ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Substituição de amido por resíduo fibroso como fonte de energia suplementar para vacas leiteiras mantidas em pastagens. Parte 1: produção e composição do leite

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/08/2008

6 MIN DE LEITURA

6
0
Caríssimos!

O dia 5 de agosto de 2008 foi certamente um dos dias mais importantes da minha carreia acadêmica, pois nesta data ocorreu a defesa de minha tese de doutorado pela Universidade de São Paulo. Assim, gostaria de compartilhar parte de minha pesquisa com os leitores deste portal, uma vez que a pesquisa foi bastante singular em nosso país.

A pesquisa foi desenvolvida na Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", em Piracicaba, São Paulo. Trabalhou-se com vacas multíparas da raça holandesa com peso vivo médio de 550 kg e com vacas mestiças primíparas meio sangue Holandês/Jersey com peso vivo médio de 380 kg, mantidas em pastagens de capim elefante manejado com 23 dias de intervalo de desfolha durante a estação chuvosa.

O objetivo foi estudar a redução do teor de amido na deita destas vacas por meio da substituição do milho por subprodutos agroindustriais. Assim, estudou-se a inclusão em 25, 50 e 75% de farelo de glúten de milho (refinasil), de caroço de algodão, de farelo de trigo e de casca de soja, no concentrado oferecido aos animais. As Tabelas 1, 2, 3 e 4 apresentam a composição dos concentrados estudados.

Tabela 1 - Descrição dos concentrados para o experimento com refinasil.


1- Composição estimada pelo NRC (2001)

Tabela 2 - Descrição dos concentrados para o experimento com caroço de algodão.


Tabela 3 - Descrição dos concentrados para o experimento com farelo de trigo.


Tabela 4 - Descrição dos concentrados para o experimento com casca de soja.


Resultados obtidos

Produção e composição do leite

Na Tabela 5 são apresentadas a produção e composição do leite no experimento substituindo milho por Refinasil. A substituição do milho pelo farelo de glúten de milho (refinasil) não afetou a produção e a composição do leite, permitindo ser utilizado em at�� 75% de substituição de milho por refinasil sem reduzir o desempenho produtivo das vacas.

Tabela 5 - Produção e composição do leite de vacas alimentadas com níveis crescentes de Refinasil no concentrado em substituição ao milho e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha durante a estação chuvosa.


1- Erro padrão da média; 2 - Probabilidade.

Na Tabela 6 são apresentadas a produção e composição do leite de vacas multíparas da raça Holandesa no experimento substituindo milho por caroço de algodão. A produção de leite e a produção de leite corrigida para gordura foi reduzida ao se incluir 21% de caroço de algodão na ração, em substituição ao milho. Com a redução no volume produzido, reduziram-se também as produções de proteína, lactose e sólidos totais.

Tabela 6 - Produção e composição do leite de vacas Holandesas alimentadas com níveis crescentes de caroço de algodão em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha.


Dados seguidos de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05. 1 Produção de leite corrigida para 3,5% de gordura; PL(3,5%) = 0,4324*PL(kg)+16,216*gord(kg) (Tyrrel & Reid, 1965); 2 Erro Padrão da Média.

Na Tabela 7 são apresentadas a produção e composição do leite de vacas primíparas mestiças no experimento substituindo milho por caroço de algodão. Embora não tenha sido observado efeito estatístico para a redução numérica observada na tabela para o maior nível de substituição, isso se deve a um modelo estatístico pobre, ou seja, incapaz de detectar diferença, embora tenha ocorrido uma redução de 2,4 kg de leite não corrigido para gordura e de 1,4 kg quando efetuada a correção para 2,5% de gordura.

Assim, com ressalvas à estatística, as vacas mestiças responderam de forma semelhante às vacas holandesas à suplementação com caroço de algodão, reduzindo a produção de leite e de seus componentes.

Tabela 7 - Produção e composição do leite de vacas meio sangue Holandês/Jersey, alimentadas com níveis de caroço de algodão em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo entre desfolha.


Dados seguidos de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05. 1 Produção de leite corrigida para 3,5% de gordura; PL(3,5%) = 0,4324*PL(kg)+16,216*gord(kg) (Tyrrel & Reid, 1965); 2 Erro Padrão da Média.

Na Tabela 8 são apresentadas a produção e composição do leite de vacas multíparas da raça Holandesa no experimento substituindo milho por farelo de trigo. Houve uma tendência numérica para redução da produção de leite no maior nível de substituição. Também, no tratamento com 75% de substituição do milho por farelo de trigo, a concentração de uréia no leite foi superior, acusando falta de proteína com adequado balanceamento de aminoácidos e/ou sinergismo com a fonte de energia para síntese de caseína do leite.

