Embora os dados sejam positivos, a produção média de litros de leite por vaca ao ano fica aquém da média mundial de 3.527 litros. Nos Estados Unidos, algumas vacas chegam a ter uma média de 10,4 mil litros por ano. Essa diferença na produtividade está associada a alguns fatores, como: condições climáticas, raças mais produtivas e alimentação.
Impacto da alimentação
As vacas passam por fases em relação à produção de leite. Cada fase possui diferentes necessidades alimentares que, se não atendidas, podem impactar negativamente na produtividade. Por exemplo, as vacas necessitam ter, ao fim da gestação, um determinado nível de reserva de energia. Caso não o tenham, tendem a apresentar baixa produção de leite e outros distúrbios.
O sistema de alimentação eficaz
Composições de um sistema
Um sistema de alimentação eficaz baseia-se em requerimentos nutricionais, de acordo com cada fase do animal e considerando a composição química dos alimentos. Para a formulação de rações para as vacas leiteiras, o Brasil utiliza o modelo do National Research Council (NRC), que visa melhorar a eficiência alimentar, por meio da avaliação da dieta dos bovinos.
- Matéria seca: pastagens, silagens de milho, sorgo ou capim e cana-de-açúcar.
- Energia: é essencial para a produção animal. Os suplementos mais comuns são os grãos de cereais, como milho, sorgo, casca de soja, farejo de arroz, entre outros.
- Proteína: importante por fazer parte da estrutura do organismo e dos produtos de origem animal. Os principais suplementos são o farelo de soja, de algodão e a ureia.
- Fibra: contida nos vegetais ou no pasto consumidos pelos bovinos.
- Minerais
O cálculo para atingir a eficiência na alimentação de vacas leiteiras é:
Pontos a serem observados
Para realizar dietas adequadas para vacas leiteiras, além de conhecer as fases pelas quais esses animais passam, suas diferentes necessidades nutricionais, os tipos de ingredientes e seus impactos nos animais, é importante também conhecer fatores que impactam as dietas.
Fatores associados ao alimento
- Ração: quantidade de alimento que um animal recebe em 24 horas, sendo uma mistura de ingredientes e aditivos. Para que seja balanceada, deve atender às necessidades nutricionais dos animais e, para isso, cálculos devem ser feitos.
- Odor, sabor, textura e temperatura: são fatores que devem ser observados na alimentação, pois afetam o seu consumo. Rações compostas por 30 a 35% de matéria seca, alcalinas e flavorizadas com melaço ou outros ingredientes são exemplos de características que atraem o palato dos animais e estimulam o consumo dos alimentos.
- Formas de apresentação do alimento: pode ser granulada ou moída, que estimulam o consumo, ou na forma de mistura. É interessante oferecer o alimento de forma frequente e com mesma quantidade diária, para melhorar a ingestão de matéria seca.
Fatores associados ao animal
São diversos os fatores que afetam a alimentação, os quais podem estar associados ao alimento, ao animal, às condições climáticas etc.. São exemplos de fatores relacionados ao alimento:
- Individualidade: nem todos os animais comem da mesma forma, ou seja, é possível observar diferenças de preferências entre eles.
- Raça: algumas raças de bovinos podem apresentar maior consumo de alimentos que outras.
- Peso: quanto maior o peso do animal, maior o consumo de matéria seca por dia. Esse aumento no consumo está associado às necessidades energéticas do animal e ao tamanho de seu estômago.
- Fase da vida animal: conforme mencionado, as vacas possuem diferentes fases, o que impacta no seu comportamento de consumo de alimentos e em suas necessidades nutricionais.
- Composição corporal: quanto maior a reserva corporal (gordura) do animal, menor o consumo de alimentos, pois isso está associado ao teor de lipídeos no sangue, que inibe o apetite dos animais.
