Os principais motivos são a busca de oportunidades de emprego, além da mudança no padrão de vida, com maior facilidade de acesso aos meios de comunicação e à vida social urbana. Há também os conflitos familiares, que estimulam a preferência do jovem em prestar serviços em troca de um salário do que trabalhar dentro da propriedade - onde a remuneração pelo seu trabalho nem sempre é definida com exatidão.
A faixa etária da população do campo é alta e, com o passar do tempo e o envelhecimento dos pais, a tendência é que as propriedades sejam vendidas ou haja a transição da pecuária leiteira para outra atividade que demande menos mão de obra, como a pecuária de corte ou a silvicultura. A permanência do jovem no campo é também uma questão bastante complexa, pois envolve aspectos econômicos e sociais, já que é preciso que haja melhorias nos setores da saúde, educação e comunicação.
Sucessão não é sinônimo de herança, mas sim uma obra contínua de modernização do negócio da família. Então, nada mais natural do que planejar e organizar o formato no qual haverá uma transferência do comando do atual responsável para um dos possíveis sucessores.
Para homenagear fazendas leiteiras que têm um histórico familiar, o MilkPoint lançou neste ano o Especial Sucessão Familiar. A ideia é entrevistar propriedades que deram certo e vêm se desenvolvendo ao longo de gerações. Nesta edição, trouxemos a história da Fazenda Baixadão, localizada no município de Carmo da Cachoeira, no sul do Estado de Minas Gerais.
“As terras da nossa propriedade pertenciam ao meu avô materno. Alguns anos após o seu falecimento, a fazenda foi dividida entre as suas três filhas. Em 1992, meu pai, Marcos Paiva Frota, deu início à história da Fazenda Baixadão. Desde essa época, ele iniciou um trabalho árduo em busca da excelência na produção de leite e café”, comentou Helena Frota em entrevista ao MilkPoint.
Sucessão familiar da Fazenda Baixadão
O processo de sucessão vem ocorrendo de forma consistente e madura na Fazenda Baixadão. Helena retornou para Carmo da Cachoeira quando terminou os estudos em 2011. “Como optei pela medicina veterinária, iniciei o meu trabalho juntamente com o meu pai na fazenda. Aprimoramos o sistema de produção de leite e investimos no nosso crescimento. Não trabalho somente na fazenda, me dedico uma vez na semana aos negócios da família. Em setembro de 2016, além da minha participação nos negócios, passamos a contar com a ajuda e atenção das minhas outras duas irmãs”.
Segundo ela, o envolvimento de todos propiciou um direcionamento mais concreto para os negócios. “A sabedoria dos meus pais, ainda bastante atuantes nas atividades, nos dá segurança para assumirmos toda a liderança da empresa”.
No ponto de vista de Helena, para aqueles proprietários que optarem pela sucessão rural em suas propriedades, a confiança e a credibilidade na viabilidade do negócio são fundamentais. “Conheça o que você tem como ninguém e acredite, planejando sempre o trabalho em grupo. O apoio e a compreensão dos mais velhos é essencial nessa jornada de sucessão. Usem seus conhecimentos unindo e mesclando com as próximas gerações, assim, os jovens acreditarão na vida no campo”.
Confira as edições anteriores:
Especial Sucessão Familiar, Fazenda Riachão: "desmistifiquei a frase de que santo de casa não faz milagres"
Especial Sucessão Familiar, Fazenda Tambo Raio de Sol: "paciência é a palavra-chave"
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