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Entrevista: "a Rússia terá condições de se autoabastecer e exportar"

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 22/06/2016

7 MIN DE LEITURA

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O MilkPoint entrevistou Michael Mishchenko, especialista do mercado de lácteos russo e proprietário da empresa The Dairy News, que organizou o evento Dairy Olympics em Baku, Azerbaijão. O evento foi realizado no final de maio e contou com a participação do coordenador do MilkPoint, Marcelo Pereira de Carvalho, como um dos palestrantes.

Marcelo Pereira de Carvalho e Michael Mishchenko

Fale sobre o objetivo do Dairy Olympics:

“O Dairy Olympics inicialmente tinha o objetivo de mudar a percepção do mercado de lácteos por seus participantes russos, envolvê-los nos processos globais e dar a eles uma oportunidade de se familiarizar com a situação em outros países. Hoje, a Information Agency The DairyNews tem seu próprio objetivo – quebrar barreiras regionais e envolver as companhias de lácteos russas na comunidade internacional ao máximo. Nós gostaríamos que nossos produtores e processadores se tornassem internacionalmente mais orientados e se sentissem confiantes no mercado de lácteos. As Dairy Olympics anuais deram e dão certo impulso para a criação de novas tendências de mercado”.

Por que as últimas Dairy Olympics foram realizadas no Azerbaijão? Quais são as peculiaridades do mercado de lácteos desse país?

“O Azerbaijão é uma ex-república da União Soviética, seu mercado é claro para nós, bem como suas pessoas; está situado próximo à Rússia. Falando francamente, é muito mais fácil exportar produtos do Azerbaijão do que do Brasil. E o Azerbaijão, ao contrário, pode se tornar um bom mercado de exportação, porque tem deficiência de leite. A propósito, as Dairy Olympics são tradicionalmente realizadas à beira-mar, mas esse local precisa ter um acesso conveniente. O Azerbaijão é um país bonito, com um fundo cultural interessante: o país supre todos os requerimentos.

O mercado de lácteos do Azerbaijao está em crescimento. Nesse contexto, o mercado russo mostra o maior colapso comparado com outras ex-repúblicas soviéticas. Esse declínio dramático da indústria de lácteos durante os últimos 25 anos aconteceu somente na Rússia; Azerbaijão, Armênia, Geórgia, não enfrentaram isso, mostram dados estatísticos.

O Azerbaijão é um país com deficiência de leite, mas, de acordo com algumas fontes, a autossuficiência em produtos lácteos no país alcança 80-89%. A produção de leite nesse país é muito baixa em comparação com outros países, mas um leve aumento na produção pode permitir que o Azerbaijão se torne um exportador”.


Por favor, conte que tipo de trabalho foi realizado pelo The DairyNews para preparar as Dairy Olympics

“Um excelente trabalho foi feito pelo The Dairy News. Você poderá perceber isso totalmente se estiver no evento. Para começar, não é o trabalho de um ano. Vários anos são necessários para entender que o evento se tornou uma plataforma real de discussão para o setor. Para nós, é importante que essa plataforma seja independente e que os participantes do mercado tenham a oportunidade de expressar livremente suas opiniões, compartilhar experiências e entendimento de mercado. Para nós, é importante que o evento seja fora da política.

Hoje, estamos próximos do que precisamos. Durante os últimos dois anos, tentamos mover o evento para o nível internacional, nível de Summit (Cúpula). Eu acho que conseguimos fazer isso. Estou absolutamente certo de que é um Summit de participantes do mercado de lácteos da parte leste da Europa e da Ásia. O evento foi um sucesso. Continuaremos o desenvolvendo e o tornando mais importante, atrativo para os membros do mercado local e internacional”.



Quais foram as consequências do embargo de alimentos para a Rússia e para os mercados da antiga União Soviética?

“Para todos os ex-membros da União Soviética (exceto Ucrânia), os efeitos do embargo foram positivos. Conseguimos a possibilidade única de trabalhar com a mínima influência de fora sobre nossos mercados. Hoje, os investidores entenderam em qual direção se mover, eles investem não somente no setor pecuário, mas também, nas plantas de processamento.

O mercado foi influenciado não somente pelo embargo, mas também, pela desvalorização da moeda nacional e pela crise no país. Quando todas as indústrias estão enfrentando crise, o setor agrícola se torna atrativo: as pessoas estão provavelmente gastando menos dinheiro em entretenimento ou roupas, mas não pararão de comer.

