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Mapa do Leite no Estado de São Paulo

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 16/10/2006

22 MIN DE LEITURA

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José Edson Rosolen2

Resumo: O estudo tem como objetivo principal revelar números desconhecidos sobre o setor agroindustrial do leite no Estado de São Paulo. São dados da produção total de leite, industrialização dos principais derivados lácteos, recebimento de matéria-prima pelas unidades indústrias, número e localização dos produtores e das empresas de laticínios, distribuídos nas bacias leiteiras e ilustrados através de mapas. Comparam-se, também, as estatísticas atualizadas com as do ano de 1995. São divulgados pela primeira vez os resultados de dois levantamentos inéditos realizados pela LEITE BRASIL para identificar o perfil do produtor paulista de leite e sobre os tanques comunitários de resfriamento do leite no Estado. As principais fontes oficiais foram o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF).

Summary: The main objective of this study was to reveal unknown figures about the milk industry in the State of São Paulo. The data include total milk production, processing of the main dairy products, raw material receiving by the industrial units, number and location of milk producers and dairy plants, distributed in dairy production areas and illustrated by maps. A comparison is made between the updated statistical information and that of 1995. LEITE BRASIL carried out two surveys on the profile of the state of São Paulo milk producer and on the milk cooling community tanks of the state, and the results are being presented for the first time. The main official data sources were the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and the Managerial Information System of the Federal Inspection Service (SIGSIF).

1 - Introdução

No final da década de 90 o setor leiteiro do Estado de São Paulo passou por importantes transformações e deixou de ser o segundo maior produtor do Brasil, perdendo a posição para o Estado de Goiás. Em 2004, de acordo com os dados do IBGE, o Estado já ocupava a quinta posição no ranking da produção nacional de leite. As expressivas reduções da produção nas regiões leiteiras tradicionais do Estado não foram compensadas pelo crescimento nas novas bacias leiteiras.

O Estado continua sendo o maior mercado consumidor do Brasil, com 27,2% do consumo domiciliar nacional de lácteos (1). São Paulo realiza a maior distribuição de leite em programas sociais equivalente a um milhão de litros de leite fluido diariamente.

As propriedades rurais paulistas são responsáveis por 7,7% da renda gerada pelo leite no Brasil. O leite ocupa o quinto lugar em geração de renda na agropecuária paulista (2), atrás da cana-de-açúcar, carne bovina, laranja e carne de frango.

O objetivo principal deste trabalho é revelar informações sobre o setor agroindustrial do leite no Estado de São Paulo a partir da consolidação e organização de dados oficiais em conjunto com o resultado de pesquisas realizadas pela LEITE BRASIL junto ao produtor de leite e às empresas de laticínios.

Dentre as principais estatísticas que fazem parte do levantamento destacam-se a produção total de leite, o número, perfil, tamanho e localização nas bacias leiteiras dos produtores de leite assim como das empresas de laticínios, o volume recebido de São Paulo e de outros estados, o volume enviado de leite cru para outras unidades da federação e a produção de derivados lácteos.

2 - Metodologia

Este trabalho refere-se exclusivamente ao leite de vaca. O mapa do número de produtores foi gerado através do programa Estatcart (3). As principais fontes de dados foram o IBGE (4) para o ano de 1995 e 2004 (último disponível), o Serviço de Inspeção Federal - SIGSIF (5) e o Serviço de Inspeção Estadual - SISP (6). A produção total de leite para o ano de 2005 foi estimada considerando uma estabilidade em relação a 2004.

Os números de produtores do SIGSIF foram corrigidos a partir de pesquisa realizada pela Associação Leite Brasil (7) junto às empresas de laticínios, em função dos dados oficiais não acolherem o número de produtores dos tanques coletivos de leite.

No leite cru, resfriado ou não, recebido pela indústria de laticínios, incluiu-se a produção industrializada de leite tipo A, com base nas informações fornecidas pelas granjas leiteiras.

Os produtos lácteos foras agrupados conforme critério convencionado pela LEITE BRASIL com a assessoria de profissionais da AEX Consultoria.

O número de produtores, de empresas de laticínios, a produção total de leite e o recebimento da matéria-prima nos estabelecimentos industriais foram agrupados de acordo com as mesoregiões no conceito do IBGE.