Tabela 8 - Produção e composição do leite de vacas multíparas holandesas alimentadas com níveis crescentes de farelo de trigo em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha.


1 - Erro padrão da média; 2 - Probabilidade.

Na Tabela 9 são apresentadas a produção e composição do leite de vacas primíparas mestiças no experimento substituindo milho por farelo de trigo. De igual forma às holandesas, as mestiças responderam de forma semelhante aos tratamentos estudados.

Tabela 9 - Produção e composição do leite de vacas ½ Holandês/Jersey alimentadas com níveis crescentes de farelo de trigo em substituição ao milho no concentrado e pastejando capim elefante com 23 dias de intervalo de desfolha.


1 - Erro padrão da média; 2 - Probabilidade.

Na Tabela 10 são apresentadas a produção e composição do leite de vacas multíparas da raça Holandesa no experimento substituindo milho por casca de soja. Os tratamentos não afetaram a produção e a composição do leite, indicando que o milho pode ser substituído por casca de soja sem ressalvas.

Tabela 10 - Produção e composição do leite de vacas multíparas Holandesas alimentadas com níveis crescentes de casca de soja em substituição ao no concentrado e pastejando capim-elefante com intervalo de desfolha de 23 dias.


Médias seguidas de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05.
1 - Produção de leite (3,5% de gordura) = 0,4324*PL(kg)+16,216*gord(kg) (Tyrrel & Reid, 1965);
2 - Erro padrão da média;
3 - Probabilidade

Na Tabela 11 são apresentadas a produção e composição do leite de vacas primíparas mestiças no experimento substituindo milho por casca de soja. Neste estudo, as mestiças também responderam de forma semelhante às vacas holandesas aos tratamentos. A única diferença observada entre os grupos raciais nos estudos realizados foram com relação às concentrações de sólidos do leite, principalmente quanto aos teores de gordura e proteína.

Tabela 11 - Produção e composição do leite de vacas primíparas meio sangue Holandês/Jersey alimentadas com níveis crescentes de casca de soja em substituição ao no concentrado e pastejando capim-elefante.


Dados seguidos de mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 0,05.
1- Produção de leite corrigida para 3,5% de gordura; PL(3,5%) = 0,4324*PL(kg)+16,216*gord(kg) (Tyrrel & Reid, 1965);

Considerações finais

Os dados obtidos com a redução no teor de amido nas diferentes rações formuladas para vacas leiteiras mantidas em pastagens de clima tropical, bem manejadas durante a estação chuvosa, e levando-se em consideração o tipo de milho disponível no mercado brasileiro, suportam a idéia de que este ingrediente pode ser substituído seguramente em até 50% pelas diferentes fontes de co-produtos fibrosos estudadas, sem que haja impactos na produção e composição do leite. Em alguns casos, conforme suportam os resultados encontrados nos experimentos com farelo de glúten de milho e com casca de soja, esta substituição pode ser realizada inclusive ao nível de 75%.

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

6

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

ANTONIO DA SILVA

OSASCO - SÃO PAULO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 18/06/2009

Boa noite! Gostaria de uma formula de ração para vacas de leite. Tenho vacas boas mais a produção ainda esta baixa. Obrigado.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/05/2009

Prezado Antonio.
Caso o teor de gordura esteja normal, não é necessário nenhuma intervenção.
ANTONIO CARLOS FERREIRA

NOVO HORIZONTE - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/05/2009

Bom dia! Estou tratando meus animais com cevada umida 10kg/dia por animal e bagaço branco. O que eu devo fazer a mais para nao comprometer o rumem dos animais e como balancear uma ração? Obrigado.
ETELVINA FRANCISCA DE LIMA RESENDE

CONTAGEM - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/05/2009

Caro Junio Cesar,
Gostaria, se puder, que me mande uma fomula de raçao para vacas de leite, porque tenho muita cana e milho na propriedade e gostaria de aproveita-los melhor. Obrigada, Etelvina.
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/08/2008

Prezado Genécio.
É pouco provável que a substituição de milho por casca de soja irá acarretar em severa redução na produção de leite, uma vez que o FDN da casca é altamente digestível. Você vai entender melhor isso nos próximos meses quando forem apresentados os dados de degradabilidade ruminal do FDN da casca de soja.
GENECIO FEUSER

PARANAVAÍ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/08/2008

Bom dia, gostaria de saber se o FDN total, quando parte do amido for substituido por casca de soja, não vem comprometer a ingestão total de MS, e aí a médio prazo o desempenho animal possa ser prejudicado com redução na produção de leite.

Considerando principalmente vacas de pequeno porte e o alto índice de FDN da nossa pastagem tropical, estrela, tifton, napier, etc.

Abraços.
Genecio.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures