,0; 3,5; 7,0 e 10,5% de casca de café na MS da dieta total, respectivamente) em substituição ao milho no concentrado. Esse autor verificou que o ganho de peso decresceu linearmente com a inclusão de casca de café e estimou redução de 6,94 g/unidade de casca de café adicionada.

No maior nível de substituição, houve redução da ingestão de nutrientes digestíveis totais (NDT), da digestibilidade dos nutrientes e da síntese de proteína microbiana, o que diminuiu o desempenho dos animais. Mesmo com a redução do desempenho, esse autor observou ganho de 857 g/dia, relativamente significativo para novilhas.

Entretanto, as informações com relação à utilização da casca de café na nutrição de ruminantes fica voltada especialmente em substituição ao milho do concentrado, isso tanto para vacas em lactação como para animais em recria. E a utilização da casca de café como volumoso? Como seria o consumo e o desempenho animal? Pode realmente reduzir os custos de produção de novilhas em relação a alimentação?

Na tentativa de responder estas questões foi feito um experimento com novilhas leiteiras, onde os dados podem ser encontrados em Teixeira (2005) dissertação de mestrado e em Teixeira et al. (2007), e aqui segue parte dos resultados encontrados nestes trabalhos para tentarmos mostrar o potencial de utilização da casca de café como volumoso.

Material e métodos

O experimento foi desenvolvido na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão em gado de leite (UEPE-GL) da Universidade Federal de Viçosa. Foram utilizadas 24 novilhas holandesas, puras e mestiças, com 10 meses de idade e peso médio inicial de 180 kg, distribuídas em delineamento de blocos casualizados com seis repetições, em que cada animal compôs uma unidade experimental e as repetições foram formadas de acordo com o peso inicial dos animais.

Os tratamentos consistiram de quatro níveis de casca de café (0,0; 10,7; 20,7 e 30,7% na matéria natural) em substituição à silagem de milho, o que resultou em níveis médios de 0,0; 7,0; 14,0 e 21,0%, respectivamente, na MS total das dietas. O volumoso foi fornecido à vontade, permitindo-se sobras de até 10% da MS. O concentrado foi fornecido na proporção de 2,0 kg/animal/dia para atender às exigências de ganhos de 800 g/dia, segundo o NRC (2001). As dietas foram fornecidas na forma de mistura completa, duas vezes por dia (metade às 8h30 e metade às 16h30), misturada no momento do fornecimento.

A composição do concentrado é descrita na Tabela 1 e a do concentrado, da silagem de milho, da casca de café e das dietas encontra-se na Tabela 2.

O experimento constou de 21 dias de adaptação às dietas e de três períodos experimentais de 28 dias, perfazendo um total de 84 dias de experimento para a coleta de dados e avaliação do desenvolvimento dos animais. No período de adaptação, os animais foram tratados contra endo e ectoparasitas e receberam vitamina ADE injetável. No início e no final do experimento e a cada período de 28 dias, após jejum de sólidos de 12 horas, os animais foram pesados individualmente e medidos quanto ao perímetro torácico e à altura de cernelha e de garupa.

Tabela 1. Proporção dos ingredientes no concentrado, expressa em percentagem da matéria natural.


¹ Sal comum (80,80 %);
Sulfato de zinco (7,02 %);
Sulfato de ferro (5,46 %);
Sulfato de manganês (5,04 %);
Sulfato de cobre (1,62 %);
Sulfato de cobalto (0,016 %);
Iodato de potássio (0,017 %);
Selenito de sódio (0,026 %).

Tabela 2. Teores médios de alguns itens selecionados do concentrado, silagem de milho, casca de café e das dietas experimentais.


¹ Valores em percentagem da MS;
² Valores em percentagem do nitrogênio total;
³ Valores estimados pelo NRC (2001);
¹ Rate in percentage of DM;
² Rate in percentage of the total nitrogen;
³ Estimated values in NRC (2001).

A economicidade das dietas foi avaliada levando-se em conta os dados de consumo dos alimentos na matéria natural e de ganho de peso (R$ 3,3/kg). Onde o preço da casca de café (R$ 0,037/kg MS) foi estimado em 20% do preço da silagem de milho (R$ 0,187/kg MS). O nível máximo estimado de casca de café nas dietas, em função do preço que torna economicamente viável a sua utilização, foi calculado de acordo com o saldo por arroba produzida (R$/@) para os diferentes níveis de casca de café.

