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O fim da agricultura

POR ZANDER NAVARRO

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 26/12/2016

4 MIN DE LEITURA

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O título não é sensacionalista e nem propõe um exercício especulativo em futurologia. De fato, são dois os principais desenvolvimentos, concretos e de grande envergadura, que apontam o desenlace indicado – uma inédita transformação da agricultura. Um deles é mais geral e o outro diz respeito, especificamente, ao caso brasileiro. Não ocorrem apenas na esfera econômica e financeira, pois também se modifica a estrutura produtiva e tecnológica, gerando consequências sociais, às vezes, problemáticas. Uma vez aprofundados e irreversíveis nas duas décadas adiante, sem nenhuma dúvida, são desenvolvimentos que mudarão abissalmente a atividade humana que conhecemos como “agricultura” há pelo menos dez mil anos. E o Brasil, posicionado na iminência de se alçar à maior potência mundial ofertante de alimentos, igualmente observará inevitáveis e sísmicas mudanças em seu mundo rural.

Ainda mais decisivo, se examinada por uma lente cultural, será atividade operada com escassa presença de pessoas, gradualmente diluindo a imaginação da sociedade sobre a vida rural e até mesmo esmaecendo o papel da natureza na produção dos alimentos. Ao contrário de algumas sonhadoras previsões, a distância que vincula a origem rural à mercadoria “alimento” deverá se ampliar notavelmente nas percepções dos indivíduos, também em virtude das impressionantes inovações no processamento agroindustrial, capaz de ofertar novos produtos em velocidade crescente. No lastro cultural mais entranhado da sociedade, entre os grandes temas de discussão, esse fato gradualmente fará desaparecer a concretude das regiões rurais, a vida social no campo e até o papel da natureza. Na visão dos cidadãos, o bucolismo dos ambientes “naturais” e suas supostas virtudes serão assim separados dos espaços da produção.

O primeiro desses “grandes eventos” já está em curso nos sistemas agroalimentares dos países de capitalismo avançado onde o setor ostenta significativo peso econômico, particularmente nos Estados Unidos. Há uma silenciosa, mas espetacular combinação entre a transformação organizacional e a intensificação tecnológica em andamento na operação econômica que intitulamos de “agropecuária”. São inúmeros os vetores que conduzem à mudança, dispensando os agricultores, mas exigindo agora agro-administradores que possam decifrar e coordenar a complexidade que vai se estruturando. Na história do capitalismo, como em outros momentos que condensaram múltiplas inovações, são processos que elevam a produtividade geral, ampliam fortemente a produção e eliminam muitas incertezas (enquanto introduzem novos riscos). Como resultado geral, vem se alterando a própria essência da atividade, fazendo-a totalmente distinta de sua imagem milenar.

Muitos são os campos de inovação que promovem esta revolução. São ações que mobilizam a biociência agrícola, especialmente os avanços na genética molecular, os novos produtos em automação e robótica e, sobretudo, o nascimento de uma “agricultura digital”, reconfigurada a partir de bases de dados e altíssima conectividade. São novas técnicas que tornam exponencial a capacidade dos administradores de otimizar os resultados, maximizando o uso dos recursos disponíveis. Se as manchas dos solos diferem entre si, por exemplo, multiplicando o uso de sensores, qual a combinação de água, fertilizantes e controle de pragas e doenças, além de plantas reconfiguradas por edição genômica, que permitirá obter a máxima produção com a mais alta produtividade final – e, portanto, a melhor rentabilidade possível? As respostas concretas já existem, na produção de alguns países.

Sem detalhes adicionais, inclusive sobre as inovações existentes nas demais partes do sistema agroalimentar, mudam assim a estrutura decisória e o “modelo de negócio” da agropecuária. Imagine-se, como curta ilustração, a pecuária de leite, que caminha para o confinamento de alta intensidade, com um único objetivo: obter a máxima lactação diária, descolando-a totalmente da alimentação obtida no campo. Levada ao extremo, a graciosa imagem dos animais comendo preguiçosamente em pastos verdejantes logo se tornará uma fotografia de tempos sem retorno.