O perfil dos produtores de leite paulistas foi delineado a partir de levantamento de campo realizado pela LEITE BRASIL (8) nos meses de outubro a novembro de 2005. A pesquisa abrangeu 59 municípios de 7 regiões onde foram entrevistados 216 produtores de leite inspecionados pelo Serviço de Inspeção Federal. Os entrevistados responderam a um questionário com perguntas dissertativas e de múltipla escolha, através das quais foi delineado o perfil dos produtores mensurando o tamanho da produção e identificando as práticas utilizadas.

3 - Mapa do Produtor de Leite

3.1 - Perfil do Produtor de Leite

Na pesquisa realizada pela LEITE BRASIL em 2005 (8) os produtores de leite foram classificados com base no volume médio diário de leite produzido. A maioria dos produtores são pequenos, sendo 24% classificados na faixa de até 100 litros dia; 30% produzem de 101 a 250 litros por dia; 18% dos produtores situam-se no extrato de 251 a 500 litros dia; 16% do total operam com de 501 a 1.000 litros dia; 12% dos produtores paulistas encontram-se na faixa superior a 1.000 litros dia.

A raça de gado predominante é o girolando em 66,7% das propriedades sendo que nas 33,3% restantes prevalecem animais de raças européias. Os produtores de leite que utilizam inseminação artificial somam 39,2% do total pesquisado.

Quanto à alimentação do rebanho, são expressivas as propriedades que fornecem concentrados (68,9%), forrageiras (72,3%) e pasto (80,4%), sal mineral atingiu 91,9% e sal comum 73,0%.

A ordenha mecânica é utilizada por 46,6% dos produtores sendo que 77,7% deles resfriam o leite. Destes 79,1% o fazem em tanques de expansão, 12,2% em tanque de imersão e 8,7% usam tanques comunitários.

A grande maioria dos produtores, cerca de 60,7%, não recebe assistência técnica das empresas de laticínios onde entregam o leite. Entre os que recebem, grande parte, ou 84,2%, consideram este serviço satisfatório.

Sobre aos recursos que faltam para melhorar a produtividade do rebanho, não houve um fator de destaque. Entre os entrevistados 31,5% apontam a melhoria genética, 29,1% a melhoria da qualidade dos alimentos e 21,2% a necessidade do aumento da quantidade dos alimentos.

Dentre os procedimentos básicos adotados antes da ordenha destacam-se: lavar as mãos, que alcançou uma participação expressiva (87,2%), asseio das tetas com água (54,7%) e limpeza das tetas com água clorada (50,7%).

Foram feitas perguntas para identificar o grau de conhecimento e adesão ao Programa Nacional de Melhoria na Qualidade do Leite (PNMQL). Os resultados demonstram que significativa parcela (46,9%) dos produtores paulistas de leite ainda não conhece o PNMQL e apenas 39,9% se consideram enquadrados nas regras do programa.

Os meios de comunicação de massa foram os preferidos para recebimento de conhecimentos, sobre pecuária leiteira com destaque para jornais e revistas, programas de televisão e rádio que atingiram 33,2% dos produtores pesquisados. Em seguida, a preferência recai no contato com outros produtores (26,4%), comparecimento a palestras (22,0%) e, conversa com técnicos das empresas de laticínios (14,8%) e técnicos do governo (3,6%).

Comparando a pesquisa da LEITE BRASIL para o Estado de São Paulo com estudo realizado no Estado de Minas Gerais (9), verifica-se que os resultados se assemelham nos itens diretamente comparáveis. Por exemplo, em ambos os estados a maioria dos produtores são pequenos, a raça girolando predomina, o gado é alimentado com concentrados e forrageiras e ainda é baixo o nível de utilização de inseminação artificial.

Outra pesquisa realizada durante o período de 2005-2006 pelo Serviço de Inspeção Estadual (SISP) em parceria com a Clínica do Leite (6), elaborou um diagnóstico da qualidade do leite cru inspecionado entregue por 896 fornecedores de 33 estabelecimentos industriais no Estado de São Paulo.

Neste trabalho destacam-se produtores que apresentam média diária de 260 litros, sendo que a maioria dos entrevistados (66,2%) entrega leite uma vez por dia enquanto que uma parte o faz quatro vezes por semana (24% do total). No tipo de entrega do leite predominam produtores que utilizavam latão (67,4%) e em relação a temperatura do leite destacou-se a ambiente (52,1%) e resfriada (46,3%).