Onde, a partir do custo zero até o custo de 100% da casca de café em relação ao preço da silagem de milho, obtiveram-se equações de regressão e destas os pontos de máximos, ou seja, o nível máximo de casca de café a ser utilizado com base na matéria seca total das dietas.

Resultados e discussão

Verificou-se aumento linear (P<0,05) dos consumos diários de MS, MO, PB e FDN (em kg/dia) e dos consumos de MS, MO, FDN, CT e CNF (em % PV). Não houve efeito dos níveis de casca de café sobre os consumos diários de MN, EE, CT, CNF e NDT, expressos em kg/dia (Tabela 3).

O consumo de MS aumentou aproximadamente 20 e 15 g (em kg/dia e em % do PV, respectivamente) a cada unidade de casca adicionada à dieta (% da MS). Em estudos, tem-se observado que a inclusão de resíduos do beneficiamento do grão de café, como a casca e a polpa, na dieta de bovinos, pode reduzir o consumo de MS, provavelmente em virtude da presença de compostos fenólicos neste resíduo (Barcelos et al., 2001), o que não foi verificado neste trabalho.

Os resultados obtidos neste estudo estão de acordo com os encontrados em outras pesquisas com bovinos e ovinos no Brasil, nas quais não se tem detectado efeitos negativos da presença de compostos fenólicos como cafeína e taninos na casca de café sobre o consumo de MS e as funções fisiológicas dos animais (Carvalho et al., 1995; Barcelos et al., 1997a; Souza et al., 2002).

O aumento do consumo de MS nos maiores níveis de casca de café nas dietas pode estar relacionado ao aumento na taxa de passagem. Ao substituir a silagem de milho pela casca de café in natura, pode ter ocorrido redução no tamanho de partículas nas dietas ocasionando aumento na taxa de passagem. Segundo Lechner-Doll et al. (1991), a taxa de passagem no rúmen aumenta com a redução no tamanho de partículas.

Tabela 3. Médias, coeficiente de variação (CV), equações de regressão (ER), e coeficiente de determinação (r²) ajustadas para os consumos médios diários de alguns itens selecionados em função dos níveis de casca de café nas dietas (NC).


1. Ŷ = 5,78464 + 0,0193667*NC;
2. Ŷ = 13,83674;
3. Ŷ = 5,0522 + 0,019223*NC;
4. Ŷ = 0,725276 + 0,00319598*NC;
5. Ŷ = 0,12286;
6. Ŷ = 4,94266;
7. Ŷ = 2,55975 + 0,0102949*NC;
8. Ŷ = 2,28592;
9. Ŷ = 3,6831;
10. Ŷ = 2,57714 + 0,0150466*NC;
11. Ŷ = 2,25195 + 0,0142146*NC;
12. Ŷ = 1,12577 + 0,00769704*NC;
13. Ŷ = 2,12562 + 0,011749*NC;
14. Ŷ = 1,00286 + 0,00406067*NC;
15. Ŷ = 1,6990

* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F;
a kg/dia;
b Valores observados.

O aumento dos níveis de substituição da silagem de milho pela casca de café provocou redução linear (P<0,05) nos teores de NDTobs, que apresentaram decréscimo de 0,191 unidades percentuais por unidade de casca adicionada (Ŷ = 63,6460 - 0,191061*NC, em que NC é o nível de casca de café na dieta).

A redução na digestibilidade dos nutrientes, associada à maior ingestão de componentes fibrosos com a inclusão de casca de café, pode ter contribuído para a redução no teor de NDT, o que pode explicar o aumento no consumo de MS na tentativa de ajustar a demanda de energia (Teixeira, et al., 2007).

Verificou-se efeito linear (P<0,05) dos níveis de casca de café sobre o ganho médio diário e sobre a conversão alimentar, estimando-se redução de 5,51 g e acréscimo de 56,68 g/unidade de casca adicionada, respectivamente (Tabela 4). Apesar da análise de variância ter acusado comportamento linear nos ganhos de peso diários, verificou-se pequena redução no ganho de peso até o nível de 14% de casca de café, com redução mais acentuada no nível de 21% de inclusão deste resíduo.

