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O Reino Unido estaria se encaminhando para um cenário de mega-fazendas leiteiras?

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 29/02/2016

5 MIN DE LEITURA

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O setor de lácteos do Reino Unido está passando por um período de fortes incertezas como a guerra de preços no varejo e o fim das cotas de leite na União Europeia. Assim, não surpreende que as recentes discussões estejam focando em como o setor leiteiro do Reino Unido se adaptará. Alguns veem o futuro se encaminhando em direção às mega-fazendas leiteiras, imitando as existentes nos Estados Unidos.

Se isso vai acontecer depende se essas mega-fazendas leiteiras serão a única solução para manter a competitividade do setor e, dessa forma, sua sobrevivência. No Reino Unido existem apenas algumas fazendas leiteiras com rebanhos de mais de 1.000 vacas, enquanto nos Estados Unidos é comum e elas podem ter até dez vezes esse tamanho. Essa previsão levanta duas questões: as práticas das fazendas que se assemelham às mega-fazendas, incluindo alimentação da vaca confinada durante todo o ano, são mais lucrativas e isso necessariamente significa menores padrões de bem-estar animal?

Primeiro, um contexto. O preço médio recebido pelos produtores em 2014 (até outubro) foi de 32,17 centavos de libra (46,31 centavos de dólar) por litro (embora pudesse variar em mais de 10 centavos de libra [14,39 centavos de dólar] por litro dependendo da natureza do contrato de fornecimento do produtor). Isso é cerca de 6,7 vezes mais do que o preço médio recebido em 1973, embora de fato o preço tenha caído quando ajustado para a inflação. Isso não leva em conta o efeito dos custos de produção, entretanto. Se o custo de produção caiu mais rápido do que o preço do leite, isso pode não ser um problema.

Infelizmente, os custos históricos de produção não estão disponíveis, mas temos custos históricos dos alimentos animais desde 1988 do departamento de agricultura, que são os maiores componentes dos custos (mais do que mão de obra, que é o segundo). Então, isso pode nos dar alguma ideia do que vem acontecendo. Como podemos ver no gráfico abaixo, sugere-se que o verdadeiro preço do leite recebido pelos produtores britânicos caíram desde 1995.


Fonte: Cesar Revoredo/Defra

O verdadeiro preço do leite no Reino Unido

A queda nos preços do leite reflete o quão competitivo o setor se tornou, parcialmente porque os varejistas reduziram os preços e por causa da maior competição com outros produtos alimentícios. O gráfico abaixo mostra o declínio nas compras de produtos lácteos, direcionado pelo forte declínio no consumo de leite integral que não foi substituído pelos leites desnatados (notem que o consumo de queijos vem aumentando, mas não com muita força).

Fonte: Family Food/Defra

Consumo per capita semanal de lácteos no Reino Unido

Essa queda na demanda por produtos lácteos levou a ajustes estruturais no setor, reduzindo o número de vacas leiteiras e de fazendas leiteiras no Reino Unido. Aqui está a tendência desde meados dos anos noventa:


Fonte: DairyCo/Defra

Fazendas leiteiras e vacas leiteiras

Note que o número de vacas vem caindo mais lentamente do que o número de fazendas. Isso implica que o número de vacas por fazenda vem crescendo, o que pode sugerir que estamos nos encaminhando em direção a mega-fazendas leiteiras. Também é válido notar que não tem havido uma queda correspondente no volume de leite que vem sendo produzido. Isso é devido aos rendimentos por vaca que vêm crescendo firmemente graças à combinação de avanços tecnológicos e vacas de maior rendimento.

Fonte: Defra

Produção de leite e rendimento (leite/vaca/ano)

Uma pesquisa recente no Reino Unido realizada pela Faculdade Rural da Escócia descobriu que das 863 fazendas leiteiras do país, o tradicional manejo leiteiro britânico de pastejo durante todo o verão e a alimentação em confinamento somente no inverno foram praticados por menos de um terço dos participantes da pesquisa e, em média, os tamanhos dos rebanhos foram maiores dentro de sistemas que alimentam animais confinados. Isso significa que a proporção de vacas sendo ordenhadas nessas fazendas será mais elevada.

Esse declínio na alimentação a pasto vem ocorrendo em muitos países. As razões incluem dificuldade em controlar as rações para animais de alto rendimento, incertezas sobre a oferta de pasto em alguns países, dificuldades práticas, como distâncias de caminhada e tempos de descanso, e a disponibilidade de uma mão de obra estável. Vacas de alto rendimento podem também demandar até cinco vezes mais quantidade de energia, o que pode ser difícil obter com uma dieta à base de pastagem e silagem. Isso pode significar que alguma alimentação adicional é requerida.

É interessante notar que fazendas a pasto bem manejadas não parecem ser menos lucrativas do que aquelas que dependem de confinamento. A Milkbench+, agência de avaliação comparativa de produtos lácteos, descobriu que é possível produzir leite de forma eficiente em quase qualquer escala e qualquer nível de produção, conforme detalhado na figura abaixo:

Fonte: Milkbench+

Rentabilidade e tamanho do rebanho

Mas embora as figuras acima sejam baseadas na lucratividade por litro de leite produzido, um ponto muito importante é que muito provavelmente rebanhos muito pequenos não fornecerão renda suficiente para seus proprietários. Isso pode tornar o tamanho do empreendimento um aspecto chave, dependendo dos objetivos do produtor.

Sistemas a pasto têm, em média, menos vacas do que fazendas com sistemas de alimentação em confinamento. E certamente, o estilo de manejo e as instalações podem afetar o bem-estar das vacas leiteiras. Foi reportado que o público britânico se opõe a sistemas leiteiros de confinamento – apesar de muitos não estarem cientes de que nos sistemas britânicos tradicionais, as vacas ficam confinadas no inverno de qualquer maneira.

O Conselho de Bem-Estar dos Animais de Produção disse que as vacas leiteiras confinadas no Reino Unido podem ter um padrão aceitável de bem-estar à medida que instalações adequadas sejam fornecidas junto com boas práticas de manejo animal e veterinárias. No entanto, vacas leiteiras continuamente confinadas podem ser suscetíveis a uma série de questões de saúde e têm maior risco de desordens de saúde, como mastite e retenção de placenta.

Existem técnicas que podem reduzir a incidência de alguns problemas de saúde, entretanto. E as vacas leiteiras mantidas em sistemas a pasto podem também estar em risco de problemas de saúde, como laminite, além de também estarem expostas às condições climáticas prevalentes.

Há ainda uma variedade de sistemas de manejo leiteiro em uso, mas parece haver uma tendência clara em direção a fazendas que alimentam mais seus animais em confinamento. Se fazendas maiores não necessariamente significam mais lucratividade – ou menores padrões de bem-estar, graças à legislação do Reino Unido – é possível que os produtores estejam compensando com margens menores e buscando gerar mais renda em suas propriedades.

As informações são do https://theconversation.com/uk/topics/hard-evidence, traduzidas pela Equipe MilkPoint.

 

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FERNANDO FERREIRA PINHEIRO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 01/03/2016

Artigo muito interessante!! Estrategicamente é muito importante para o setor brasileiro estar atento à tendências como a descrita no artigo. Em uma atividade que as negociações são feitas em centavos, a escala de produção é fundamental, principalmente quando não há regulamentação de mercado. Portanto, a busca por maiores produções e produtividades é essencial para a permanência no negócio, e o artigo demonstra que essa premissa vale em qualquer lugar.

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