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Uma boa lactação depende do manejo durante o período seco

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/06/2008

5 MIN DE LEITURA

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O sucesso de uma granja leiteira depende do manejo empregado nas fases do processo de produção. Dados de pesquisa e dados da prática demonstram que o máximo retorno sobre um período lactacional das vacas depende do manejo que é dado a cada vaca durante o período seco. A lucratividade na exploração de rebanhos leiteiros depende de um balanço entre altas produções, boa saúde do rebanho e sucesso na reprodução. Um excelente desempenho nestas três áreas são os principais determinantes do retorno econômico.

Durante o ciclo lactacional, existe essencialmente uma única oportunidade de estabelecer e assegurar boa saúde e reprodução, que é o período seco ou período de transição. O período de transição se refere aos 45 a 60 dias antes do parto. O período mais crítico para uma vaca de leite são os 21 dias antes e após o parto.

O correto manejo alimentar durante o período de transição tem profundo efeito sobre o consumo de alimento. Consumo de alimento é o maior fator influenciando produção de leite e variação do peso vivo no início da lactação. Alta ingestão de alimento no início da lactação reduz o tempo que as vacas permanecerão em balanço energético negativo. Também, minimizando a duração e a extensão do balanço energético negativo, surte efeitos positivos na reprodução.

Uma das metas chaves é conseguir vacas com condição corporal adequada para cada estágio de lactação. Maximizando o consumo de alimento durante o período de transição, essa meta pode ser mais facilmente atingida.

O que a vaca come durante o período seco é fortemente marcado por fatores biológicos e por fatores de caráter nutricional (Figura 1).


Figura 1 - Fatores que influenciam o consumo de alimento de vacas durante o período seco. Adaptado de Schroeder (2001)

A seguir, discorreremos sobre algumas dicas de manejo a este grupo de animais. Os dados apresentados são exclusivos para animais confinados e basicamente levantados tendo a raça Holandesa como base. Dados com vacas em pastagens são escassos na literatura ou até mesmo inexistentes.

Fase final da lactação

- Adicionar peso às vacas durante o final da lactação, antes do período seco, pois nesta fase a conversão de energia a reservas corporais é feita com maior eficiência (70 a 75%) do que no período seco (55%).
- As vacas deverão ter condição corporal entre 3.0 e 3.75 na escala de 1 a 5.
- As vacas muito magras (3.0 a 3.5) deverão ter período seco de 60 dias.;
- As vacas com escore entre 3.5 a 4 deverão ter somente 45 dias. Vacas com menos de 45 e mais de 60 dias de período seco produzem menos leite durante a próxima lactação.

Manejo de vacas secas

- Exercícios adequados são essenciais para manter a musculatura tonificada e reduzir as possibilidades de deslocamento de abomaso. Vacas que não se exercitam adequadamente têm maiores probabilidades de problemas pós-parto, mastite e problemas nas pernas.
- Esforçar-se para alimentar as vacas secas separadamente. Competição por espaço no cocho limita o consumo neste estágio crítico e pode aumentar os riscos de desordens metabólicas.
- Evitar escore corporal acima de 4.25. Vacas gordas são mais propensas a cetose e consomem menos alimento no início da lactação.
- O ideal é que a vaca ganhe 450 gramas de peso por dia durante o período seco.

