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Sistema agroindustrial do leite de ovelha - Parte I de II

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/08/2016

6 MIN DE LEITURA

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Percebe-se que a maior parte do rebanho ovino brasileiro é destinada às produções de carne e de lã, sendo a produção de leite ainda incipiente. No Sul e Sudeste existem iniciativas de produção de leite de ovelhas, transformando-o em queijos diversos e iogurte, em laticínios com registro nos Sistemas de Inspeção Federal, Estadual e Municipal, e mesmo em produções artesanais.

A produção leiteira de ovinos ainda parece não ter sido devidamente explorada no Brasil, apesar de ser uma atividade que gera um produto nobre do ponto de vista da fabricação de queijos. Consequentemente, é um leite que pode atingir preço elevado, destinado à fabricação de queijos finos, de alto valor de mercado.

O estudo dos Sistemas Agroindustriais (SAG) se caracteriza como uma ferramenta de compreensão da interdependência entre indústrias de insumos, produção agropecuária, indústrias de processamento de alimentos e o sistema de distribuição e comércio. O conhecimento dos sistemas agroindustriais é fundamental para as tomadas de decisões que busquem estratégias eficientes, consequentemente, trazendo benefícios para o desenvolvimento da sociedade como um todo. (ZYLBERSZTAJN, 1995).

Dentro dos SAGs, as cadeias curtas são de destacada importância econômica e social, pois permitem a criação de rendas aos produtores que se inserem em outro contexto de mercado no qual o julgamento de valor é mais relevante.

Sistema agroindustrial do ovino de leite no Brasil

O Sistema Agroindustrial (SAG) do leite de ovelha é caracterizado como um sistema em cadeia curta pela aproximação do produtor com o consumidor, não obrigatoriamente pela proximidade espacial, mas pelo julgamento de valor que o produto recebe e por possuir, na maior parte das vezes, apenas um agente responsável por todas as etapas da cadeia ou pela maior parte delas.

De forma geral, o SAG do leite de ovelha no Brasil é dividido, em termos de transformação tecnológica, em quatro elos. O primeiro é a indústria de insumos, que tem a função de prover os insumos para o segundo elo, a produção animal. Este é responsável pela produção do leite de ovelha que, por sua vez, é encaminhado para o terceiro elo da cadeia, a agroindústria. A agroindústria ou laticínio é responsável pela transformação do leite em derivados lácteos, principalmente o queijo. Por fim, tem-se a distribuição, que liga os produtos da agroindústria até o consumidor final.

No sistema agroindustrial do leite de ovelha, geralmente todas essas etapas são realizadas por um mesmo agente ou há a formação de uma cooperativa, ambos verticalizando o sistema (Figura 1).

A verticalização agroindustrial (figura 2) é, de acordo com Porter (1996), a combinação de processos de produção, distribuição, vendas e/ou outros processos econômicos tecnologicamente distintos dentro das fronteiras de uma mesma empresa. Os processos estão sob responsabilidade e controle de uma única empresa, não dependendo de outras empresas para produzir ou comercializar seus produtos.

Sete propriedades optaram por não ter o próprio laticínio, contudo fazem parte de uma cooperativa. Observa-se que a maioria das propriedades optou pela realização da cadeia toda, o que lhe confere a característica de curta.

Voors (2010) concluiu que a opção pela venda do queijo diretamente ao consumidor estava ligada principalmente ao fato de que havia menor custo de transação envolvido, além de que, quanto mais longe estava o produtor de um laticínio, maiores eram as chances de ele produzir o próprio queijo.

Na região Sudeste do Brasil, não havia laticínios que produziam queijo de ovelhas e não estavam associados a alguma produção rural, por isso novos produtores são obrigados a construírem seu próprio laticínio já que não têm para onde vender somente o leite, pelo menos até o momento de conclusão da pesquisa. Na região Sul, as propriedades que faziam parte de uma cooperativa localizavam-se, em sua maioria, a um raio de, no máximo, 20 km de distância do laticínio, o que facilitava o transporte do produto “in natura”. Uma das propriedades, por se localizar em Santa Catarina, transportava o leite congelado e o custo do transporte estava incluso no preço de venda do leite.

Outro fator explicado por Voors (2010), para explicar a escolha pela verticalização de sistemas, foi a necessidade de contratos e os custos envolvidos com esta opção. A não necessidade de contratos pode ser um fator que explica a opção pelos produtores brasileiros pela venda direta do queijo ao consumidor, pois, em princípio, diminui custos de transação e é menos restritivo.

Nesse sentido, também se observou na presente pesquisa, que os produtores que optaram pela venda do queijo para o mercado, tendiam a escolher contratos mais bem elaborados, enquanto que, quando o queijo era vendido diretamente para o consumidor, os contratos eram informais ou não existiam, o que possibilitava melhores negociações de preços.

Figura 1. Sistema Agroindustrial do leite de ovelha no Brasil. Fonte: Santos, 2016. 

SAG ovinos leite

Figura 2. As transações do SAG de ovino leiteiro no Brasil. Fonte: Santos, 2016. 

SAG produção de leite de ovelha

O ambiente institucional

O ambiente institucional é o conjunto de normativas econômicas, políticas, sociais, morais e legais que estabelecem as bases para a produção e a distribuição na economia. Segmentos específicos, como o mercado de laticínios de ovinos, são delineados por regramentos formais (leis) e informais (constrangimento social, costumes), que estabelecem o campo de ação de produtores rurais e de empresas processadoras de derivados lácteos (Rohenkohl, 2007).

A produção animal e a produção de derivados lácteos ovinos eram regulamentadas e fiscalizadas por órgãos públicos (SUASA e DIPOA). A inspeção da comercialização é dividida geograficamente (nacional, estadual e municipal) pelos órgãos de inspeção: SIF, SIE e SIM, sendo que é necessário aderir a um desses órgãos. Quanto às questões tributárias, o produtor rural devia contribuir com o FUNRURAL.

Ambiente organizacional

O ambiente organizacional, responsável especificamente pelo apoio ao Sistema Agroindustrial do leite ovino no Brasil, não é muito abrangente. Têm-se algumas universidades que buscam compreender a atividade através das pesquisas, como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual Paulista (UNESP) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Outras instituições como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e outras universidades, principalmente na região Sul do país, também apoiam ou desenvolvem pesquisas relevantes para a área. Além disso, os produtores rurais fazem parte de associações de criadores que se unem para discutir melhorias da produção e melhor desenvolver a região.

A principal associação é a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos Leiteiros (ABCOL), criada em 2010, e que promove dias de campos e palestras para disseminar as informações e técnicas utilizadas na produção (Aguinski, 2011). Contudo, não presta serviços de consultorias, registros, ou apoia financeiramente os associados. Dentre os produtores brasileiros, apenas um não está associado à ABCOL.

Outras associações que dão apoio à ovinocultura leiteira não são específicas para esta atividade, mas apoiam os produtores. Por exemplo, a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO), que é responsável pelo registro dos animais; o Núcleo de Criadores de Caprinos e Ovinos das Regiões dos Campos das Vertentes e Zona da Mata (NUCCORTE), em Minas Gerais; a Associação de Criadores de Ovinos e Caprinos da Região Centro Sul Fluminense (NOCSUL); e a Associação Catarinense de Criadores de Ovinos (ACCO). São instituições que apoiam os criadores, cada uma em sua região.

Confira em breve a segunda parte deste artigo! 

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