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Trader analisa barreiras às importações de lácteos

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 03/07/2009

5 MIN DE LEITURA

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O operador de mercado de lácteos Otavio A. C. de Farias, da empresa Alliance Commodities, enviou ao MilkPoint texto criticando as barreiras as importações de lácteos. Abaixo, seu texto na íntegra.

"Operadores (traders) do mercado internacional de leite e derivados têm discutido sobre fluxos comerciais no Mercosul e a viabilidade logística e econômica da triangulação de leite em pó, subsidiado ou não, via Argentina e Uruguai. Tem havido uma série de perguntas e reflexões a esse respeito; muitas das respostas ou afirmações são feitas com base no senso comum, sem suporte nos fatos do dia-a-dia do comércio internacional de leite.

Voltando para o último trimestre de 2008, teremos que considerar preços na Europa (ou Nova Zelândia) em base Ex-Works (posto fábrica na Europa) em setembro e outubro de 2008, adicionados custos internos de frete, etc, para que se estabeleça preço FOB (a bordo do navio) Porto Europeu e logo adicionar frete marítimo até portos do Mercosul, estabelecendo assim preços CFR (Custo + Frete) Montevideo/Buenos Aires.

Uma vez estabelecidos preços CFR (Custo + Frete) portos de Montevideo/Buenos Aires, devem ser calculados frete de caminhão ou marítimo para o Brasil, além dos custos logísticos, portuários, etc.

Considerados preços de leite em pó no mercado Europeu (com base nos relatórios do USDA) e agregados todos os custos logísticos, os cálculos descritos acima não indicariam como factível a triangulação de leite em pó no Mercosul para o Brasil. Se há afirmações de que essa prática se deu na década de 90, seria outro tema para pesquisas.

Além da questão dos custos, há que se considerar o "lead-time" de uma operação triangulada - ou seja, o tempo de trânsitos de fábrica na União Europeia ou mesmo Nova Zelândia (e Austrália) ao cliente final no Brasil, via Argentina ou Uruguai. Feito isto, pode-se concluir sobre ser ou não factível a entrada no Brasil de leite em pó triangulado e subsidiado, já que a União Europeia passou a subsidiar as exportações somente em janeiro, depois de ter suspendido temporariamente (e sem precedentes nas últimas décadas) subsídios às exportações em meados de 2007.

Havendo indícios de uma triangulação, se esperaria das autoridades brasileiras, no âmbito do Mercosul (Tratado de Asunción - 1991), demandar oficialmente informações às autoridades Argentinas e Uruguaias a abertura de seus registros de importação, indicando importações de leite em pó, seja em regime de draw-back, seja em outro regime qualquer, por exemplo admissão temporária para tal produto.

Deve-se considerar ainda que, mesmo tendo havido seca no Mercosul, ambos os países - Argentina e Uruguai - (assim como o Rio Grande do Sul), tiveram capacidade de suprir demanda do Brasil nos últimos trimestres.

Num passado não muito remoto, a demanda sazonal brasileira foi suprida em grande parte pelos países vizinhos; teria sido factível, portanto, sobretudo em momentos de queda de demanda mundial no segundo semestre de 2008, o fornecimento ao Brasil dos volumes envolvidos, considerando aumento do excedente e disponibilidade de leite em pó dos vizinhos do Mercosul.

É importante frisar que a retórica de livre comércio nas rodadas da OMC (Organização Mundial de Comércio), a luta pela queda dos subsídios e queda das barreiras tarifárias e n��o-tarifárias ao redor do mundo por parte do Brasil e outros grandes produtores/exportadores agrícolas, ficam sem efeito neste momento, pondo em cheque a já combalida Rodada de Doha.

Lembremos que, enquanto isso, tem faltado leite no Brasil, fato evidenciado pelos preços nas gôndolas e no atacado de leite em pó, sendo ainda assim impostas barreiras ao comércio intra-Mercosul de lácteos.