Enfim, afirmado cruamente, trata-se de substituir a velha agricultura das decisões intuitivas do passado para um empreendimento econômico de exigências analíticas imensas e desafiadoras, conduzida obrigatoriamente pela ciência de vários campos disciplinares. São dois mundos opostos, e a velha agricultura começa a fazer parte das memórias passadas. Inclusive, é uma parte da economia que vai sendo convertida em um mero “serviço” componente do sistema agroalimentar, como todos os demais que constituem as cadeias produtivas. E até mesmo a especificidade de serem os processos vivos aqueles que caracterizam a agricultura é essencialidade que gradualmente se tornará irrelevante, pois a ciência está quase “domando a natureza” no processo produtivo.

O segundo grande desenvolvimento, aqui referido apenas de raspão, nos remete ao que é típico do caso brasileiro, ante esse novo contexto. São quase cataclísmicas as projeções antevistas, pois um terço de nossos agricultores sequer sabe ler e em todas as regiões a maioria dos jovens está preferindo deixar o campo. É majoritária, mas muito pobre, a população que vive no Nordeste rural, hoje uma região de fraquíssima expansão da moderna agropecuária. O próximo Censo, adicionalmente, mostrará uma concentração ainda maior da riqueza rural, apontando os vencedores das mudanças.

Por essas e outras razões, inclusive a inoperância da ação governamental ante essas gigantescas transformações, o mundo rural do Brasil também vai sendo radicalmente transformado. Em 2040, quem compará-lo com os dias de hoje, não acreditará que estivemos vivendo no mesmo país.

Zander Navarro é sociólogo e pesquisador em Ciências Sociais.
E-mail: z.navarro@uol.com.br.

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JAIR DA SILVA MELLO

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 02/01/2017

Ok Prof. Abraço.
ZANDER NAVARRO

EM 02/01/2017

Caro Sr. Jair,



agradeço o comentário tão gentil. Sua mensagem me traz boas lembranças de Ijuí, onde já estive dezenas de vezes e conheço bem a determinação de seus produtores.



Entendo que o seu comentário tem uma parte central, que a maior parte da população brasileira ainda não percebeu claramente. Esse aspecto crucial é que a agropecuária é uma atividade estritamente econômica ("é um negócio", em suas palavras) e, portanto, somente permanecerá na atividade quem obtiver rentabilidade satisfatória e conseguir uma administração bem sucedida.



Infelizmente, muitos no Brasil ainda pensam que viver no campo e operar atividades agrícolas ou pecuárias (ou ambas) ocorre porque as famílias rurais "gostam da natureza" e os temas econômicos seriam secundários. Parece inacreditável, mas encontramos essa visão até mesmo em universidades e centros de pesquisa.



Precisamos, todos nós, fazer um esforço maior para divulgar a natureza das atividades agropecuárias e seus desafios econômicos e financeiros. Talvez assim os brasileiros passem a valorizar mais as famílias rurais que permanecem no campo e lutam para construir um setor ainda mais eficiente e produtivo. Com o tempo, os brasileiros aprenderão que aqueles que labutam no campo são os verdadeiros heróis de nosso país. Garantem riquezas que irrigam toda a economia, salvam a balança comercial e estimulam o funcionamento das atividades de muitas regiões do nosso interior, criando empregos, receitas públicas e a dinâmica produtiva que ainda move o Brasil.



Cordialmente,



Zander Navarro
JAIR DA SILVA MELLO

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 01/01/2017

Prezado Sr. Zander,



Quando li o título do artigo e o autor, no MilkPoint, pensei... vou reservar tempo em outro momento para ler com calma, pois pelo título imaginava algo do passado, como o Wagner citou. Li agora, bem diferente do que estava acostumado a ler nos bancos acadêmicos e que muitas escolas e professores ainda pregam como leitura obrigatória, de um mundo agrícola irreal e ultrapassado. Parabéns quando o Senhor comentou: "...sempre vamos aperfeiçoando nossas interpretações sobre os processos sociais e econômicos. As realidades são mutáveis e..." Realmente a agricultura mundial e brasileira mudou, está mudando e mudará, coisas ainda não imagináveis, assim como as demais áreas da ciência. Tudo avança, não podemos imaginar que a agricultura brasileira vai continuar produzindo 60 sacas/ha de milho, 20 sacas/ha de feijão, produzindo 5 -6 litros/vaca/dia, abatendo um boi gordo com 4 anos, com um monte de gente no campo, ineficientes e inviabilizados. A AGRICULTURA, assim como outro qualquer segmento, é um negócio e como tal exige gestão, profissionalismo, tecnologia e inovação. Teremos a cada ano, menos área agrícola, as áreas de reservas crescem, as áreas urbanas também e como tal, temos que produzir alimentos. Concordo com o artigo, quanto a questão social, a preocupação com essa exclusão de gente sem qualificação, sem foco, fora do processo, para as cidades. A volta, citada pelo Wagner, não é desse segmento, mas sim, de gente qualificada, que estudou e continua se atualizando, quer ganhar dinheiro com melhor qualidade de vida e segurança, do que na cidade. Professor Zander, essa sua visão demonstrada no artigo, precisa embasar muitas escolas das Ciências Agrárias e Sociais,  que continuam no passado, formando "poetas rurais" que imaginam o campo, como um local de abrigo das populações excluídas e marginalizadas do processo. Para essas sim, problema social a resolvermos, mas não resolveremos fazendo favelas rurais, em lotes de terras em regiões sem aptidão, com gente sem vocação, com tutela ideológica e com dinheiro público. Grande abraço.
ZANDER NAVARRO

