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Certificação de fazendas leiteiras: um passo imprescindível para a evolução do mercado lácteo

RAQUEL MARIA CURY RODRIGUES

EM 01/08/2016

6 MIN DE LEITURA

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Buscando destrinchar cada vez mais as informações dos produtos adquiridos, os consumidores brasileiros – hoje muito mais conscientes – vêm contribuindo para a construção de um novo posicionamento das marcas e tudo o que as relacionam. Eles querem saber qual é a origem dos alimentos e a qualidade dos mesmos, impulsionando as empresas a alinhar o seu discurso e se posicionarem com relação a essa demanda.

A certificação da cadeia produtiva do leite é um passo importante para o setor lácteo, pois aumenta as chances dos produtos se inserirem em mercados mais exigentes, permitindo inclusive, equivalência com as normas internacionais.

De acordo com Larissa Barbosa, coordenadora técnica operacional da Genesis Inspeções, a certificação envolve muitos aspectos, não somente o produto em si. “A preservação do meio ambiente, a valorização social e econômica dos trabalhadores, o bem-estar animal, a segurança alimentar, entre outros, são também priorizados. Temos no Brasil, com sua extensa área, dificuldades para dar garantias de qualidade de um produto sem envolver uma certificação e - não falo isso somente pensando em nossos produtores - mas sim, na cadeia toda, visto as fraudes que estão sendo divulgadas nos últimos anos”, comentou.

Fundado em abril de 2001, o GenesisGroup é o resultado de um bem sucedido grupo de trabalho iniciado em 1997 e coordenado pelo departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, com a participação de universidades, comunidades científicas, associações de produtores e centros de pesquisa nacionais e internacionais. O objetivo da instituição é desenvolver soluções e programas baseados em princípios de qualidade e sustentabilidade nos setores de agroalimento e agroenergia. Em março de 2011 o GenesisGroup incorporou a Brasil Certificação Ltda., criando a Genesis Inspeções ampliando, assim, o leque de serviços e clientes bem como a área de atuação da empresa – que iniciou os trabalhos na área leiteira em 2007 no Programa de Boas Práticas na Fazenda (BPF) DPA (Dairy Partners Americas). A DPA é a ex-joint venture entre Nestlé e Fonterra, atual Nestlé.

Na mesma linha, para Leonardo Araújo, Gerente Técnico da QCONZ (Quality Consultants of New Zealand) na América Latina, existem alguns desafios particulares em cada região do Brasil. “Um exemplo de entrave muito comum são as marcações feitas nos animais. Na Nova Zelândia há alguns produtos padronizados utilizados pelos produtores para esse fim – como fitas e spray – e isso facilita muito todo o processo. Além disso, as fazendas brasileiras são menores e os produtores têm mais confiança que conhecem todos os seus animais e que o controle não precisa ser tão rigoroso. Por meio das visitas da certificadora na fazenda, conseguimos mudar essa visão”, pontuou.

A QCONZ tem 20 anos no mercado e está há oito anos no Brasil. A empresa foi criada na Nova Zelândia para atender as exigências do mercado superior com relação à qualidade e certificação de boas práticas. Aqui no Brasil, a empresa começou a atuar principalmente devido às exigências e contratação da DPA – que buscou implementar, desenvolver e auditar Programas de Boas Práticas na Fazenda.

Em terras neozelandesas, a empresa certifica mais de 70% das propriedades leiteiras e faz aproximadamente 35.000 visitas por ano. “Hoje na Nova Zelândia, a Contagem Bacteriana Total (CBT) é menor que 8 mil UFC/ml e a Contagem de Células Somáticas abaixo de 160 mil céls/ml”, destacou Araújo, ressaltando que nas empresas brasileiras a preocupação e demanda pelas Boas Práticas de Sustentabilidade também estão crescendo. A QCONZ realizou em 2015 cerca de 2 mil auditorias em propriedades leiteiras.

Com relação ao tempo necessário para uma fazenda conseguir uma certificação, ambos os coordenadores apontaram um período entre 30 e 90 dias para a conquista. “O tempo depende de vários fatores, principalmente do escopo da certificação. No Projeto Boas Práticas na Fazenda Nestlé, o tempo médio tem sido de 60 dias. Claro que isso está muito relacionado à conscientização e adaptação do produtor e da equipe de trabalho da propriedade aos procedimentos necessários”, considerou Larissa.

Leonardo frisou que se o processo ocorrer em três meses, o proprietário receberá três visitas nas suas instalações. “A primeira visita foca na implementação e tem o objetivo de explicar todos os pontos do programa por meio de um checklist que aponta as possíveis melhorias. Em um segundo momento, ocorre uma pré-auditoria, um ‘aval’ indicativo de que a fazenda está pronta para receber a auditoria. Nessa segunda visita também são ajustados alguns detalhes se necessário. E, para finalizar, a auditoria em si entra em ação, certificando a propriedade caso tudo esteja dentro dos conformes”.

Ele acredita que hoje qualquer fazenda pode ser certificada já que grande parte do programa está relacionada ao manejo e às técnicas que o produtor precisará aprender e manter na fazenda. “Se o produtor tem boa vontade e interesse, ele consegue entrar no programa. Alguns acham que para a certificação, são necessárias muitas exigências, mas, quem dá esse passo não quer mais voltar atrás. É muito comum escutarmos isso daqueles que já alcançaram esse êxito”, acrescentou.

Visto que o Brasil não é considerado um país exportador de lácteos, atualmente a certificação visa o mercado interno (atendendo os laticínios), mas, antecipa possíveis negociações futuras do setor com outros países. Na Nova Zelândia, todas as fazendas exportadoras são obrigadas a terem certificação.

Para Larissa, a grande maioria das fazendas já realiza muitas das práticas solicitadas, faltando somente detalhes para cumprir o exigido pelo escopo. “O que realmente determina a iniciativa é estar aberto às mudanças, que podem ser pequenas. Mas são mudanças, e isso pode gerar incômodos no início, o que é normal a todos nós. Cabe a cada produtor avaliar qual a certificação que ele deseja e que interprete as normas de forma correta, para que não se frustre com o resultado final. Hoje, temos no mercado vários projetos de certificação, privados ou governamentais, e é preciso avaliar os benefícios de cada um para cada caso. É de grande valia visitar outras propriedades, conversar com quem já passou por todo o processo, trocando informações. Temos muitos exemplos de adaptações realizadas pelos produtos com ótimos resultados”, observou.

A Genesis Inspeções atua em protocolos privados até o momento. Em 2009, o projeto em que atuaram teve 92 propriedades certificadas. Já em 2014 foram aproximadamente 1.800 propriedades e, em 2015, um total de 2.243 auditorias foram realizadas.

“Muitos produtores, por alguma experiência ruim, ou falta de conhecimento, ainda se julgam inaptos em ter a propriedade certificada. Vários laticínios ainda não possuem um sistema de pagamento por qualidade. E esses dois elos da cadeia precisam estar juntos, falando a mesma língua, para que o programa de certificação possa dar certo e de maneira descomplicada. Produtores ainda acreditam que é preciso muito investimento financeiro para participar de programas de certificação o que, em muitos, casos não é verdade. Os benefícios indiretos são imensos, mas pouco mensurados ainda”, avaliou Barbosa.

Pensando na importância do tema, o EducaPoint trouxe em sua programação o curso on-line “Programas de certificação na pecuária leiteira” com uma das maiores especialistas em certificação, a médica veterinária Roberta Züge.

Durante o curso, Roberta tratará do tema certificação na pecuária, trazendo informações importantes sobre os principais selos de certificação e tirando as dúvidas dos técnicos e produtores sobre o tema.

 

RAQUEL MARIA CURY RODRIGUES

Zootecnista pela FMVZ/UNESP de Botucatu.

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