A desvalorização do rublo se tornou uma medida restritiva a mais para importações a nosso país. Os produtos agrícolas processados no país se tornaram muito mais baratos. Isso também fornece a oportunidade para exportações. Falando sobre os outros países da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) – eles também obtiveram um mercado mais aberto e espaçoso. Antes, eles tinham que competir com os países ocidentais, hoje, o mercado russo está aberto para eles. Enquanto a Europa mantém as sanções políticas contra a Rússia, seus produtores rurais estão definitivamente perdendo suas posições na Federação Russa. Isso pode levar à consequências mais negativas para os países europeus no futuro. A Europa criou direcionadores de crescimento para os setores rurais dos ex-membros da União Soviética”.

Os volumes de produção globais mostrarão decréscimo, em sua opinião?

“A Europa está atualmente enfrentando excesso de produção. Muitos analistas têm a opinião de que o volume de produção de leite está muito alto e precisa cair.

Essa é uma pergunta que vale a pena fazer: o quanto de leite o mundo precisa? Pode ser que o mundo não precise mais do que um bilhão de toneladas? Pode ser que um bilhão de toneladas seja o teto de produção? É necessário entender que o homem vive de gordura, proteína e carboidratos, não de leite. A tarefa principal aqui é: como fornecer ao consumidor gordura, proteína e carboidratos com o máximo de eficiência? Aqui, o leite começa a competir com outras categorias de produtos que fornecem esses elementos. É necessário entender que o setor leiteiro tem uma competição interna e externa – com produção de soja, girassol e leite de amêndoas. Há muitos substitutos vegetais de proteína e gordura.

Vale a pena fazer mais uma pergunta: onde é possível produzir leite de forma eficaz? A situação presente mostra que a Europa não precisa atualmente produzir volume, precisa de menos leite. Nesse contexto, a Rússia se torna um território com muitas perspectivas com grandes quantidades de terras não ocupadas. Cada região russa é uma pequena “Nova Zelândia”.


Qual o potencial de crescimento na produção de leite na Europa?

“Hoje, a pergunta “Qual potencial de redução na produção de leite na Europa?” é mais atual. O embargo russo e a queda da demanda da China mostraram a dependência do mercado europeu de vários fatores externos. Hoje, a Europa não tenta retornar ao mercado russo, espera que a “Rússia termine com o embargo”. Enquanto esperam, a Rússia está assinando acordos com China, Taiwan, Vietnã sobre a construção de suas plantas de produção no território de seu país. Isso significa que os dois maiores importadores de lácteos do mundo – Rússia e China – tentam alcançar um acordo para se autoabastecerem independentemente e livrar-se da dependência das importações. A Rússia e a China estão sinalizando aumentos na produção doméstica de leite.

Ao mesmo tempo, os produtores de leite europeus planejam aumentar a produção de leite até 2020. Isso gela o meu sangue e dos analistas europeus. É impossível planejar aumentar a produção de leite quando o mundo enfrenta excesso de produção. Não é possível esquecer o fato de que há outros países que também planejam aumentar a produção – incluindo Índia e Paquistão. A Índia pode fazer isso facilmente com a enorme população de bovinos disponível.

Como resultado, temos Índia, Rússia e China (lançando plantas de produção em todo o mundo). Também temos Canadá e Estados Unidos com grande potencial. A Europa tem potencial no setor de lácteos com a alta densidade populacional e o custo da terra? Para mim, a Europa produz leite suficiente para si mesma. Para os setores de lácteos e agrícolas, há territórios mais adequados: Rússia, América, Canadá, Nova Zelândia e Austrália”.


Você acha que Rússia e China são capazes de se autoabastecer de leite?

“A Rússia será capaz de suprir sua própria demanda de leite em um futuro próximo. O consumo russo está caindo, sua produção está crescendo. Como a taxa de declínio do consumo é mais rápida, neste ou no próximo ano a taxa de crescimento da produção ultrapassará. A Rússia poderá abastecer o próprio mercado e começar a exportar. A China não será capaz de abastecer seu próprio mercado em seu próprio território: o país tem uma densidade populacional muito alta, não há a necessidade de alimentar as pessoas com produtos lácteos caros. A China escolherá outro caminho: seu país está cooperando com Índia, Nova Zelândia, Rússia e América. O país constrói suas plantas de produção nesses países e entra em propriedades leiteiras corporativas. Isso significa que esse país pretende usar terras externas para fornecer para a sua população as commodities lácteas: leite em pó, manteiga etc”.

Existe a possibilidade de que alguns países tenham efeito inverso no caso da indústria de lácteos ser subsidiada?

“Isso depende de quão forte é a economia de cada país. Se falarmos sobre a União Europeia (UE), eles fazem realmente grandes investimentos para dar suporte ao setor rural e têm uma base financeira significativa para isso”.


 

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