Haroldo Max de Souza, presidente da OCB de Goiás, reforçou a importância do porte do evento e de como o tema era propício por apresentar produtores de sucesso em um país que ainda carece de profissionalismo na produção de leite, contudo, que possui com enorme potencial. Rodrigo Sant´Anna Alvim, presidente da Comissão da Pecuária de Leite da CNA, também abordou a tendência de concentração do setor como ocorreu em outros países e a necessidade de controle dos custos de produção, de produzirmos de maneira eficiente. O controle de custos e um dos maiores preços aos produtores do mundo foi abordado por Vicente Nogueira Netto, presidente da Fepale (Federação Pan-Americana do Leite) pela potencialidade de nos tornarmos importantes no mercado global se fizermos nosso dever de casa, apesar dos problemas ligados ao câmbio.
Após a abertura, ocorreu a entrega do Prêmio MilkPoint Impacto 2011. O nome do vencedor de 2010, Vidal Pedroso de Faria, foi lembrado pela sua devoção à cadeia do leite e por ser considerado o "guru" do projeto Balde Cheio, o qual teve grande responsabilidade na premiação de Artur Chinelato de Camargo, idealizador do projeto, como técnico do ano.
Artur, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, agradeceu os mais de 2.000 votos e aos outros participantes, que tornaram sua escolha ainda mais importante. Ele lembrou de todos seus parceiros no projeto Balde Cheio e emocionou a plateia dizendo que, como diz a canção de Milton Nascimento, "com a alma encharcada, repleta de chão, o artista tem de ir aonde o povo está" - e é o que faz com o Balde Cheio, dando ainda um recado para pesquisadores e professores, que precisam ver a realidade de produtores que estão praticamente abandonados.
Ainda pela manhã tivemos três palestras que abordaram diferentes temáticas, mas todas mostrando enorme evolução dos produtores. A de abertura "De 30 a 25.000 litros diários em pouco mais de quatro décadas - a experiência das Fazendas Reunidas ACP e Filhos (Carmo do Rio Claro/MG)", como o nome diz, mostrou a evolução da propriedade de Leo Pereira apoiada pelo desenvolvimento da parte agrícola. Segundo ele, "a vaca transforma em leite o que a agricultura produz, por isso damos tanta importância em nosso propriedade a ela".
"Capim é a base do sucesso de nosso sistema. Temos 130ha de capineira para silagem, que alcançam uma média de 40 ton de MS/ha/ano ou 200 ton de MV/ha/ano", conta Pereira. A Fazendas Reunidas ainda utiliza da rotação de culturas entre milho e soja para produção de silagem. A rotação incrementa a produtividade e também não deixa a terra em desuso. "Os produtores deviam cada vez mais pensar em rotação de culturas, é muito vantajoso em regiões que a possibilitam".
Por fim, Pereira apresentou seu projeto de expansão para a fazenda: crescimento até o final de 2012 para 1.500 vacas em lactação e produção diária de 40.000 litros de leite, a partir de um investimento em mais de 300 ha de irrigação com pivot central. "Nosso crescimento será baseado na produção agrícola!"
A segunda palestra foi proferida por Geraldo Calmon, que contou a experiência da Fazenda Cananéia pela qualidade e certificação na produção de leite. Uma parte do que Geraldo abordou pode ser visto em nossa entrevista exclusiva sobre o processo de certificação. Outra parte e que se destacou foi a excelência na produção de leite, atenção à detalhes que passam despercebidos em outras propriedades e busca pela "perfeição".
O resultado é um leite de excelente qualidade (células somáticas 353mil/ml e unidades formadoras de colônias, 15mil/ml) e com alto teor de sólidos (teor de proteína de 3,67%, e de gordura, 4,77%). Com isso Geraldo recebe R$ 1,22/litro - sua produção diária é de 2.300 litros -, sendo que o preço base (sem as bonificações que recebe por qualidade) é de R$ 0,82/litro. O preço recebido impressionou a plateia e mostrou que é possível agregar valor na produção de leite.
Slide da apresentação da Faz. Cananéia demonstrando o valor que agrega com seu leite de melhor qualidade
A última apresentação da manhã trouxe Fernando Stédile demonstrando a experiência da Fazenda Santa Isidoro, situada em Coxilha (RS), no Sul do país. Stédile contou que em 1991 ordenhava 15 vacas, das quais 13 tinham mastite, em 2 baldes ao pé.
Falou da falta de informação para os produtores de leite e como seu orgulho por sua produção o levaram a buscar especialização na atividade, mudando o panorama da fazenda. Após 20 anos, o número de vacas em ordenha ultrapassa 420 animais da raça holandesa, em sistema de pastejo em piquetes rotacionados, suplementados com silagem de milho, pré-secado de aveia/azevém e concentrado. A meta é atingir 600 vacas em lactação até o final de 2012 mantendo o mesmo sistema, que lhe rende uma produtividade média de 28 litros/vaca/dia.
Assim como no primeira dia, continuaremos com nossa transmissão online ao vivo do evento! Clique aqui para acessar a cobertura do Interleite 2011.