Alimentação próximo do parto

- Normalmente o consumo de alimento diminui em 5% por semana nas três últimas semanas que antecedem o parto e em 30% nos últimos três a cinco dias antes da parição. Tipicamente o consumo de holandesas confinadas é de 12 kg de matéria seca/dia, esperando-se uma redução de 0,6 kg/dia. Na semana do parto o consumo pode reduzir em 3,6 kg/dia.
- Fornecer forragem e alimentos que forneçam um total de no máximo 100 gramas de cálcio (ou 0,7% de cálcio na ração total) e 45 a 50 gramas de fósforo (0,35% da MS). A relação de Ca:P deve ser de 2:1 ou menor.
- Ir adaptando as vacas para a futura lactação introduzindo silagem ou feno na dieta a fim de que a dieta não flutue bruscamente.
- Incluir concentrados e os grãos utilizados na dieta. Isso é importante para as bactérias do rúmen se adaptarem. Evite suplementos minerais, especialmente o bicarbonato de sódio.
- Grãos podem ser incluídos em 0,5% do peso vivo (3,2 kg/vaca/dia) para vacas em bom estado corporal e 0,75% do PV para vacas abaixo do peso ideal.
- Fornecer sais aniônicos com rações altas em cálcio (maior que 0,8% da MS) ou alto potássio (maior que 1,2% da MS).
- As vacas não devem perder peso durante esse período, particularmente nos últimos 10 a 14 dias antes do parto. Vacas que perdem peso neste momento depositam gordura em excesso no fígado e ficam predispostas a síndrome do fígado gorduroso.

Na parição

- Condição corporal é importante. Vacas parindo com escore abaixo de 3 têm baixa persistência na lactação e reservas energéticas inadequadas para reprodução. Por outro lado, vacas gordas têm predisposição a desordens metabólicas, deslocamento de abomaso, distocia, retenção de placenta, infecções uterinas e cistoses.
- Febre do leite (hipocalcemia) deprime contrações ruminais, aumentando deslocamento de abomaso, deprime contrações uterinas, aumentando o risco de distocia e retenção de placenta, diminui o apetite o que leva a baixa produção, alta perda de peso e reprodução ineficiente.

Alimentação da vaca recém parida

- A ração deve maximizar a disponibilidade de energia. Force o pico de consumo de alimento para ocorrer o mais breve possível. Evite alimentos pouco aceitáveis pelos animais.
- Forneça forragem de alta qualidade, com efetividade adequada e em dietas com adequado nível de fibra. Na maioria dos casos o mínimo de fibra é 40% do consumo de MS.
- Limite o teor de umidade em 50% quando alimentos fermentados úmidos ou frescos são oferecidos.
- Forneça o alimento várias vezes ao dia, essa prática favorece e maximiza o consumo de alimento.

Considerações finais

Fica claro que a qualidade do alimento oferecido aos animais é essencial para aumento de produção. Tão importante quanto às características do alimento, o manejo alimentar é indispensável para maximizar o desempenho e longevidade das vacas. Melhorias na saúde dos animais e otimização da produção de leite são os principais fatores para rentabilidade nas granjas leiteiras.

Fonte: Adaptado de:

SCHROEDER, J.W. Feeding and managing the transition dairy cow. NDSU Extension Service. Nort Dakota State University. 2001.

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/08/2008

Prezada Amanda.

Sim, um período seco bem conduzido é excelente garantia de uma boa lactação subsequente.

Prezado Vasco.

O teor de proteína de uma dieta deve estar de acordo com as exigências de um indivíduo ou exigências médias de um grupo de animais de características semelhantes. Dizer se um valor pontual, a exemplo de 18% é prejudicial ou não, tendo como informação apenas o teor de proteína bruta de uma ração, infelizmente é impossível, uma vez que desconheço as condições nas quais esse tipo de ração está sendo utilizada, portanto não posso inferir sobre sua aplicabilidade.
VASCO MANUEL BENTO MARTINS

REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 01/08/2008

Estamos utilizando uma raçao de 18% de proteina. Gostaria de saber se é prejudicial para ter um bom parto. Disseram-me que é proteina demais.
AMANDA EMÍLIA DE LIMA CAVALCANTE

JOÃO PESSOA - PARAIBA

EM 09/06/2008

O Dr. Junio César foi muito acertivo no tema abordado neste artigo. Dadas as mudanças fisiológicas intensas e rápidas que ocorrem no período de transição, no qual ocorre a maior parte das enfermidades em vacas de leite, a atenção à nutrição não é apenas importante para a lactação futura, é mandatória.

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