O leite em pó brasileiro custa hoje de US$ 3.800 a US$ 4.650/tonelada (de R$ 7,40 a R$ 9,00/kg) no atacado, enquanto o mundo negocia entre US$ 1.800 e US$ 2.300/ton FOB Porto, ou seja, cerca de 100% mais do que a realidade mundial, com impostos incluídos. Leite UHT saiu de cerca de R$ 1,50 para R$ 2,50/litro nas gondolas.

A comparação de preços de leite ao produtor é favorável para o Brasil, considerando preços de leite ao produtor na Europa e Oceania e considerando que a produtividade no Brasil é menor do que nos principais blocos de produção e exportação de leite no mundo:

- Brasil: R$ 0,70/litro = US$ 0,36/litro
- França: E$ 0,24/litro = US$ 0,33/litro
- Bélgica: E$ 0,24/litro = US$ 0,33/litro
- Alemanha: E$ 0,23/litro = US$ 0,32/litro
- SPOT Europa: E$ 0,20/litro = US$ 0,28/litro
- N. Zelândia: E$ 0,17/litro = US$ 0,24/litro

Lucius Cassius, juiz respeitado na Roma antiga, perguntaria "Cui Bono?". Ou seja "quem se beneficia (com tal restrição ao comércio)?!".

A essa pergunta poderíamos responder que o produtor de leite e as indústrias se beneficiam. Porém, é também fato que a indústria brasileira tem deixado de produzir leite em pó devido a custos, e preferido comprar leite em pó importado ou leite em pó processado no Brasil, de indústrias que, por motivos quaisquer, produzem leite em pó ainda que pressionados pelos custos altos de matéria-prima e dificuldade de repassar custos para preços no varejo.

O produtor de leite seria sim, em última análise, o beneficiário de barreiras comerciais. Contudo, em poucos meses, o Brasil pouco competitivo não terá mercado para escoar a produção em plena safra, que começa no Sul em breve e no Centro-Oeste e Sudeste mais adiante no verão.

A algumas conclusões chegam operadores do mercado internacional sobre a atual situação nas importações brasileiras e comércio intra-Mercosul:

- Brasil deverá estar fora do mercado mundial para o leite em pó em 2009, após esforços feitos pela indústria brasileira durante anos;

- A falta de competitividade brasileira irá resultar em excedentes na safra, exportações em baixa e queda nos preços ao produtor;

- Para exportar, o Brasil terá que igualar ao preço de mercado mundial (50% abaixo dos valores atuais no atacado) ou terá forte deflação de preços a partir de setembro;

- Caso o Brasil venha a exportar, será desejável que não haja barreiras nos mercados-alvos, sob pena de passar a ser vítima das mesmas restrições impostas hoje aos vizinhos do Mercosul;

A discussão e questões que se propõe são técnicas, deverá encontrar oposição no setor, mas tem base nos fatos do mercado mundial, sendo uma discussão imparcial e sem viés nem favorecimento de um ou outro país no Mercosul ou outro qualquer.

Havendo triangulação ou ilegalidade nas operações, que sejam impedidas de forma enérgica e imediata.

Mas não havendo fraude ou triangulação, é preferível que o Brasil aposte no bem-estar econômico gerado pelo livre comércio internacional a apostar em um bem-estar econômico pontual, passageiro, com base em barreiras não-tarifárias que, uma vez impostas ao Brasil, afetarão nossas exportações e nosso produtor de leite no futuro".