EM 29/12/2016

Caro Wagner, caros amigos do "Milkpoint",



agradeço a chance do diálogo, que muito em enriquece. Sigo aprendendo!



Wagner: você indicou o conceito central com o qual precisamos nos preocupar - "seleção social", uma das marcas atuais da agropecuária brasileira. Os processos econômicos estão selecionando (e rapidamente) uma minoria de vencedores, em oposição à maioria de perdedores.



Se me permitirem novamente a divulgação de outro texto, em agosto último publiquei um artigo propondo uma interpretação sobre o momento atual. Mas alerto que se trata de um artigo tipicamente acadêmico. É o primeiro capítulo de um livro que está disponível no endereço abaixo:



https://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=28219



Muita paz e saúde no ano entrante para todos!



Cordialmente,



Zander
WAGNER BESKOW

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 29/12/2016

Prezado Zander,



Já abri o link com interesse. Não conhecia o livro.



Verás que o público que participa, aqui, lida diariamente com transgênicos (da semente ao rBST injetado nas vacas), medidores eletrônicos, sensores ligados a APPs com disparo automático, vacas com colares com chip eletrônico conectadas ao computador, e até robôs na ordenha.



Usando este conjunto de coisas, são uma minoria, mas na sopa estamos todos. É um caminho sem volta que, quando bem escrutinado pela área técnica independente, vem contribuindo para avanços em produtividade, rentabilidade e qualidade de vida.



Seguramente o fluxo que apontas é o que tem ocorrido aqui e mundialmente e, se considerarmos a necessidade de pessoas cada vez mais qualificadas, nem sei se é ruim. Eu não duvidaria que houvesse, ali à frente, uma reversão líquida de volta para o campo, mas isso veremos. O que sim vemos diariamente, e é mais fácil de detectar, é uma forte seleção em curso que está tornando muito mais interessante (e desafiador) trabalhar com o tipo de pessoas que sendo "selecionadas". Para a gurizada que está se formando exigirá muito mais preparo para lidar com este novo produtor.



Em fim, agradeço por tua atenção e por nos fazer pensar sobre esse tema.



Desejos de um Feliz 2017 !!!
ZANDER NAVARRO

EM 29/12/2016

Caro Wagner,



agradeço, com sinceridade, o seu comentário. Embora gratificado com suas palavras, me permita deixar de lado as considerações de natureza pessoal. Talvez seja relevante apenas insistir que sempre vamos aperfeiçoando nossas interpretações sobre os processos sociais e econômicos. As realidades são mutáveis e, assim, se os cientistas sociais não acompanharem as mudanças e tentarem (re)interpretá-las, permanecerão com a mente no passado (e se tornarão apenas pregadores de dogmas). Nunca fui militante de nada (partidos políticos, movimentos sociais, igrejas ou algo assim), mas apenas um sociólogo dedicado a estudar "o mundo rural".



É muito provável que seu vaticínio geral esteja correto, no tocante ao futuro próximo da pecuária de leite, sobretudo no caso brasileiro, com seu vasto território e seus milhares de estabelecimentos rurais muito distintos entre si. Por um certo tempo entendo que poderemos manter esta dualidade entre produtores com mais sucesso e outros com muitas dificuldades e problemas de administração das atividades.



