Segundo colaboradores do Cepea, a menor produção nos estados do Sul do País está atrelada às chuvas na região, que encurtaram a janela para reforma das pastagens de verão em muitas praças produtoras. Além disso, a disponibilidade de forragens está reduzida e a receita do produtor, apertada, limitando a reforma da pastagem.
Mesmo com a menor captação no Sul, os preços recebidos pelo produtor (sem frete e impostos) caíram com força no Rio Grande do Sul (-10,36%), em Santa Catarina (-14,51%) e no Paraná (-10,05%). Nos demais estados, o movimento no preço também foi de queda, reforçado, nestes casos, pelo aumento na captação.
Na “média Brasil” o preço médio recebido pelo produtor em novembro foi de R$ 1,2331/litro, forte baixa de 11,7% (ou de 16 centavos/litro) em relação a outubro. Esta foi a terceira queda consecutiva, mas o valor médio nacional ainda acumula alta de 20,9% neste ano, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de outubro/16). O preço bruto médio do leite (que inclui frete e impostos) caiu 10,9% de outubro para novembro, passando para R$ 1,3413/litro. As médias calculadas pelo Cepea são ponderadas pelo volume captado em outubro nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA.
Para dezembro, com o avanço da safra e tendência de influência da La Niña nos estados do Sul, representantes de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea apontam nova queda nos preços do leite. A maioria dos agentes entrevistados (94%) indica que os valores devem cair novamente. Outros agentes (6%), principalmente os do Sul, acreditam em estabilidade. Nenhum dos colaboradores espera alta de preços em dezembro.
No mercado de derivados, os valores também seguiram em queda, mas de forma menos intensa que a verificada em meses anteriores. Esse cenário elevou a expectativa de agentes de estabilidade para os próximos meses. Os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados no atacado de São Paulo em novembro foram de R$ 2,15/litro e de R$ 15,81/kg, respectivamente, resultando em quedas de 3,15% e de 7,06% em relação às médias de outubro.
A continuidade das quedas dos preços da matéria-prima e o enfraquecimento no movimento de baixa nos valores dos derivados no atacado podem melhorar as margens das indústrias/laticínios. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em NOVEMBRO/16 referentes ao leite entregue em OUTUBRO/16.
Tabela 2. Preços em estados que não estão incluídos na “média Brasil” – RJ, MS, ES e CE.