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JOSE GILBERTO VIAL

ALEGRE - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/07/2009

Somente hoje, 21/07/2009, tive o prazer de ler o artigo escrito pelo sr. Otavio que realmente é muito importante e sugestivo para que o produtor brasileiro possa despertar e realmente se profissionalisar na atividade, porem gostaria de lembrar ao sr. Otavio que ainda estamos sofrendo reflexo da seca de 2007, e que uma vaca em gestaçao normal leva pelo menos 280 dias para parir e começar a produzir leite; portanto como haverá exesso de produçao, se o consumidor se mantiver com seu poder aquisitivo normal?
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/07/2009

Precisa pesquisar se houve triangulação nos anos 90? Garanto que não; foi notória! Naquela década o Brasil esteve entre os maiores importadores mundiais de leite, e ainda com toda sorte de práticas desleais de comércio. Praticamente qualquer trader (até de aço) queria internalizar leite financiado com taxa libor e 6 meses para pagar, aplicando aqui a venda à vista com juros reais de 16%. Cui bono? Traders! E não era pela necessidade do leite, apenas pelo dinheiro.
Comprovamos em dois panels na OMC o dano causado por dumping e susbsídios, mas as sequelas ainda aparecem hoje no amadorismo da produção primária.

Neste ano comemoramos 800 mil produtores com 27 bilhões de litros, 70% formais; basta fazer a divisão e verificar a miséria, o baixo faturamento e a enorme distância em que o produtor médio se encontra do necessário profissionalismo. E apenas um mês após os preços melhorarem já tem trader choramingando excesso de regras no mercado livre. Pior, a mensagem vem em nome do consumidor e já aponta como "beneficiado" o produtor; esse mesmo dos 60 litros/dia.

Está faltando leite em algum lugar? Duvido! A última vez que isso aconteceu foi em 1986, plano cruzado, quando surgiu aquele fiscal do Sarney. Mas certamente o mercado vai travar. Também por conta da crise causada por gente de olhos azuis, os preços mundiais estão muito deprimidos, há um grande volume de subsídios na exportação da UE e queda de consumo nos EUA; sobra leite no mundo. Brasil, India e China crescem menos, mas crescem. Com esse ganho de renda há um aumento constante no consumo de ítens inelásticos e básicos como o leite.

Ainda assim, no futuro próximo, o mercado vai travar, mas não pelas razões evocadas pelo Otávio. Com 97% da produção direcionada ao mercado doméstico e sem um consumidor de alta renda, nosso preço tem limite. Mas certamente não precisamos internalizar a crise externa neste cenário. Muitos de nós já viveram esse mesmo momento outras vezes. Quando o mercado travar não vamos ter amparo do governo e o remédio será, como sempre, amargo.

Minha crítica ao Otávio pode não parecer, mas é construtiva. Se de fato há procupação com o consumidor, sugiro iniciarmos o trabalho com a busca da sustentabilidade na produção primária. No médio prazo, é isso que vai preservar as demandas do consumidor de forma estável.

Para o setor evoluir em profissionalismo é preciso melhorar os sinalizadores mercadológicos para volume, qualidade, sólidos, distância, meio ambiente, bioseguridade e tudo o mais que faça sentido econômico - convergente - para todos os elos da cadeia, inclusive o consumidor.

Vamos também voltar a falar de MKT institucional e Láctea Brasil, esse sim um futuro em que outros já chegaram antes de nós. Tenho certeza que os traders serão benvindos em todos esse movimentos da cadeia láctea.
OTAVIO A C FARIAS

SÃO PAULO - SÃO PAULO

EM 06/07/2009

Prezados Senhores,

Agradeço a todos os comentarios. Sei que o assunto é polemico, geraria todo tipo de reação, surgiriam pontos de vista divergentes. Imaginei tambem que apontariam protecionismo dos paises vizinhos (na linha branca, nos calçados e outros) como justificativa para barreiras nas importações de leite.

As questões de preço ao produtor, (in)elasticidade de preço da demanda (seja ao produtor, seja no varejo ou atacado), formação de preços de commodities no Brasil versos mercado externo, etc, sao temas especificos e que exigem analise praticamente no caso-a-caso considerados aspectos de escala de producao (fazenda) até a qualidade do leite e proximidade da planta de processamento. O poder de compra das familias antes, durante e após a crise economica internacional, e tambem questoes climaticas e sazonalidade no Brasil e região.

Portanto, é possivel que muitos argumentos estejam corretos e amparados por justificativas e realidades especificas dentro de um universo amplo de produtores e industrias em um pais de extensao continental.

