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Utilização de coprodutos agroindustriais na alimentação animal

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/04/2009

5 MIN DE LEITURA

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A estacionalidade na produção de forragens verificada em determinadas épocas do ano, tem sido responsável, dentre outros fatores, pela reduzida produtividade dos rebanhos. Uma forma de contornar esse problema é a adoção da prática do confinamento, ou do uso de alimentos suplementares. Os alimentos representam aproximadamente 50% do custo total do confinamento, sendo a fração concentrada a mais onerosa, que representa cerca de dois terços desse valor.

Entre as alternativas para redução dos custos com alimentação nos confinamentos destaca-se a utilização de coprodutos da agricultura ou de agroindústrias, em substituição a forragens e aos grãos comumente usados (farelo de soja, farelo de algodão, farelo de trigo, milho, etc.).

Os resíduos da agroindústria podem assumir grande importância na alimentação de ruminantes, principalmente em situações em que: a disponibilidade natural de forragens nas pastagens é baixa; quando as reservas de forragens conservadas forem insuficientes e que não venham a atender as exigências dos rebanhos; na formulação de misturas múltiplas para animais submetidos a métodos de pastejo, ou ainda quando a disponibilidade, o valor nutritivo e o custo do resíduo permitirem sua inclusão na formulação de rações concentradas, que venham substituir os alimentos nobres utilizados (SOUZA et al. 2004).

Na literatura existem inúmeros trabalhos que relatam a utilização de coprodutos da agroindústria na alimentação de ruminantes, como por exemplo, casca de soja em dietas para bovinos (PROHMANN et al., 2004; RESTLE et al., 2004; MENDES et al., 2005; SANTOS et al., 2005) e ovinos (MEXIA et al., 2004); subproduto da agroindústria para ovinos (NEIVA, et al. 2005) e casca de café para ovinos (GARCIA et al., 2000; SOUZA et al., 2004); casca de mandioca para bovinos (MARTINS et al., 2000; PRADO et al., 2000; FREGADOLLI et al., 2001); e entre outros. Relatos da utilização da casca de mamona na alimentação animal ainda são escassos ou praticamente inexistentes.

Segundo BOMFIM et al. (2006), a casca de mamona apresenta, em sua composição química-bromatológica, 93,3% de matéria seca, 78,9% de matéria orgânica, 9,2% de proteína bruta, 19,9% de extrato etéreo, 42,5% de fibra em detergente neutro, 29,3% de fibra em detergente ácido, 13,1% de hemicelulose, 6,6% de lignina, 21,5% de celulose, 1,0% de cinza insolúvel e 73,2% de nutrientes digestíveis totais.

Na alimentação animal, BOMFIM et al.(2006), ao avaliar a inclusão do resíduo do descascador de mamona em substituição ao milho, na dieta para fêmeas ovinas de 30 kg de peso vivo, nos níveis de 0; 33; 66 e 100%, utilizando-se a relação volumoso:concentrado de 50:50, observou redução linear no consumo de matéria seca com o aumento nos níveis de casca de mamona (caiu aproximadamente de 3 para 2,45% do peso vivo), provavelmente por causa da influência negativa do teor de fibra sobre a digestibilidade. Com relação ao ganho de peso, o autor estimou para os animais consumindo a dieta com o maior nível de participação de casca o valor de 115 g/dia, que foi atribuído principalmente, ao elevado nível de extrato etéreo deste subproduto, em razão de haver em sua composição 13% de amêndoas de mamona. Os referidos autores salientam, que apesar do consumo de amêndoas, não foi observado qualquer sintoma de intoxicação.

Estes dados sugerem a possibilidade de utilização deste coproduto como alimento para pequenos ruminantes. Estudos da utilização de resíduos do beneficiamento de culturas, que não a mamona, na alimentação de ruminantes tem denotado resultados satisfatórios. GARCIA et al. (2000), avaliando a adição de aproximadamente 15,2% de casca de café nos concentrados constituintes de dietas nas formas in natura ou tratada com 4% de uréia acrescida de 1% de grão de soja moído para cordeiros de três grupos genéticos: Texel x Bergamácia, Texel x Santa Inês e Santa Inês puros não observaram efeito sobre as características de carcaça, ou seja, sobre os pesos de carcaça quente e fria, rendimento de carcaça quente, perda de peso da carcaça devido ao resfriamento, medidas de comprimento interno e total da carcaça, comprimento de perna, comprimento total de perna, perímetro de garupa, largura da garupa, profundidade do tórax e gordura subcutânea.

SOUZA et al. (2004) ao estudarem a adição de 6,25; 12,5; 18,75 e 25% de casca de café, em base da matéria seca, em substituição ao milho na ração concentrada para carneiros sem padrão racial definido (SPRD), cuja proporção na dieta era de 40%, não observaram variação no consumo e digestibilidade de nutrientes.

