Com o intuito de homenagear a mão de obra rural, fundamental para todas as atividades do agronegócio e cada vez mais escassa, o MilkPoint lançou em abril o “Especial AgroFuncionário do Mês”. O objetivo é conhecer com detalhes quem são essas pessoas que trabalham nos bastidores, mas, ao mesmo tempo, são essenciais para o negócio como um todo, colaborando com grandes benfeitorias dentro das fazendas leiteiras em todo o país.
Para Marcelo Maldonado Cassoli, da Fazenda Capetinga, de São João Batista do Glória/MG, o segredo para motivar e incentivar a mão de obra rural é o próprio ambiente de trabalho. “Passamos a maior parte do dia no trabalho, se não for prazeroso, não dá certo. E para ter um ambiente bom de trabalho, é preciso ter pessoas com os mesmos valores e princípios, ferramentas adequadas, materiais necessários para o serviço e salário justo. E acima de tudo, o líder tem que dar o exemplo e servir seus colaboradores, ter coerência, transparência e constância de propósitos. Metas e missões bem definidas e de conhecimento de toda a equipe também são fundamentais”.
Atualmente a Fazenda Capetinga possui três funcionários e está contratando mais um. Afonso é o nome do empregado que está há mais tempo trabalhando na propriedade, desde 2001. “Ele acompanhou praticamente toda a evolução da fazenda, desde o pastejo rotacionado até o confinamento atual. Sua função sempre foi a alimentação do gado em geral, serviços agrícolas junto comigo, e serviços externos, como manutenção de cerca, limpeza, manutenção de tratores, implementos, entre outros. Aprendeu a inseminar aqui na fazenda, mas essa função hoje não é de sua responsabilidade. Não tem responsabilidades na ordenha ou manejo dos animais, mas tem muito "olho" para cios, partos, animais com problemas etc”, destacou Cassoli.
Afonso foi a viga mestra e, com a sua dedicação e compromisso, fundamental em momentos de aperto, sendo motivador de vários investimentos feitos na fazenda. Quando ele começou, a fazenda tinha apenas um trator de 75CV, simples, sem direção hidráulica, quase sem freio, sem capota, com poucos implementos. “Sei bem o que ele enfrentou por anos no começo, pois desde essa época, sempre fui eu quem cobriu suas folgas e férias. O primeiro vagão era carregado no garfo e faz apenas três anos que trocamos por um autocarregável. Os tratores são todos novos e bem equipados. Todo investimento valeu a pena, pois ele zela pelas máquinas até melhor do que eu. Se fosse outro funcionário, talvez não tivéssemos tido coragem de investir em máquinas novas. E todas as máquinas que eu comprei foram de presente para ele, todas chegaram de surpresa mesmo, sem ele esperar, como forma de recompensa pelo seu empenho e sacrifício. Parecia uma criança ganhando um presente de Natal”, relembra Marcelo.
Segundo o proprietário, além de excelente funcionário, Afonso praticamente faz parte da família e é consultado com frequência sobre assuntos da fazenda, planos e dificuldades - já que tem uma visão diferenciada e costuma dar ótimas sugestões. “Eu até desabafo com ele quando estamos enfrentando problemas com algum funcionário ou diante de alguma tomada de decisão difícil”, frisou Marcelo. Afonso é uma pessoa simples, ótimo pai de família, sensato, passou por muitos sacrifícios na vida e hoje felizmente é retribuído por todo o seu esforço. “Nós dois só não batemos no tamanho: eu com quase dois metros de altura, e ele, com pouco mais de um metro e meio”, ri Cassoli.
A Fazenda Capetinga não conta atualmente com um Departamento de Recursos Humanos e quando um funcionário sai, devido ao quadro pequeno de funcionários, todo mundo acaba entrando na dança, inclusive o proprietário. Por outro lado, a fazenda já é conhecida pelo seu grau de organização e cobrança de resultados, e isto por si só já seleciona em parte os candidatos. “Quem gosta de trabalhar sem compromisso, em fazendas bagunçadas, não se aventura por aqui, ou, se vier a trabalhar, não dura muito tempo. O inverso é verdadeiro: quem trabalha aqui não suporta mais trabalhar em ambientes bagunçados”.
O treinamento e monitoramento, até pelo tamanho da fazenda, são muito próximos e boa parte é feita diariamente. Todo mês uma reunião é realizada para avaliar os indicadores de cada setor, o porquê alguns foram bons e porquê outros foram abaixo da meta. De acordo com Cassoli, o fato dele ser técnico, ajuda nos treinamentos. “Eventualmente também contamos com consultores externos”.
Avaliações mensais são realizadas com todos os funcionários e o fato do proprietário cobrir folgas, ajuda a vivenciar as dificuldades. Como a fazenda está contratando mais um empregado, em breve Marcelo não arcará mais com esse papel – tendo que se adaptar e criar novas ferramentas, como check lists e auditorias para monitorar melhor os processos.
“Criar um bom ambiente de trabalho e uma rede de confiança, aliados a boas práticas de liderança, constroem uma equipe muito unida, que chega a suplantar até questões complicadas da nossa arcaica lei trabalhista. O objetivo de todos passa a ser um só: o resultado do negócio. Esse é o grande prêmio”, finalizou Marcelo.
Confira as edições anteriores do Especial Agrofuncionário do Mês:
Especial AgroFuncionário do Mês: "os funcionários conhecem todos os setores, pois assim, ninguém fica sobrecarregado"
Especial AgroFuncionário do Mês: "o crescimento da fazenda é mais importante para os funcionários do que para os patrões"
Especial AgroFuncionário do Mês: "mantenha sempre uma relação verdadeira com a sua equipe"
Mão de obra rural: o que os bastidores escondem sobre a verdadeira alma do negócio
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