Porem, em termos de comercio internacional, o Brasil está inserido num mercado global e colherá melhores dos frutos na abertura de mercados do que na criação de barreiras.

Abraços,
Otavio A. C. de Farias
CARLOS E GUEDES

ÁGUAS DA PRATA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/07/2009

Prezado sr. Otavio A C de Farias,

Seus comentários, aparentemente apropriados, contém duas informações:

a) o preço do leite in natura ao produtor no Brasil, em dolar, é algo em torno de 10% superior ao praticado no restante do mundo;

b) o preço do leite em pó no Brasil, ainda em dolar, é 100% superior ao praticado no mercado mundial.

Posto que a matéria prima é a mesma, a que o sr. atribui diferença tão gritante?

Cordialmente.
Carlos E Guedes
Produtor de leite

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. Carlos E Guedes,

Agradeço seus comentarios e questionamentos, e comento:

<b>a) o preço do leite in natura ao produtor no Brasil, em dolar, é algo em torno de 10% superior ao praticado no restante do mundo;</b>

O preco de leite no Brasil pode ser mais alto do que em paises na Europa ou mesmo Oceania (Nova Zelandia e Australia) devido à simples lei de oferta e demanda. Hoje em dia, o Brasil tem praticamente autossuficiencia em leite, mas tem ainda necessidades pontuais de ingredientes especificos ou de leite em pó em algumas situações de mercado (como as atuais).

O Bloco Europeu tem excedente (maior ou menor em diferentes regioes) mas como um todo, tem excedente estrutural que precisa ser escoado via exportações ou absorvido via intervenções da Comissao Europeia.
Havendo um excedente estrutural, naturalmente os preços tendem a ficar pressionados, sobretudo se o mercado mundial nao demandar produtos da Europa e, aliado a isto, houver queda de consumo na Uniao Europeia, o que ocorreu no ano passado. A eficiencia e escala de producao justificam a producao leiteira que tambem, obviamente, tem o empurraozinho dos subsidios internos e às exportacoes. Sem subsidios a Europa seria ineficiente em preços para competir no mercado mundial, passaria a cobrir necessidades domesticas mas atuaria menos em mercados mundiais. Já ocorreu nas ultimas decadas o declinio de participação de mercado Europeu no mercado mundial.
Com a queda dos subsidios em 2007 e com aumento da taxa do Euro versus Dollar desde inicio desta decada, a Europa foi responsavel em grande parte por promover pelo aumento de precos no mercado mundial desde 2006 até o pico em 2007/2008.

<b>b) o preço do leite em pó no Brasil, ainda em dolar, é 100% superior ao praticado no mercado mundial.</b>

Como em outras partes do mundo, no Brasil, a industria do leite se baseia em grupos de produtos:

- Leites frescos, iogurtes, produtos de consumo (leite UHT inclusive);
- Queijos
- Leite em Pó

A alocação para esses grupos depende de consumo e do retorno gerado para a industria.

O leite em po é em geral o ultimo da fila! Serve para equalizar a produção industrial dos excedentes de leite, permitindo facilidade de armazenagem e extensão de validade da materia-prima e permite atuação em mercados longinquos onde nao há produção de leite suficiente (ex: NE do Brasil, Africa e Oriente Medio), atuação em mercados internacionais em geral, programas sociais e atuação industrial (leite em pó como ingrediente).

Quando UHT no Brasil está muito alto, a industria aloca sem hesitar sua disponibilidade de leite para o Longa Vida em detrimento do leite em pó (ou até queijos).

Como o Brasil tem medidas anti-dumping para origens fora do Mercosul, a unica opção de fornecimento é intra-Mercosul, onde precos praticados sao em geral cerca de 10 a 20% mais altos do que o mercado mundial, sempre quando Brasil está a demandar volumes, como ocorrido recentemente.

A capacidade de produção de leite em pó no Brasil é de cerca de 700 mil tons anuais. Porem, sazonalmente, muitas industrias podem parar de produzir leite em po privilegiando outros produtos. Daí a alta de preços e situação de mercado muito descolada da realidade mundial e, por conseguinte, a necessidade sazonal de importação, o que nao ocorria no Brasil de forma tao notavel há alguns anos.

Espero ter respondido suas questões.

Grande abraço,
Otavio A. C. de Farias
DUILIO MATA DE SOUZA LIMA

BOM SUCESSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/07/2009

Nesta outra carta gostaria de fazer uma pergunta que eu não consigo resposta.
O Sr. colocou valores de importação fantásticos para os lácteos, e o sr. falou também em livre comércio e digo que só o Brasil respeita este acordo, porque em outros setores, nossos vizinhos que o Sr. fala tão bem não estão respeitando em nada os acordos como é o caso dos eletrodomésticos por exemplo.

Mas a questão é sobre importação de lácteos e voltando apenas um pouco no tempo, gostaria de falar sobre outra commodity, que é o trigo. Nosso vizinho não possuia a mercadoria para nos fornecer no ano passado e quando fomos ao mercado internacional a procura do produto, fomos comprá-lo dos países considerados os mais eficientes em termos de custo de produção e, portanto, que teriam os valores mais atrativos em termos de preço por tonelada e quando resolvemos importá-lo se o governo não abaixasse a TEC o preço ao consumidor subiria, e então eu pergunto aonde está esta eficiência e esta importação que subiria o valor do pão. Agora esta colocação que o leite importado é mais barato? Será que quando começarmos a importar não se repetirá a mesma história, sendo as primeiras cargas mais baratas e depois que os estoques estão baixos e portanto é preciso subir os valores.

Só que quando a indústria olhar para o setor interno e observar que o mesmo não tem condições de suprir a sua demanda, não restará outra situação a não ser subir o preço do produto para o consumidor que todo mundo o coloca como vítima, mas ninguém está nem aí para ele. Ou será que as fraudes acabaram? Será que estão realmente fiscalizando o produto fornecido a ele e aonde os órgãos de defesa estão que não verificam a origem destes valores na gôndola. O que estamos precisando é de menos demagogia e mais ações, uma vez que a mesma saiu dos políticos e está totalmente intranhada principalmente na economia agropecuária deste país.

<b>Resposta do autor:</b>

Caro Sr Duilio,

Agradeço seus comentarios.

Acompanhamos e atuamos tambem no mercado interno e sabemos das frustrações do produtor.

Os ultimos anos mostram sim que o consumo mundial supera o aumento da produção e que no futuro em até 10 a 15 anos, o Brasil será um dos maiores exportadores no mundo de leite e derivados.

Eu recomendaria o produtor rural focar seus esforços em escala de produção e qualidade do leite, em termos de solidos, etc.

O paralelo feito com países na Europa (onde há subsidios) e na Nova Zelandia (onde nao há subsidios), somente serviu para que se observe a atual situação do produtor no Brasil onde não são oferecidos subsidios quaisquer.

De qualquer forma, o foco da discussão foi mais relativo ao comercio intra regiao, e barreiras impostas com base em possiveis triangulações, o que nao teria ocorrido segundo nossos colegas no mercosul.

Agradeço seus cumprimentos e espero ter contribuido para discussões sobre o setor e suas atividades.

Sds,
Otavio A. C. de Farias
DUILIO MATA DE SOUZA LIMA

BOM SUCESSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/07/2009

Gostaria de parabenizá-lo pela carta, mas ressaltar que o Sr. está muito preocupado com os preços internos e como todo bom brasileiro se esqueceu do ano de 2007 que todos começaram a apregoar que nos próximos 4 anos o produtor poderia produzir leite porque era a vez do leite e não havia estoques mundiais e o consumo estava subindo. Esta reportagem fora colocada no Jornal Nacional que é segundo o IBOPE o mais assistido do país. Sabemos o que aconteceu de julho de 2007 a julho de 2008 com uma produção avassaladora no país, e após este período que perdurou por um ano, veio então a crise.