Mesmo diante das barreiras existentes, os estudos conduzidos pelos autores a cima mencionados, demonstram que, os coprodutos poderão ser utilizados como alimentos com potencial de uso em dietas para ruminantes, em níveis apropriados. Proporcionando assim, rentabilidade associada à produção de alimentos de qualidade.

Referências bibliográficas

BOMFIM, M.A.D. et al.Avaliação da casca de mamona na dieta de ovinos. In: IV Congresso Nordestino de Produção Animal, Petrolina, PE, p.936-939, 2006.

FREGADOLLI, F.L.; ZEOULA, L.M.; PRADO, I.N. et al. Efeito das fontes de amido e nitrogênio de diferentes degradabilidades ruminais.1. Digestibilidades parcial e total. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.3, p.858-869, 2001.

GARCIA, I.F.F.; OLALQUIAGA PEREZ, J.R.; OLIVEIRA, M.V. Características de carcaça de cordeiros Texel x Bergamacia, Texel x Santa Inês e Santa Inês puros, terminados em confinamento, com casca de café como parte da dieta. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n.1, p.253-260, 2000.

MARTINS, A.S.; PRADO, I.N.; ZEOULA, L.M. et al. Digestibilidade aparente de dietas contendo milho ou casca de mandioca como fonte energética e farelo de algodão ou levedura como fonte protéica em novilhas. In:Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.1, p.269-277, 2000.

MENDES, A.R.; EZEQUIEL, J.M.B.; GALATI, R.L. et al. Consumo e digestibilidade total e parcial de dietas utilizando farelo de girassol e três fontes de energia em novilhos confinados. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n.2, p.679-691, 2005.

MEXIA, A.A.; MACEDO, F.A.F.; ALCALDE, C.R. Desempenhos reprodutivo e produtivo de ovelhas Santa Inês suplementadas em diferentes fases da gestação. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n.3, p.658-667, 2004.

NEIVA, J. N. M, NUNES, F.C.S.; CÂNDIDO, M.J.D.; RODRIGUEZ, N.M.; LÔBO, R.N.B. Digestibilidade aparente dos nutrientes de silagem de capim elefante contendo níveis crescentes de subproduto de maracujá em ovinos. In:Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 42ª, 2005, Goiânia. Anais... Goiânia : Sociedade Brasileira de Zootecnia.

PRADO, I.N.; MARTINS, A.S.; ALCALDE, C.R. et al. Desempenho de novilhas alimentadas com rações contendo milho ou casca de mandioca como fonte energética e farelo de algodão ou levedura como fonte protéica. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.1, p.278-287, 2000.

PROHMANN, P.E.F.; BRANCO, A.F.; JOBIM, C.C. et al. Suplementação de bovinos em pastagem de Coastcross (Cynodon dactylon (L.) Pers.) no verão. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n.3, p.792-800, 2004.

RESTLE, J.; FATURI, C.; ALVES FILHO, D.C. et al. Substituição do grão de sorgo por casca de soja na dieta de novilhos terminados em confinamento. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, n.4, p.1009-1015, 2004.

SANTOS, D.T.; ROCHA, M.G.; QUADROS, F.L.F. et al. Suplementos energéticos para recria de novilhas de corte em pastagens anuais. Desempenho animal. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n.1, p.209-219, 2005.

SOUZA. A.L.; GARCIA, R.; BERNARDINO, F.S. et al. Casca de café em dietas de carneiros: consumo e digestibilidade. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.2170-2176, 2004.

SUELI FREITAS DOS SANTOS

Zootecnista

RAFAEL NOGUEIRA FURTADO

Zootecnista - Doutorando em Zootecnia pelo Programa de Doutorado Integrado da Universidade Federal do Ceará /PDIZ-UFC

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SUELI FREITAS DOS SANTOS

ITAPIPOCA - CEARÁ - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE LEITE

EM 13/04/2009

Prezado Joel,

é de extrema importância que se conheça a composição bromatológica de qualquer material que seja fornecido a alimentação animal.

Principalmente, a quantidade de proteína, fibra e gordura presentes no material.

Poderá haver contra indicações se, o material em si, não atender as exigências nutricionais dos animais.
Na literatura, já existem inúmeros trabalhos com diversos tipos de resíduos.

Na Tabela Brasileira de composição dos alimentos de Viçosa, de Sebastião Valadares, é possível encontrar a composição de alimentos variados, inclusive de resíduos diversos.
JOSE JOEL BITENCOURT

IPAMERI - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/04/2009

Nesta região há uma certa abundância de resíduos de pre limpeza e secagem de milho e soja. Tais produtos são usados na alimentação animal. Não tenho conhecimento de pesquisa ou literatura a respeito. Pergunto: há alguma contra indicação? Há algum trabalho de pesquisa, ou literatura sobre o assunto?

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