“Nós trabalhamos com laticínios desde 2008 quando estagiei no SEBRAE e tive a oportunidade de conhecer algumas fábricas e participar de projetos no setor. Essa oportunidade abriu portas para o trabalho numa associação de laticínios e, posteriormente, na Verde Campo, recentemente adquirida pela Coca-Cola. Ao mesmo tempo, Stella, engenheira de alimentos formada pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), também já adquiria experiência trabalhando em alguns laticínios como a Agrindus, Búfalo Dourado e Scala, referências no mercado lácteo brasileiro”, comentou Daniel em entrevista exclusiva ao MilkPoint.
De acordo com ele, essa vivência na área aumentou ainda mais a vontade de empreender no ramo de alimentos preferencialmente saudáveis. Pesquisando sobre o mercado, eles notaram que o sorvete poderia ser uma boa opção uma vez que sempre esteve na lista dos vilões. “Foi a partir disso que começamos a estudar a possibilidade de tirar esse estigma do produto. Stella fez alguns cursos na área buscando a fórmula ideal de um sorvete saboroso, natural e saudável. Trocamos a gordura vegetal pelo creme de leite, fugimos dos estabilizantes generalizados para fazer um produto especial, sem lactose, sem conservantes, sem corantes, com uma fórmula única e obedecendo a particularidade de cada fruta. É um produto ‘sob medida’”.
A comercialização da H2Life iniciou formalmente em junho deste ano e segundo os investidores, o retorno do mercado está além do esperado, o que os faz pensar em novas linhas e lançamentos. “Nossos clientes potenciais são pessoas com restrições a lactose, o mercado fitness e consumidores que buscam alimentos saudáveis. O consumidor tem se informado cada vez mais sobre o que encontra nas gôndolas e lido mais detalhadamente os rótulos. Acreditamos que esse comportamento deixou de ser apenas uma tendência e já é uma realidade sem volta. A inovação e o desenvolvimento de produtos com apelos saudável e funcional são o futuro do setor de sorvetes no Brasil e a porta de entrada de novas e pequenas indústrias”.
Fábrica e processo de produção
A escolha da cidade para instalar a fábrica da H2Life, Ibituruna/MG, foi estratégica, já que a economia do município é basicamente rural e é daquela região que os fornecedores de leite e frutas são criteriosamente selecionados.
O processo de produção é totalmente artesanal. Consiste basicamente em pasteurização, maturação e batimento. Apesar de ser um processo produtivo mais demorado, a máquina descontínua foi escolhida justamente pelo tipo de produto que é desenvolvido: um sorvete artesanal com aeração em torno de 30%, de sabor suave e maior cremosidade.
O sorvete H2Life tem como base o leite e, na produção, é utilizado um processo enzimático para a hidrólise da lactose - uma inovação no mercado de sorvetes uma vez que boa parte das indústrias utilizam a nomenclatura ‘sem lactose’ para produtos à base de água, os chamados ‘sorbets’. As embalagens escolhidas para os produtos são PET, 100% recicláveis e transparentes, valorizando a apresentação e a cor de cada fruta. Para os idealizadores da marca, a essência do artesanal é valorizar a produção e aliar o capricho à tecnologia da indústria de alimentos.
Atualmente os produtos podem ser encontrados nas cidades mineiras de Ibituruna, Lavras, Oliveira, Ouro Preto, Perdões, Bom Sucesso e Nazareno, mas, provavelmente estarão nas principais lojas conceitos do RJ, SP e MG até o final deste ano. Os sabores disponíveis, em embalagens de 150 ml, são: abacate, coco, doce de leite com ameixa, iogurte com frutas vermelhas, mousse de maracujá, chocolate meio amargo e banana. Nos próximos dias, também serão lançados três sabores sem açúcar e um produto rico em proteínas para o público fitness.
“Começamos nossa produção em junho e, em julho, já produzimos cerca de 300 litros de sorvete. O que nos deixa muito satisfeitos desde o início desse empreendimento é que nosso público é cativo: quem experimenta sempre elogia e recomenda. Além disso, com a chegada do calor, a perspectiva é triplicar a nossa produção até o final de novembro. Quando lançamos os produtos, vendíamos apenas em Lavras, mas menos de três meses depois, já atendíamos outras cidades da redondeza”.
A demanda por produtos lácteos, em geral, reduziu no acumulado desses últimos doze meses e a retração no setor de sorvetes foi ainda maior a partir de 2014. Boa parte dessa queda de consumo é explicada pela crise econômica e política. Por outro lado, desde que a Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS) começou a medir o consumo de sorvetes no Brasil, a partir de 2003, houve um crescimento na casa dos 80% até 2014, número expressivo que mostra que o setor poderá crescer ainda mais após a crise.
“Além disso, produtos diferenciados, naturais, de alto valor agregado e, principalmente, ligados à saudabilidade não são tão afetados durante a crise, pois o perfil de consumidor desse nicho não abre mão da saúde nem do prazer de consumir um produto gostoso e saudável. Estamos investindo nesse nicho pois ele oferece um ótimo resultado mesmo na época de retração justamente pelo novo perfil do consumidor brasileiro. No exterior, o sorvete já é visto como alimento nutritivo e seu consumo é altíssimo inclusive em épocas de frio. A maioria dos brasileiros ainda o vê apenas como uma sobremesa gelada, mas esse conceito tem mudado de uns tempos para cá. Alguns hospitais, por exemplo, já utilizam o sorvete para nutrição de crianças em tratamento”, complementou Damas.
História do sorvete
A história do sorvete começa com os chineses, que misturavam neve com frutas fazendo uma espécie de sorvete. Esta técnica foi passada aos árabes, que logo começaram a fazer caldas geladas chamadas de sharbet, e que mais tarde se transformaram nos famosos sorvetes franceses sem leite, os sorbets.
Nos banquetes de Alexandre, o Grande, na Grécia, e nas famosas festas gastronômicas do imperador Nero, em Roma, os convidados já degustavam frutas e saladas geladas com neve. O imperador mandava seus escravos buscarem neve nas montanhas para misturar com mel, polpa ou suco de frutas. O gelo era estocado em profundos poços construídos pelo povo.
Porém, a grande revolução no mundo dos sorvetes aconteceu com Marco Polo, que trouxe do Oriente para a Itália, em 1292, o segredo do preparo de sorvetes usando técnicas especiais. Assim a moda dos sorvetes espalhou-se por toda a Itália, e quando Catarina de Medici casou-se na França com o futuro Henrique II, entre as novidades trazidas da Itália para o banquete de casamento, estavam as deliciosas sobremesas geladas, as quais, encantaram toda a corte. Mas o grande público francês só teve acesso a estas especialidades um século depois quando Francesco Procópio abriu um café, em Paris, que servia bebidas geladas e sorvete tipo sorbet.
Os sorvetes se espalharam por toda a Europa e logo chegaram também aos Estados Unidos. A primeira produção de sorvete em escala industrial ocorreu nos Estados Unidos, há 40 anos. Hoje, no mundo todo, quem mais fabrica sorvete são os norte-americanos.
Amanhã, 23 de setembro, comemoraremos o dia de uma das sobremesas mais queridas do brasileiro: o sorvete! O produto também é uma forma dos consumidores usufruírem dos benefícios do leite de uma forma deliciosa. A Equipe MilkPoint parabeniza todos os envolvidos nessa cadeia!
*Na matéria, há informações da Associação das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS) e do site Correio Gourmand.