Gostaria de dizer que os produtores das principais bacias leiteiras do país não estão mais acreditando nestas promessas, pois sabemos que em setembro em diante a queda é vertiginosa e por isso sonhamos com valores mais altos para que a queda que sempre acontece seja para valores pelo menos razoáveis. Se o Sr. não está acompanhando o mercado interno, o deveria fazer, uma vez que os produtores mais tecnificados estão é aproveitando o momento para liquidar planteis e ou vender animais para sairem de débitos contraidos anteriormente como ocorreu com todo agropecuarista brasileiro.
ANDREA RODRIGUES CASELLI

CATANDUVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/07/2009

Olá Otavio,

Gostaria de parabenizá-lo pelo excelente artigo. A sua preocupação com os preços remunerados aos produtores durante a safra realmente é relevante, mas a sua afirmação de que eles que estão se beneficiando mais com os atuais preços, eu discordo. Analisando os custos de um produtor que tem um rebanho com produção vaca dia de 18 litros/dia, com ordenha manual, e a relação de ração fornecida/litro de leite produzido seja de 1:3, teremos:

ração R$ 0.21
silagem R$ 0.15
mão de obra R$ 0.15
sal mineral R$ 0.05
encargos R$ 0.05
medicamentos R$ 0.03
outros (óleo diesel, energia, vacinas e manutenção da propriedade) R$ 0.04
Total R$ 0.68

É importante salientar que nesses custos não foram avaliados a remuneração do capital, reposição de animais e nem a remuneração do produtor rural. Concordo que não somos competitivos, precisamos de animais mais produtivos, alimentos alternativos, assistência técnica especializada e maior informação aos produtores da realidade brasileira e a de outros países. Com isso, há uma grande urgência da realização de orientação e conscientização dos produtores rurais.

Observa-se no Brasil nos últimos anos, maior liberação de dinheiro para empréstimos para os produtores rurais, mas com a realidade que eles apresentam em suas propriedades no dia a dia, esse dinheiro alivia apenas no momento de sua liberação, entretando a renda líquida desses produtores, quase 100%, é destinada ao pagamento desses empréstimos.
Somos uma nação maravilhosa, com riqueza de água, extensas áreas produtivas, clima favorável para produção de leite, entretanto, nossas terras são menos fertéis do que as da Argentina e nossos produtores não obtém subsídios como os produtores da União Europeia.

Assim, é preciso que haja maior estudo sobre a produção brasileira para mantermos nossos produtores aptos a produzirem leite competitivo com os outros países, pois se essa realidade persistir acredito que muitos terão que mudar de aitivdade. Em relação ao alto preço praticado ao leite UHT nas gondôlas dos supermercados, deve-se avaliar melhor o preço final desse leite nos laticínios, preço pago pelos varejistas e o valor repassado aos consumidores.

Um abraço,
Andrea Caselli

<b>Resposta do autor:</b>

Olá Andrea,

Entendo seu ponto de vista e realmente acho que em muitos casos os produtores de leite nao se beneficiam com atuais preços pagos pela industria.

Somente fiz um paralelo com a produção em outros paises onde a escala e produtividade possivelmente aliadas a prêmios por qualidade e solidos justificam a produção. Há tambem subsidios aos produtores nos Estados Unidos e Europa.

De qualquer maneira, buscamos focar essa discussão neste caso no comercio intrarregiao, barreiras impostas com base em possiveis triangulações, o que nao teria ocorrido segundo nossos colegas no mercosul.

Agradeço seus comentarios e permaneço à disposição para mais discussões.

Sds,

Otavio A. C. de Farias
ROBERTO TRIGO PIRES DE MESQUITA

ITUPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 03/07/2009

O raciocínio mercadológico do Otavio não interpreta bem a inelasticidade das produções leiteiras anualizadas. Os volumes da produção na safra não são planejáveis em função dos preços praticados na entressafra. Assim, os excedentes projetados para a próxima safra devem até ocorrer, mas nunca como consequência dos atuais R$ 0,70 ou US$ 0,36 / litro pagos ao produtor.

