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Placebo!

POR VALTER GALAN

E FILIPE SCIGLIANO SILVA PINTO

PANORAMA DE MERCADO

EM 26/10/2017

4 MIN DE LEITURA

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Em definição encontrada num dicionário “on-line”, placebo é “a substância ou preparado inativo que administrado ao paciente pode trazer efeitos terapêuticos por fazê-lo acreditar que está sendo tratado”.

Recentemente, o Ministro da Agricultura anunciou a suspensão de concessão de licenças de importação para os lácteos vindos do Uruguai, até que aquele país comprove a origem do leite que vem exportando ao nosso mercado. De fato, como mostra o artigo “Exportações do Uruguai: tem gato nesta tuba?”, publicado no MilkPoint Mercado no dia 02/05/2017 (sim, levantamos esta “lebre” há bastante tempo!), os números de produção, consumo e comércio exterior dos uruguaios indicam que há pontos a esclarecer. Por isso a necessidade das autoridades acompanharem movimentações anormais de mercado, como ocorreu em 2016.

Mas, o objetivo aqui é tratar da medida anunciada pelo ministro no contexto de mercado que vivemos hoje. Anunciada no momento em que foi, a medida parece ser um placebo, destinado somente a aplacar as gritas do setor (notadamente dos produtores de leite, que tem visto seu preço despencar nos últimos meses). Alguns pontos a levantar indicam aspectos importantes de nossa realidade de mercado:

“Podemos estar errando o alvo”

O gráfico 1 mostra a participação do Uruguai e da Argentina no volume total importado de produtos lácteos pelo Brasil desde janeiro de 2016; juntos, os dois países do Mercosul têm representado quase 90% do volume importado de derivados lácteos.

Gráfico 1. Participação do Uruguai e da Argentina no volume de importações brasileiras de lácteos.

importação brasileira de lácteos

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado, com base em dados do MDIC.


Como se observa no gráfico 1, o Uruguai realmente alterou bastante sua participação nos volumes que importamos, passando de 17% em janeiro do ano passado a 62%, 4 meses depois (em maio do mesmo ano). Porém, se o objetivo é tratar a conjuntura de mercado e o problema atual, o foco deveria estar voltado para as exportações argentinas, cuja participação vem crescendo e que representaram, em setembro deste ano, 64% do volume importado (contra “apenas” 19% do Uruguai), um fato interessante, uma vez que a Argentina esbarra em um limite para exportar produtos lácteos no Brasil, ao contrário do Uruguai.

“O problema não são as importações!”

O gráfico 2 apresenta o crescimento (ou queda) mensal na produção brasileira de leite e nas importações e exportações lácteas (todos em milhões de litros de leite equivalente), nos 9 primeiros meses deste ano (as variações da produção de julho a setembro são estimativas do MilkPoint Mercado).

Gráfico 2. Variações mensais de volumes de leite (2017 vs. 2016). 

 

 

importação brasileira de lácteos

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, MDIC e MilkPoint Mercado (estimativas para julho a setembro). 

Num mercado em que os volumes de venda caem, a produção de leite cresce cerca de 840 milhões de litros (quase +5%) entre janeiro e setembro e as importações decrescem quase 380 milhões (-26%) no mesmo período. Onde estaria então o problema do leite brasileiro?

Para não dizer que o Uruguai não é preocupação, é importante verificar o que está acontecendo naquele país em relação a produção e exportações de leite. A produção uruguaia de leite vem crescendo forte este ano – cerca de 8,3% nos primeiros 9 meses do ano e 10,5% somente no mês de agosto (em relação a agosto de 2016). Ao mesmo tempo, as exportações do país estão caindo – cerca de 23,5% menos volume do que no ano passado. A não ser que o consumo uruguaio esteja crescendo fortemente (o que, dado o já elevado nível de consumo, não deve estar acontecendo), o país deve estar acumulando estoques de lácteos (são cerca de 40 mil toneladas de exportações a menos e o equivalente a 10 mil toneladas de leite em pó de produção adicional de leite).