3.2 - Destino da Produção do Leite

A produção total de leite do Estado, estimada par 2005, foi de 4.765 mil litros diários, dos quais 4.022 mil litros (84,4%) foram entregues às empresas de laticínios. Como o saldo de 743 mil litros diários (15,6%) teve destino desconhecido, o cálculo do leite sem inspeção foi feito por diferença, subtraindo-se da produção total de leite o volume entregue para as empresas sob inspeção oficial, o volume de autoconsumo nas propriedades e o leite destinado ao aleitamento de bezerros.

GOMES, 2000 (10) fez um exercício matemático sobre o "leite clandestino" considerando os dados do Brasil para o ano de 1995/96 e concluiu que "64% destina-se ao mercado com inspeção, 21% ao autoconsumo e 15% ao mercado sem inspeção".

O IBGE considera em sua metodologia (11) para estabelecer a produção total de leite "as quantidades comercializadas de origem do município, em postos e usinas de beneficiamento e indústrias de laticínios; ...a retenção média de leite para autoconsumo dos estabelecimentos produtores e o leite comercializado diretamente a consumidores, que não sofreram resfriamento ou pasteurização".

A partir do conhecimento do volume entregue às indústrias e das estimativas do leite para autoconsumo e aleitamento de bezerros, concluiu-se que a produção paulista de leite comercializado diretamente a consumidores representa cerca de 552 mil litros diários (11,6%) conforme demonstrado no Quadro 1, resultado coerente com o trabalho de GOMES, 2000 (10).

Quadro 1. Destino da Produção Paulista de Leite - 2005



Fonte: IBGE (2004) e LEITE BRASIL (1) estimativa

3.3 - Localização da Produção de Leite e Bacias Leiteiras

CHABARIBERY, 2003 (12) concluiu que "A mudança ocorrida nas principais bacias leiteiras deste Estado mostra o deslocamento da produção de leite de regiões mais centrais para regiões a oeste e noroeste e, também, do Vale do Paraíba".

Os dados do IBGE para o período de 1995-2004 confirmam que, ao contrário do que ocorreu na região de Campinas, as bacias leiteiras de São José do Rio Preto e Araçatuba, com significativo crescimento na produção no período analisado, tornaram-se mais importantes em participação. Todas as demais regiões mantiveram a posição inclusive o Vale do Paraíba (Anexos I e II).

A região de Campinas perdeu a posição de segunda maior produtora, caindo em participação no Estado de 14,6% em 1995 para 10,5% em 2004. Em 1995, São José do Rio Preto produzia 17,7% do leite paulista passando, em 2004, para 22,5%, aumentando a sua importância relativa.

As maiores regiões produtoras em ordem de importância, considerando a produção de 2004, foram: São José do Rio Preto (1.074 mil litros/dia), Vale do Paraíba (556 mil litros/dia), Ribeirão Preto (518 mil litros/dia) e Campinas (502 mil litros/dia).

A produção de leite, de 2004 em relação à de 1995, decresceu em 377 municípios paulistas em média 1.400 mil litros/dia. Já em outros 232 municípios, cresceu, em média, 737 mil litros/dia, durante o mesmo período. Em 2004 um total de 27 municípios deixaram de produzir e 7 não produziam em nenhum dos anos pesquisados.

Em 1995, 174 municípios do Estado produziam pelo menos 10 mil litros diários, representando 70% da produção estadual. Em 2004, apenas 151 municípios estavam nesta condição, produzindo 65% da produção de leite do Estado.

O Mapa 1 mostra uma sobreposição do ano de 2004 sobre o de 1995 para os municípios com produção diária de leite igual ou superior a 10 mil litros. O parâmetro de 10 mil litros diários foi fixado a partir de uma sondagem feita junto as principais empresas de laticínios paulistas. O indicador de 10 mil ou mais litros diários, mantidas as demais condições, foi convencionado como módulo mínimo que geraria interesse de captação do produto pela empresa.

As manchas verdes representam os 39 municípios que em 1995 ainda atendiam ao módulo mínimo de captação, com uma diferença de 455 mil litros diários a mais em relação aos mesmos municípios no ano de 2004. As manchas de cor marrom claro representam os 21 municípios que passaram a atender o módulo mínimo de captação, em 2004, acrescentando 137 mil litros diários a mais em relação aos mesmos municípios do ano de 1995. Os municípios com mancha marrom escuro são os que produziram 10 mil ou mais litros diários, tanto em 1995 quanto em 2004.

