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A Geografia do Leite Brasileiro

POR CARLOS EDUARDO PULLIS VENTURINI

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 27/01/2014

5 MIN DE LEITURA

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De 1980 a 2012, a produção brasileira de leite quase triplicou. Apesar de ainda não ser uma atividade tão desenvolvida quanto outras do agronegócio brasileiro, que têm importância no cenário global de alimentos e alto nível tecnológico, a evolução e o aumento da pecuária leiteira no território nacional são notáveis.

O crescimento de nossa produção de leite teve como estímulos a consolidação de novos importantes estados produtores de leite e também pelo aumento do consumo, devido à expansão da população e às melhores condições econômicas, como redução da desigualdade social e aumento da renda.

A tabela abaixo apresenta a produção de leite por região do Brasil em 1980:


Os dados revelam a alta concentração da produção do Sudeste, região mais populosa da época (com 43,4% dos brasileiros) e desenvolvida economicamente no período. A produção de Minas Gerais sozinha era maior que de qualquer uma das regiões do Brasil. Inclusive se excluirmos o Sul, a produção de Minas Gerais era superior à soma das outras regiões restantes: Centro-Oeste, Nordeste e Norte.



Já em 2012, a liderança continuou inalterada, com Minas Gerais perdendo 1,2 pontos percentuais de participação na produção nacional. No entanto, outros estados apresentaram variação significativa. O estado de São Paulo, que na década de 80 era o segundo maior produtor do país, caiu para a sexta posição, com queda de 8% na quantidade produzida nestes 32 anos, sendo o único estado a apresentar redução no volume produzido neste período, motivado pela expansão da cana-de-açúcar e pelo crescente preço da terra.



Já os estados da região Sul apresentaram grande crescimento, tanto em volume quanto em importância. A participação somada do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina saltou de 23% do total da produção brasileira para 33,2%, diminuindo a diferença entre a produção do Sudeste x Sul de 27,8% para apenas 2,7%, mostrando a importância que o Sul adquiriu no cenário nacional do leite nas últimas décadas.

Tabela 4 – Produção de leite no Brasil por região (em mil litros) - 2012

Fonte: IBGE; Elaboração: MilkPoint

Se analisarmos a evolução da produção de leite pela ótica do crescimento nestes 32 anos, os estados com maior crescimento percentual foram os das regiões Norte, Sul e Centro-Oeste, como pode ser visto no mapa abaixo.



O mapa sugere uma maior expansão do leite na região Norte do país, com taxas de crescimento anuais acima de 5% nos estados do Amazonas, Rondônia, Pará, Amapá. Além destes, o único estado brasileiro com crescimento anual médio acima de 5% nestes últimos 32 anos foi o Mato Grosso, na região Centro-Oeste. É importante salientar que alguns destes estados, apesar do expressivo crescimento em relação ao passado, possuem volumes de leite muito baixos e, por isso, pequenos ganhos de produção absolutos podem ter grandes efeitos na variação percentual. No entanto, Rondônia e Pará são dois destaques no desenvolvimento de leite nestas três décadas, com Rondônia assumindo a nona posição entre os maiores estados produtores de leite em 2012. Porém, o ritmo desta expansão vem diminuindo: na década de 80, a taxa anual de crescimento na região Norte foi de 13% ao ano, 6% na década de 90 e no período 2000-2012 de 3,6%, menor que a evolução do Brasil, de 3,9% ao ano no mesmo período.

Entretanto, se observarmos a variação da produção em volume, temos uma visão diferente sobre a dinâmica do leite no Brasil. O mapa abaixo apresenta o crescimento, em mil litros, da produção de leite em cada estado.



Neste mapa podemos ver que, embora o Norte tenha crescido de forma expressiva em termos percentuais, esta expansão não foi tão significativa no volume de leite dos estados, exceto por Rondônia, que foi o sexto estado com maior aumento do volume produzido, com incremento de 645,2 milhões de litros na produção anual, e pelo Pará, com elevação de 482 milhões de litros produzidos por ano.

Outro ponto importante a ser ressaltado é o crescimento em Minas Gerais. Apesar de ter aumentado sua produção a uma taxa média de 3,1% ao ano (número expressivo, mas menor do que o crescimento de muitos estados no mesmo período, como pode ser visto no Mapa 1, este crescimento em volume (5,69 bilhões de litros) foi tão expressivo que chegou a ser maior do que o verificado em todas as outras regiões do Brasil (desconsiderando o Sudeste), exceto pelo Sul. O Norte teve crescimento de 1,51 bilhões de litros, o Nordeste de 1,93 bilhões de litros e o Centro-Oeste de 3,61 bilhões. Além disso, Minas foi responsável por 96% do crescimento da produção de leite da região Sudeste no período, o que demonstra sua importância nos contextos nacional e regional.

Também se destaca o crescimento na região Sul, em que todos os 3 estados tiveram incremento de mais de 1 bilhão de litros nestes últimos 32 anos. Como já mencionado anteriormente, este crescimento reforça a importância que tal região vem adquirindo na pecuária leiteira do Brasil.

Os dados de produção por área demonstram também a grande diferença na produção de leite entre os estados brasileiros, como pode ser verificado no mapa abaixo.