Mas, voltando às nossas mazelas de mercado, o “pior dos mundos” é que, muito possivelmente, o “placebo” ao qual nos referimos aqui tende a mostrar efeito, dando a (falsa!) impressão de que atacamos o problema correto, o que pode não ser o caso.

Como estamos mostrando semanalmente no MilkPoint Mercado, os preços dos lácteos estão caindo, no varejo e no “atacado” (por exemplo, o leite UHT fechou em setembro com a menor média histórica de preços dos últimos 6 anos no varejo da cidade de São Paulo!), o que deve começar a trazer uma reação de consumo. Por outro lado, a queda (forte!) de preços ao produtor e o aumento dos custos de produção (principalmente nos preços de milho e farelo de soja) devem reduzir o ritmo de crescimento da produção nacional. Os dois efeitos trazem a real solução do problema: um novo equilíbrio de oferta & demanda no mercado.

milkpoint mercado

 

 

VALTER GALAN

MilkPoint Mercado

FILIPE SCIGLIANO SILVA PINTO

Analista do MilkPoint Mercado

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VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/10/2017

Prezado Mário, obrigado pelo comentário!



Valter
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/10/2017

Caro Michel,



Você encontra estes dados no sistema ALICE: https://aliceweb.mdic.gov.br/



Abraço!



Valter
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/10/2017

Prezados Rogério e Jaqueline,



Muito obrigado por seus comentários! Grande abraço!



Valter
VALTER BERTINI GALAN

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/10/2017

Prezados Roney, Cássio e Marlucio,



Obrigado por seus comentários. Os dados oficiais mostram que as importações de leite estão caindo este ano (26% a menos, entre janeiro e setembro, em equivalente leite). Ao mesmo tempo, o consumo de lácteos está caindo (no primeiro semestre a queda de volume foi de 4,5% em relação a 2016, segundo o instituto de pesquisa de mercado Nielsen) e a produção de leite está crescendo - segundo dados oficiais do IBGE, o crescimento no primeiro semestre é de 3,7%. Assim, há no mercado mais leite com um consumo menor, o que é realmente o fator que ocasionou estas baixas de preços (o cenário, neste momento, já está mudando!).



É muito importante indicar que a agenda do setor lácteo tem de evoluir! Por exemplo, o retrocesso representado pela postergação da implementação dos novos limites da IN 62, tem muito mais a ver com a atual crise de sobre oferta do leite do que propriamente as importações, já que esta postergação permite que estejam no mercado produtores que, se implementados os limites da IN 62, não estariam!



Forte abraço,



Valter e Filipe
MÁRIO N. SLOMP

UNIÃO DA VITÓRIA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/10/2017

O artigo é SANEADOR! comprova de vez essa papagaiada toda de que o leite do Uruguai (alguém aí já foi para o Uruguai e conhece a produção local? eu estive lá várias vezes). Dizer que o leite uruguaio faz o preço cair no Brasil é quase uma piada. O que está acontecendo, OBVIAMENTE, é que estamos vivendo a maior crise econômica da história. Desemprego alto, queda na renda do trabalhador (que é quem consome leite). Sem renda, é claro que o consumo cai, de tudo, inclusive de lácteos e derivados. E porque a Globo não fala disso? óbvio também! ela apoiou o golpe e fez as pessoas irem para a rua. Derrubaram o governo e provocaram uma crise gigante. Quem soltou os monstros da caixa, acabou sendo engolido por eles também (aliás, bem feito!). E quem assumiu o poder é uma QUADRILHA, garantida por um Congresso corrupto e um STF acovardado, onde tem membros que tem parceria com a Globo e outros tem medo dela. Querem reclamar? não achem o culpado nos uruguaios. Coitados! vão prá rua agora, protestem, não se acorvadem! paremos de mimimi.....Nosso problema é outro. Estamos sendo assaltados diariamente. E vamos ficar na miséria. Não existe mercado forte nem democracia, com o que temos hoje. Apenas os mais ricos ficaram ainda mais ricos. O problema é que eles já comiam queijo e tomavam iogurte. Quem experimentou isso e deixou de consumir foram os mais pobres....
MICHEL CONJAUD