Fatores associados ao ambiente
- Clima ou temperatura: a zona de conforto para as vacas leiteiras é de 10 a 20°C, temperatura na qual seus corpos se mantêm constantes. As vacas leiteiras armazenam calor e são ineficientes em dissipá-lo. Em temperaturas acima de 25°C, as vacas diminuem o consumo de matéria seca como forma de reduzir a temperatura corporal;
- Umidade: é fator importante para quando as temperaturas excedem os 25°C. Com a umidade alta no ambiente, as vacas não transpiram tanto e o consumo de alimentos é pouco afetado, pois há menos perda de nutrientes.
- Manejo: o sistema de alimentação afeta o consumo dos animais. Por exemplo, é preferível a utilização de cochos cobertos, para que fiquem mais confortáveis, bem como de piso de material, para não lesionar as patas e facilitar a limpeza.
A quantidade de ração fornecida deve gerar pelo menos 10% de sobras. É importante fornecer ração fresca à vontade para estimular o consumo e obter impactos na produtividade.
Índice de conforto de vacas (ICV)
Um dos fatores associados ao aumento da produtividade é o conforto dos animais. Sendo assim, é importante calcular o Índice de Conforto de Vacas (ICV) para garantir a boa saúde. O cálculo deve ser realizado duas horas após a ordenha e, quanto menor o resultado, melhor. O resultado não deve ultrapassar 15% quando os animais estão deitados, por isso essa medida deve ser obtida 2 horas após a ordenha.
São diversas as tecnologias associadas à atividade leiteira que podem contribuir para o aumento da produção.
- Software de gestão de rebanhos: existem softwares no mercado que contribuem para que o produtor obtenha informações sobre rendimento e desempenho técnico. Esses softwares emitem relatórios e fornecem estatísticas para melhor gerenciamento.
- Software de formulação de dietas: existem programas que formulam dietas, concentrados e suplementos para vacas leiteiras. Alguns, inclusive, oferecem a opção de desenvolver dietas tropicalizadas.
- Novos equipamentos: são diversos os equipamentos necessários para a manutenção e melhoria da atividade leiteira. Por exemplo, cocho, bebedouro, equipamento para mistura do alimento, dentre outros.
Compost barn
O compost barn, ou “barracão de compostagem”, é um sistema desenvolvido nos Estados Unidos. Trata-se de um barracão com laterais abertas e pé direito alto, angulado para o ar quente sair. O barracão é cercado por mureta de concreto e, sobre o piso, tem uma camada de serragem, que é constantemente alimentada para sobrepor as urinas e fezes. Utilizam-se ventiladores para refrescar o ambiente e secar o composto. Tal sistema provê mais conforto para as vacas, o que impacta no aumento da produção de leite.
Casos de sucesso
Melhoria do leite e aumento de produtividade
Conheça alguns casos de propriedades que conseguiram aumentar a produção de leite.
Pesquisas na internet para aumentar a produção
Fernando Fonseca, produtor de leite de Indianápolis (MG), realizou pesquisas na internet sobre alimentação de vacas e conseguiu aumentar a produção de leite em sua propriedade. Fonseca utilizou um aditivo à base de probiótico para aumentar a produção e melhorar a qualidade do leite. A propriedade duplicou a produtividade, indo de 12 litros de leite em média para até 35 litros. Atualmente, com 23 fêmeas, produz 340 litros de leite por dia.
Compost barn como estratégia
A Fazenda Roda D’Água, de Formiga (MG), investiu no compost barn como forma de melhorar o conforto das vacas e aumentar a produção. A produtividade aumentou em 6 litros/vaca/dia pela adoção desse novo sistema em vez dos piquetes. A propriedade é destaque não somente por aumentar a produtividade, mas por uma série de outros fatores. A fazenda é gerida como uma empresa, realizando processos de controle de custo e gestão de equipes.
Para acessar o relatório do SIS Sebrae completo e também conhecer as fontes consultadas deste material , clique aqui.
As informações são do SIS Sebrae.
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