60 anos do Incaper
O Incaper completou, no dia 16 de novembro de 2016, 60 anos de existência. A história do instituto começou a partir da criação da Associação de Crédito e Assistência Rural do Espírito Santo (Acares), em novembro de 1956, tendo a partir daí uma história relevante pelas suas significativas contribuições à sociedade capixaba - tanto por meio das ações de pesquisa, como pela assistência técnica e extensão rural prestadas ao longo desse período. A comemoração valorizou a memória da instituição que, por sua vez, está relacionada à memória do meio rural capixaba. Além disso, também foi ressaltada a importância dos profissionais que contribuem e contribuíram na construção da instituição.
“O Incaper é referência para o Estado. É uma instituição pública exemplar para o país e para os produtores rurais. O café é responsável pelo desenvolvimento do Espírito Santo. Ele proporcionou desenvolvimento de etnias, da área econômica e social. Hoje somos o 2º maior produtor de café do Brasil e temos também a 2ª maior área irrigável do país, perdendo apenas para Alagoas”, comentou Octaciano Gomes de Souza Neto, Secretário de Estado da Agricultura do ES. Ele acredita muito na agricultura capixaba e no desenvolvimento de tecnologias, com ganhos de produtividade e sustentabilidade. Também deposita confiança no crescimento da cadeia láctea e das startups voltadas ao agronegócio. “Em 2005, tínhamos apenas 8% de cobertura florestal no nosso território capixaba. A meta futura é reestruturar áreas e alcançar 20% de cobertura”, completou.
No evento, também foi lançado o Livro do Café Conilon, uma publicação de 784 páginas e resultado do trabalho conjunto de 74 autores de 70 instituições ligadas à cafeicultura. No livro, os leitores terão a oportunidade de conhecer a trajetória de implantação da atividade no estado, bem como as principais tecnologias recomendas à cultura. Segundo Romário Gava Ferrão, pesquisador do Incaper e Coordenador Estadual de Cafeicultura, no livro são tratadas mais de 50 tecnologias com mais de 4 mil conhecimentos científicos, a partir da consulta de mais de 1200 referências. “A maioria das tecnologias nele presentes foi desenvolvida pelas pesquisas realizadas no Espírito Santo e no Brasil”.
Além do livro, o Incaper também anunciou sua publicação técnico-científica, a “Incaper em Revista”. Em 2016 o Estado foi bastante impactado com a crise hídrica e o material visa refletir sobre esse tema e apontar caminhos para a convivência com a seca. Nessa edição, artigos técnico-científicos retratam o cenário capixaba levando em conta os impactos da seca. O conteúdo dos textos traz uma caracterização da estiagem no ano hidrológico, bem como uma apresentação das perdas na agricultura em 2015.
PEDEAG 3
O evento no Centro de Convenções de Vitória também marcou o lançamento do Pedeag 3. O plano é um instrumento de análise do cenário atual e futuro que tem o objetivo de estabelecer estratégias e iniciativas que possam ser planejadas, geridas e implantadas, com foco na geração de melhores resultados para o agronegócio capixaba. O Pedeag 3 elegeu a inovação e a sustentabilidade como focos centrais do agronegócio do estado e tem como missão tornar a atividade mais competitiva, mais diversificada e sustentável. O objetivo foi compreender as dimensões de desempenho do agronegócio capixaba atual e definir metas para 2030. Dentre as 27 cadeias produtivas analisadas estão a cafeicultura, a fruticultura (como banana, mamão e cacau), pimenta do reino, avicultura, pecuária de corte e pecuária de leite, dentre outras.
Durante o evento, um talk show foi realizado com o vice-governador do Estado César Colnago, o sócio proprietário do Instituto Futura, Orlando Caliman e o secretário Octaciano Neto. O debate foi moderado por um entrevistador – que levantou temas para serem discutidos.
Octaciano disse que hoje é impossível separar a agropecuária do meio ambiente. “Com a crise hídrica que vivenciamos este ano, percebemos ainda mais a importância dessas duas áreas andarem juntas”.