Os dados apresentados mostram claramente como a produção paulista de leite "subiu" para o norte e noroeste no mapa do Estado. O deslocamento da importância regional da produção de leite entre os anos de 1995 e 2004 é confirmado pela diferença negativa entre a produção média diária dos municípios com manchas verdes em 1995 e aqueles com manchas marrom claro em 2004. A região de Campinas foi a que teve maior número de municípios com redução na produção e a de São José do Rio Preto a que aumentou o número de municípios com módulo mínimo de captação.

Mapa 1


3.4 - Número e Localização dos Produtores de Leite

Em 2005 o Estado de São Paulo tinha 31.209 produtores de leite, dos quais 26.142 (83,8%) forneciam para 109 empresas de laticínios sob inspeção federal e 5.067 (16,2%) a empresas sob inspeção estadual. No âmbito da inspeção federal predominaram as empresas particulares que receberam 68,4% do leite entregue, ficando as cooperativas com 31,6%. (Quadro 2).

O volume médio da produção de leite por produtor sob inspeção federal é de 129 litros/dia. Atinge apenas 51 litros na região Presidente Prudente, 101 litros dia no Vale do Paraíba e 164 litros dia na região de São José do Rio Preto (Anexo II).

O maior número de produtores está localizado na região de Presidente Prudente (5.254), seguindo-se a de São José do Rio Preto (4.813) e a do Vale do Paraíba (4.165). Outras importantes regiões em número de produtores são as de Itapetininga (3.207) e Araçatuba (2.003), conforme demonstrado no Mapa 2 e Anexo I.

Quadro 2. Produtores de Leite Sob Inspeção Federal, Estado de São Paulo, 2005


Fonte: DOIE/DIPOA/SDA/MAPA - LEITE BRASIL

Mapa 2


3.5 - Tanques Coletivos de Resfriamento de Leite

Um estudo realizado pela LEITE BRASIL (7) identificou os tanques coletivos, o número de produtores participantes e a produção de leite de 25 empresas de laticínios no Estado de São Paulo.

O maior número de tanques coletivos estão localizados nas regiões do Vale do Paraíba (20,5%) e Presidente Prudente (19,1%). Em número de produtores se destacam as regiões de Presidente Prudente (34,0%) e São José do Rio Preto (22,6%). Quanto ao volume de leite que participa dos tanques coletivo em primeiro lugar está Presidente Prudente (26,5%), seguida por São José do Rio Preto (25,3%).

A pesquisa evidenciou que 35,9% dos produtores que entregam leite para estabelecimentos com inspeção federal utilizam tanques coletivos de resfriamento de leite.

São 9.384 produtores ofertando 518 mil litros diários, resfriados em 605 tanques. Representam 15,4% do total de leite recebido pela indústria sob inspeção federal e aproximadamente 23,6% do volume total resfriado no Estado sob inspeção federal.

As empresas de laticínios particulares são responsáveis por 63,3% do volume, 68,5% do número de produtores e 49,3% do número de tanques coletivos. O tamanho médio da produção entregue nestes tanques coletivos é de 55 litros diários, sendo de 51 litros diários nos laticínios particulares e de 64 litros diários nas cooperativas.

4 - Mapa da Indústria de Laticínios

4.1 - Produção de Derivados Lácteos

São Paulo experimentou, no período 1995 a 2005, significativas transformações na produção de lácteos (Gráfico 1 e Quadro 3). Entre os quatro principais produtos lácteos apenas o leite longa vida produzido no Estado cresceu em participação na produção brasileira.


Quadro 3. Produção de Lácteos no Brasil e em São Paulo - 1995-2005 (1)


(1) Sob Inspeção Federal
(2) Leite pasteurizado e longa vida, milhões de litros e leite em pó e queijos, mil toneladas
(3) Inclui leite UHT e leite esterilizado
Fonte: DOIE/DIPOA/SDA/MAPA - LEITE BRASIL

Em 1995 São Paulo produzia 1.318 milhões de litros de leite pasteurizado, metade da produção brasileira, correspondendo a 3,6 milhões de litros diários. No ano de 2005, em relação a 1995, a produção (428 milhões litros) caiu 67,7%, atingindo cerca de 1,2 milhão de litros diários.

