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Sombra para bovinos - Parte 1

POR RAFAELA CARARETO POLYCARPO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/01/2008

4 MIN DE LEITURA

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Nesta edição e na seguinte, falaremos sobre os possíveis tipos de sombras utilizados para amenizar os problemas de estresse térmico dos animais. Nesta primeira parte o enfoque será dado nas sombras artificiais (materiais e posicionamento) e na seqüência, falaremos das sombras naturais.

As sombras podem ser classificadas em natural ou artificial, e dentre as artificiais temos as sólidas e as de rede plástica.

Sombras Artificiais:

As sombras artificiais baseadas na utilização de redes plásticas ou telas (sombrite) são mais indicadas para regiões onde existe uma estação quente definida e podem ser adotados manejo estratégico ou semi-estabulação. As redes plásticas oferecem diferentes porcentagens de sombra. Este tipo de estrutura deve ter altura mínima de 3m com pequena inclinação para evitar acúmulo de água nas chuvas, que quando acumuladas na tela causam gotejamento produzindo excesso de umidade no solo. Para regiões onde a carga radioativa é elevada recomendam-se telas que forneçam 80% de sombra.

As sombras de materiais compactos são adequadas para regiões onde o estresse calórico ocorre ao longo do ano, e requer estruturas de maior durabilidade. Em geral seu desenho é mais complexo, o custo mais elevado e se adequam aos sistemas de confinamento.

O material selecionado para o teto deve ter algumas das seguintes propriedades: alta refletividade, baixa condutividade e baixa emissividade para o interior da instalação, com inclinação adequada e altura da parte mais baixa não inferior a 4m.

O sentido da cobertura em relação aos pontos cardeais e a relação comprimento: largura são importantes na localização das sombras projetadas, tanto no sombreamento natural como no sombreamento artificial.

Tabela 1. Relação entre área sombreada/área de telhado e porcentagem da área sob telhado sombreado em duas orientações da construção, quatro meses do ano em três latitudes.


Fonte: Adaptado de Penati & Corsi, 1998.

Pela Tabela 1 observa-se que quanto maior a relação comprimento: largura, melhor o aproveitamento da área do telhado apresentando mais área sombreada com mesma área de telhado. Ainda nesse caso a porcentagem de área sob o telhado que fica constantemente recebendo luz solar é maior se a cobertura estiver no sentido leste-oeste, comparado à disposição no sentido norte-sul (Penati & Corsi, 1998).

Além da relação comprimento: largura e da orientação, as estações do ano e diferentes latitudes influenciam na projeção da sombra. Em latitudes superiores a 24o a projeção da sombra sempre ocorrerá de um lado ao longo do dia, enquanto para latitudes menores que 24º as projeções de sombras ocorrem em ambos os lados ao longo do dia.

À medida que aumenta a altura do teto ("pé direito") num abrigo sem paredes, os animais à sombra ficam expostos a uma porção de céu aberto, como ele se apresenta como uma superfície mais fria que o resto do ambiente, a carga térmica radiante (CTR) recebida pelos animais é menor. Considerando um abrigo sem paredes, com teto de chapa galvanizada de 5 x 7m e altura de 1, 83m, a CTR medida a 1m do solo foi 618Wm-2, no trabalho de Kelly et.al. (1950), um abrigo circular , mas com teto de 3,70m de altura, a CTR foi de 577Wm-2. Nesse experimento observou- se também que os animais sempre preferiam permanecer sob os abrigos mais altos independentemente do material usado na cobertura.

Segundo Peixoto, (1987), o pé direito das instalações não deve ser menor que 4m, em detrimento da maior penetração de luz solar para dentro do abrigo, apesar de que, em algumas situações a penetração de luz é benéfica no sentido de secar o local (piso) onde os animais podem deitar.

KELLY & BOND (1955 e 1958), testaram diversos materiais para abrigo para bovinos , usando globo Vernon. Alguns dos resultados estão na Tabela 2.

Tabela 2. Carga térmica radiante (CTR) medida sob abrigos por diferentes tipos de material.


Fonte: Adaptado por KELLY & BOND (1958)

Essas observações indicam que o melhor material de cobertura, do ponto de vista de conforto térmico é o sapé. O alumínio novo polido foi inferior ao pintado exteriormente de branco e interiormente de preto; o chapa de ferro galvanizado ondulado ("zinco") também melhorou muito suas características quando pintado dessa forma. Ao se oxidarem, tanto o alumínio como o ferro galvanizado, produzem CTR mais elevada. O cimento amianto apresentou-se entre os piores materiais, porém não foi tratado com pintura. (SILVA, 2000).

A vantagem da pintura interna negra é que uma superfície refletante iria transferir uma boa parcela da radiosidade do piso diretamente sobre o animal no interior do abrigo, além de apresentar maior absorvidade ao calor emitido pelo corpo do animal, contribuindo para a termólise. Porém se a temperatura da superfície interna do teto for tão alta como a externa, para um metal bom condutor térmico, a pintura negra no interior pode causar aumento na emissão de radiação sobre os animais.