Tabela 4. Médias, coeficiente de variação (CV), equações de regressão (ER) e coeficiente de determinação (r²) ajustadas para o peso vivo (PV) inicial e final, ganhos de peso total no período (GPT), por período experimental e diário (GMD), conversão alimentar (CA), ganhos médios diários de altura de cernelha (AC), altura de garupa (AG) e circunferência torácica (CT) em função dos níveis de casca de café nas dietas (NC).


1. Ŷ = 1,008952;
2. Ŷ = 1,00918 - 0,00565091*NC;
3. Ŷ = 1,001488;
4. Ŷ = 1,06308 - 0,00551424*NC;
5. Ŷ = 5,46435 + 0,0566849*NC;
6. Ŷ = 0,11;
7. Ŷ = 0,11;
8. Ŷ = 0,220933 - 0,00138584*NC.

* Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F.

Não houve efeito da substituição da silagem pela casca de café sobre a velocidade de crescimento em altura de cernelha e garupa, expressos em cm/dia. O ganho de perímetro torácico em cm/dia diminuiu linearmente (P<0,05) conforme aumentaram os níveis de substituição. O desenvolvimento em altura de cernelha e a altura de garupa provavelmente foram similares entre os animais, haja vista o maior consumo de MS nos maiores níveis de casca de café nas dietas.

Este incremento no consumo, apesar de não dar suporte para manutenção do ganho de peso nos animais, proporcionou crescimento em altura de cernelha e garupa similar entre as novilhas.

Na tabela 5 observa-se o valor de produção, o qual foi obtido multiplicando o ganho de peso médio diário pelo custo do kg de peso vivo e a redução verificada ocorreu devido à redução no ganho de peso médio diário a medida que se aumentou a utilização da casca de café nas dietas. Os gastos totais com alimentação por animal/dia foram gradativamente reduzidos à medida que se substituiu a silagem de milho pela casca de café.

Os gastos com alimentação por quilo de peso vivo produzido e por arroba produzida aumentaram com a inclusão de casca nas dietas, sendo que para o nível de 7% houve uma redução nos gastos por quilo e por arroba produzida, quando a casca de café teve seu valor estimado em 20% do preço da silagem de milho.

Com a redução no gasto total com alimentação por quilo e arroba produzida no nível de 7% de casca de café nas dietas, obteve-se um maior saldo com alimentação por quilo, arroba e animal produzido neste nível de casca. Estes dados podem ser confirmados quando se analisa o saldo por arroba relativo, onde estima o valor de 100 para o nível de 0% de casca de café, obtendo-se um valor de 104 para o nível de 7% de casca de café (Tabela 5).

Encontra-se na Tabela 6 o nível máximo de casca de café nas dietas em percentagem da MS que em função do preço torna-se economicamente viável a substituição pela silagem de milho de acordo com o os ganhos de peso obtidos no presente estudo.

Ao analisar os dados de ganhos de peso deste experimento, relacionando-os com o ganho por arroba produzida, encontrou-se 6 equações de regressão de acordo com o custo da casca de café em percentagem do custo da silagem de milho (Teixeira, 2005). A partir dessas equações de regressão calculou-se o ponto de máximo de cada equação determinando um nível máximo estimado de 7,86% e de 2,60 % de inclusão da casca de café, quando o custo da casca de café é zero e 100 % em relação ao custo da silagem de milho.

Tabela 5. Valores de produção, gastos totais com as dietas, saldo com alimentação e saldo por arroba relativo em função dos níveis de casca de café nas dietas.


¹ Baseado no preço de venda da MS da silagem; ² Preço médio de janeiro a dezembro de 2006 em Minas s Gerais. Fonte Scot consultoria, dados corrigido pelo IGP DI de nov 2006.

Tabela 6. Nível máximo de casca de café nas dietas em função do preço (preço da casca de café em % do preço da silagem de milho na MS) que torna economicamente viável a utilização da casca de café de acordo com os ganhos obtidos no experimento.


Conclusão

A economicidade calculada com a utilização das dietas demonstra um nível ideal máximo próximo de 7% de substituição da silagem pela casca de café, contudo, até o nível de 14% de substituição observa-se pouca diferença em relação ao ganho de peso e ao retorno econômico, possibilitando seu uso até estes níveis.

Referências

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Aspectos das atividades agropecuária e extração vegetal. Rio de Janeiro, 2000. v.60, seção 3, p.1-46.

BARCELOS, F.A.; ANDRADE, I.V.; von TIESENHAUSEN, I.M.E. et al. Aproveitamento da casca de café na alimentação de novilhos confinados - resultados do primeiro ano. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.26, n.6, p.1208-1214, 1997a.

BARCELOS, A.F.; PAIVA, P.C.A.; PÉREZ, J.R.O. et al. Fatores antinutricionais da casca e da polpa desidratada de café (Coffea arábica L.) armazenadas em diferentes períodos. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia , v.30, n.4, p.1325-1331, 2001.

CARVALHO, F.F.; FERREIRA, J.Q.; CONCEIÇÃO, V.J. Uso da casca de café na alimentação de ovinos em crescimento. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 32., 1995, Brasília. Anais. Brasília: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 1995. p.181-183

CAIELLI, E.L. Uso da palha de café na alimentação de ruminantes. Informe Agropecuário, v.10, n.119, p.36-38, 1984.

LECHNER-DOLL, M.; KASKE, M.; ENGLEHARDT, J. Factors affecting the mean retention time of particles in the forestomach of ruminants and camelids. In: TSUDA, T.;SASAKI, Y.; KAWASHIMA, R. (Eds.) Physiological aspects of digestion and metabolism in ruminants. San Diego: Academic Press, 1991. p.455-482.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requirements of dairy cattle. 7.ed. Washington, D.C.: National Academy of Sciences, 2001. 381p.

SOUZA, A.L.; GARCIA, R.; PEREIRA, O.G. et al. Valor nutritivo da casca de café tratada com amônia anidra. Revista Ceres, v.49, n.286, p.669-681, 2002.

SOUZA, A.L. Casca de café em substituição ao milho na dieta de ovinos, novilhas leiteiras e vacas em lactação. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2003. 74p. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, 2003.

TEIXEIRA, R.M.A. Desempenho, síntese de proteína microbiana e comportamento ingestivo de novilhas leiteiras alimentadas com casca de café em substituição à silagem de milho. Viçosa, MG, 2005. 52p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, 2005.

Teixeira, R.M.A.,Campos, J.M.S., Valadares Filho, S.C., et al. Consumo, digestibilidade e desempenho de novilhas alimentadas com casca de café em substituição à silagem de milho. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.4, p.968-977, 2007.

WEBER, A.; VIÉGAS, J.; RIGO, M. et al. Desempenho de novilhas da raça Holandês em pastagem de azevém suplementadas com níveis crescentes de farelo de arroz integral em substituição ao milho. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39., 2002, Recife. Anais... Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002. (CD-ROM).

RAFAEL MONTEIRO ARAÚJO TEIXEIRA

Zootecnista, D.Sc. / Nutrição e Produção de Ruminantes
Departamento de Zootecnia
IFSUDESTEMG - Campus Rio Pomba

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DANIEL MONTANHER POLIZEL

BIRIGUI - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/08/2007

Prezado Rafael,

Venho por meio desta parabenizá-lo pela pesquisa desenvolvida, pois quem está por dentro de todo processo de uma cadeia produtiva sabe o quanto é complicado nos dias de hoje aumentar a renda dos produtores.

A utilização de subprodutos na alimentação de ruminantes é uma realidade no nosso pais, afim de baratear custos. Sua pesquisa nos dá novas alternativas, e é exatamente isso que precisamos.

Parabéns pelo trabalho realizado.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Daniel,

Obrigado pelo apoio, é bom saber que nosso trabalho vem a somar para uma pecuária de leite mais sustentável e rentável. Temos que continuar trabalhando e aproveitando as oportunidades geradas neste nosso Brasil tão imenso, para que possamos produzir mais, com mais eficiência, com mais consciência e assim obter melhores resultados.

Abraço

Rafael
LEOVEGILDO LOPES DE MATOS

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 31/07/2007

Não gostaria de ser rude em meus comentários, mas vejo que realmente fica uma tarefa difícil. Esse resíduo, casca de café, vem sendo alvo de pesquisas em vários países tropicais, por tanto tempo, que nos leva a lamentar tantos recursos desperdiçados e tantas conclusões equivocadas e tantos danos financeiros a pequenos produtores que tentam se valer de um recurso que serve apenas para cama desses animais ou para cobertura do solo, onde microrganismos aeróbios terão tempo suficiente para degradá-lo.

Pela revisão da literatura já dá para desconfiar dessas pesquisas, que hora estudam a substituição de parte do concentrado e em outros experimentos com substituição da silagem de milho (um resíduo pobre que pode substituir grãos ou volumosos?).

As conclusões, normalmente equivocadas, com análises estatísticas inapropriadas, indicam algum nível de substituição, sendo que concluem com recomendações até para suinos - lamentavelmente. Entretanto, analisando com mais detalhes e de forma mais lógica, as conclusões deveriam ser que com a substituição de 1% da dieta com casca de café o ganho de peso decresce de 1 a 1,5%, portanto não existe razão para usar esse subproduto.

As análises econômicas (contabilização dos dados brutos) tem levado a alguma indicação de um percentual, apesar das quedas nos ganhos com a inclusão da tal casca. Puro efeito de diluição da energia da dieta, e a parte econômica mostra as conclusões que normalmente são esperadas de dietas ricas com restrição alimentar.

No caso presente, a medida que se incluia casca de café os animais aumentavam o consumo total da dieta (0,5% de aumento no consumo de matéria seca, em relação ao peso vivo, para cada 1% de inclusão de casca - equação 10 da Tabela 3). Se tivessem partido de média de peso vivo inicial mais uniforme talvez esse índice pudesse tender mais para 1%, compensando a inclusão da casca).

Dessa forma, qual a lógica de se incluir um resíduo se o consumo de silagem de milho for mantida. Por isso, a equação número 5, da tabela 4, mostra que a conversão alimentar aumenta 1,04% para cada 1% de inclusão de casca de café na dieta. Resultados muito semelhantes aos demais já conduzidos no passado. O ato de cometer o mesmo erro, continuamente, na expectativa de um resultado diferente, foi definido por Einstein no passado.

Infelizmente com o avanço das comunicações fica cada vez mais perigoso errar em pesquisa. Já cheguei numa cidade do Leste de Minas em que a cooperativa estava cubando seus caminhões para irem buscar casca de café em Caratinga para vários produtores, que tomariam um prejuízo muito grande. Infelizmente para o consultor Rômulo Alves da Silva não será possível incluir esse diluente na dieta dos animais dos seus produtores. Bom para eles.

<b>Resposta do autor:</b>

Sr. Leovegildo,

Antes de mais nada agradeço o comentário do sr., pois acredito que na agropecuária como em todos os setores a evolução ocorre quando há discussões. Gostaria apenas de lembrá-lo que esta pesquisa passou por uma banca de defesa de tese de cinco professores e por revisores de uma das melhores revista científica na área aqui no Brasil. Sendo assim, não é um trabalho sem crédito, pelo contrário, pois se o sr. trabalha com pesquisa e se publica artigos científicos, sabe o quanto é difícil publicar um artigo científico.

Quanto ao subproduto aqui estudado, realmente é de qualidade inferior aos alimentos nobres e tradicionais e por isso seu uso e recomendação requerem cautela. E por questões de cautelas necessárias é que existe a pesquisa, pesquisar significa "buscar com diligência; inquirir, perquirir; investigar". A casca de café um subproduto muito pobre, e nunca poderá substituir totalmente os alimentos nobres como silagem de milho, farelo de soja, milho grão e outros, mas pode ser usada parcialmente na dieta de ruminantes, como mostrado em várias pesquisas como o sr mesmo mencionou.

Com relação aos resultados apresentados, toda vez que se usa análise de regressão não se tem como definir qual o melhor tratamento, assim foi feita uma análise econômica com dados brutos para tentar mostrar que níveis de 7 e 14% na matéria seca total da dieta, ou de 10 e 20% na matéria natural de substituição da silagem de milho por casca de café são bem próximos aos encontrados pelo tratamento testemunha que é a silagem de milho.

Quanto à definição de Albert Einstein, infelizmente não achei na literatura nenhum trabalho com novilhas leiteiras utilizando casca de café como volumoso. Agora trabalhos com alimentos nobres, explorando cada vez mais a produtividade individual, existem milhões e o resultado, se o sr vai ao campo já sabe.

Graças a Deus o sr. chegou a tempo de impedir que produtores buscassem este sub produto tão longe, pois a casca de café é passível de ser usada na dieta de ruminantes, mas o preço e a quantidade a serem usadas são limitantes, para quem não tem essa casca de café praticamente de graça não compensa mesmo.

Concordo com o sr. que com a avanço da comunicação a informação fica mais fácil, mas nem por isso ela tem que ser ilimitada. E por saber que a pecuária de leite necessita de mais resultados de pesquisa científica comprovando o que pode e não pode ser utilizada é que apresentei este trabalho aqui. A casca de café é sim um subproduto presente nas regiões cafeeiras e pode ser utilizada na alimentação de ruminantes sem problemas, para isso basta saber usá-la. Pois a cada dia a pecuária se torna uma atividade mais difícil de se obter lucro, quando podemos reduzir o custo de produção acredito que devemos fazê-lo.

Obrigado pelos comentários do sr.

Abraço

Rafael
FREDERICO OLIVEIRA GUABIRABA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/07/2007

Prezado Rafael,

Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo brilhante trabalho. A utilização de subprodutos na dieta tem sido uma ótima estratégia para a redução nos custos de produção na atividade.

Bem, fiquei com algumas dúvidas básicas e práticas. A casca de café quando associada com cana-de-açúcar, com os mesmos níveis de inclusão, reduziria ainda mais o consumo ou mesmo afetaria a digestibilidade da dieta?

Agradeço desde já pela atenção!

<b>Resposta do autor:</b>

Caro Frederico,

Obrigado pelo apoio no trabalho, com certeza temos que continuar trabalhando com subprodutos para reduzirmos custos e melhorar a rentabilidade da atividade.

Quanto às suas questões, primeiramente temos que observar que a casca de café <i>in natura</i> é um produto altamente fibroso, com teor de lignina alto (10,5%) e apesar de apresentar um teor de PB de 9 a 11 %, apresenta uma quantidade de dessa proteína associada a fibra (NIDN e NIDA) o que leva a uma menor disponibilidade de Nitrogênio (PB) para o animal. Assim, a introdução de casca de café numa dieta deve ser feita com cautela para que não interfira no desempenho animal.

Quando você associar a casca de café com a cana-de-açúcar que deve ser corrigida com uréia, essas questões devem ser levadas em conta, pois mesmo que o animal não reduza o consumo ele pode reduzir o aproveitamento do alimento, ou seja, reduzir a digestibilidade.

Num trabalho recente de Oliveira et al. (2007) publicado na RBZ, ele utilizou casca de café com cana-de-açúcar no nível de 10 % na dieta total para vacas de leite e ouve uma pequena redução no consumo embora não estatísticamente, mas a digestibilidade da dieta reduziu, apesar dele ter trabalhado com casca-de-café moída, esse trabalho nos dá uma idéia de como se comporta essa associação.

Assim, acredito ser possível trabalhar com os dois alimentos nos mesmos níveis testados com silagem, porém como estamos falando de casca de café <i>in natura</i>, ou seja, sem ser moída, realmente pode haver uma redução do consumo e com certeza da digestibilidade.

Dessa forma deve-se avaliar se um menor desempenho usando um alimento mais barato é viável economicamente, como foi feito neste trabalho. Uma boa estratégia é, acima de 10 % de inclusão de casca de café no lugar da cana de açúcar, ir avaliando se o consumo e desempenho estão sendo comprometidos.

Espero ter esclarecido suas dúvidas, qualquer questão entre em contato.

Abraço

Rafael
ROMULO CÉSAR ALVES DA SILVA

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/07/2007

Caro Rafael, parabenizo a você por mais um artigo que nos possibilitará trabalhar com dietas nas quais são utilizados subprodutos que, muitas vezes, não são aproveitados para alimentação animal.

Em nossa região, é comum tal ingrediente servir apenas para incorporação ao solo em áreas de plantio para incremento do teor de matéria orgânica do solo.

Tal artigo nos ajudará muito em formulações de dietas para tais categorias. Meus parabéns.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Rômulo,

Agradeço o apoio ao trabalho com a utilização de resíduos da agroindústria na alimentação animal.

Numa pecuária competitiva, a cada dia temos que aproveitar o máximo as oportunidades para reduzir ao máximo os custos de produção. E com certeza a casca de café se enguadra num resíduo que pode ser usado, sempre levando suas características.

Abraço e vamos continuar trabalhando para termos cada vez uma pecuária mais forte.

Rafael

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