Para Colnago, a agricultura tem uma grande importância na estabilização social, principalmente devido à geração de renda. “Porém, são necessárias mais pesquisas sobre conservação do solo e como salvar algumas áreas da pré-desertificação. Precisamos nos direcionar cada vez mais para a sustentabilidade”.
Na sequência, Orlando apontou que há inúmeras famílias dependentes da renda da agricultura e que quando olhamos para os outros Estados, vemos inúmeras oportunidades de avançar – com inovação e agregação de valor ao produto. Ele ainda comentou que a evolução da agricultura ocorreu junto à evolução do Incaper.
Um dos palestrantes convidados foi Waldemar Carneiro Leão, ex-embaixador do Brasil na China. “De 2000 a 2015, o Brasil aumentou em dez vezes o volume de produtos agrícolas exportados para os chineses. A China é uma ótima oportunidade para o Brasil, mas, temos que tratar esse mercado de forma especial, pois a demanda por alimentos cresceu muito – junto com o aumento de renda – e há uma grande preocupação com a segurança alimentar. A China produz alimentos, mas é muito ineficiente, uma vez que a produção é majoritariamente extensiva”. De acordo com ele, o padrão do consumo chinês está mudando, passando de arroz para proteínas de origem animal, como os lácteos, o que abre oportunidades para outros países.
“Há muito espaço ainda para ser conquistado entre os chineses. As terras já sofrem com seu limite físico e o uso excessivo de fertilizantes contaminou os lençóis freáticos. O crescimento populacional continua intenso, assim como o êxodo rural. A cada ano, 10 milhões de pessoas saem do campo e vão para as cidades. Para abastecer toda a população, a política está se flexibilizando e a autossuficiência está sendo deixada de lado”. As visitas recentes realizadas pelo ministro Blairo Maggi ao país são um ponto bastante positivo na visão do ex-embaixador. “Temos que ter em mente que qualquer falha aumenta muito as chances de ocorrer um embargo, mas, as expectativas são muito boas”.
Marcelo Suzart de Almeida, diretor-presidente do Incaper, também fez um discurso no evento e frisou que foi necessário resgatar o passado para trilhar o futuro. “Somos hoje o maior produtor de café conilon do Brasil e o Incaper contribuiu com essa conquista. O instituto também participa da vida das pessoas ultrapassando as barreiras do campo, como por exemplo fornecendo previsão do tempo para toda a população. Em 2015, o Incaper atendeu mais de 50 mil produtores e há muitos desafios pela frente”. Para ele, a seca provavelmente demandará investimentos, como a construção de barragens e treinamentos aos produtores para que aprendam a economizar água. “Precisamos pensar sobre a ótica de um novo modelo, que vai de encontro à sustentabilidade”. Ele finalizou a sua apresentação elogiando os funcionários do instituto e propondo o lema de “cultivar ações sustentáveis”.
O governador do Estado do Espírito Santo, Paulo Cesar Hartung Gomes, também marcou presença na comemoração. Logo no início do seu discurso, ele destacou a importância dos 60 anos da Incaper. “Na história do café capixaba, tivemos uma séria crise que ameaçou a erradicação do produto no Estado. Com o auxílio do Incaper, o café conilon foi evoluindo, tanto a produção, como a qualidade e a produtividade. Venho aqui celebrar esta história. Minha proposta é que nos baseemos em casos de sucesso de outros estados e outros países, acreditando sempre nos nossos produtores e na pesquisa. Celebramos o Incaper e a sua vontade de crescer, se fortalecer e traçar novos planos”. Para ganhar o mundo, o governador disse acreditar na competitividade e modernidade do agronegócio.
No encerramento da cerimônia, também houve pronunciamentos do Secretário de Agricultura do Estado de Minas Gerais, João Cruz Reis Filho, e do Secretário Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário da Casa Civil da Presidência da República (SEAD), José Ricardo Ramos Roseno.