Referência:

Parte de texto apresentado pelos Eng. Agrônomos Celso H. S. Polycarpo Filho Luis Roberto Dell Agostinho Neto, Marcelo L. Moretti e Nathália N. Mourad na disciplina de forragicultura oferecida pelo departamento de zootecnia ESALQ-USP.

Citações:

KELLY C.F.; BOND T.E. Effectiveness of artificial shade materials In: Agric. Engeneering 39: 758-759, 1958.

KELLY C.F.; ITTINER, N.R. Thermal desing of livestock of shades. In: Agric. Engeneering 31: 601-606, 1950.

Peixoto, A. M. Instalações e equipamentos para o confinamento de gado de corte. In: Confinamento de Bovinos de Corte. Fundação e Estudos Agrários Luiz de Queiroz - Piracicaba, p 61-80, 1987.

PENATI, M. A., CORSI, M. Condições técnicas para localização e instalação da Exploração Leiteira. In: Planejamento da Exploração Leiteira. Fundação e Estudos Agrários Luiz de Queiroz - Piracicaba, p 7- 53, 1998.

SILVA, R.G. Introdução à Bioclimatologia Animal, São Paulo: Nobel, 2000.

RAFAELA CARARETO POLYCARPO

Profa. Dra. Universidade de Brasília - UnB

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MARCELO SILVA GUEDES

RECIFE - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/06/2008

Rafaela,
Parabéns por este tema, principalmente, com o advento do aquecimento global, onde teremos impactos consideráveis sobre a produção de leite frente ao aumento da temperatura ambiental. Quanto à telha de amianto, quando pintada com cal na propoção de um saco de cal para 01 Kg de sal de cozinha, este último elemento além de apresentar a propriedade de fixador, reflete a luz do sol, contribuindo desta forma, para redução da temperatura deste material.
(Pintando as duas faces da telha)
RAFAELA CARARETO POLYCARPO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 15/04/2008

Prezado Alex Moreira,

com relação a área do sombrite, temos que considerar que um animal necessita de 5 metros quadrados de sombra, porém esta área (5m2) é somente para sombra, sem levar em consideração a possível formação de barro. Devemos então nos preocupar com formação de barro no local, aumentando a área disponível para o animal (podendo chegar até 10m2/animal em áreas úmidas). Caso tenha mais de um sombrite uma boa opção seria alternar o seu uso para impedir formação de barro, neste caso a área de cada sombrite poderia ser mais reduzida.
ALEX MOREIRA

NOVA INDEPENDÊNCIA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/04/2008

Muito bom o artigo Doutora Rafaela!

Gostaria que você me indicasse a relação m² de sombrite/animal.

Abraços.

Alex M.
RAFAELA CARARETO POLYCARPO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 13/03/2008

Prezada Patrícia Neves,

Um problema de se instalar a área de sombra junto com a aguada e o saleiro, é a formação de barro, pois trata-se um local muito utilizado pelo animal e sujeito ao encharcamento. Quanto a distância de 800 metros do piquete mais distante, não vejo problemas.
RAFAELA CARARETO POLYCARPO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 12/02/2008

Prezado Eduardo Correa Brito,

Na minha opinião não se pode generalizar uma regra para as áreas de sombra. Há várias alternativas a se adotar, e estas irão depender de particularidades de cada sistema. Mas algumas regras podemos pré-estabelecer, como por exemplo: se for adotar uma área de sombra fora do sistema rotacionado, procurar uma área estratégica que permita o acesso de vários piquetes. Se for instalar a sombra dentro do próprio piquete, tomar cuidado com dimensionamento da mesma, pois se o piquete for pequeno poderá ter problemas com sombreamento do pasto.

Em caso de áreas sob irrigação de pivot, não poderá plantar árvores na área irrigada (problema com a altura do equipamento de irrigação), terá que analisar a área de descanço/alimentação, ver o tamnho da mesma, se permite ou não uma área de sombra em conjunto. Outra opção seria o plantio de árvores na extremidades do pivot.

Espero poder te ajudado, qualquer coisa entre em contato.

Obrigada.
RAFAELA CARARETO POLYCARPO

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PESQUISA/ENSINO

EM 12/02/2008

Prezado João Batista Freire de Souza Junior,

Não sei se compreendi direito a sua pergunta. Os sombrites são projetos no sentido norte-sul justamente para conseguir projetar a sombra ao longo de todo o dia, portanto esta sombra deve sim ser utilizada pelos animais ao longo do dia.
JOÃO BATISTA FREIRE DE SOUZA JUNIOR

MOSSORÓ - RIO GRANDE DO NORTE - ESTUDANTE

EM 04/02/2008

Como você avalia o conforto térmico de um bovino sob o sombrite (sombra) e um bovino na sombra projetada pelo sombrite (mas não sob o sombrite)?
Aguardo a Resposta.
EDUARDO CORRÊA BRITO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/01/2008

Rafaela,

Qual a sua experiência em relação à sombra em áreas de piquetes rotacionados e pastejo embaixo de pivot(forma de se fazer)? Suas sugestões serão muito importante.

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