Os dados apurados para 2005 indicam que São Paulo ainda é o maior produtor de leite pasteurizado com 32,3% do total produzido no país (Quadro 4). Considerando uma estimativa da produção sob inspeção estadual de 86 milhões de litros diários a produção total de leite pasteurizado de São Paulo é de 514 milhões de litros.
Em 2005, cerca de 25% (126 milhões de litros) da produção paulista de leite pasteurizado foram destinados à distribuição no Programa Social Vivaleite, evidenciando a importância deste programa.

No mesmo período a produção do leite longa vida teve um importante comportamento, com crescimento de aproximadamente 407% contra cerca de 276% no Brasil. A participação do Estado na produção brasileira que era de 13,1% em 1995 passou para 17,7% em 2005.

No leite fluido (pasteurizado + longa vida) houve uma perda de participação relativa do pasteurizado ao longo dos anos. Em 1995 representava 68,2% do total consumido sob a forma fluida no Brasil e 88,8% em São Paulo e, em 2005, passou para apenas 21,8% no Brasil e 33,7% em São Paulo.

De 1995 a 2005 houve redução na fabricação de leite em pó e queijos sob inspeção federal em São Paulo. Enquanto a produção brasileira de leite em pó cresceu 61,2%, a de São Paulo declinou em 21,9%, encolhendo a participação do Estado de 12,8% para 6,2%, no período analisado.

A produção de queijos, no mesmo período, cresceu 89,4% no país e reduziu-se em 18,5% em São Paulo, diminuindo a participação estadual de 15,5% para 6,7%, entre os anos pesquisados.

Quadro 4. Produção Brasileira de Leite Pasteurizado - 2005 (1)


(1) Sob inspeção federal
Fonte: Fonte: DOIE/DIPOA/SDA/MAPA -Elaboração: LEITE BRASIL

4.2 - Número e Localização das Indústrias de Laticínios

O Estado tem o segundo maior parque industrial de laticínios do País processando 14,2% do leite recebido sob inspeção no Brasil.

Dentre as empresas de laticínios sob inspeção federal, o maior número são produtoras de queijos, num total de 67. Existem ainda 36 produtores de leite pasteurizado, 21 de bebida láctea, 12 de leite longa vida, 21 de manteiga, 16 de doce de leite e 11 de iogurte. O número de empresas não representa exclusivamente a fabricação do produto.

O Estado tinha no mês de julho de 2006 um total de 356 empresas de laticínios ativas que processavam leite e derivados: 125 sob inspeção federal e 231 sob inspeção estadual.

As 125 empresas de laticínios sob inspeção federal tinham 171 estabelecimentos industriais (entrepostos, postos de refrigeração, fábricas de laticínios e usinas de beneficiamento). Somam 23 cooperativas e 102 empresas particulares, estas responsáveis por 66% do volume de leite recebido.

As empresas sob inspeção federal estão divididas em: 12 só captam leite, 90 captam e industrializam e 23 só industrializam. No sistema de inspeção estadual 202 das 231 empresas de laticínios estão aptas a receber leite para processamento.

As indústrias de laticínios paulistas receberam em 2005 cerca de 2.155 milhões de litros de leite, dos quais 91,5% pelas empresas sob inspeção federal. Do volume total recebido 1.469 milhões de litros (68,2%) foram produzidos no próprio Estado (Quadro 5).

Dos 1.881 mil litros diários recebidos de outros estados, 81,6% vêm de Minas Gerais e 11,4% do Paraná. Do volume enviado para outros estados (159 mil litros diários), 79,8% destina-se ao Paraná.

Quadro 5. Leite Recebido e Processado pela Indústria Paulista de Laticínios - 2005


Fonte: DOIE/DIPOA/SDA/MAPA - CDA/GDSA/CIPOA/SAA-SP e LEITE BRASIL

Considerando o leite recebido e processado às indústrias sob inspeção federal (ver Anexo I e II), as duas maiores regiões de captação do produto são, em ordem de importância, São José do Rio Preto, com 23,5% (791 mil litros dia) e o Vale do Paraíba, com 12,5% (420 mil litros dia).