É inexorável que tenhamos na próxima safra mais um cíclo do aumento da produção na estação das águas que desde que não seja acompanhado por (improváveis) aumentos da demanda ou da retomada dos preços dos lácteos no mercado internacional, certamente viveremos mais um cenário de geração de excedentes, queda dos preços pagos ao produtor e perdas irreversíveis na competitividade da produção, industrialização e comercialização da cadeia láctea nacional.

"Cui Bono?" Produtores, indústrias ou tradings do setor lácteo?
EGON KRUGER

PALMEIRA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/07/2009

Veja bem, Senhor Otavio,
A França, Belgica, Alemanha, estao pagando muito pouco para o produtor tambem, é o mesmo caso aqui no Brasil, quem esta fazendo dinheiro nao é o produtor, alguem esta ganhando as custas de especulações no mercado do leite. Os produtores europeus em mais 1 ou 2 anos estao todos falidos pois nao conseguem sem subsidio pagar as contas, com toda a seca no sul da america do sul nao tem como o Uruguai e Argentina suprirem a falta de leite aqui sem triangulaçao, pois 15% do rebanho leiteiro argentino foi perdido nesta seca, por abate ou moreu de fome.

Mas o Senhor tem razao que no ano que vem vai ter excedente de leite aqui, pois com este preço vao começar a tirar leite de tudo o que tiver tetos, ai, quem deveria entrar para fiscalzar deveria ser o Mapa para fazer funcionar a NR 51, que seria de grande ajuda para or produtores profisionais de leite, que nao conseguem produzir leite tao sujo quanto este que aparece na hora do preço bom para o produtor. Vamos fazer uma conta reversa do leite da gondola nos niveis razoaveis de lucro para todos. Vamos pegar R$ 2,70 na gondola, R$ 0,20 supermercado/ padaria, R$ 0,40 impostos, R$ 0,20 distribuiçao, R$0,40 embalagem LV, R$0,40 industria coleta e manipulçao, sobraria ainda R$ 1,10 para o produtor, mas isso nao acontece, pois só recebemos R$0.70.
JOSE RONALDO BORGES

CUIABÁ - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/07/2009

Algumas contribuições a este artigo.

1) Não necessariamente haverá excedente no período da safra, pois o preço ao produtor continua baixo em relação ao custo de produção. O que está alto é o preço ao consumidor.

2) A triangulação não significa que estamos consumindo leite Europeu ou da Nova Zelandia. Podemos estar importanto leite produzido no mercosul e os uruguaios e argentinos consumindo leite europeu.

3) Se por acaso o preço ao produtor cair ainda mais, talvez tornaremos a ser o maior importador do mundo e não um grande exportador como sugere o artigo, por falta de produto para exportar e para o consumo interno.

4) O que está errado em todo o conjunto de preços nacionais e internacionais, é o cambio do Brasil.

CARLOS ALBERTO T. ZAMBONI

MOCOCA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 03/07/2009

A mais brilhante, oportuna e certeira análise que li nos ultimos 06 meses a respeito de importação de leite.
Hoje tenho a convicção que se as importações não estivessem sido realizadas, o consumidor do UHT (sempre desrespeitado) leite em pó, iogurtes etc. estaria pagando nas gondolas o UHT acima de R$ 3,00, pela até falta de produto nas gondolas, e para o produtor talvez R$ 1,20/1,30 (há relatos de 1,00). Mas como essas ações irão resultar na queda de consumo, isso hoje já está evidente e como disse o Otavio, pela falta de competividade irá resultar em excedentes na safra, exportações em baixa, e a consequente queda no preço ao Produtor, que sempre tem que pagar a conta. "Voltará do ceu", onde ficaria por pouco tempo e Deus queira que não vá ao "inferno".
Tomara que eu erre!

Parabens Otavio pela contribuição.

Abç

Zamboni

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