Mas, novamente, insisto em dois aspectos maiores e principais, que estão no artigo original e em quase tudo o que escrevi mais recentemente: (a) há uma revolução tecnológica sem precedentes, alterando profundamente a agropecuária, nos países onde esse setor econômico é mais pujante. Uma das consequências desta mudança profunda (um "novo padrão agrícola e agrário") é a potencialidade de "domar a natureza", em magnitude nunca antes vista; (b) no caso brasileiro, em face das condições tão precárias da vida social no campo, é improvável que permaneçam muitas famílias para continuar na atividade. Basta que se examine as tendências demográficas que atualmente caracterizam o campo brasileiro, em todas as regiões (masculinização e envelhecimento, entre outras facetas). Todas as tendências consideradas em seu conjunto,  não há porque imaginar que o Brasil seguirá um caminho diferente da intensificação produtiva e da predominância da agricultura de larga escala (insisto: esta é a visão do sociólogo, não do cidadão).



As marcas principais do atual padrão de desenvolvimento podem ser encontradas em um extenso livro que está à disposição de todos e pode ser "baixado" online, no endereço: https://www3.eco.unicamp.br/nea/images/arquivos/O_MUNDO_RURAL_2014.pdf



Agradeço novamente os comentários e deixo os votos de um excelente ano entrante!



Cordialmente,



Zander Navarro
WAGNER BESKOW

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 28/12/2016

Eu escolho ficar com o "Zander do meio". Explico...



O Zander Navarro histórico é um professor e pesquisador crítico da agricultura moderna, muito concentrado em entender a agricultura familiar e que, por décadas, sua obra alimentou um espectro de leitores, alunos, orientados, seguidores ou simples admiradores predominantemente da ala anticapitalista (ONGs, MST, partidos de esquerda, movimentos verdes etc., culminando mais recentemente no movimento da "agroecologia").



De poucos anos para cá, percebi uma mudança. De repente começou a aparecer um Zander mais livre-pensador, como que parecendo ter que se livrar daquela catrefada que se colou em suas costas e, talvez, para chacoalhá-los, passou a fazer afirmações que os ortodoxos da ala cega da esquerda jamais aceitariam, vindas de um ídolo seu. Sim, o Zander histórico é um ídolo.



Agora vejo um Zander totalmente solto dessa gente, com a cabeça numa "agricultura de Marte", horrizando os mais bucólicos, não para criticar o que se faz, creio eu, mas constatando e tentando projetar uma tendência.



Não sei se gosto ou se concordo com o texto, mas gosto de ver um profissional que os idólatras haviam colocado numa prisão, se libertar e ser ele mesmo. Certamente, um mundo novo a ser explorado por alguém que sabe pensar e escrever o que pensa, hoje sem amarras (?).



No tocante ao movimento migratório campo-cidade, tenho visto coisas confusas. Há fluxos para os dois lados. A internet no campo não pode ser desconsiderada nessa análise. Hoje é ainda precária, mas está melhorando de forma exponencial, ainda que na fase não acelerada da curva e já existe um serviço de banda larga por satélite para todo o país. Não é viável hoje, mas será. E aí?



Há poucos dias, ZH publicou uma reportagem sobre um movimento que estaria acontecendo no sentido inverso. Vale conferir:



Neorurais no RS: jovens têm optado por trabalhar e morar no campo

https://goo.gl/QhbJSa



É algo a ser ainda comprovado, mas eu mesmo tenho testemunhado que ele existe. Se será maior que o êxodo em algum momento, resta ver.



No que se refere ao leite, temos duas tendências claras no mundo inteiro: uma de confinamento e outra de intensificação do sistema baseado em pastagens. Em minha visão um não exclui nem excluirá o outro, porque atendem a nichos e perfis distintos.



E não estou falando de André Voisin. Temos 77 anos de pesquisa e prática pós-Voisin. Ele foi um marco, está no "DNA" dos sistemas modernos de produção base-pasto, mas absolutamente superado, "per se". Ele é um tijolo importante na parede, mas umas quantas fileiras abaixo da que estamos sentando hoje.



Para mim, o leite não se divide em confinamento versus pasto, nem grande versus pequenos, nem familiar versus patronal (Zander histórico) e sim em viável versus inviável. Há pessoas e famílias boas em fazer um e péssimas noutro.