Em relação ao tamanho das empresas sob inspeção federal, 44% são de pequeno porte, com captação de até 10.000 litros diários. Na faixa intermediária, de 10.001 a 50.000 litros diários, estão 34,9% das unidades. As empresas de médio porte, de 50.001 a 100.000 litros diários representam 7,3% e as de grande porte, com mais de 100.000 litros diários, representam 13,8% do total do Estado (Quadro 6). As 15 maiores empresas sob inspeção federal recebem 71,9% do total de leite.

Quadro 6. Tamanho das Empresas de Laticínios que Recebem Leite, São Paulo - 2005


(1) Sob Inspeção Federal
Fonte: DOIE/DIPOA/SDA/MAPA - LEITE BRASIL

Os Mapas 3 e 4 dão uma visão da distribuição regional das empresa de laticínios paulistas. Os símbolos nos Mapas indicam a localização geográfica.

A maioria das empresas localiza-se nas regiões de Ribeirão Preto (54 unidades), Campinas (46 unidades) e São José do Rio Preto (38 unidades).

Há uma distribuição equilibrada das empresas sob inspeção federal nas regiões do Vale do Paraíba (18 unidades), Campinas (17 unidades) e Metropolitana de São Paulo (16 unidades).
O maior número de empresas sob inspeção estadual localiza-se na região de Ribeirão Preto (44 unidades), seguida da de Campinas (29 unidades) e de São José do Rio Preto (27 unidades).

Mapa 3


Mapa 4


5. Síntese do Trabalho

1. O Estado de São Paulo ocupa a quinta posição no ranking da produção nacional de leite em 2005, é o maior mercado consumidor do Brasil, tem o maior consumo domiciliar nacional de lácteos e realiza a maior distribuição de leite em programas sociais.

2. O girolando é a raça de gado predominante nas propriedades paulistas. A maioria dos produtores de leite fornece concentrados e forrageiras ao rebanho. Cerca de metade dos produtores adota ordenha mecânica e a maioria resfria o leite. Uma significativa parcela dos produtores paulistas de leite ainda não conhece o PNMQL.

3. A produção total de leite em São Paulo, no ano de 2005, foi de 4.765 mil litros diários. O leite entregue diretamente a consumidores (sem inspeção) representa 11,6% do total do Estado.

4. As bacias leiteiras de São José do Rio Preto e Araçatuba são as mais importantes em volume produzido superando a região de Campinas.

5. O Estado de São Paulo tem 31.209 produtores de leite, 26.142 sob inspeção federal (SIF) e 5.067 produtores sob inspeção estadual (SISP). A maioria dos 26.142 produtores sob inspeção federal são fornecedores de empresas particulares e tem uma produção leiteira média de 129 litros por dia.

6. O maior número de produtores está localizado nas regiões de Presidente Prudente, seguindo a de São José do Rio Preto e a do Vale do Paraíba.

7. Os produtores que resfriam o leite em tanques coletivos representam 35,9% do total do Estado, fornecendo 15,4% do leite recebido pelas indústrias sob inspeção federal e 23,6% do volume total resfriado no Estado.

8. O Estado foi o maior produtor de leite pasteurizado do país em 2005, com 32,3% do total ofertado Cerca de 25% deste volume destinou-se a distribuição no programa social Vivaleite.

9. A produção estadual do leite longa vida cresceu 407% no período 1995-2005. A participação de São Paulo, que era de 13,1% em 1995, passou para 17,7%, em 2005.

10. A produção paulista de leite em pó e queijos apresentou redução no volume e em participação na produção brasileira, no período sob análise.

11. O Estado de São Paulo possui o segundo maior parque industrial de laticínios do Brasil, com 356 empresas, incluindo 231 sob inspeção estadual e 125 sob inspeção federal.

12. As empresas de laticínios paulistas recebem, em média, 5.903 mil litros diários, dos quais 4.022 mil (68,2%) são produzidos no próprio Estado.

13. As empresas sob inspeção federal são responsáveis pela captação de 91,5% do leite recebido.

14. As importações de outros estados somam 1.881 mil litros diários, dos quais 81,6% procedem de Minas Gerais e 11,4% do Paraná. O destino de 79,8% dos 159 mil litros diários exportados pelo Estado é o Paraná.

15. As duas maiores regiões fornecedoras de leite às empresas sob inspeção federal são as de São José do Rio Preto e a do Vale do Paraíba.