RIOLÂNDIA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/10/2017

Onde se pode achar informações sobre as importaçoes (volume e origem, ano a ano) feitas pelo Uruguai  e a Argentina?
JAQUELINE REZENDE

MURIAÉ - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 27/10/2017

Muito boa a matéria! Parabéns!
ROGÉRIO REZENDE CARDOSO

GOIÂNIA - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 27/10/2017

Ótima explanação sobre o problema.
MARLUCIO PIRES

EDEALINA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/10/2017

Pois bem, Valter e Filipe

O grande responsável pelo baixo preço do leite é sim o desequilibrio entre oferta e demanda, e não as importações oriundas do Uruguai.  Concordo que quando o equilíbrio voltasse, a situação melhoraria, mas acho injusto, que o produtor brasileiro se mate, e mate seus animais no frigorífico, pra ajustar as contas, ajustar a oferta do produto, que segundo todos os especialistas, está sobrando no mercado nacional, mas vê leite importado entrando nesse já inflado mercado. Acho que a suspensão não foi um placebo, mas sim um remédio auxiliar, que junto com outros, vai curar a doença.
CÁSSIO VINÍCIUS VIEIRA

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/10/2017

Me surpreendi com o viés deste artigo. Dois analistas de mercado do Milkpoint não conseguirem avaliar conjuntamente a interferência da entrada de leite via Mercosul e outros países, desde o início do ano com a elasticidade e sazonalidade regional da produção interna, supondo que as importações do Mercosul, em especial do Uruguai em pouco interferiram na crise do preço do leite pago ao produtor no último trimestre deste ano. Analisando um gráfico anterior que o próprio Milkpoint dispõe é claro que as grandes importadoras se 'empanturraram' de leite em janeiro, fevereiro e março deste ano, estabelecendo um ambiente satisfatório para negociações á posteriores unilaterais, o que de fato aconteceu, 'criando a falsa idéia' de sobra de leite e baixo consumo. Se é assim, fica aqui uma questão para os dois analistas: se a importação de leite não é problema, principalmente do Mercosul (Argentina e Uruguai, a benesse da vez) não tem relevância na formação do preço pago ao produtor no Brasil, então por que tanto barulho? Suspende a importação de uma vez e ponto. Veremos como a Cadeia de Produção vai se organizar... em 2018. Chega dessa utopia e paralisia. Às indústrias não interessa a suspensão e muito menos ao governo. E me parece que à outros que nunca produziram um litro de leite sequer... e só sabem palpitar e direcionar um discurso de "falta de profissionalismo'. O que falta mesmo é informação confiável que de fato retrate a verdade em mais de 95% de fazendas do Brasil e não de dados de Universidades e Instituições federais utilizadas sempre que se precisa de uma 'desculpa verdadeira'.
RONEY JOSE DA VEIGA

HONÓRIO SERPA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/10/2017

Esse leite que entra via mercosul, isento de impostos , é uma concorrência desleal para com os produtores ;. serve apenas a Indústria!

Já vi muitos comentários dizendo que nosso leite é caro, ora pois , é caro porque é caro para produzir! Nem vamos falar em questão cambial!!

Façamos assim, vamos abrir as porteiras do mercosul para que eu possa comprar de lá , seja da Argentina ou do Uruguai, meus insumos para produção:  sementes, adubo, combustível, medicamentos, maquinário,  e por aí vai... LIVRE DE IMPOSTOS E QUANTIDADES!!!

E outro detalhe muito importante, proibição total e irrestrita a reconstituição de leite em pó importado para embalar e fazer de conta que é UHT!!

Com essas duas medidas.. que entre leite de onde quer que seja, desde que de países que não tenham nenhum tipo de subsídio em nenhuma parte da cadeia produtiva, seja na produção ou industrialização ou até mesmo na comercialização de leite e derivados.

Eu topo... livre comércio DE VERDADE.. !!

Por um Brasil mais Justo e Perfeito.:

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