O que sim me asusta, são as megafazendas como vemos hoje na China, países árabes, EUA e Israel. Este modelo definitivamente não interessa à humanidade.
ZANDER NAVARRO

EM 28/12/2016

Caros amigos Giovani e Edmundo,



como cidadão, espero que vocês estejam totalmente certos e a atividade se mantenha como vem sendo até aqui, com as belas imagens de pastagens verdejantes e animais saudáveis usufruindo da natureza. Como vocês, torço para que assim seja.



Como sociólogo e estudioso do desenvolvimento agrário e agrícola, contudo, sou forçado a interpretar de outra forma, pois os rumos da produção agropecuária, em países onde o setor é mais expressivo em termos econômicos e tecnológicos, está seguindo as tendências apontadas no artigo. Se não fosse assim, sequer proporia a publicação daquele texto no jornal, pois não seria análise, mas apenas especulação. As determinações essencialmente econômicas e financeiras, na agropecuária, estão promovendo uma verdadeira revolução nas formas organizacionais dos diferentes ramos de produção, incluindo a pecuária de leite.



Evidentemente, em alguns países essas tendências estão em curso com maior rapidez, por razões que deixo de comentar nesse espaço. Em outros, como é o caso brasileiro, são tendências mais lentas, particularmente em função do tamanho de nosso país e a extrema heterogeneidade produtiva existente. Mas a combinação entre: (a) escassez de mão-de-obra; (b) intensificação tecnológica geral (e gradual redução dos custos unitários); (c) concorrência crescente nos mercados, e (d) complexidade produtiva, produzirá inevitavelmente as transformações sugeridas no artigo. Apenas não me arrisco a prever quando, embora não esteja tão distante no futuro. A tendência à concentração no setor, que já caracteriza a avicultura e a suinocultura, por exemplo, seguirá também seu curso na pecuária (de leite e de corte).



Se me permitem reiterar a sugestão, cito novamente o "link" de recente palestra que ofereci em Curitiba, no dia 2 de dezembro (ver acima na resposta para o Senhor Arnaldo Basso). Como se perceberá os rumos das transformações operadas atualmente no Brasil já começam a seguir nesta direção.



Agradeço os comentários, de grande importância! Em tempo, e apenas como curiosidade, lembro ao Sr. Edmundo que fui o primeiro importador dos livros sobre o "método Voisin", ainda em espanhol, quando era estudante de Agronomia na UFV (Minas Gerais) e trabalhava na cooperativa estudantil que realizou a operação. É um método que conheço há quarenta anos e, de fato, uma inovação tecnológica importantíssima no manejo mais racional dos animais.



Cordialmente,



Zander Navarro
EDMUNDO MONTALVAO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/12/2016

Senhor Zander,



Destacando o trecho a seguir; "Imagine-se, como curta ilustração, a pecuária de leite, que caminha para o confinamento de alta intensidade, com um único objetivo: obter a máxima lactação diária, descolando-a totalmente da alimentação obtida no campo".



Isso não vai acontecer. O pecuarista de leite não controla o preço do leite, mas controla o seu custo. E, em relação ao custo, a pastagem irrigada com adubação líquida e método Voisin de rotação de pastejo é, de longe, muito menos custosa do que estabular o gado e levar comida até vacas confinadas. E é por aí que a evolução do setor seguirá, com reses cruzadas, mais rústicas e menos dependentes de tratos individuais, ainda que com menos produção diária por res, mas com muito mais rentabilidade.



Cordialmente,



Edmundo
GIOVANI OGLIARI

OURO VERDE - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/12/2016

caro amigo, discordo contigo em vários pontos!!!!

a base da produção agrícola e pecuária sempre vai ter a base da ciência animal e agrícola

a transformação concerteza esta ocorrendo e uso de novas tecnologias.

mas não a este ponto de vista seu " fim da velha agricultura"

para nós que trabalhamos com agropecuária vomos buscar novas tecnologias mas sempre vomos ter na essência o orgulho de um moderno agricultor.
ZANDER NAVARRO

EM 27/12/2016

Caro Senhor Arnaldo,



também lamentando o fato, como cidadão, deixo abaixo um "link", o qual explica a interpretação sobre o desenvolvimento da agricultura brasileira. Talvez lhe interesse assistir à exposição.



https://www.youtube.com/watch?v=SiitpeNExLA&feature=youtu.be  ;



Cordialmente,



Zander Navarro
ARNALDO JOSÉ BASSO

NOVA PETRÓPOLIS - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/12/2016

Como gostaria que isso nunca se confirmasse.

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