16. No sistema sob inspeção federal existem 67 empresas produtoras de queijo, 36 produtoras de leite pasteurizado, 21 de bebida láctea, 12 de leite longa vida, 21 de manteiga, 16 de doce de leite e 11 de iogurte.

17. As empresas de pequeno porte, sob inspeção federal, com captação até 10.000 litros diários, representam 44% do total captado.

18. Ribeirão Preto é a região do Estado que detém o maior número de empresas de laticínios. As empresas sob inspeção federal estão distribuídas de maneira uniforme nas regiões do Vale do Paraíba, Campinas e Metropolitana de São Paulo. O maior número de empresas sob inspeção estadual está localizado na região de Ribeirão Preto.

Anexo I - Estatísticas do Setor de Leite em São Paulo



Fonte: IBGE (produção total), DOIE/DIPOA/SDA/MAPA, CDA/GDSA/CIPOA/SAA-SP e LEITE BRASIL

Anexo II - Indicadores do Setor de Leite em São Paulo



Fonte: IBGE (produção total), DOIE/DIPOA/SDA/MAPA, CDA/GDSA/CIPOA/SAA-SP e LEITE BRASIL


Fontes de informações e literatura consultada

(1) LEITE BRASIL, Estudo desenvolvido pela Associação Leite Brasil a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF, IBGE, 2003.

(2) IEA/CATI - SAA/SP, Valor da Produção dos Principais Produtos da Agropecuária do Estado de São Paulo, 2005, adaptado pela Leite Brasil para o leite.

(3) ESTATCART: - Sistema de Recuperação de Informações Georreferenciadas. Versão 2.1., Rio de Janeiro: IBGE, 2004. 1 CD-ROM.

(4) IBGE, Pesquisa da Pecuária Municipal, 2004.

(5) SIGSIF, Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal no qual os laticínios são obrigados a fornecer, até o dia 10 do mês subseqüente, os dados estatísticos de produção, industrialização, transporte e comércio de produtos lácteos, item 3 do artigo 102 do RIISPOA.

(6) CDA - ESALQ/USP, Clinica do Leite, Avaliação da Qualidade do Leite Cru, Processado nos Estabelecimentos Registrados do SISP, Baseado na IN do MAPA, Relatório Final, 2005/2006.

(7) LEITE BRASIL, Levantamento Especial dos Tanques Coletivos de Resfriamento de Leite no Estado de São Paulo, Maio - Junho de 2006.

(8) LEITE BRASIL, Levantamento de dados para Identificação do Perfil do Produtor de Leite Paulista e Adesão ao Programa Nacional de Qualidade do Leite, 2005/2006.

(9) GOMES, S. T., Diagnóstico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais em 2005,relatório de pesquisas - Belo Horizonte, FAEMG, 2006 em Minas Gerais e Diagnóstico da Pecuária Leiteira em Minas Gerais e no Brasil, encarte especial, revista Balde Branco, Junho 2006.

(10) GOMES, S. T., Leite Clandestino no Brasil não chega a 20% da Produção Total, UFV, Maio 2000.

(11) IBGE, Série Relatórios Metodológicos, volume 6, Pesquisas Agropecuárias, 2º edição, 2002.

(12) CHABARIBERY, Denise - IEA - Desempenho Recente da Produção de Leite no Estado de São Paulo, Informações Econômicas, SP, v.33, n.12, dez. 2003 (pág. 24).

Siglas utilizadas no trabalho

LEITE BRASIL - Associação Brasileira dos Produtores de Leite
SIPAG - Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal e Vegetal
SFA/SP - Superintendência Federal da Agricultura no Estado de São Paulo
CDA - Coordenadoria de Defesa Agropecuária
GDSA - Grupo de Defesa Sanitária Animal
SAA/SP - Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
SIGSIF - Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal
ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz
USP - Universidade de São Paulo
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PPM - Pesquisa da Pecuária Municipal
UFV - Universidade Federal de Viçosa
DOIE - Divisão de Orientação, Informação e Estatística
DIPOA - Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal
SDA - Secretaria de Defesa Agropecuária
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento


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______________________________________________

1O estudo foi realizado com a cooperação técnica de Antonio José Xavier, da AEX Consultoria, principalmente na formulação de métodos e críticas às estatísticas e resultados.

2Economista, superintendente da Associação Leite Brasil.

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