É necessário ressaltar que a produção por área não é um indicador de produtividade, mas sim de concentração da produção, ou relevância da produção para a região, uma vez que no denominador estão incluídas áreas que não são utilizadas para a atividade leiteira (o que não quer dizer que a produtividade não possa ser também maior em locais com produção por km² maior). Outro ponto importante é que, dentro de determinado estado, a concentração logicamente varia de região para região.

Mas, ainda assim, esta é uma informação interessante para análise. O mapa indica claramente a concentração da produção nas regiões Sul e Sudeste, mas também mostra alguns pontos de maior relevância no Nordeste.

Apesar de Minas Gerais ser o maior estado em produção de leite, Santa Catarina apresenta a maior produção por área, com 28,4 mil litros/km², uma diferença de 42,6% sobre o segundo colocado, o Paraná, com 19,9 mil litros/km². Completam as cinco primeiras posições os estados de Minas Gerais (15,2 mil litros/km²), Rio Grande do Sul (14,4 mil litros/km²) e Sergipe, com 13,6 mil litros/km².

Como os dados apresentados mostram, a produção brasileira de leite teve um expressivo crescimento desde os anos 80. Grande parte desta produção concentra-se no Sul, Sudeste e em Goiás, regiões onde as vantagens, como facilidade de manejo; menores custos de produção; o advento do leite UHT, que fez com que a produção de leite pudesse se distanciar dos centros consumidores; estrutura fundiária; questões culturais e incentivos governamentais (em Goiás, principalmente), estimularam o desempenho de atividade.

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

CARLOS EDUARDO PULLIS VENTURINI

Economista formado pela ESALQ/USP; Coordenador de Conteúdo do MilkPoint Mercado

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ANDRÉ DE ALMEIDA SILVA

MIRANTE DA SERRA - RONDÔNIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/01/2015

Rondônia era para estar em pelo menos em 3ª lugar, pena que não temos politicas para o setor, discordo com o CLEVERSON FREIRE BENTO, o que temos são produtores em busca de inovação, assim como o café e piscicultura, o governo esta sempre atrás dos produtores.
JULIANO CORREA

NOVA RAMADA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/02/2014

Precisamos muito dessas informações, desses dados, para que assim entendamos nossos sistemas de produção e a forma pela qual devemos trabalhar, assim como a cadeia produtiva do leite.
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/02/2014

Parabens pela analise Carlos. O setor é mesmo carente de mais diagnosticos e analises.
SANTO OLIVATTO

IPUÃ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/02/2014

Se o governo  de s. paulo e os prefeitos dos municipios paulistas não tomarem uma atitude seria, nos vamos parar de produzir leite totalmente,pois, não é mais viavel investir no setor,e competir com produtores de outros estados onde se tem incentivos e o basico da alimentação que é soja e milho e bem mais barato. no`s nao temos como competir,pois os SUPERMERCADOS de s.paulo  adquirem de um laticinio de minas, goias, ou mato grosso , um carregamento de duzentos mil litros de leite loga vida e abastese a regiaõ por varios dias, por um preço menor. Vai acontecer o que aconteceu com o arroz, s.paulo naõ produz mais arroz, pois fica mais barato comprar de ouitros estados, esse é o caminho do suino, do frango do peixe do ovo etc..etc
WAGNER BESKOW

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 31/01/2014

Belo trabalho, Venturini.
CREOMATSON BEZERRA DE ALMEIDA

RECIFE - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/01/2014

Parabens, parabens mesmo. Fico feliz por ver mais um Economista contribuindo com informações preciosas para o desenvolvimento da atiividade leiteira. Senti falta de uma informação complementar, que é a produtividade de leite/vaca em cada região.
MOACIR REZENDE JUNIOR

SETE LAGOAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 28/01/2014

Parabéns pelo trabalho, isto nos ajuda muito em como ver as perspectivas do nosso negocio no âmbito nacional.
LEONARDO MORENO PIRES

SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/01/2014

Gostaria que tivesse um mapa que mostrasse o nível tecnológico de produção pois isto impacta diretamente em renda,menos degradamento e desenvolvimento regional,pois a terra e recursos naturais são bens de alto valor por isso precisamos crescer em pequenas áreas com altas produções sem afetar a natureza não adianta só a produtividade pois isso consegue com grandes áreas.
CLEVERSON FREIRE BENTO

PORTO VELHO - RONDÔNIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/01/2014

O Estado de Rondônia vem apresentando melhoras na politica leiteira, avançando  gradativamente em produção e produtividade, onde a assistência técnica e extensão rural vem se mostrando importante ferramenta para o desenvolvimento do setor. Rondônia tem características excelentes para desenvolver uma pecuária leiteira forte, pois possui clima altamente favorável ao desenvolvimento de forrageiras onde o período de estiagem é curto, fator climáticos que contribuem para minimizar os custos de produção do volumoso. Hoje Rondônia se destaca na região norte do pais com uma pecuária forte e uma área onde a agricultura de grandes lavouras vem tomando cada dia mais espaço e com a pecuária leiteira não é diferente, sabemos que temos muito que avançar e isso que nos motiva.
LUIZ CARLOS WEBRATH

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - TRADER

EM 28/01/2014

Muito bom o artigo parabéns.
RONEI VOLPI

CURITIBA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/01/2014

Muito interessante a análise do Carlos Eduardo. Parabéns. Sugiro em outra análise complementar, com estes dados, projetar a geografia para daqui a 5 anos por exemplo.

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